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Partilha de bens é a repartição de um patrimônio. No caso desse estudo, esse instituto está ligado à morte de determinado indivíduo, sendo que são os herdeiros que terão direito a receber o quinhão da herança. Ao momento da morte, em que há a abertura da sucessão, ocorre essa transmissão geral. Todos concebem dessa herança em comunhão. Depois de realizado o inventário, ocorre a fração da herança, sendo que cada herdeiro recebe uma parte que lhe compete dentro de um todo, permanecendo em comunhão os bens que são indivisíveis (RIZZARDO, 2015). Dessa forma, é por meio da partilha que acontece a liquidação da herança, pondo fim ao estado transitório do espólio, mediante a entrega do acervo individualizado a cada herdeiro. É nesse momento que cada herdeiro recebe o que lhe é devido por direito, o seu quinhão hereditário. Assim, a partilha tem função de declaração, visto não ser ela que atribui a transferência de direitos de herança, pois esse procedimento é feito pelo inventário, conforme as explicações de Dias (2015, p. 602), como seguem:

Com o falecimento do autor da herança, cabe aos herdeiros uma parte ideal e indeterminada do acervo patrimonial. Daí a necessidade de se proceder à sua visão por meio da partilha. Primeiro é preciso definir o quinhão de cada herdeiro, para depois transferir a posse. Esta é a razão de ser do processo do inventário. A partilha é o ponto culminante da liquidação da herança, na medida em que põe termo ao estado transitório do espólio, através da entrega do acervo individualizado a cada herdeiro, na proporção do respectivo quinhão. Esta é a fase final do processo de inventário, na qual se promove a divisão oficial do patrimônio líquido identificado durante o

inventário, encerrando-se a comunhão sobre a universalidade dos bens da herança.

Com relação aos prazos da partilha, estabelece o artigo 647 do Código de Processo Civil que:

Art. 647. Cumprido o disposto no art. 642, § 3o, o juiz facultará às partes que, no prazo comum de 15 (quinze) dias, formulem o pedido de quinhão e, em seguida, proferirá a decisão de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e legatário.

Parágrafo único. O juiz poderá, em decisão fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer dos herdeiros o exercício dos direitos de usar e de fruir de determinado bem, com a condição de que, ao término do inventário, tal bem integre a cota desse herdeiro, cabendo a este, desde o deferimento, todos os ônus e bônus decorrentes do exercício daqueles direitos (BRASIL, 2015).

Referido diploma legal, de acordo com o entendimento de Dias (2015, p. 602), trata de alguns princípios a serem respeitados em relação à partilha judicial, tais como igualdade quanto ao valor, natureza e qualidade dos bens entre os herdeiros; prevenção de futuros conflitos, e comodidade dos coerdeiros, cônjuge ou companheiro.

Assim, dispõe o artigo 648, como segue:

Art. 648. Na partilha, serão observadas as seguintes regras:

I - a máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade dos bens;

II - a prevenção de litígios futuros;

III - a máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso (BRASIL, 2015).

No que tange à igualdade quanto ao valor, natureza e qualidadede bens entre os herdeiros, não se quer dizer que todos os herdeiros devam ficar com a mesma parte ideal de todos os bens, justamente para não ficar algo dividido em condomínio, sem necessidade; dessa forma, o que se quer com esse princípio é que não deve haver desproporcionalidade entre os bens divididos entre os herdeiros, nem em relação à qualidade, como à natureza e ao valor do bem repartido, conforme o que dispõe o artigo 2.017 do Código Civil, segundo o qual: “Art. 2.017.

No partilhar os bens, observar-se-á, quanto ao seu valor, natureza e qualidade, a maior igualdade possível” (BRASIL, 2002).

O princípio da prevenção de litígios futuros aplica-se à partilha de bens, quando, segundo ensina Carvalho (2017, p. 994) procura-se evitar “o quanto possível, a comunhão sobre os bens da herança, o excessivo retalhamento de glebas isoladas para um só herdeiro, a instituição desnecessária de servidões etc.’’

Por fim, o princípio da máxima comodidade, aos coerdeiros, cônjuge e companheiro, aplica-se a partilha de bens, pois se prima por um procedimento em que haja uma divisão cômoda, fazendo com que cada herdeiro não se sinta lesado por direito, o que, por sua vez, evita futuros litígios (CARVALHO, 2017). Em consonância a esse princípio, dispõe o artigo 649 do Código de Processo Civil que os bens insuscetíveis de divisão cômoda serão vendidos aos interessados na forma da lei, como segue:

Art. 649. Os bens insuscetíveis de divisão cômoda que não couberem na parte do cônjuge ou companheiro supérstite ou no quinhão de um só herdeiro serão licitados entre os interessados ou vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, salvo se houver acordo para que sejam adjudicados a todos (BRASIL, 2015).

Ademais, o Código Civil trata, no artigo 2.016, dos casos em que a partilha deve ser realizada, obrigatoriamente, por via judicial, que são nos seguintes casos: se houver divergência entre os herdeiros; ou, se houver entre eles algum herdeiro incapaz.

Para realizar a partilha, o partidor organiza um esboço, com base na decisão judicial, para definir a ordem de pagamentos do quinhão hereditário, segundo o que estabelece o artigo 651 do Código de Processo Civil, como passa a expor:

Art. 651. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão judicial, observando nos pagamentos a seguinte ordem:

I - dívidas atendidas; II - meação do cônjuge; III - meação disponível;

IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho (BRASIL, 2015).

Feito o esboço e seguindo-se essa ordem, há um prazo de 15 dias para manifestação das partes em relação ao que foi determinado no esboço. Sendo resolvidas as divergências, será a partilha remetida aos autos, para conhecimento e aprovação do juiz.

Destaca-se que a partilha pode ser feita de maneira testamentária, respeitando-se, assim, que não seja realizada de maneira desproporcional para com os herdeiros que nela despuserem dos bens, como dispõe o artigo 2.014 do Código Civil, como se apresenta:

Art. 2.014. Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões hereditários, deliberando ele próprio a partilha, que prevalecerá, salvo se o valor dos bens não corresponder às quotas estabelecidas (BRASIL, 2002).