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Perceções sobre o trabalho: dimensões valorizadas, conhecer a

No documento RELATÓRIO FINAL (páginas 52-71)

Capítulo III Projeto de Investigação

3.3. Análise e Interpretação dos dados

3.3.3. Perceções sobre o trabalho: dimensões valorizadas, conhecer a

de futuro.

Nas perceções sobre o trabalho cruzámos os textos que foram recolhidos através das notas de campo, com as transcrições das entrevistas e dos textos escritos, de forma a fazermos uma triangulação da informação e assim reforçarmos a nossa investigação.

Dimensões valorizadas

Organizámos três áreas temáticas, que são as dimensões que qualificam o nosso trabalho: fluidez, apreciação e expetativas.

Na fluidez sobressaiu o prazer da diversão. Sobre isto, a Ana Filipa realça: “a aula foi excelente, muito divertida e com muito ritmo.” (Entr.E1). A Diana Figueiredo confirma: “a música timorense é muito divertida, muito mexida e gosto deste tipo de música.” (Entr.E3). E também a Mariana Ramon: “…eu adorei as aulas de canto e de tocar instrumentos, para mim tudo foi perfeito.” (TE.18_E18).

46 A apreciação dos procedimentos desenvolvidos durante o projeto refere-se à interação social acerca do trabalho. Todos deram ideias positivas: “a nossa turma é fixe.” (TE.7_E7). A turma foi incentivada logo no início da apresentação do projeto e o professor pediu “…uma grande colaboração e participação de toda a turma.” (NC1_30/10/2013).

Para a Ana Sofia, “Acho que todos gostaram do projeto e era importante para o professor.” (NC6_04/12/2013). Com opinião idêntica, a Tatiana Jesus, mencionou: “Gostei da apresentação final porque conseguimos ajudar o professor no seu projeto.” (Entr.E8). Ainda a professora de História deu o seu testemunho, afirmando que “…aderiram cem por cento..., realmente uma turma que adere muito bem àquilo que seja uma novidade...” (Entr.P2).

A professora de Matemática também teve uma opinião positiva, sublinhando: “…gostei muito de ver, dou-vos os parabéns porque foi ótimo o trabalho.” (Entr.P3). Também a professora de Educação Musical foi de opinião idêntica, pois frisou: “…penso que houve uma boa adesão, eles gostaram, foi um trabalho interessante, eles viram outra cultura, as músicas eram diferentes.” (Entr.P1).

Uma apreciação positiva do trabalho produzido cria expetativas quanto à sua apresentação pública. De acordo com este assunto, diz a Tatiana Filipa: “senti- me muito nervosa porque tanta gente dentro da sala de aula, mas acho que os pais gostaram, porque não conheciam as canção e as danças timorenses, viram e gostaram.” (Entr.E7). A mesma afirma: “gostei, acho que conseguimos apresentar na perfeição.” (TE.23_E23). Acrescenta a Tatiana Jesus: “sim, gostei, porque aprendemos coisas dos outros países, que às vezes nós não temos possibilidades de ir aos outros países e essas culturas vêm a nós e aprendemos e conhecemos estas culturas que vêm a nós,” (Entr.E8).

A professora de História refere: “Eu gostei imenso, eu acho que eles estavam bem dentro do espírito… e eles estavam muito entusiasmados e gostei imenso das vozes e acho que estava bem.” (Entr.P2), demonstrando assim entusiasmo com a sua opinião. Também a professora de Educação Musical realçou: “…tinham consciência que foram os únicos a entrarem no projeto…, estavam na expetativa de verem os músicos… e… saberem que iam tocar e cantar com os

47 outros músicos vindos de fora…”. Também acrescentou que “…o nível da apresentação foi boa para aquilo que se tinha trabalhado e foi boa… as pessoas gostaram, quem esteve a assistir e eu também tinha esta perceção que gostaram…” (Entr.P1).

Conhecer a arte e cultura timorense

Um dos objetivos deste Projeto Educativo foi as crianças conhecerem a cultura e a identidade timorense. Como afirma Arias (2002) a cultura é “…uma expressão da construção humana e a sua construção está repleta nos elementos e significados que vão identificar esse povo como pertencente a uma determinada comunidade ou região, diferenciando-os de outras comunidades.”

No processo de aprendizagem, Graciete João foi muito convicta: “…foi muito interessante, se não fosse não teria conhecido as músicas e as danças timorenses ou a cultura timorense.” (Entr.E4).

