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Conforme o que dispõe os incisos do artigo 15 da Lei nº 11.304/06 – Lei Maria da Penha, a tramitação dos processos de matéria cível que envolve situações de violência doméstica é decidida pela própria vítima, podendo esta optar dentre o local do seu domicílio ou de sua residência; do fato em que se baseou a demanda; ou, do domicílio do agressor.

Ainda, no que se refere a garantia assistencial para as vitimas dos casos em que há prática de violência doméstica, também há especialidades. Conforme juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. § 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado. § 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. § 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. (Grifo próprio).

Não obstante, cabe ainda ressaltar que, nos termos do artigo 28 da Lei Maria da Penha, é garantido a todas as vítimas prática de violência doméstica e familiar, consideradas como insuficientes à arcar com as despesas do processo, o acesso da Defensoria Pública ou, da Assistência Judiciária Gratuita, nos em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.

Além disso, o procedimento que envolve a intimação do autor da prática desta violência, busca assegurar e proteger cabalmente a integridade física, psíquica e moral da vítima, uma vez que, da seguinte forma o artigo 21 da referida lei dispõe:

Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público. Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor. (Grifo próprio).

Ainda, cumpre referir que o parágrafo único do artigo 14 da lei Maria da Penha, expressamente dispõe que os atos processuais de situações que envolvem a pratica de violência doméstica, poderão, diferente das demais, realizar-se durante o horário noturno, de acordo com o que dispuserem as normas de cada organização judiciária.

No que se refere a prisão do agressor que tenha praticado a violência ora posta em apresentação, estabelece o dispositivo legal número 20 da lei, que o juiz poderá prendê-lo a qualquer momento de forma preventiva, de ofício ou, quando solicitado, bem como, revogar a prisão quando entender necessário:

Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

Além disso, uma das maiores inovações que trouxe o vigor da lei nº 11.340/2006 – Lei Maria da Penha, foi a proibição da aplicação de institutos que visam o benefício do autor de uma prática delituosa, tais como: SURSIS processual, substituição da PPL por restritivas de direito e aplicação de cesta báscia, conforme o que dispõe:

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. (Grifo próprio).

Por último, ressalta-se que o artigo 41 da referida Lei referiu expressamente a proibição quanto à aplicabilidade do procedimento sumaríssimo, qual seja, dos Juizados Especiais Criminais, aos crimes de violência doméstica, independentemente do quantum de pena aplicado.

Conforme já exposto nos capítulos anteriores, a ação que envolve a prática de violência domestica como regra, será publica e incondicionada, cuja legitimidade para iniciar a sua tramitação é do Ministério Público, mediante o oferecimento da denúncia. Ocorre que, há também de ser a referida ação, de modalidade privada, e, nesses casos, conforme o que dispõe o artigo 25 da Lei, atuará o Ministério Público como “fiscal da lei”, uma vez que será de sua competência intervir naqueles, conforme o disposto:

Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher.

No entanto, seja qual for a atuação do órgão ministerial ante as situações de violência doméstica, conforme o que dispõe os incisos do artigo 26 da Lei nº 11.340.2006, é dever deste:

Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário: I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros; II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Conforme se verifica, as atribuições do Ministério Publico será desencadeada de acordo com sua legitimidade dentro da ação penal em tramite. Significa dizer que, nas ações penais pública, este atuará como parte legítima desta (seja quando for incondicionada, ou, posteriormente a representação da vítima), e, nas ações penais privas, cuja legitimidade para intentá-la é do próprio ofendido, de fiscal da lei.

(DIAS, 2007).

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