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PEDAÇOS DE VIDAS DE PROFESSORES KAINGANG

Rã do (raio de sol)

Rã do nasceu e se criou na T. In. Tiaraju. Teve sua primeira experiência escolar no seu emã (comunidade/moradia), na época que foi à escola pela primeira vez numa escolinha que funcionava na sua aldeia, estudou lá da 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental, Rã do, antes de chegar à escola estava muito entusiasmada, muito feliz, pois iria realizar o sonho de ir para a escola, porém no decorrer dos dias seu sonho começou a perder o encanto.

Não era como ela tinha imaginado, era tudo muito diferente do que sempre pensara, a escola era pequenina, e a professora Rute, se tirasse a última sílaba e acrescentássemos a sílaba de representaria mais sua pessoa, não tinha paciência nenhuma principalmente com Rã do, era gritona, má, por qualquer motivo colocava seus alunos de castigo de joelhos nas tampinhas de garrafa, além do mais, os alunos não podiam nem se mexer na cadeira, muito menos falar, e Rã do que já era quietinha, ficava cada vez mais calada. Além do mais, a professora de Rã do era muito kórég (feia)...

Os anos foram passando e Rã do ficava muito triste com as atitudes da professora, e imaginando o porquê dela ser tão rude com seus alunos, mas como não tinha nada a fazer, ia executando as tarefas que a professora ia mandando, mesmo que muitas vezes não entendesse o que estava fazendo. Outra coisa que deixava Rã do muito confusa era o de que antes de ir à escola ela achava que tinha tanta coisa que ela já sabia, ela se achava tão inteligente e sábia, mas depois que começou a ir na escola percebeu que parecia que ela não sabia nada, e a professora Rute nem se importava se ela sabia alguma coisa ou não, isso Rã do não entendia. Rã do estudou na Escola Pindorama até a 4ª série do Ensino Fundamental.

Rã do, incentivada por seus pais, que sempre diziam que ela tinha que estudar para ser alguém na vida, estudou da 5ª a 8ª série na E. M. E. F. Ciranda, no município de Linha Bonita. Lá não era muito diferente da escola da aldeia, só não ficava mais de castigo, eram professores diferentes, vários professores, nenhum era indígena, e em nenhum ano que Rã do estudara tinha ouvido falar sobre a cultura kaingang, sobre seu povo, assunto que gostava muito e tinha conhecimento. Concluiu o Ensino Fundamental com muito sacrifício.

Um dos sonhos de Rã do era ser professora na escola da aldeia, mas como ela não tinha estudo suficiente ficava imaginando o dia que iria realizá-lo.

Certo dia veio o kasiki (cacique) e falou a Rã do que ia ter um curso que iria formar professores indígenas e a convidou para fazer este Curso de Magistério Específico. Rã do aceitou o desafio, estudou e concluiu o curso que formou os primeiros professores bilíngues do Estado do Rio Grande do Sul.

E aí, finalmente, Rã do podendo ser professora na sua aldeia, vem então o grande desafio: Como iria começar a dar aula, passar de aluna a professora?

Começa então a grande caminhada, árdua, mas gratificante de Rã do, que estava formada, tinha diploma de professora bilíngue e não conseguia contrato para dar aula na escola da sua aldeia, e ainda tinha que ouvir da diretora, que achava que ela não iria conseguir dar aula, pois afinal fora sua aluna e imagine, ela achava que Rã do não estava preparada para ser professora. Foi então que kasiki decidiu tomar providência, foi até a diretora da escola e mandou que dessem uma turma de alunos para Rã do, que ela iria começar a trabalhar como professora naquela escola. Começa então, o início da carreira de Rã do como educadora indígena, sendo professora de alfabetização. Rã do não sabia que tinha vencido apenas uma batalha e que muitas outras já estavam a caminho.

A primeira depois da conquista do emprego era conviver com a diretora, pois ela era uma pessoa muito conservadora que não gostava de mudanças, de inovações na sala de aula. De tudo que Rã do havia aprendido no seu Curso de Magistério, muito pouco estava conseguindo aplicar, porque tudo de diferente que ela tentasse fazer era barrada. Aborrecida Rã do não se conformava com a situação, pois afinal ela era uma professora indígena, morava e dava aula na sua aldeia, mas não tinha nada, nenhum conteúdo que pudesse trabalhar a questão indígena, falar do seu povo.