Sobre o momento em que os estudantes usaram os trajes timorenses no espetáculo, diz Ana Sofia: “…sentimo-nos um pouco estranhos, éramos nós mas parecíamos timorenses.” (Entr.E1). Confirma também a Diana Figueiredo referindo:“…senti logo que era uma timorense. Nem parecíamos nós, são timorenses ou somos nós?” (Entr.E3). Ainda no seguimento da opinião das colegas, António Dominique declara que com este projeto “…aprendi novas coisas, novas músicas e nova cultura.” (Entr.E2). Também a Diana Figueiredo argumenta: “…adorei fazer estes tipos de trabalho, porque sou portuguesa nunca tinha ido a Timor Leste, então gostei de aprender nova cultura e que é de Timor... a música timorense é muito divertida, muito mexida e gosto deste tipo de música.” (Entr.E3).

Demonstrando o seu agrado pelo projeto, Graciete João afirma: “…foi excelente porque aprendi coisas que não sabia. As músicas timorenses nunca tinham ouvido.” (Entr.E4). Também realça Tatiana Filipa “…foi interessante porque conhecemos músicas e danças de outro país.” (Entr.E7).

48 Mariana Ramon tem uma opinião idêntica quando diz: “…para mim, as aulas foram muita fixe, aprendei nova língua que eu nunca conhecia e saber a cultura timorense.” (TE.18_E18). Ainda, segundo o André Filipe, aprenderam “…uma língua diferente, uma música diferente e também uma cultura diferente.” (TE.1_E1).

O músico timorense referiu: “… conseguimos partilhar a cultura timorense com as crianças. Eles conseguiram aprender e perceber a cultura timorense.” (Entr.M2) e a professora de História realça:“…os trajes, eles adoraram, aliás houve uma que gostou tanto que foi almoçar com os trajes, até que eu disse para ela não sujar, mas foi para o refeitório com os trajes vestidos e foi significativo para eles.” (Entr.P2). Também sublinha a professora de Educação Musical “…os trajes foram um sucesso, isto foi outra motivação e eles estavam orgulhosos dos fatos, foram almoçar com os fatos para o refeitório…não houve aí nenhuma vergonha, houve até uma exibição ou queriam mostrar aos outros que tinham fatos diferentes.” (Entr.P1).

Participação dos músicos

A presença dos músicos timorenses teve um impacto positivo junto dos estudantes, não só por causa da simpatia que reconheceram nos músicos convidados, mas também pela segurança que a sua experiência musical incutia nos estudantes. Esbateu-se rapidamente alguma sensação inicial de timidez ou vergonha. Segundo a Ana Sofia os músicos timorenses “…eram muito simpáticos e tinham muita experiência em música timorense, foi fácil de tocarmos e cantarmos juntos.” (Entr.E1). Diz a Graciete João: “…senti-me um bocadinho intimidada, mas depois de os conhecer melhor eram boas pessoas. Tocámos juntos e ajudou-nos também com mais segurança.” (Entr.E4).

Para a professora da Educação Musical é importante a presença dos músicos para os estudantes “…sentirem outras pessoas presentes no seu habitat…tem outro tipo de motivação… estão todos para o mesmo fim…e foi muito importante porque foi facilitador de aprendizagem.” (Entr.P1). Também a

49 professora de Matemática afirma que a presença dos músicos foi extremamente positiva: “A ter um contacto direto uma vez que são eles próprias a participar e fazer.” (Entr.P3).

Perspetivas de futuro

A perceção do trabalho realizado suscita perspetivas em relação ao futuro que estão associadas a profissões no âmbito das artes e culturas performativas nos ambientes educativos como uma vivência de continuidade. Assim depois da apresentação, a diretora da escola dirigiu-se ao público e disse: “já que todos os anos temos este tipo de projeto para os estagiários na nossa escola, desta vez, podíamos divulgar este projeto sobre Timor Leste cá na escola, talvez no final do ano escolar.” (NC7_12/12/2013).

Segundo a Professora de matemática, seria bom dar “continuidade a este tipo de projeto que é ótimo… envolve os miúdos duma forma diferente e portanto a escola não é só isto, a escola é uma sociedade mais pequena depois acaba por ser maior e extremamente importante. Estão de parabéns.” (Entr.P3).

Para a professora de História “o projeto podia ser um bocadinho mais alargado, teria que ser com mais tempo.” (Entr.P2). Na perspetiva da professora de Educação Musical “…penso que para futuro vai haver sempre a necessidade de fazer uma ou duas aulas juntos…”(Entr.P1). Também para este tipo de projeto o professor estagiário deu a sua opinião: “…os alunos irem para a comunidade apresentar estas canções e dança, por exemplo celebrar o dia festivo da comunidade timorense em Portugal junto da embaixada de Timor Leste.”(NC7_12/12/2013).

