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PERCEPÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A RESPEITO DE CONFLITOS EM AULA

CAPÍTULO 9

doi

Andreia Camila de Oliveira

Universidade São Judas Tadeu São Paulo – São Paulo

Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva

Prefeitura do Município de São Paulo – Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação

São Paulo – São Paulo

RESUMO: Conflitos estão presentes em todas

as relações humanas, inclusive no contexto escolar. Eles surgem de ideias, opiniões ou modos diferentes e divergentes de interpretar algum fato. Conflitos podem auxiliar os alunos a usufruírem de oportunidades para o crescimento e amadurecimento pessoal e social, se mediados de maneira correta. Professores exercem papel importante quando interveem e estimulam as discussões sobre o tema junto aos alunos com o objetivo de desenvolver a cidadania, uma vez que o conflito é uma oportunidade de ruptura do que está constituído para que se construa algo novo. O objetivo dessa pesquisa descritiva, qualitativa, que utilizou entrevistas semiestruturadas, diário de aula, e promoveu reflexão conjunta entre professores e pesquisadora, foi compreender a percepção de docentes de Educação Física sobre a relação existente entre situações de conflito e intervenções pedagógicas em suas aulas. A pesquisa revelou a preocupação

desses professores em solucionar os conflitos de maneira pacífica e imparcial, utilizando o diálogo como principal estratégia, o que exigiu deles o exercício da escuta dos alunos. Os docentes, inicialmente críticos em relação à convivência com os conflitos, passaram a exercer o papel de facilitadores de maneira mais reflexiva, apesar da queixa de não terem recebido formação profissional para lidar com tais situações.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Física;

Conflito; Escola.

PERCEPTION OF SCHOOL PHYSICAL EDUCATION TEACHERS ABOUT

CONFLICTS IN CLASS

ABSTRACT: Conflicts are present in all human

relationships, including the school context. They arise from different and divergent ideas, opinions or ways of interpreting something. Conflicts can help students to enjoy opportunities for personal and social growth and maturity, if mediated correctly. Teachers play an important role when they intervene and stimulate discussions on the subject with students in order to develop citizenship, since conflict is an opportunity to break of what has been constituted so that something new can be built. The objective of this descriptive, qualitative research, which used semi-structured interviews, classroom diary, and promoted joint reflection between teachers and

researcher, was to understand the perception of Physical Education teachers about the relationship between conflict situations and pedagogical interventions. in their classes. The research revealed the concern of these teachers to resolve conflicts peacefully and impartially, using dialogue as the main strategy, which required them to exercise listening to students. Teachers, initially critical of living with conflicts, began to play the role of facilitators in a more reflective manner, despite the complaint that they had not received professional training to deal with such situations.

KEYWORDS: Physical Education; Conflict; School.

INTRODUÇÃO

Professores, de maneira geral, desejam que o clima de suas aulas seja pacífico para que os objetivos de aprendizado planejados sejam atingidos, entretanto é quase inevitável que aconteçam conflitos entre os alunos, ou entre alunos e professor. Antes de chegar à conclusão de que todo e qualquer tipo de conflito em aula é ruim e que deve ser evitado, ou mesmo que a mediação de conflitos realizada pelo professor deve levar os alunos a um consenso, ou a pensarem da mesma maneira, é melhor nos determos em analisar mais detidamente esse assunto.

O que se entende como conflito?

Desde que a história da humanidade é contada, são encontradas diversas evidências sobre conflitos em relações humanas e em todas as sociedades. Conflitos se manifestam de diferentes formas e contextos: no seio familiar, entre amigos, nos grupos étnicos, no ambiente de trabalho, empresas, no poder público e entre nações (MOORE, 1998).

A palavra conflito vem do latim conflictus, oriundo do verbo conflictare. Trata-se de um embate entre duas forças contrárias, um choque entre duas coisas ou pessoas, ou grupos opostos que lutam entre si. Um conflito é um estado antagônico de pontos de vista, interesses ou pessoas que se manifestam em confronto (BERG, 2012).

