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Os alunos envolvidos na pesquisa foram preferencialmente alunos do 1º ano, pois, a intenção foi realizar as atividades com participantes que tivessem conhecimentos mínimos sobre função quadrática aproveitando o estudo deste assunto na série final do Ensino Fundamental (9º ano). Apenas dois alunos de outras séries solicitaram inscrição e por seu interesse foram incluídos na pesquisa.

O grupo inscrito na pesquisa foi de 23 alunos, para as 25 vagas ofertadas. Dos inscritos, 11 (onze) participaram efetivamente das atividades até o final. A redução

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Programa criado pelo MEC, através da Portaria n. 522, de 9 de abril de 1997, para promover o uso pedagógico das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) na Educação Básica.

no número de participantes se deu por questões de ordem contingencial. Um dos motivos alegados pelos alunos foi que o período do minicurso antecederia a fase das provas finais do ano letivo de 2011, por isso, deixaram de participar das atividades o que foi esclarecido por meio de conversa informal.

Os alunos que participaram da pesquisa mostraram estar interessados no decorrer das atividades em conhecer novas formas de aprender matemática, no que diz respeito ao uso do computador na escola. Não foi traçado um perfil dos mesmos, pois, o interesse maior aqui, foi revelar que relações eles puderam estabelecer a partir das perguntas e atividades que lhes foram propostas acerca da aprendizagem da matemática escolar.

É possível afirmar assim, que dos alunos investigados a maioria absoluta não tivera antes, contato com o uso de softwares no ensino e na aprendizagem de matemática. Isso foi relevante para que eles participassem e responsem de forma confiável sobre os conceitos explorados acerca da função quadrática com e sem auxílio do computador.

Em termos quantitativos posso dizer que a pesquisa foi realizada por amostragem uma vez que se torna impraticável envolver o efetivo total de alunos da escola. Não foi estabelecido, portanto, um percentual ou margem confiável para a obtenção dos resultados junto aos alunos uma vez que a característica da pesquisa é busca fundamentos qualitativos. O número de participantes foi então acolhido de acordo com as inscrições efetivadas no período conforme o que foi supracitado. Algumas razões acerca do número de participantes da pesquisa ficarão evidentes no decorrer do texto.

O envolvimento de parte dos alunos com cursos preparatórios para o Vestibular, estágios em programas sociais relacionados ao mercado de trabalho fora da escola, impediram a participação e continuidade destes nas atividades. Estes fatos contribuíram para que a pesquisa fosse realizada de acordo com estas peculiaridades.

Das informações obtidas junto aos alunos, foi possível observar que o uso de tecnologias informáticas na escola ainda se mantém pouco explorado, mesmo que na escola este espaço pedagógico esteja disponível. Isto leva a confirmar duas suposições devido o meu envolvimento há mais de dez anos com este tipo de atividade: o professor não tem o hábito de usar outros recursos que possam dinamizar a aprendizagem dos alunos, além da técnica tradicional de aulas

expositivas; o espaço da sala de informática é subutilizado e praticamente inexistente na escola mesmo estando lá.

Esta é uma peculiaridade das escolas públicas de Belém que, em grande parte, possuem Salas de Informática e mesmo assim, os professores e alunos não frequentam regularmente este espaço. Não há carga horária destinada para aulas na Sala de Informática, os professores a usam com os alunos de acordo com o seu interesse. A política de atividades neste espaço fica a critério dos professores da sala em executar seus projetos conforme o Projeto Político Pedagógico da escola.

Os alunos quando fazem visitas esporádicas à sala de informática vão em busca de outros interesses que não o estudo de Matemática. O professor, na maiorias das vezes, não vai à sala de Informática, apenas indica aos alunos o que deve ser pesquisado, os alunos o fazem como se fosse uma pesquisa bibliográfica nos livros, retornam à sala de aula e dá-se por satisfeito com o que obteve.

De acordo com Penteado (2005), a atitude do professor que não tem por hábito usar tecnologias informáticas com seus alunos pode ser observada na seguinte passagem,

O uso das TIC exige movimento constante por parte do professor, para áreas desconhecidas. É precsio atuar numa zona de risco. [...] há perguntas imprevisíveis que, para grande parte dos professores, são a parte mais difícil de lidar na interação com os alunos. Uma combinação de teclas pode levar ao surgimento de situações que o professor nunca pensou antes. É possível que os alunos façam perguntas sobre matemática que o professor não previu. (PENTEADO, 2005, p. 284)

De fato, ao analisar a situação descrita pelos alunos isto vem a se confirmar no excerto da autora, que expõe com muita propriedade sobre esta problemática evidenciada na prática dos professores. Este tipo de atitude implica de modo pouco efetivo no processo de aprendizagem da Matemática na escola.

