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Harmonia Contraponto História da Música Rítmica Estruturação RENATA Percepção Harmonia Contraponto História da Música Rítmica Estruturação MÚSICA RITA _________________ Formas de expressão e comunicação artística: Música I, II, III e IV

Bases psicológicas da música

PAULO

RENATA Problemas de aprendizagem EDUCAÇÃO

ESPECIAL RITA Problemas de aprendizagem

_______________ Musicoterapia em deficiência auditiva

A análise das ementas e dos objetivos das disciplinas Musicoterapia: prática de magistério e Musicoterapia didática, cursadas pela professora Rita, conforme a Tabela 14, mostram que estas não fizeram referências ao ensino de música propriamente dito, tratando, apenas, de apresentar alguns conceitos e princípios da Musicoterapia, indicando a aplicação prática dos mesmos no cotidiano do magistério. Ao examinar, porém, o programa de ensino da disciplina Método Orff, também cursada por esta professora nas pós- graduação, é possível supor que houve alguma referência sobre o ensino de música, pois o objetivo geral da disciplina foi:

“Proporcionar aos educadores, elementos para uma conveniente educação musical de todas as crianças, inclusive daquelas que não se dedicarão ao estudo de música nos seus diversos aspectos.”

De acordo com a Tabela 14, é importante destacar, ainda, que estes professores cursaram disciplinas referentes ao ensino de maneira geral, tais como Didática, Metodologia de Ensino e Prática de Ensino, as quais podem ter contribuído, ainda que indiretamente, para o ensino de música. A disciplina Didática, por exemplo, cursada por Paulo e Renata na graduação32, é entendida como uma disciplina que deverá “instrumentalizar o ensino”, segundo a ementa analisada pela pesquisadora.

Na disciplina Prática de Ensino de 1o. e 2o. graus33, cursada por Paulo, alguns dos objetivos apresentados mostram que este professor teve, na graduação, orientações sobre a prática docente, relativas ao ensino de Matemática:

“- Fornecer abordagens variadas para ensino de Matemática no 2o grau;

- Saber elaborar um programa para desenvolver os conteúdos de matemática de 1o. e 2o. graus; - Orientar os alunos para o domínio dos conteúdos que lhes são desconhecidos;

- Utilizar diferentes multimeios para apoiar aulas expositivas;

- Conhecer as variáveis profissionais que envolvem a profissão de professor;

- Prover os alunos [desta disciplina em questão] de métodos e técnicas necessárias para o exercício da prática educativa.”

A disciplina Metodologia do Ensino de Matemática tem, por sua vez, os “fundamentos técnicos do ensino de matemática” como um de seus conteúdos, considerando metodologias tradicionais e metodologias alternativas, no intuito de melhorar a qualidade do ensino.

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Estes professores cursaram a graduação na mesma universidade e as ementas e planos de ensino das disciplinas são iguais.

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Esta disciplina aparece também com a seguinte denominação: Prática de Ensino Fundamental e Médio, de acordo com a terminologia da LDBEN 9394/96. Os documentos analisados datam de 1999 e 2000.

Além disso, a disciplina Psicologia da Educação, cursada por Paulo e Renata, que tem como objetivo “desenvolver a reflexão em nossos alunos sobre a importância da formação humanística, tanto no aspecto pessoal, como em sua prática pedagógica”, traz as diferentes abordagens do ensino - tradicional, comportamental, humanista, cognitivista e sócio-cultural – como um dos conteúdos selecionados.

Não foi possível obter as ementas e planos de ensino das disciplinas cursadas no Magistério (Ensino Médio) pelas professoras Renata e Rita e de algumas das disciplinas cursadas na pós-graduação pela professora Rita, relativas ao ensino. Levando em conta apenas os nomes destas disciplinas, conforme apresentado na Tabela 14, há a suposição de que aspectos referentes ao ensino foram abordados, gerando a discussão de como ensinar determinados assuntos, tais como língua portuguesa, estudos sociais e educação artística, por exemplo, ou a discussão sobre a formação de professores, considerando as disciplinas Formação de professores e profissão docente e Seminário temático: linha formação de educadores. A disciplina Didática do ensino superior, cursada por Rita, também parece contribuir para esta questão, já que apresenta o seguinte objetivo: “analisar e avaliar a formação do educador, visando contribuir para a melhoria qualitativa da docência no ensino superior.”

2. Aprendizagens relacionadas a competências para lidar com Música

Na graduação, Paulo e Renata não participaram de disciplinas relativas à música. No ensino médio, estes professores participaram de curso técnico de música, que incluía disciplinas como percepção, rítmica, harmonia e contraponto, entre outras. O Plano dos cursos de teatro e música da instituição onde Paulo estudou, apresenta o seguinte objetivo geral: “proporcionar situações para que o aluno possa identificar e aplicar, articuladamente, os componentes básicos das linguagens sonora e cênica.” Tal objetivo também está indicado na Res. CNE/CEB no. 04/9934, a qual ressalta que os cursos técnicos, classificados como Cursos de Educação Profissional, não têm como meta formar professores de música, mas sim instrumentistas e cantores, sendo oferecidos concomitantemente ao Ensino Médio. Nesta Resolução, são apresentas as competências profissionais gerais do técnico da área de artes, das quais podem ser destacadas:

“- Identificar e aplicar, articuladamente, os componentes básicos das linguagens sonora, cênica e plástica.