Mesmo sendo contrariada na escola e sem ter apoio pedagógico, Rã do decide conversar com as lideranças da sua comunidade e com os pais dos alunos. Colocou-os a par da situação que estava vivenciando na escola e também do que ela aprendera no Curso de Magistério Específico que fez. Foi então que as lideranças e os pais dos alunos disseram a Rã do que ela poderia por em prática suas propostas, suas ideias e que iriam apoiá-la, pois queriam que seus filhos estudassem na escola assuntos da cultura kaingang e também a língua kaingang, pois afinal aquela escolinha era uma escola indígena.

Rã do se sentiu fortalecida para enfrentar a diretora e começou então a fazer mudanças no currículo da escola, trabalhava assuntos da cultura kaingang, cantos na língua kaingang. Desta forma, conseguiu superar a indiferença da diretora e realizar um bom trabalho conquistando a confiança dos pais dos alunos e das lideranças.

Rã do era muito dedicada ao trabalho de revitalização e manutenção da cultura do seu povo, trabalhava na escola e também fora da escola, chegou até a montar um coral, que faziam apresentações de cantos na língua kaingang, chegaram a fazer apresentações em Brasília.

Foi desta forma que Rã do começou a construir na escola um currículo diferenciado que abordava vários aspectos da cultura kaingang. A comunidade, pais, lideranças e, principalmente, os alunos passaram a valorizar mais a cultura e a língua kaingang.

Quando se passaram três anos que Rã do era professora na escola da sua comunidade, trocou a diretora da escola, e a nova diretora era bem diferente da outra. Rã do ficou muito feliz, porque tudo que ela ia propor para fazer na escola ela ouvia com atenção, dava a maior força, sugeria e ainda ajudava na execução. Foi muito bom ter trocado a direção da escola, com isso Rã do tinha mais liberdade e incentivo para trabalhar a cultura kaingang no espaço da escola.

Com o passar dos anos Rã do foi percebendo que os alunos, pais e lideranças daquela comunidade estavam mais próximos da escola, seguidamente faziam reuniões para trocar ideias e ir trabalhando na escola assuntos do interesse da comunidade.

Rã do não se acomodou, pois sempre procurava respostas para o que seria educação escolar indígena, educação específica e diferenciada: Onde estava este específico em sala de aula? Estava sempre procurando se aprimorar nos seus

conhecimentos, sempre tentava fazer o melhor possível na sua turma, na sua escola, foi então que resolveu fazer curso de graduação, formou-se em Sociologia, na Universidade Nacional, depois fez especialização em Educação Indígena pela Universidade Federal Independente (UFI), desta forma, Rã do sempre estava e continua buscando aperfeiçoar seus conhecimentos, para ir melhorando sua prática educativa.

Rã do estava cada vez mais esperançosa para ajudar a transformar a escola da comunidade. Logo começou a dar aulas na escola mais uma professora indígena, a caféi (flor), tudo melhorou ainda mais, porque eram duas para pensar a educação diferenciada para a escola da comunidade e sabiam que podiam contar com a diretora.

Rã do com suas atitudes positivas na escola conquistou o respeito e admiração dos alunos, pais e lideranças, pois passaram a lhe confiar a responsabilidade de ser a responsável na comunidade de discutir a educação escolar indígena para seu povo.

Rã do pôde perceber que sua escola tinha mudado muito nos últimos anos, depois que ela havia começado a trabalhar lá. Ela começou a relembrar das aulas dos cursos específicos que fizera e comparar como eram as escolas indígenas desde a época do SPI da escola em que estudara nos anos iniciais e da atualidade da escola que estava vivenciando e pôde perceber que muita coisa mudou na escola indígena desde a época do SPI, muitas mudanças aconteceram com o protagonismo dos professores indígenas em sala de aula. Porém, Rã do percebe que ainda tem muita coisa a ser feita para mudar, para ser construída uma educação escolar indígena adequada às comunidades kaingang, tanto na parte pedagógica, quanto na construção de material didático específico e, também, no que se refere à infraestrutura das escolas indígenas.