A existência de opiniões e de situações divergentes ou incompatíveis não caracteriza, necessariamente, um conflito. Pessoas podem conviver pacificamente e se respeitarem mutuamente mesmo que não pensem da mesma maneira ou acreditem nas mesmas coisas.

A tarefa educativa consiste, justamente, em levar os alunos a identificarem sua forma própria de pensar, assim como formas de pensar de outras pessoas que sejam diferentes da sua para que aprendam a respeitar as ideias e a maneira delas viverem, ao mesmo tempo em que se percebem merecedores do respeito recíproco.

O conflito pode assumir um caráter construtivo ou destrutivo, dependendo da forma como se lida com eles (CECCON et al., 2009).

O conflito se origina em entendimentos discordantes sobre algum fato ou acontecimento o que, por sua vez, tem origem nas diferenças de conceitos, desejos

e anseios que são defendidos de maneiras distintas. Qualquer pessoa que vive em sociedade se depara com algum tipo de conflito em qualquer etapa da vida (Chrispino, 2007), mas deve saber que não se trata de classificar ideias e modos de agir como certos ou errados, mas como posições que são defendidas a partir de pontos de vista diferentes.

Em relação ao que se entende como certo ou errado, é preciso dizer que as sociedades se apoiam em códigos morais e em regras que são aceitas pela maioria das pessoas e que definem um arcabouço dentro dos quais a convivência social se torna possível, no entanto, dentro desse arcabouço há inúmeras perspectivas igualmente válidas e que precisam ser compreendidas e respeitadas.

Moore (1998) afirma que, por ser o conflito um fenômeno constante nas relações humanas, seu desfecho pode resultar em mudanças bem-sucedidas e produtivas ou, pode levar ao insucesso e acarretar situações que deterioram os relacionamentos interpessoais. Daí decorre a importância de o professor receber, desde sua formação inicial, conhecimento a respeito do assunto e passar por situações que venham a desenvolver sua competência (conhecer + saber fazer + ser) para lidar com conflitos durante sua atuação profissional.

Além de saber (conhecer) o que é um conflito e os aspectos relacionados a ele, como suas múltiplas causas e consequências, o professor precisa dominar ferramentas (saber fazer) de identificação de conflitos e saber mediá-los, tudo isso com base em uma atitude (ser) de aceitação e entendimento dos conflitos como oportunidades para educar para o respeito, a convivência e a paz.

Para Melman (2009), não há como fugir dos conflitos já que existe heterogeneidade entre pessoas, grupos e organizações. A presença dos conflitos é fundamental no que diz respeito ao refinamento das relações sociais caso estimulem as pessoas a um processo reflexivo que gere aprendizado individual e coletivo, de modo a tornar o mundo fortalecido em valores como justiça e igualdade.

Os conflitos, sejam os mais comuns ou os mais complexos, nos colocam em processo reflexivo e contribuem para o processo de aprendizagem humana, daí a importância de entendê-los em sua essência, para melhor manejá-los de maneira que não atinjam estágios drásticos que levem a manifestações de violência que, certamente, não podem ser toleradas e devem ser interrompidas.

O que é possível aprender por meio do conflito?

Chrispino (2007) menciona que a vivência do conflito apresenta benefícios que nem sempre são percebidos pelas partes. Entre os aprendizados possíveis, ele menciona a possibilidade de se colocar no lugar do outro, analisar o mundo sob diferentes perspectivas, conduzir a uma autoanálise e reflexão, aumentar a percepção de que diferenças não são ameaças verdadeiras, mas produtos de uma determinada situação. O embate auxilia na regulação das ações sociais, seleciona melhores

práticas de cooperação, contribui para que o indivíduo perceba que do conflito surge a chance para o amadurecimento pessoal e social.

Conflitos em aulas de Educação Física

A Educação Física, além de desenvolver qualidades físico-motoras nos estudantes, necessita promover relações com seus valores, com suas atitudes e interações com os pares, sejam eles companheiros de equipe, adversários, colegas de turma ou de escola, como mostra Melim e Pereira (2015).

As experiências vividas entre os alunos e as trocas que ocorrem no dia a dia escolar contribuem para desenvolver aspectos emocionais, de conduta e de construção de identidades (MARQUES, 2012).

