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Secção II- Apreensão, em virtude de um título executivo, dos bens detidos por terceiro

A PENHORA PARA REIVINDICAÇÃO

ARTIGO 227

Toda e qualquer pessoa com fundamento aparente para requerer a entrega ou a restituição de um bem móvel corpóreo pode, enquanto espera pela sua entrega, torná-lo indisponível através de uma penhora para reivindicação.

Com excepção do caso em que o credor tem um título executivo ou uma decisão judicial que ainda não tem força executiva, é necessária uma autorização prévia dada, na sequência de requerimento, pela jurisdição competente.

O requerimento é feito à jurisdição do domicílio ou do local em que reside a pessoa obrigada a entregar ou a restituir o bem.

A decisão de autorização designa o bem que pode ser penhorado bem como a indentidade da pessoa obrigada a entregá-lo ou restituí-lo. Esta autorização é oponível a todo e qualquer detentor do bem designado.

ARTIGO 228

A validade da penhora para reivindicação está sujeita às condições previstas para as medidas conservatórias pelos artigos 60 e 61 supra.

Se as condições não estiverem reunidas, o levantamento da penhora pode ser ordenado a qualquer momento, mesmo nos casos em que o devedor tem um título executivo ou uma decisão judicial que ainda não é executiva.

O pedido de levantamento é feito perante a jurisdição do domicílio ou do local de residência do devedor da obrigação de entregar ou de restituir.

A decisão de levantamento produz efeitos a contar do dia em que é notificada.

ARTIGO 229

As outras contestações, nomeadamente as relativas à execução da penhora, são deduzidas perante a jurisdição do local em que se situam os bens penhorados.

ARTIGO 230

Mediante apresentação da autorização da jurisdição competente ou de um dos títulos que permitem a penhora, procede-se à penhora para reivindicação em todo e qualquer lugar e junto de todo e qualquer detentor do bem.

Se a penhora for praticada num local destinado à habitação de um terceiro detentor do bem, é necessária uma autorização especial da jurisdição competente.

ARTIGO 231

Depois de ter lembrado ao detentor do bem que ele é obrigado a indicar-lhe se o bem foi objecto de penhora anterior e, se for o caso, obrigado a transmitir-lhe o respectivo auto, o oficial ou agente de execução elabora um auto de penhora que deve conter, sob pena de nulidade :

1) os nomes, apelidos e endereços dos credores e devedores ou, se forem pessoas colectivas, as respectivas formas, denominações e sedes sociais;

2) menção da autorização da jurisdição competente que é apensa ao auto, ou menção do título em virtude do qual a penhora é praticada;

3) a designação detalhada do bem penhorado;

4) se o detentor estiver presente, a sua declaração sobre uma eventual penhora anterior sobre o mesmo bem;

5) a menção, em letra legível, de que o bem penhorado é deixado à guarda do detentor que não pode vendê-lo nem deslocá-lo, com ressalva do caso previsto pelo artigo 103 supra, sob pena de sanções penais e que ele é obrigado a dar a conhecer a penhora para reivindicação a todo e qualquer credor que procederia a uma penhora sobre o mesmo bem;

6) a menção, em letra legível, do direito de contestar a validade da penhora e de pedir o respectivo levantamento à jurisdição do domicílio ou do local de residência do devedor;

7) a designação da jurisdição perante a qual serão deduzidas as contestações relativas à execução da penhora;

8) a indicação, se for o caso, dos nomes, apelidos e qualidades das pessoas que tenham assistido às operações de penhora, as quais devem assinar o original e

as cópias; caso recusem, isso deve ser mencionado no auto;

9) a escolha do domicílio na área de competência territorial da jurisdição em que se efectua a penhora se o credor aí não residir; pode ser feita, nesse domicílio escolhido, toda e qualquer notificação ou oferta;

10) a reprodução dos textos penais relativos ao desvio de objectos penhorados bem como dos artigos 60,61, 227 e 228 supra.

O oficial ou agente de execução pode fotografar os bens penhorados nas condições previstas pelo artigo 45 supra.

ARTIGO 232

O auto de penhora é entregue ao detentor sendo-lhe lembradas verbalmente as menções referidas nas alíneas 5 e 6 do artigo 231 supra, o que deve ser menionado no auto.

Se a penhora foi praticada junto de terceiro detentor do bem o auto é igualmente notificado pelo oficial no prazo máximo de oito dias àquele que tem a obrigação de o entregar ou restituir.

Quando o detentor não assiste às operações de penhora, uma cópia do auto é-lhe notificada pelo oficial, dando-lhe um prazo de oito dias para que dê a conhecer ao oficial ou agente de execução toda e qualquer informação relativa à existência de uma eventual penhora anterior e lhe transmita o respectivo auto.

ARTIGO 233

O presidente da jurisdição competente pode, a qualquer momento e mediante requerimento, autorizar, uma vez as partes ouvidas ou devidamente convocadas, a entrega do bem a uma terceira pessoa que ele designe para o guardar.

ARTIGO 234

Se o detentor tiver um direito sobre o bem penhorado ele deve avisar o oficial ou agente de execução por carta registada com aviso de recepção ou outro meio escrito, a menos que o tenha declarado no momento da penhora. No prazo de um mês, o exequente pode contestar junto da jurisdição ou do local de residência do detentor.

O bem continua indisponível no decurso da instância.

ARTIGO 235

Quando aquele que efectuou uma penhora para reivindicação dispõe de um título executivo que ordene a entrega ou a resituição do bem penhorado, procede-se como em matéria de penhora para apreensão tal como se diz nos artigos 219 a 226 supra.

TÍTULO VII

DISPOSIÇÕES ESPECIALMENTE APLICÁVEIS À PENHORA DOS

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