50 Capítulo IV - Conclusões

No que se refere às considerações finais sobre o nosso estudo, podemos afiançar que o projeto artístico e cultural que envolva as áreas artístico-musicais previstas nas competências essências para o ensino básico, contribui para o desenvolvimento qualitativo da educação artística. Neste contexto, os estudantes adquiriram competências artístico-musicais, possuíram um procedimento de multidisciplinaridade e obtiverem saberes profundos sobre a arte e cultura timorense e conheceram mais de perto a identidade timorense. Assim como afirma Hargreaves (2004) “a música pode servir como referencial para o indivíduo se posicionar dentro da cultura tornando explícita a sua origem étnica, o seu género sexual e a sua classe.” (p.1).

Aqui, apresentaremos as respostas à nossa questão de partida:

“Qual é o impacto das aprendizagens artísticas e culturais timorenses nos estudantes do 6º ano D da escola EB 2/3 Luís de Camões?”

Neste projeto foi bastante notório o envolvimento dos estudantes durante o desenvolvimento das atividades realizadas. O próprio projeto favoreceu um ambiente propício para fomentar os processos de aprendizagem.

A preparação foi feita pelo professor estagiário, que orientou e deu formação aos estudantes sobre a música e a dança timorenses. Após este trabalho ter sido efetuado e ensaiado ao longo de algum tempo, e sempre com grande entusiasmo e participação por parte dos estudantes, fez-se a apresentação pública do espetáculo. O impacto das aprendizagens artísticas e culturais timorenses nos estudantes foi muito positiva e todos se mostraram muito motivados e acima de tudo, muito felizes!

Este projeto foi bem recebido por toda a comunidade escolar, nomeadamente pelos professores e estudantes da classe em estudo, não havendo resistência por qualquer membro da comunidade escolar.

Podemos concluir, como foi verificado, que as aprendizagens artísticas e culturais timorenses tiveram um grande impacto nos estudantes da escola, porque: (a) conheceram a cultura timorense; (b) sentiram-se motivados a novas aprendizagens; (c) houve multidisciplinaridade e vontade de aprender mais

51 sobre Timor; (d) houve sensibilização sociocultural; (e) houve contacto direto com os músicos timorenses; (f) houve práticas lúdico-pedagógicas e (g) os estudantes representaram em público o resultado de todo o trabalho.

Conhecer a cultura timorense, foi um dos momentos significativos, revelador e importante de reabrir a página da história para estes estudantes conhecerem a cultura, a música e dança, assim como, estudarem a história deste povo. Mas principalmente experimentar e vivenciar a arte e a cultura tradicional timorenses. Assim como afirma Kymlicka (1996), a multiculturalidade está presente em todos os povos, em todas as nações e engloba todas as pessoas de grupos sociais. Os estudantes sentiram-se motivados para novas aprendizagens, porque foi a primeira vez que este tipo de projeto, principalmente sobre Timor Leste, foi realizado na sua escola.

Quando existe um trabalho de envolvimento dos estudantes e quando estes gostam do que estão a fazer, eles acabam por praticar com maior participação e o resultado será mais assegurado e positivo. Assim como afirma na proposta da Lucy Green (2008), sobre "crítica musical": “…é consistente e quer que os estudantes desenvolvam a perceção consciente da sua capacidade de expressar algo de si através da música.” (p.14).

Vimos isto como um processo de ampliação das suas personalidades, uma vez que, através da execução, os estudantes se apropriam do que estão a fazer, identificando-se com a música. Este processo de individualização, uma vez que não é um objetivo típico de instrução da música tradicional, acreditamos então que devemos olhar além das nossas práticas de ensino atuais para desenvolver mais plenamente musicalidade nos estudantes.

A apresentação pública do trabalho é essencial. Segundo Swanwick (1979) o ato de performance é o papel primordial do interprete, é fazer a mediação entre a obra e o ouvinte, a obra é projetada com claridade e sentido de significado nos gestos expressivos, mas também é sentida com impacto, com intensidade de sentimentos pessoais do intérprete. (pp. 51 – 56) Portanto, depois de terem um tempo de aprendizagem e os estudantes por sua vez aplicaram na ação o resultado do trabalho desenvolvido.