Rã do está esperançosa, acredita que mudanças significativas aconteçam na educação escolar indígena e de que são os professores indígenas, assim como ela, que tem a tarefa de propor estas mudanças.

Nesta primeira narrativa, evidenciam-se partes da vida profissional de uma professora indígena, como foi o início como aluna e depois sendo professora na sua aldeia. A narrativa aborda elementos culturais do povo kaingang que foram levados para o espaço da escola para direcionar o currículo e do seu comprometimento que

contribuiu para tornar a sua atuação, como educadora kaingang, significativa, buscando construir uma educação escolar indígena de qualidade.

A narrativa, a seguir, ilustra parte da vida de um parente/educador, que é mais um dos muitos protagonistas da educação escolar kaingang.

Jógóg (gavião guerreiro)

Jógóg sempre foi um menino robusto, forte e saudável. Nasceu e se criou na Terra Indígena (T.I.) Pindorama, onde aprendeu a língua kaingang com sua família, a qual possibilitou que Jógóg vivenciasse todos os aspectos da cultura kaingang. Foi em Pindorama que Jógóg iniciou sua vida escolar, frequentando a escola da aldeia até a antiga 5ª série do Ensino Fundamental.

Jógóg teve que interromper seus estudos, porque na aldeia não tinha recurso para atender a sua escolaridade e trabalhava na roça com seus pais para ajudar no sustento da família, nesta época também Jógóg ia trabalhar no Panelão4 na época do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), foi um dos principais motivos para Jógóg interromper seus estudos.

Anos mais tarde, voltou a estudar na cidade, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Conceição, onde concluiu o Ensino Fundamental.

Quando ainda rapazote e, como sabemos, na cultura kaingang tudo começa mais cedo, Jógóg casou-se com uma kaingang que o encantou e conquistou o seu coração. Então, Jógóg passou a ter que trabalhar mais, pois teria uma família para sustentar. Interrompeu novamente seus estudos.

Passaram-se alguns anos até que, certo dia, chega o kasiki e faz um convite a Jógóg. Pergunta a ele se queria estudar para ser professor indígena, professor bilíngue, pois um curso iria começar estavam atrás de kaingang que tivesse um pouco de estudo para participar deste curso de formação para professores bilínguesl. Jógóg aceita o convite e continua seus estudos, agora com a perspectiva de se tornar professor, o que o levou a conviver durante quatro anos com grandes desafios.

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Segundo Freitas, em depoimentos coletados por indígenas que vivenciaram os trabalhos do SPI, estes afirmam que eram obrigados a trabalhar na lavoura: homens, mulheres (mesmo as que tivessem filhos pequenos), rapazes e moças (...). O trabalho na lavoura era realizado de segunda a sexta-feira. A turma ficava acampada e não era permitido aos indígenas irem para casa durante a semana (...) se alguém faltasse ao trabalho, os responsáveis faziam uma relação com os nomes dos “faltosos”, que eram chamados e levados para a cadeia. (...) no período de preparo das lavouras, plantio ou colheita, eles eram obrigados a acampar, às vezes por até 30 dias, sem poder voltar para casa ou ir para a escola (FREITAS, 2010, p. 57).

Jógóg estava muito preocupado com a responsabilidade que iria assumir sendo professor. Ainda mais porque ele não queria ser um professor como os muitos que tivera na sua vida escolar, tanto na aldeia quanto na cidade, pois se dera conta de que a escola da Aldeia Pindorama, na prática, não era uma escola indígena. Não se recordava de ter ouvido na escola a professora dizer que a cultura kaingang era importante, que a língua kaingang era importante, inclusive os alunos eram proibidos de falar na escola o kaingang. Eles tinham que falar português. Também nunca tiveram um professor que fosse índio. E agora, como fazer esta diferença? Como ser um professor kaingang? Jógóg queria ser um bom professor kaingang, mas o que corresponderia ser um bom professor kaingang? Começam então os impasses e os desafios pedagógicos na vida profissional de Jógóg (como preparar suas aulas, como iria fazer diferente, como seriam na prática as atividades para uma escola específica e diferenciada).