Para Freire, Silva e Miranda (2011), as aulas de Educação Física podem contribuir de diversas formas para que o aluno vivencie sua motricidade livre, intencionalmente e com inventividade, quando o foco é o movimento corporal. Este processo é facilitado, quando existe o entendimento sobre si mesmo, sobre as relações humanas, bem como o ambiente e a cultura na qual o aluno está situado. Considerar as características locais e a relação entre as pessoas devem ser uma das prioridades.

Na atmosfera da escola, é possível observar que, em alguns momentos, seja por brincadeira, por divergências de ideias, por uma palavra proferida de forma indelicada ou até mesmo por um esbarrão, os alunos entram em conflito, discutem entre si, envolvem o grupo e, se não houver um acordo, acabam mostrando-se violentos. Esse tipo de situação precisa e deve ser mediada para que exista solução pacífica e para que não haja reincidência da violência.

Pensar que a escola é um ambiente em que se resguarde todos os alunos das divergências humanas e da sociedade seria inexequível tendo em vista que, dentro dela, elas acontecem, ainda que discretamente, sob formas variadas. A própria cultura escolar pode originar situações que contribuem para o desenvolvimento dos conflitos (CHIZZOTTI; PONCE, 2016; CHRISPINO, 2007).

Conflitos também são originários de diferentes posicionamentos entre professores e alunos ao se colocarem e agirem de maneiras distintas diante de uma mesma situação. Nesse caso, quanto maior for a pluralidade discente e docente, maior será a chance de resultar em conflitos. Faz-se necessário, por parte dos professores, compreender qual é a geração com a qual está lidando e isso requer um exercício diário de reflexão.

É fundamental destacar como é a identificação, compreensão, interpretação e intervenção pedagógica de professores de Educação Física sobre os conflitos existentes em aula. Uma vez compreendida esta percepção, é preciso investigar quais recursos são utilizados para realizar algum tipo de mediação.

Como nossa pesquisa foi realizada

A pesquisa trabalhou durante todo um semestre letivo com três professores de Educação Física em um colégio particular de São Bernardo do Campo que contava com 1.324 alunos do Ensino Fundamental I, II e Ensino Médio/Técnico e 153 funcionários e professores. Dos três professores, um homem e duas mulheres, com idades próximas aos 40, possuíam licenciatura plena em Educação Física, graduados em faculdade privada nas décadas de 80 e 90.

A pesquisa foi desenvolvida por meio da realização de duas entrevistas semiestruturadas com cada professor, vários encontros de discussão individualizados e observação de aulas de Educação Física. Foi utilizado o diário reflexivo, ou seja, um caderno que o pesquisador entregou a eles para registrarem semanalmente acontecimentos relacionados aos conflitos em suas aulas acompanhados das anotações sobre a reflexão que fizeram sobre o ocorrido. Tais registros serviram como instrumento para estimular o diálogo entre pesquisador e pesquisado durante os encontros individualizados.

Nesse capítulo apresentaremos apenas os resultados provenientes das entrevistas. Caso haja interesse em ler a respeito dos resultados coletados por meio dos demais instrumentos de pesquisa, sugerimos consultar o volume da dissertação digital de Mestrado de Andreia Camila de Oliveira, disponível no site da Universidade São Judas Tadeu acessível por meio do link https://www.usjt.br/biblioteca/mono_ disser/mono_diss/2018/427.php

As entrevistas tiveram como propósito diagnosticar o conhecimento dos professores sobre situações de conflito em aulas de Educação Física e identificar situações que ocasionam conflitos entre os alunos, bem como as ações de enfrentamento realizadas pelos docentes.

O que a pesquisa nos mostrou

As entrevistas mostraram que há conflitos presentes no ambiente escolar tanto na relação professor-aluno, como aluno-aluno.

Para facilitar nossos comentários, utilizaremos a tipologia estabelecida por Moore (1998) que classificou as diferentes manifestações do conflito em cinco grupos: estruturais, de valores, de relacionamento, de interesses e quanto aos dados.

