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PERÍODO ATUAL APÓS LEI DE DIRETRIZES E BASES (LDB)

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2. O ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NA

2.5 PERÍODO ATUAL APÓS LEI DE DIRETRIZES E BASES (LDB)

A primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB) no Brasil de 1961, no artigo 97 reza que:

O Ensino Religioso constitui disciplina dos horários normais das escolas oficiais, é de matrícula facultativa e será ministra sem ônus para cofres públicos, de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo seu representante legal ou responsável. I – Formação de classe para o ensino religioso independe de número mínimo de aluno; II – O registro dos professores de ensino religioso será realizado perante a autorização religiosa respectiva. (BRASIL, 1946 apud CAETANO, 2007, p 74).

A lei acima citado deixa transparecer os mesmos objetivos da constituição de 1946, que se refere ao ensino religioso, dizendo que a disciplina será ministrada por professores sem ônus nenhum, fazendo com que viesse perder mais ainda a credibilidade como disciplina, até por que ela era ministrada fora do horário sem exigência de frequência mínima por aluno. No artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) após ter sido apresentado três propostas desse mesmo artigo, foi aprovado a Lei nº 9.475/97, dizendo que o ensino religioso passará a ser de responsabilidade do Estado, por entender que o ensino religioso é uma área do conhecimento que deve fazer parte da formação básica do cidadão, respeitando a diversidade cultural religiosa, onde o professor deverá se qualificar para ministrar a disciplina em pauta.

O Ensino Religioso vem apresentando na atualidade uma frequente discussão nos sistemas de ensino Estadual, Municipal e rede particular educacional, dessa forma são importantes aprofundar no art. 33, da Lei 9.394, de 20 de julho de 1996 redigido com base na redação 9475 de 22 de julho de 1997, retratando do seguinte modo o Art. 33:

O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurada o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedada, qualquer forma de proselitismo.

§ 1º - Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e a admissão dos professores.

Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações, para a definição dos conteúdos do ensino religioso (BRASIL, 2003, p. 38).



Ao analisar o Art.33 da LDB, ficam claro que toda disciplina tem uma exigência diante do Estado maior onde os conteúdos trabalhados sejam aplicados nacionalmente de forma que todo o país aplique os conteúdos segundo a LDB e Constituição Nacional, com a finalidade do indivíduo mudar de um estado para o outro sem nenhum prejuízo intelectual, ficando assim constituído a continuidade dos conteúdos já vistos pelo aluno. Quando a disciplina de ensino religioso foi sugerida como matrícula facultativa, deixa entender que cada estado, município e rede privada ficam livres para elaborar a sua própria matriz curricular, deixando transparecer que a disciplina de ensino religioso não tem um padrão a ser seguido como as demais.

Essa Lei é um pouco retórica, mas ao mesmo tempo ampla e capaz de variar de acordo com cada conselho e projeto político pedagógico e é regido pela unidade escolar de acordo com a sua realidade.

Ser democrático muitas vezes é bom, mas nesse caso demonstra que a disciplina de ensino religioso ainda está à mercê das antigas aulas de catequese.

Durkheim (2000) relata que:

[...] A religião tem a função mais essencial na sociedade: a de configurá-la como tal. A posição funcionalista talvez não seja suficientemente sensível às mudanças que as sociedades concretamente se impõem ou sofrem. (DURKHEIM, 2000. 36)

Para entender o que a religião quer dizer é preciso proporcionar aos educadores de ensino religioso uma formação continuada orientando-o a diferenciar Religião, Ciência e sociedade e retirando de cada um, conceitos capazes de conduzir o professor regente a uma reflexão sobre os procedimentos práticos, teóricos e metodológicos. A capacitação dos educadores tornam as aulas de ensino religioso prazerosas na educação de jovens e adultos na cidade de Caldas Novas. A espiritualidade inclusiva que não vê o ensino religioso como algo preso à religião, até porque a escola não pode pregar religião doutrinária, pode levar o aluno a entender a religião como uma ciência a ser considerada um estudo científico sem agredir qualquer pessoa que esteja a sua volta, dentro e fora do espaço escolar.

A disciplina de ensino Religioso nas instituições escolares no mundo contemporâneo está voltada para a valorização do ser humano nos aspectos sociais e materiais esquecendo que talvez fosse a oportunidade da escola traçar metas que



pudessem levar seus educandos a refletir entre o ruim, o bem e o mal, por exemplo, como o da vaquinha no precipício (autor desconhecido).

A Vaquinha no Precipício

Um sábio passeava por uma floresta com seu fiel discípulo, quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre e resolveu fazer uma breve visita.

Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também com as pessoas que mal conhecemos.

Chegando ao sítio constatou a pobreza do lugar. A casa era de madeira, faltava calçamento e os moradores, um casal e três filhos, trajavam roupas rasgadas e sujas.

Ele se aproximou do pai daquela família e lhe perguntou:

“Neste lugar não há sinais de pontos de comércio e de trabalho. Então, como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?”

O senhor calmamente lhe respondeu:

"Meu amigo, nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse produto nós vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros de alimentos e com a outra parte nós produzimos queijo, coalhada e outros produtos para nosso consumo. Assim, vamos sobrevivendo".