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- Caracterizar, escolher e manipular os elementos materiais (sons, gestos, texturas) e os elementos ideais (base formal, cognitiva) presentes na obra de arte.

- Desenvolver formas de preservação e difusão das diversas manifestações artísticas, em suas múltiplas linguagens e contextualizações.

- Utilizar adequadamente métodos, técnicas, recursos e equipamentos específicos à produção, interpretação, conservação e difusão artística.

- Utilizar, de forma ética e adequada, as possibilidades oferecidas por leis de incentivo fiscal à produção na área.”

De acordo, ainda, com os Referenciais Curriculares da Educação Profissional (MEC, 2000, p. 120):

“a subárea da música (...) permitirá ao aluno especializar-se na execução de vários instrumentos e prosseguir seus estudos nos campos de: técnico de composição musical, técnico na execução de instrumentos, luteria, etc.”

Para os professores, o conhecimento em música também parece ser compreendido como importante para a docência, já que eles disseram que, para ensinar música, é preciso saber música. Os professores, todavia, relataram que tiveram a necessidade de aprender a ensinar música, o que ocorreu através da participação em cursos livres - oficinas, cursos de férias – e, também, com a própria prática, no cotidiano com os alunos.

Já a professora Rita fez cursos livres de música, não tendo sido possível contar com documentos que indicassem disciplinas cursadas por ela. Em sua entrevista, esta professora disse que iniciou o curso de piano em um conservatório no interior, mas devido ao fato de ter adoecido e ao falecimento da professora, não pôde concluí-lo. Na graduação, é possível observar que esta professora cursou um conjunto de disciplinas relativas às artes, discriminado como Formas de expressão e comunicação artística, no qual, de acordo com o histórico escolar, estavam inseridas as áreas de artes plásticas, desenho, artes cênicas, música, dança, literatura e ateliê (estética). No que diz respeito à música, esta disciplina foi cursada em quatro (4) semestres distintos. Na pós-graduação em Musicoterapia, a disciplina cursada por Rita, relativa à formação em música, foi Bases psicológicas da música, cujo principal objetivo foi o de analisar o papel da música na musicoterapia.

3. Aprendizagens relacionadas a competências para lidar com Educação Especial

No que diz respeito à Educação Especial, o exame das grades curriculares indicou que Paulo não participou de disciplinas relacionadas a esta área, em qualquer dos níveis de ensino. Na entrevista, ele contou que procura obter algumas informações básicas a respeito dos alunos com necessidades educacionais especiais, na intenção de desenvolver atividades mais adequadas: “sabendo um pouquinho, você sabe também como preparar um tipo de aula”.

E, ainda que indique reconhecer a importância de conhecer minimamente este assunto, também relata não ter interesse em uma formação aprofundada nesta área, em função de seus outros interesses acadêmicos.

Já Renata e Rita cursaram, no Magistério, a disciplina Problemas de aprendizagem, sendo possível supor que, nesta, tenham sido abordados alguns aspectos da Educação Especial. A professora Rita não fez nenhuma menção a esta disciplina na sua entrevista; suas manifestações foram a respeito do curso de Musicoterapia, o qual procurou para aprofundar sua formação, buscando a articulação entre música e deficiência:

Eu fui numa curiosidade pra saber o que era essa área da Musicoterapia. (...) Eu tava lecionando aqui no Colégio, com o grupo alternativo [grupo de alunos com necessidades educacionais especiais]. Eu dizia assim: “Será que isso pode me ajudar a pensar como é que eu posso, através da música, estudar melhor a questão do som? Como isto pode contribuir, resolver a questão do ensino-aprendizagem ou mesmo atitudinal deles [alunos do grupo alternativo] ? Na questão emocional , na questão da formação deles, né?” Aí acabou não fechando isso. (Rita)

Esta professora cursou algumas disciplinas na pós-graduação – Musicoterapia em deficiência auditiva e Música na reeducação - voltadas para a minimização das dificuldades dos alunos e melhoria da qualidade de vida dos mesmos, conforme indicam os planos de ensino destas disciplinas, as quais podem ter contribuído para desenvolver aspectos referentes à Educação Especial.

A professora Renata disse que a disciplina Distúrbios de aprendizagem despertou- lhe o interesse em realizar um estudo mais aprofundado em Educação Especial:

É que ainda não tive oportunidade, mas já tive interesse. Desde a época do Magistério, quando a gente estudou Educação Especial, eu pensava...[estudar mais a respeito de crianças com necessidades especiais]. É que eu canalizei pro outro lado. (Renata)

Em relação à graduação, a Portaria no. 1.793, de dezembro de 199435, recomenda que disciplinas referentes aos “aspectos ético-político-educacionais da normalização e integração da pessoa portadora de necessidades especiais”, sejam incluídas nos cursos de Pedagogia, Psicologia e nas Licenciaturas. As professoras Rita e Renata cursaram a graduação em períodos anteriores a 1994; o professor Paulo, no entanto, cursou a graduação entre 1999 e 2002 (confira Tabela 3, pág. 23) mas, nos documentos analisados, não foi observada a inclusão de nenhuma disciplina relacionada à Educação Especial, conforme solicita a referida Portaria.

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CAPÍTULO 4

EDUCAÇÃO MUSICAL E INCLUSÃO: CONCEPÇÕES, PRÁTICAS