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3. ELEMENTOS OBJETIVOS DA AÇÃO

3.2. Pedido

3.2.1. Tipos de pedido

3.2.1.5. Pedido alternativo

A possibilidade de se formular pedido alternativo na petição inicial encontra guarida no artigo 288, do Código de Processo Civil.382

O pedido alternativo é autorizado para as ações que visam ao cumprimento de obrigação alternativa por parte do réu. A prestação pode ser cumprida de mais de um modo, tendo objetos distintos. Não consiste o pedido alternativo em cumulação de pedidos, ou mesmo pedido subsidiário. O pedido é simples, sendo só uma obrigação. O que cabe ao réu é escolher de que forma cumprirá a obrigação, caso seja condenado, mas a obrigação é uma só.

Diferentemente do pedido subsidiário, para o autor é indiferente de que forma o réu cumprirá a obrigação dentre aquelas que foram requeridas. Não há uma ordem de preferência, por parte do autor, em relação ao modo de cumprimento da obrigação. Do mesmo modo, não se trata de cumulação de pedidos porque, tendo o réu cumprido a obrigação de um modo, a pretensão do autor foi satisfeita. Como leciona José Joaquim Calmon de Passos:

A obrigação alternativa tem por objeto duas ou mais prestações que se excluem, no pressuposto de que somente uma delas deve ser satisfeita mediante escolha do devedor ou do credor – plures in obligatione sed uma

tantum in solutionem.383

Trata-se, como autorizada doutrina classifica, de cumulação imprópria ou cúmulo alternativo, pois o objeto litigioso é constituído por uma ou mais pretensões, muito embora só uma delas possa ser acolhida.384

382 “Art. 288. O pedido será alternativo quanto, pela natureza da obrigação o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.

Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.” (redação mantida no artigo 298 do Projeto do Código de Processo Civil)

383 PASSOS, José Joaquim Calmon de. Op. cit., p. 216. 384 CARVALHO, Milton Paulo de. Op. cit., p. 108.

Percebe-se, pois, que a possibilidade de o pedido ser alternativo está atrelada ao direito material objeto da ação. Assim, se o réu tem a opção de cumprir determinado contrato por dois modos, o autor deve pedir a condenação do autor ao cumprimento da obrigação, cabendo a escolha de como cumprir ao devedor.

E conclui-se que o objeto imediato do pedido alternativo (condenar o devedor ao cumprimento da obrigação) é uno, enquanto que o pedido mediato é alternativo (os objetos são distintos).

O pedido alternativo, por excelência, é cabível para o cumprimento de obrigação alternativa, em que, se outra coisa não se estipulou, a escolha quanto ao modo de cumprimento da obrigação cabe ao devedor (CC, art. 252).385 Mas não se limita só a ele. Como observa Milton Paulo de Carvalho:

O dispositivo alcança também a obrigação facultativa, que em Direito Civil da alternativa se distingue pelo seguinte: a alternativa é, assim como a cumulativa, uma obrigação múltipla, ou complexa, porque duas ou mais prestações estão vinculadas, embora só uma baste para o adimplemento. Ou, mais claramente, segundo a fórmula escolástica: duae res, vel pluresm sunt in obligatione; uma tantum in solutione. Enquanto a facultativa é

obrigação simples, porque consistente numa só prestação, estando só esta vinculada, e só esta podendo ser exigida pelo credor, embora se conceda ao devedor a faculdade de substituir por outra essa prestação vinculada: uma res et in obligatione; duae, vel plures, in facultate solutionis.386

Se ao credor cabe a escolha acerca do modo de cumprimento da obrigação, ele não só poderá, como deverá formular pedido certo e determinado, já deixando claro em sua petição inicial qual a escolha que fez para a obrigação ser cumprida. Se, mesmo cabendo ao autor a escolha e este formular pedido alternativo, este renunciou ao direito de escolher a forma de prestação da obrigação, cabendo ao réu fazê-lo. Neste sentido, leciona José Joaquim Calmon de Passos:

385“Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.” 386 CARVALHO, Milton Paulo de. Op. cit., p. 107.

O credor tem o direito de escolha, e não a obrigação de escolher. Formulado pedido alternativo, isso significa que renunciou, em benefício do réu, ao direito de escolher.387

Cabendo a escolha ao devedor, o pedido deve ser alternativo. E, se o autor formular pedido certo, o juiz deve garantir o direito de cumprir a obrigação do modo que melhor aprouver ao devedor (CC, art. 288, parágrafo único), não podendo o autor subtrair o direito de escolha do devedor.

Por ser indiferente ao autor a forma de cumprimento da obrigação no pedido alternativo, se, no decorrer da ação o réu declara expressamente que pretende cumprir a obrigação de um determinado modo e, ao final do processo o réu é condenado a prestar a obrigação desta maneira, não possui o autor interesse recursal para se insurgir contra a sentença.

Isto porque a ação foi julgada procedente, condenando o réu a cumprir a obrigação dentro de um dos pedidos alternativos que foram formulados pelo autor. Sendo indiferente o acolhimento de qual dos pedidos alternativos, não tem o autor interesse recursal para se insurgir se um dos pedidos foi acolhido.388 A decisão lhe foi totalmente favorável e a sua pretensão foi integralmente satisfeita.

387 PASSOS, José Joaquim Calmon de. Op. cit., pp. 217-218.

388 “PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.

AUXÍLIO-ACIDENTE. JUROS DE MORA. INÍCIO. CITAÇÃO. VERBETE SUMULAR 204/STJ. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO. MODIFICAÇÃO. PEDIDO ALTERNATIVO. ACOLHIMENTO. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL.

PRECEDENTES DO STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA 111/STJ. REVISÃO NA VIA ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO SUMULAR 7/STJ. AGRAVO IMPROVIDO.

1. Nas dívidas de natureza previdenciária, os juros moratórios fluem a partir da citação válida, nos termos do art. 219, do CPC, e do verbete sumular 204 desta Corte.

2. O atendimento de um pedido alternativo retira o interesse recursal para o pleito de acolhimento de outro. Precedentes do STJ.

(...)”

(AgRg no Ag 1260839/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 02/08/2010, g.n.)

“PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO FISCAL - EMBARGOS - DESISTÊNCIA DA EXECUÇÃO -

CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - PEDIDO ALTERNATIVO - FALTA DE INTERESSE PARA RECORRER - CPC, ART. 3º - SÚMULA 153/STJ.

- O Tribunal "a quo", atendendo ao pedido alternativo da Fazenda, reduziu os honorários advocatícios de três (3) para um (1) salário mínimo.

- Atendido um dos pedidos formulados no recurso de apelação, falta ao recorrente o interesse para recorrer da decisão que lhe foi favorável.

(...)

(STJ, REsp 320.267/AL, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/05/2004, DJ 23/08/2004, p. 162, g.n.)

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