O sábio agradeceu a informação, contemplou o lugar por alguns momentos, despediu-se e partiu. No meio do caminho, voltou ao seu fiel discípulo e ordenou:

“Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali na frente e a empurre, jogando-a lá embaixo".

O jovem arregalou os olhos espantando e questionou o mestre sobre o fato de a vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família. Mas, como percebeu o silêncio absoluto do seu mestre, foi cumprir a ordem. Assim, empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer.

Aquela cena ficou marcada na memória daquele jovem durante alguns anos e um belo dia ele resolveu largar tudo o que havia aprendido e voltar naquele mesmo lugar e contar tudo àquela família, pedir perdão e ajudá-los. Assim fez e quando se aproximava do local avistou um sítio muito bonito, com árvores floridas, todo murado, com carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim. Ficou triste e desesperado imaginando que aquela pobre família tivera que vender o sítio para sobreviver.

Chegando ao local, foi recebido por um caseiro muito simpático e perguntou sobre a família que ali morava a uns quatro anos, ao que o caseiro respondeu:

“Continuam morando aqui”.

Espantado, ao encontrar os familiares, viu que se tratava das mesmas pessoas que visitara com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao dono:

“Como o senhor melhorou este sítio e está tão bem de vida?” E o senhor entusiasmado lhe respondeu:

“Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu. Daquele dia em diante tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos. Assim, alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora.” (CUNHA, s.d.).

A parábola acima citada tem a finalidade de induzir o aluno a refletir sobre valores, ética e cidadania entre outros. Ela também propõe ao individuo repensar o quanto muitas vezes acomodamos, o quanto somos egoístas com nós mesmos e



com outros que estão a nossa volta. Ainda nos coloca a observar os momentos de glória e angústia que deixamos de tentar. Quando buscamos a inovação para nós e para as pessoas que estão à nossa volta, não estamos de forma alguma passando por cima das outras pessoas. Dessa forma, acrescento que ao trabalhar um texto como esse em sala de aula o professor não estará falando de religião doutrinária, mas de atitudes valorizáveis havendo uma interação e discussão saudável entre os alunos. Assim fica como proposta não falar de igreja ou entidades religiosas dentro da sala de aula por conta da tamanha diversidade religiosa que se encontra a clientela da EJA. O espaço da sala de aula fica por conta do professor mediar conhecimento, voltada para uma sociedade plural religiosa que visa a sua religião como a salvação da humanidade, mas cabe ao professor buscar nos textos da atualidade assuntos que possam explorar a espiritualidade nas aulas de Ensino Religioso (ER).

Como já foi falado anteriormente em outros momentos o art. 33 da LDB fundamenta sempre na importância da disciplina de ensino religioso nas escolas de Educação de Jovens e Adultos da Cidade de Caldas Novas, Goiás, assegurando ao aluno a liberdade de escolha com uma aula interativa plural diante do contexto religioso sem atingir qualquer religião no ambiente de sala de aula, que por lei o aluno tem como direito não violar seus princípios religiosos, porém muitos educadores de ER ainda trabalham textos em suas aulas como se estivessem no altar de um templo religioso.

O objetivo da disciplina de ensino religioso no século XXI é de buscar equilíbrio para não sair do foco de onde se pretende chegar. Paiva Relata no livro A Religião dos Cientistas – uma Leitura Psicológica, destacando uma importante fala de Heider (1970) assim:

Descobriu nas relações que se escabecem entre as pessoas uma estrutura formal dinâmica a que deu o nome de equilíbrio ou harmonia. Essa estrutura é formal por que independe da particularidade dos conteúdos e obedecem as regras da formação de uma unidade; é dinâmica porque as relações interpessoais tendem ao equilíbrio e procuram restaurá-lo quando desfeito (PAIVA, 2000, p128).

O Ensino Religioso tem a função de promover um equilíbrio em função de subsidiar ao educando no período escolar do ensino de EJA – Educação de Jovens e Adultos, educação infantil, fundamental entre outros, caminhos que possam de



certa forma contribuir com a formação sujeito. Ele capacita o aluno a buscar uma formação ampla e transparente compreendendo que a ciência da religião não tem a função de pregar algum tipo de religião ou ensinar o aluno a conhecer teóricos da atualidade, mas sim que estabeleça um processo de confiança ao mostrar para os seus leitores que a religião faz parte de uma política pública com a função de levar os crentes e não crentes a compreender como ela deve fazer parte das nossas vidas sem agredir àqueles que já têm uma religião definida ou pré-definida. O papel da escola não é de dar aula de religião, mas estabelecer uma relação nas aulas de ensino religioso, com uma proposta de formar e informar o aluno para exercer cidadania nos princípios de uma espiritualidade pluralista que não visa converter o aluno a qualquer religião, mas sim ensinar o que é uma religião. Dessa forma o aluno buscará um equilíbrio formal para a vida toda, através de conteúdo que faz sentido para o processo de ensino aprendizagem, ocasionada pela parte psíquica sem que o aluno perceba.

O ser humano é muito complexo, por isso é de suma importância respeitar o outro a partir do contexto sócio educacional, político, cultural, religioso, espiritual, deixando perceber o bem comum acima de qualquer interesse pessoal do mediador de conhecimento, pois sabemos que o professor tem o poder de indução quando é de seu próprio interesse.

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