Chega o dia tão esperado, o da sua formatura. Jógóg conclui seu curso e estava apto a ser um professor bilíngue, um professor kaingang. Jógóg aprendera tantas coisas que já ficava imaginando como seria dar aula para crianças kaingang.

Jógóg, além de ser professor, era um bom conhecedor da cultura e da vida kaingang. Conhecia a mata como ninguém, conhecia muitas plantas medicinais, sabia para que servia cada uma. Tinha aprimorado seus conhecimentos, pois no Curso de Magistério que fizera tinha fundamentado seus conhecimentos sobre a cultura kaingang, porque era um curso direcionado para trabalhar as questões indígenas. Aprendera também a fazer pesquisa, a pesquisar a cultura local, colocando no papel dados da cultura fornecidos por nossos kófa, analisando-os, posteriormente, e tentando transformá-los em currículo para a escola indígena.

Jógóg conseguiu um contrato para ser professor na sua aldeia, ficando responsável por uma turma de alfabetização. Pois é, começa um novo impasse na vida profissional, pois tinha dois desafios nas mãos, ser professor e alfabetizador. Mesmo com muita insegurança assumiu este compromisso na Escola Tupinambá, onde desenvolveu a primeira experiência, como professor.

Foi então no ano letivo de 1999, que Jógóg chegou mesmo a pensar em desistir da profissão, eram tantos impasses, tantas dúvidas que tinha sem ter a quem recorrer que estava se sentindo quase um derrotado. Queria fazer diferente, fazer o melhor possível, mas não sabia como. A escola em que trabalhava não era como ele imaginava, muita coisa que ele queria trabalhar não era possível: sair para

o mato com as crianças para que aprendessem sobre as ervas medicinais, frutas nativas, jagóro – verduras típicas da alimentação kaingang; ter aula ao ar livre na aldeia, ouvindo, entrevistando os kófa, os detentores dos conhecimentos tradicionais da cultura kaingang, nossos mestres. Estas ações não eram permitidas pela direção da escola.

E aí, como mudar? O que mais preocupava Jógóg, ainda era a lista de conteúdos que tinha que vencer até o final do ano, pois ele seria o responsável por passar ou reprovar vinte crianças. Para o seu lamento muitas não conseguiram passar de série naquele ano.

Começou a se questionar sobre o que seria realmente educação escolar indígena, pois o que ele vivenciara no decorrer do ano letivo que atuou como professor era bem diferente do que ele pensava serem as aulas para crianças kaingang. Para ele as crianças indígenas teriam que vivenciar a cultura kaingang na escola, coisa que na sua escola não acontecia. Pensava que a escola poderia ser um instrumento de fortalecimento da cultura kaingang na comunidade onde estivesse em funcionamento. Ainda mais uma escola que trazia em seu nome o diferencial de escola indígena, acreditava ele.

Jógóg trabalhou na escola mais dois anos e depois foi trabalhar em outra escola, em outra T.I. kaingang. Nesta escola Jógóg conseguiu realizar um trabalho mais direcionado para alunos kaingang. Fez alguns projetos para tentar levar para a escola a cultura kaingang, integrando-a ao currículo.

Entre erros e acertos Jógóg acredita que foi descobrindo o caminho para construir na escola formas de trabalhar um pouco da pedagogia kaingang, como: fazer a escuta dos nossos kófa, levar a oralidade para a sala de aula, contando, narrando ou ouvindo junto com os alunos mitos kaingang, procurando levar os alunos a observarem e terem contato com objetos, elementos e relações da própria cultura. Convidava os kófa para contarem histórias de antigamente, do nosso povo kaingang, também levava as crianças até eles.

