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8.1 ASPECTOS GERAIS

Os ETICS, embora sejam sistemas relativamente recentes, representam uma importante fatia do mercado de isolamento térmico de fachadas pelo exterior em diversos países. A sua crescente utilização, sobretudo após os anos 70, foi acompanhada pelo aparecimento de algumas patologias cujas causas interessa conhecer.

Um estudo realizado em França, permitiu verificar quais as patologias mais frequentes dos ETICS (Figura 15). Os dados são relativos às anomalias declaradas às companhias de seguros entre 1979 e 1985.

Figura 15 – Distribuição das patologias associadas ao sistema [16] Descolagem generalizada e queda do sistema

Descolagem parcial do sistema Infiltrações através do sistema Microfissuração

Destacamento e/ou empolamento do reboco e do revestimento final Bolores e algas

Anomalias associadas ao aspecto do revestimento Degradação ao nível do r/c Outras anomalias 1 2 3 4 5 6 7 8 9

8.2 INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE PREPARAÇÃO, APLICAÇÃO E SECAGEM DACOLA E DO REBOCO

Alguns dos constituintes dos ETICS são preparados em obra. Por esta razão, as suas características e o seu comportamento poderão ser afectados pelo modo de preparação e pelas condições atmosféricas (temperatura, humidade e vento) durante a sua aplicação e secagem. A alteração das características da cola e do reboco poderá dever-se ao desrespeito das dosagens indicadas pelo fabricante, à falta de homogeneização das misturas ou à adição de água quando esta não é necessária.

Quando aplicados com temperaturas muito baixas, a cola e o reboco podem perder a sua capacidade de aderência e coesão, tornando-se friáveis.

Por outro lado, a aplicação do reboco em períodos de temperatura muito elevada ou de vento seco, poderá alterar as suas características mecânicas devido à rápida evaporação da água. O risco aumenta se a espessura de reboco for demasiado reduzida.

8.3 CAUSAS DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS DOS ETICS 8.3.1 Fissuração

A fissuração poderá resultar de erros associados à execução do sistema, nomeadamente:  Instabilidade do sistema devido à má fixação do isolamento térmico ao suporte;  Preparação do reboco e condições atmosféricas (ver § 8.2);

 Colocação dos perfis de arranque e laterais (ausência de juntas entre perfis consecutivos, coincidência entre as juntas dos perfis e das placas de isolamento, coincidência das juntas das placas de isolamento com as descontinuidades do suporte, etc.);

 Aplicação de reboco entre as placas de isolamento térmico;

 Variações na espessura da camada base resultantes, por exemplo, do desnivelamento entre placas de isolamento e da existência de elementos de fixação mecânica demasiado cravados;

 Espessura da camada de base insuficiente para envolver a armadura;

 Mau posicionamento da armadura na espessura da camada de base (aplicada directamente sobre o isolamento);

 Insuficiente sobreposição de armadura nas emendas;

 Inexistência de reforços de armaduras no contorno dos vãos;

 Utilização de revestimentos de cores escuras ou grande contraste de cores (choques térmicos diferenciais).

A utilização de placas de poliestireno expandido de insuficiente estabilidade dimensional poderá também provocar o aparecimento de fissuras.

8.3.2 Descolagem generalizada e queda do sistema

A descolagem de todo o sistema é geralmente consequência do deficiente diagnóstico ou preparação do suporte. Este tipo de patologia pode verificar-se quando o sistema é aplicadosobre suportes:

 Que apresentam sujidade, poeiras, óleo de descofragem ou produtos hidrófugos;  Muito molhados ou mesmo com gelo;

 Com revestimentos orgânicos, sem que se proceda à sua remoção por decapagem

8.3.3 Descolagem parcial do sistema

A descolagem dos sistemas poderá ser apenas parcial resultando geralmente:

 Das condições atmosféricas durante a aplicação. Em períodos muito húmidos ou quando a temperatura é muito baixa poderá ser necessário um maior intervalo de secagem da cola;

 Da má repartição do produto de colagem e insuficiente compressão das placas contra o suporte;

 De Infiltrações de água entre o isolamento e o suporte devido a insuficiente protecção do limite superior do sistema (rufos, capeamentos, etc.) e deficiente tratamento dos pontos singulares.

8.3.4 Destacamento e/ou empolamento do reboco ou do revestimento final

Estas anomalias devem-se às condições de aplicação do reboco ou do revestimento final:  Preparação do reboco e condições atmosféricas (ver § 8.2);

 Desrespeito pelos intervalos de secagem;

 Ausência de camada de primário entre a camada de base e o revestimento final;  Aplicação do reboco sobre placas de poliestireno degradadas.

Podem também surgir após o aparecimento de fissuras, associadas ou não a infiltrações de água através do sistema.

Para o desenvolvimento de microorganismos tais como algas, fungos e líquenes, sobre o revestimento final dos ETICS, é indispensável a presença de água em quantidade suficiente. A presença de vegetação na proximidade da fachada e a textura do revestimento são também condicionantes ao aparecimento de algas e bolores. Verifica-se ainda, que os biocidas incorporados em alguns RPE não garantem uma adequada protecção aos microrganismos.

8.3.6 Outras anomalias do aspecto do revestimento

O aspecto decorativo dos ETICS é assegurado pelo seu revestimento final, geralmente constituído por um revestimento plástico espesso (RPE). As imperfeições de aspecto do revestimento, quer resultem de insuficiente planeza da camada de base, quer da forma de aplicação da camada de acabamento, não afectam a durabilidade e a qualidade do sistema. As heterogeneidades na cor ou textura ou mesmo descoloração do revestimento numa fachada e a demarcação das juntas entre as placas de isolamento (Figura 17) poderão dever-se:

 Às condições atmosféricas durante a aplicação. Quando o tempo está frio e húmido a secagem dos revestimentos é lenta e irregular provocando diferenças de coloração.  Se o tempo estiver quente e houver vento seco, a secagem dos revestimentos será

muito rápida podendo provocar irregularidades na superfície;

 À inexistência de protecções contra as intempéries. A acção da chuva logo após a aplicação do revestimento poderá danificá-lo;

 À ausência da camada de primário o que poderá, eventualmente, dificultar a aplicação do RPE;

 À aplicação de uma insuficiente quantidade de RPE, que não permita disfarçar as irregularidades de planeza da camada de base;

 À utilização de elementos de fixação provisória ou de perfis sem protecção contra a corrosão, que conduzem ao aparecimento de manchas de ferrugem;

 À utilização de andaimes não estáveis para a aplicação do sistema.

Podem ainda verificar-se manchas provocadas pela poluição atmosférica ou por salpicos (na base das paredes).

8.3.7 Outras patologias

Em alguns edifícios revestidos com sistemas ETICS, verificam-se outros problemas tais como:

Degradação do sistema em zonas acessíveis, quer devido a choques fortuitos (por exemplo, provocados por automóveis), quer a actos de vandalismo;

Humidificação da base de paredes em contacto com o solo, após a aplicação do sistema. Isto poderá ter origem no aumento da cota de ascensão capilar provocado pela redução da capacidade de secagem da parede. No entanto, isto só se verifica se a parede de suporte já estiver sujeita às humidades ascensionais;

Condensações internas na camada de reboco do sistema devido à colocação de revestimentos de reduzida permeabilidade ao vapor como revestimento exterior.

9. MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO

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