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Pedagogia Social e seus espaços de atuação no Brasil

Atualmente, a Educação Social no Brasil encontra respaldo na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases. De acordo com o Art. 205 da Constituição Federal, a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade e visa ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

No artigo 7° da Constituição, além dos direitos políticos, são resguardados direitos sociais que vão desde o direito ao emprego e à educação até o direito ao atendimento, pelo setor público, de suas necessidades de saúde, lazer, seguro social, dentre outros. Contudo, sabemos que esses direitos não se efetivam na prática.

Graciani (2006) alerta que, na sociedade brasileira, os processos de exclusão passam pela falta de acesso ao emprego, à renda e aos benefícios do desenvolvimento econômico. Para a autora, a noção de exclusão social é inseparável do conceito de cidadania e se refere aos direitos que as pessoas têm de participar da sociedade e usufruir dos benefícios e dos bens produzidos por ela. Não só as desigualdades apontadas são determinantes, mas também a diferença da educação pensada para os pobres e para os ricos.

Além de a Educação ser diferenciada de acordo com a condição econômica, ela se distingue também pelo espaço onde pode ocorrer. Na Lei de Diretrizes e Bases (LDBEN 9.394/1996), artigo 1°, a educação é apresentada como aquela que abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e orga- nizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Assim, considera-se que a educação pode ocorrer em diferentes espaços: formal, não formal e informal. Para Gonh (2006), a educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; na informal, os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização – na família, no bairro, no clube, com amigos etc. – carre- gada de valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados; e a educação não formal consiste no aprendizado ao longo

da vida, via processos de compartilhamento de experiências, principal- mente em espaços e ações coletivas cotidianas, tais como os que podem ocorrer em centros comunitários ou em museus.

De acordo com Gadotti (2012), usualmente define-se a educação não formal por uma ausência em comparação com a escola, que toma a educação formal como único paradigma, como se esta também não pudesse aceitar a informalidade, o “extraescolar”:

Não se trata, portanto, aqui, de opor a educação formal à educação não-formal. Trata-se de conhecer melhor suas poten- cialidades e harmonizá-las em benefício de todos. Não se trata também de reduzir a educação popular, a educação social e a educação comunitária ao não-formal. Essas educações são tão formais quanto a educação escolar. O que as diferencia da educação escolar rígida e burocrática é justamente a valori- zação dos espaços informais. Essas educações não abrem mão da riqueza metodológica da informalidade (GADOTTI, 2012, p. 15).

Durante muito tempo e até mesmo nos dias de hoje, a Educação Social foi chamada de educação não formal, ou seja, compreendida como um campo em oposição à educação formal. Sobre o assunto, Paiva (2011) infoma que Pedagogia Social atualmente se desenvolve de forma prio- ritária em instituições não escolares, o que não significa que não possa se desenvolver dentro da escola, uma vez que a Pedagogia Social se inte- ressa pela dimensão social, ou seja, pelas relações sociais. Trata-se de uma educação voltada para participação na sociedade e, por isso, ela pode e deve estar presente também no espaço escolar.

Com o avanço da legislação em relação à criança e ao adoles- cente, com a obrigatoriedade da sua presença na escola, a educação escolar viu surgir uma demanda que a escola não tinha preparo para receber, crianças empobrecidas entraram na escola e junto com elas suas histórias de abandono, maus tratos, violação constante de direitos, conflitos com a lei, situações diferenciadas, e o educador escolar não teve formação inicial e possui dificuldades de formação em serviço para lidar com elas. Diante desse novo fato a discussão da Pedagogia Social no Brasil vem corroborando o atendimento dessas demandas que surgem fora da escola e principalmente dentro dela (PAIVA, 2011, p. 30).

Díaz (2006) contribui com a discussão de Paiva (2011) quando ressalta que a educação social não está contida somente no não formal, mas deve abarcar espaços e momentos diversos, já que o homem pode aprender no âmbito formal ou não formal e ao longo de toda a sua vida.

Para Caliman (2006), uma dimensão privilegiada da Pedagogia Social é aquela dos espaços de transformação da educação não inten- cional, ou não declaradamente intencional, em educação intencional; de espaços deseducativos ou potencialmente educativos em espaços declaradamente educativos por meio de uma intervenção direta no ambiente. Exemplo disso é a abertura das escolas como espaços de cultura, educação e tempo livre nos fins de semana.

Podemos, no entanto, dizer que existem alguns âmbitos de atuação que atualmente correspondem a tais critérios: a educação de adultos, a educação de adolescentes em situação de risco, a recuperação e reinserção social de sujeitos toxico- dependentes, a orientação escolar de alunos atingidos por fortes condicionamentos sociais (pobreza, exclusão social, desagregação familiar), o agir educativo dentro dos ambientes familiares, a influência dos meios de comunicação social e das associações e grupos juvenis (grupo de pares, gangues etc.) (CALIMAN, 2006, p. 6).

De uma maneira ampla, a finalidade educativa da Pedagogia Social refere-se à promoção de condições de bem-estar social, de convivência, de exercício de cidadania, de impulsão do desenvolvimento social, de superação do sofrimento e da marginalidade.

Diante das discussões relativas aos espaços de atuação da Pedagogia Social, é necessário avançar no sentido de compreender um pouco mais suas possíveis relações com a Educação Profissional.

Percurso da Educação Profissional e da Educação Popular no