A escola pesquisada exige que o aluno use roupa apropriada para participar das aulas de Educação Física, proíbe o uso de bonés e de telefone celular durante as aulas.

O fato de alguns alunos não atenderem essas regras causam conflitos entre professor e alunos, e mesmo entre alunos, já que apenas parte deles respeita essas regras. Esse tipo de conflito se caracteriza como um choque de valores, já que é evidente que os alunos que desrespeitam as regras não atribuem valor a elas, e gera conflitos de relacionamento, uma vez que o professor precisa cobrar essa atitude

deles e os colegas que obedecem as regras acham justo que todos devem agir como eles.

Segundo Moore (1998), conflitos de valor e de relacionamento são causados por sentimentos intensos, percepções falsas ou estereótipos, comunicação escassa ou inapropriada, condutas negativas e repetitivas.

Alguns alunos evitavam participar das aulas alegando razões religiosas, o que ocasionava conflitos com o professor, que exigia que participassem. Conflitos de cunho religioso também são classificados como conflitos de valores, já que são causados pela utilização de diferentes critérios para avaliar ideias ou comportamentos, relacionados ao modo de vida.

Lidar com questões religiosas é algo delicado para o professor. Na escola pesquisada, eles relataram que há pais que proíbem seus filhos de participarem de algumas comemorações escolares que envolvem danças ou festas populares, mesmo que o professor argumente que se trata de resgatar e estudar a cultura brasileira. Com a discordância dos pais, os professores se veem obrigados a providenciar um trabalho alternativo. Os entrevistados mencionaram que pediram trabalhos escritos para esses alunos para que suas notas não fossem prejudicadas. Os professores concordam que esse tipo de atitude não resolve o conflito, apenas o contorna. Eles tentam mostrar aos pais e aos alunos que também são pessoas religiosas, mas que a religião não os impede de estudar aspectos da cultura brasileira que os pais julgam dispensáveis ou não recomendáveis.

Conflitos de relacionamento entre os alunos, por sua vez, foram percebidos por todos os professores. Eles mencionaram alunos que trocam ofensas, que brigam entre si, mencionam grupos que não se relacionam com outros grupos e que parecem não gostar um do outro e até evitam se aproximar.

Situações como essas, infelizmente, são mais comuns do que se imagina, especialmente dentro da escola, local em que a diversidade predomina.

Em grupos heterogêneos é possível notar que as diferenças existentes podem gerar problemas de relacionamento. As motivações são diversas, como mal- entendidos; brigas; rivalidade entre grupos; discriminação; bullying; uso de espaços e bens; namoro; assédio sexual; perda ou dano de bens escolares; eleições (de variadas espécies); viagens e festas, entre outros (CHRISPINO, 2007).

Um dos professores contou ter presenciado uma desavença entre alunos devido à rivalidade entre grupos de torcedores de times de futebol diferentes. Relatou que houve briga porque cada um usava a camisa de um diferente time de futebol para o qual torcia. A partir daí, passou a proibir que os alunos viessem para as aulas usando camisas de qualquer time. Essa proibição foi acompanhada de uma conversa com a turma de alunos e eles pareceram compreender a sua necessidade. O conteúdo dessa conversa acabou se tornando um combinado entre professor e alunos.

Por outro lado, é preciso considerar que a imposição de regras muitas vezes coloca o aluno à parte das situações e motivações que originaram a necessidade das

regras e, assim, as acatam pela imposição da autoridade que criou as normas, mas não pela compreensão de sua necessidade. De acordo com Vinha e Tognetta (2006), o comportamento do aluno pode se mostrar superficial ou submisso, e ocorrer apenas enquanto houver o medo da punição ou a expectativa por algum tipo de benefício ou premiação.