Jógóg estava ficando mais animado em ser professor indígena, pois estava começando a ter mais êxito nas suas metas de trabalho, que era usar o espaço da escola para fortalecer a cultura kaingang. Acreditava que o que favoreceu estas mudanças foi também o fato de não haver uma diretora presente no dia a dia daquela escola. Jógóg era o professor responsável por uma sala de aula que funcionava anexa a outra escola, para fins legais. Desta forma, havia mais liberdade

para realizar o trabalho de professor, além do mais tinha o apoio integral dos pais e das lideranças da comunidade.

Foi neste período que Jógóg começou a dedicar-se cada vez mais à pesquisa e, quanto mais o tempo passava, Jógóg se realizava mais e mais, pois sua fonte de pesquisa eram os kófa de cada comunidade, onde estavam morando e também seus parentes de outras T.I. que o acolhiam muito bem e sentiam gosto por poderem colaborar com a escola e educação das crianças. Neste viver e conviver com os kófa kaingang, muito aprendera, ampliou seu horizonte de conhecimentos, especialmente da história e cultura do seu povo, do nosso povo, o povo kaingang.

Nesta fase da vida profissional de Jógóg, ele se descobriu como pedagogo kaingang, conseguiu entre erros e acertos criar, construir formas de levar para o espaço da escola parte daquilo que vinha pesquisando, além de se tornar um grande conhecedor da espiritualidade e da cosmologia kaingang.

Foram tantas as experiências significativas que Jógóg vivenciou que conseguiu, a partir delas, construir muito material didático e idealizar formas de uso adequadas às crianças que educava. Ele ia construindo e utilizando, experimentando o material e reformulando até acertar a adequação entre o conteúdo e o jeito de trabalhá-lo para que a criança aprendesse.

O que acertou foram os fonemas do alfabeto kaingang, passou a fazer banner do alfabeto para expor na sala de aula, a escrever no quadro e a trabalhar com muitos detalhes, atento aos jogos de sons, na escrita da língua. Tem muita letra que, em kaingang, é usada com som emprestado de outra como, por exemplo: o M às vezes tem som de B, o K pode assumir o som de C, o N o som de D, dentre outros sons. Em um dos materiais que produziu cuida muito disso. Desde o primeiro ano do aluno (na alfabetização em kaingang), esta foi uma das tantas experiências realizadas que deu certo. Encontrou desta maneira uma forma de alfabetizar em kaingang com êxito, pois os alunos quando passam pela alfabetização aprendem tanto a ler, como também a escrever a língua kaingang.

Para Jógóg, depois que os indígenas começaram a assumir as escolas, e a levar a elas as suas orientações filosóficas, pedagógicas e sua didática, mudaram muito as práticas pedagógicas, mas ainda tem muita coisa para mudar. O que ajudou para que isso acontecesse foi a Constituição Federal de 1988, porque deu autonomia ao professor que começou a atuar proporcionando as mudanças que a constituição passou a firmar. Os professores, hoje, assumem seus espaços na

escola e começam a trabalhar de um jeito condizente com a cultura do povo

kaingang, tornando-se protagonistas deste processo de mudanças. “Assumimos

nosso espaço e começamos a trabalhar do nosso jeito”, diz o professor Jógóg.

Jógóg acredita que, apesar da escola não ser da cultura kaingang, pode ser aproveitado o espaço da escola para tentar trabalhar a manutenção e revitalização da cultura indígena. Este é o grande desafio aos educadores indígenas na atualidade.

As duas narrativas apresentadas nesta dissertação têm o objetivo de evidenciar e contar ao leitor, parte do muito que já foi feito por nós educadores indígenas, do que foi alcançado no âmbito pedagógico da educação escolar kaingang. Deixam evidenciados a consciência e o comprometimento com a educação escolar por parte destes personagens, professores, em construir um diferencial para seu povo. Comprometimento que notadamente encontramos em nossas escolas, claro que também existem exceções, porque infelizmente não são todos os professores kaingang que tem este envolvimento com a perspectiva de buscar transformar o quadro educacional que temos, mas são poucos que estão nesta condição.

Os avanços que tivemos no quadro educacional indígena em todos os aspectos, não são por acaso, como já mencionado nas páginas anteriores desta dissertação. É fruto de muita luta e reivindicação dos povos indígenas e devido ao

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