52 No processo de aprendizagem foram colocados na prática dois conceitos importantes segundo a teoria de Lucy Green (2001): o formal e não formal (informal). Sendo que as canções tradicionais timorenses ainda não têm as suas partituras musicais, o professor estagiário fez o arranjo das canções e pô-las nas pautas musicais como apoio para a aprendizagem formal. Foram distribuídas e entregues aos estudantes as partituras das canções. Durante as aprendizagens de tocar e cantar, todos seguiram o que estava escrito na partitura. Ao longo do processo, também foi utilizado o processo não formal. Foram introduzidos também na aula alguns vídeos de música e de dança timorense para os estudantes verem e compararem com o que estava escrito na pauta.

Em todo o processo utilizou-se mais o método não formal, pois trabalhámos com o processo de imitação, em que o professor mostra primeiro o que é para fazer e à posteriori os alunos imitam, isto tanto no instrumento, como na voz e na dança. Neste nosso projeto, desenvolvemos estas duas teorias de Lucy Green (2001).

A importância da música, “(...) considerada como um dos universais da cultura(...)” pode também constatar-se pelo facto de muitas vezes servir de suporte a “atividades culturais” (...) segundo Fukász, citado por Gomes, (2004; 44). Para o mesmo autor, “…a música pode fomentar os valores básicos, não somente no sentido cultural mas também no sentido social e moral” (ibidem). A música, faz parte da cultura e como tal deve considerar-se desde o ponto de vista de atividades culturais. Como refere Andre-Egg (1999), ela potencia vários aspetos dos seres humanos, na medida em que “para alguns (...) é distração e desfrutar, para os outros é composição e harmonia; em alguns, é polifonia, notas e acordes. E para todos é uma forma de gozo espiritual, de emoção, de alegria, de felicidade, de plenitude às vezes” (Andre-Egg; 1999).

Relativamente às aprendizagens artístico-culturais, podemos concluir que adaptando o (c)LASP de Swanwick (1999) foi possível concretizar todas as atividades ligadas à vivência musical.

53 No que diz respeito à literatura, as crianças conseguiram efetivamente os textos das canções em língua “tétum” (timorense). A compreensão dos textos foi conseguida, foram entregues logo no início da primeira sessão de aula e a pronúncia também foi bem-sucedida. Demonstraram empenho e interesse, e isso refletiu-se na aprendizagem das três canções.

A leitura convencional da partitura ajudou bastante o processo de aprendizagem. Ao nível da identificação das notas, das figuras e até dos compassos verificou-se uma grande evolução. Todos perceberam que essa aprendizagem os fazia ganhar tempo e, quanto mais empenho tinham na aprendizagem da partitura, mais depressa tocaram com os instrumentos e o esforço foi aumentando de forma espontânea e assertiva.

Verificou-se claramente que o uso de audição foi fulcral. Ao longo de todo o processo constatou-se que o elemento auditivo, audição e imitação foram importantes para a rápida aprendizagem das canções em vocal e instrumental.

Nas skills de Swanwick (1999), dividimos as aprendizagens técnicas, vocais e instrumentais. Tendo em conta que os estudantes pouco sabiam tocar flauta e xilofones, também não conheciam as canções que iriam interpretar, eles conseguiram, em seis sessões, aprender a tocar e cantar as canções que iam interpretar em conjunto com os músicos timorenses na apresentação final.

No que diz respeito a performance, podemos confirmar que teve um resultado muito positivo. Os estudantes representaram em público o resultado de todo o seu trabalho.

A música representa um grande elo comunicativo. É a linguagem do som e letra que chegam ao ouvinte em forma de comunicação. Julgamos, portanto, que o uso da música em sala de aula é uma estratégia que pode ajudar o professor nas tarefas do ensino e de aprendizagem. Além de ser um instrumento afetivo, a música pode ser usada como ferramenta para explorar as aprendizagens, tanto na língua estrangeira ou na cultura estrangeira. Assim afirma Vygotsky (1978) na sua teoria da “Zona de Desenvolvimento Próximo” que o aluno consegue aprender com a assistência e orientação de um adulto, num ambiente autêntico e com afinidade entre os integrantes. No caso da aprendizagem de línguas “a

54 aprendizagem ideal ocorre em ambientes da língua e da cultura estrangeira, quando o aluno está exposto a um nível de interação com a outra cultura”. (p.86). Também diz Lima (2004) “o uso de objetivos culturais proporcionará uma imersão do estudante em diferentes culturas e, ao mesmo tempo, poderá ser associado a objetivos didático-pedagógicos secundários, direcionados às competências como listening, speaking, reading, and writing, na mesma atividade com canções. (p. 22).