Quando o assunto da entrevista foi como ocorrem a mediação e a resolução dos conflitos em aula de Educação Física, observou-se a preocupação dos professores em destacar que tentam resolve-los de forma pacífica, mas, ao mesmo tempo, se queixam de não haver recebido formação profissional para realizar mediações. Eles admitiram não conhecer outras formas de intervenção que não fossem as de reprimir, punir, censurar, ameaçar, excluir ou mesmo ignorar o comportamento dos alunos. Tais depoimentos confirmam o já apontado por Vinha e Tognetta (2009) que mencionam que, ao se depararem com momentos frequentes de indisciplina, conflitos, violência, entre outros, os educadores costumam se sentir impotentes e inseguros e que só conhecem o reprimir, punir, censurar, ameaçar, excluir ou mesmo ignorar com forma de intervir na situação de conflito.

Os entrevistados em nossa pesquisa mencionaram que as ações de enfrentamento que utilizaram foram tentativas de estimular o diálogo entre as partes, bem como tentar compreender a origem do comportamento de raiva e de descontentamento dos alunos. Para Ceccon et al. (2009), dialogar é transformar conflitos em aprendizagem e mudança. Durante os diálogos, os professores procuram deixar claro que as regras são necessárias para que haja convívio social, que elas servem para manter a ordem dentro da escola e para que a convivência entre todos seja harmoniosa.

Há, segundo os professores, um potencial criativo nos conflitos e o diálogo deve evitar que os conflitos sejam mal compreendidos, pois se isso acontecer, podem gerar estagnação ou violência.

Além de dialogar, os professores mencionaram agir de outras maneiras como, por exemplo, encaminhar alunos para a Coordenação Pedagógica na ocorrência de casos mais graves, como os que envolvem agressões entre alunos. Também disseram que tentavam promover a reflexão dos alunos e proporcionar a eles atividades alternativas. Mesmo nesses casos, os professores tentam dialogar e ajudar os envolvidos a compreenderem que a conduta que adotaram não foi a mais correta e, em geral, percebem que são entendidos pelos alunos.

Licciardi et al. (2012) destacam a importância de se apresentar aos alunos atividades diversificadas e em pequenos grupos para resolverem seus conflitos interpessoais, estabelecendo relações de respeito mútuo e buscando, com seus pares, soluções para as desavenças.

Neto (2005) ressalta que é possível observar situações de agressões morais, físicas e psicológicas no ambiente escolar, que elas são uma preocupação para a sociedade atual e que saber lidar com tais situações tem se tornado um desafio no

processo de ensino.

Marques (2011), quando relata conflitos na escola portuguesa, menciona que a escola é um espaço relacional, multicultural e multirracial que se caracteriza pela elevada diversidade de valores, desejos, opiniões, o que pode potencializar a existência de conflitos. No entanto, é necessário entender estes conflitos como acontecimentos com prováveis consequências positivas para a escola e para todos aqueles que nela convivem. Para isso, é imprescindível utilizar formas de resolução baseadas no diálogo, na participação de todos, na cooperação e na negociação.

Há desdobramentos que ocorrem quando os conflitos não são resolvidos de maneira positiva. Um dos professores, por exemplo, relatou um episódio em que tentava conversar com um aluno e que o aluno gritava com ele e não conseguia se conter. Segundo o professor, não adianta gritar ainda mais com o aluno nesse tipo de situação já que isso faz com que a agressividade aumente e que o aluno não se acalme. Note-se a importância de o professor possuir estabilidade emocional e não se deixar entrar em embates com o aluno que apresenta um comportamento agressivo. Seria como querer combater fogo com mais fogo ainda.

Em pesquisa realizada por Silva (2009), com dez professores de Educação Física da rede pública, metade afirmou que o conflito é parte natural das relações humanas, entretanto, a outra metade discordou e disse que o conflito é ruim e atrapalha o desenvolvimento das aulas. Essa pesquisa evidencia a necessidade da existência de momentos e espaços de discussão na formação inicial e continuada do professor para que a temática do conflito seja compreendida e para que sua competência para lidar com ele seja melhorada.

Em geral, nos cursos de formação inicial seria preciso investir na discussão de temas referentes à formação do ser humano em relação a seus valores, como cooperação, solidariedade, a compreensão de regras, aspectos morais e éticos no trabalho educativo trazendo à pauta questões do cotidiano profissional e oferecendo aos futuros educadores oportunidades para ensaiarem papéis (role-playing). Esse