Os professores pouco se interessam em utilizar outra técnica ou metodologia que não seja a reprodução do discurso e o quadro nas aulas de Matemática. O aluno por sua vez, vai à sala de Informática para pesquisar por conta própria e acaba por se distrair diante de outros assuntos não escolares como sites de bate- papo e redes sociais, por exemplo.

Borba; Penteado (2001) discutem sobre estas questões além de outras que parecem traçar um mapa característico dos usos da Informática na Educação Matemática de norte a sul do Brasil. Esta situação que não é unicamente

responsabilidade da escola, envolve desde decisões políticas, sociais, econômicas em âmbito nacional até decisões locais que culminam com ações pouco interessadas de gestores e professores neste sentido.

Cada órgão ou pessoa procura expressar, à sua maneira, formas de lidar com a Educação, em especial, no que diz respeito à inserção de tecnologias informáticas no ensino e na aprendizagem. São inúmeros critérios apresentados como obstáculos que se fundam em justificativas estruturais, sociais e econômicas do país.

As atividades com Matemática ficam relegadas quase sempre à sala de aula, o professor não se interessa por tecnologias informáticas, o aluno por sua vez não as usa, pois não as conhece e isto parece não ter fim. Mas, há os que mesmo assim apostam no êxito de ações individuais e continuam a realizar seus projetos, a despeito das dificuldade que possam surgir.

Quando foi perguntado aos alunos por meio dos intrumentos de pesquisa (questionários e atividades) sobre o uso de recursos computacionais como ferramenta de aprendizagem, eles responderam que o uso dos computadores foi de Bom a Ótimo em termos de aprendizagem por se tratar de algo que difere do que é feito em sala de aula pelos professores. Algumas palavras ou expressões colocadas por eles marcaram as interações durante a pesquisa: Vantagem; Facilidade; Importante; Conhecimento a mais; Grande Oportunidade de Aprender... Isto coorrobora com o que penso sobre os usos e aplicabiliodades destes recursos, desde que sejam disponibilizados em suas atividades escolares continuamente.

Para Lévy (2010), as mídias destinadas à comunicação29, como o telefone por exemplo, são mais interativas que os vídeos e televisão porque proporciona contato mais direto com o interlocutor, as informações são mais pessoais e diretas. Para ele, a transmissão da informação, os impactos e possibilidades decorrentes das tecnologias implicam em avanços e desenvolvimentos culturais importantes na sociedade.

A interatividade (contato do alunos com o computador) pode ser mensurada em diferentes graus entre os quais a reciprocidade (comunicação um a um ou um-todos) e a implicação ocorre através da comunicação virtual (LÉVY, 2010a). Assim, os dois

29 Para Lévy (2010), a comunicação é tratada de forma ampla no sentido de disseminar mensagens

por meio das mídias tecnológicas presentes no computador. Neste texto, a comunicação e a informação se dão no sentido de fazer uso das interfaces e dos softwares voltados à aprendizagem da Matemática nas escolas.

graus mencionados interessam na perspectiva de que a comunicação se dê acerca de conceitos da Matemática; a implicação possibilite a participação contínua de professores e alunos quanto ao uso de computadores na escola.

O que foi relatado aqui acerca dos participantes da pesquisa, não reflete o panorama geral das atividades que envolvem o uso de tecnologias informáticas no Brasil. Assim, vale ressaltar que apesar de todo o esforço de órgãos como o MEC, e programas como o PROINFO, além das discussões e incursões específicas de alguns profissionais em defesa do uso de computadores na educação várias dificuldades neste nível de atuação ainda podem ser observadas.

O texto não pretende, portanto, abordar aspectos contraditórios envolvendo o uso de tecnologias informáticas no ensino e na aprendizagem da matemática, mas, apresentar de forma clara e próxima da realidade, implicações decorrentes deste tipo de atividades bem como apontar possibilidades acerca do uso de softwares aprendizagem da matemática no contexto escolar.

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