Existiu multidisciplinaridade e vontade de aprender mais entre os estudantes. Houve uma fusão para uma melhor compreensão e conhecimento aprofundado da cultura timorense. Também se verificou uma mudança do comportamento dos estudantes em sala de aula, sendo que estes melhoraram as suas atitudes. O contributo que cada disciplina, com a sua área de conhecimento e saberes pode facultar a um projeto disciplinar, valoriza-o nas diferentes fases de desenvolvimento. Os professores podem estabelecer estratégias que conduzam a uma interação disciplinar e o estudante tem a possibilidade de interligar e relacionar a informação que apreende nas diversas disciplinas. Um projeto desta natureza estabelece incondicionalmente relações entre áreas disciplinares do conhecimento.

Uma das outras componentes que também foi apreciada era a sensibilização sociocultural. Portanto, “…educar consiste em procurar influenciar o outro, e influenciar o outro implica transmitir valores, dar uma direção e um sentido à vida convidando à adesão a uma certa visão do mundo” (Carvalho, 2006:54).

Deparámo-nos com práticas lúdicas e pedagógicas correspondentes com o currículo do Ministério da Educação do qual consta no seu âmbito organizador que o estudante “…ouve, analisa, descreve, compreende e avalia os diferentes códigos e convenções que constituem o vocabulário de várias culturas, através da audição, do movimento e da prática vocal e instrumental.” (ME., Currículo Nacional do Ensino Básico, 2001).

Assim, podemos confirmar que um trabalho pedagógico-musical deve-se realizar em contextos educativos que entendem a música como processo

55 contínuo de construção, que envolve perceber, sentir, experimentar, imitar, criar e refletir. Nesse sentido, importa, prioritariamente, a criança, o sujeito da experiência, e não a música, como muitas situações de ensino musical consideram. A educação musical não deve visar à formação de possíveis músicos do amanhã, mas sim à formação integral das crianças de hoje. (Brito, 3003; 46).

Neste contexto, houve aprendizagem cooperativa e entreajuda, sendo que os estudantes sentiram a necessidade de apoio para que o espetáculo fosse bem-sucedido. Assim, perceberam que só com cooperação entre todos é que esse objetivo seria alcançado. Sentiram ainda que o facto dos músicos timorenses se deslocarem à escola foi uma ajuda, foi também trabalho cooperativo e deu-lhes maior importância por saberem que as pessoas que lá iam faziam-no porque gostavam de participar neste projeto. É de realçar que existiu contacto direto com os músicos timorenses. Esta iniciativa de trazer os músicos à sala de aula foi um aspeto muito interessante e importante no processo de aprendizagem e que foi bastante realçado entre os estudantes. A presença dos músicos auxiliou, incentivou e motivou a participação dos estudantes no ato da elaboração e interpretação por meio da música ou de outra manifestação artística.

Todas as canções foram apoiadas, nos instrumentos e nas vozes, pelos músicos timorenses. Com a presença e apoio dos músicos os estudantes tornaram-se mais seguros e eficazes na sua atuação, verificou-se também que, ambos, os estudantes e os músicos tiveram a mesma finalidade: vivenciar, testemunhar e apresentar ao público o trabalho que prepararam neste breve momento, mas, com muita animação e divertimento. O contacto com os músicos profissionais na sala de aula serviu como inspirador e motivador para os estudantes. Deste modo, podemos concluir que o músico na sala de aula pode: (a) trabalhar individualmente com os estudantes; (b) trabalhar com os estudantes que têm necessidades especiais; (c) desenvolver ou melhorar a prática instrumental e vocal; (d) apoiar o professor de Educação Musical; (e) introduzir materiais para apoiar o programa de Educação Musical; (f) dar um

56 especial repertório para os estudantes; (g) criar composições e envolver os estudantes em improvisações na sala de aula; (i) criar histórias musicais que podem levar a produções musicais, por exemplo: filmes, peças de teatro, celebrações jubilares; (j) desenvolver a criatividade e as habilidades de composição por meio de atividades e jogos interativos; (k) ajudar o professor na composição e com as competências nos arranjos e (l) desenvolver habilidades na utilização de tecnologia de música.

O papel do professor é fundamental no processo de aprendizagem. O professor tende a ser criativo, e cria condições para proporcionar conhecimentos novos e cria novas oportunidades aos seus estudantes. Assim como refere Estanqueiro (2010) “…a motivação dos professores condiciona a motivação dos alunos. Se o professor gosta de ensinar, poderá despertar, mais facilmente, o gosto de aprender” (p.31). Em seguida, o professor deve dar sugestões e atuar como "modelos musicais" através de demonstração, de modo a ajudar os alunos

No documento RELATÓRIO FINAL (páginas 52-71)

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