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PERCEPÇÕES SOBRE GANHO DE PRODUTIVIDADE COM A INDÚSTRIA 4.0

4 RESULTADOS

4.4 PERCEPÇÕES SOBRE GANHO DE PRODUTIVIDADE COM A INDÚSTRIA 4.0

O diferencial da Indústria 4.0 está no fato de que o processo de fabricação vai evoluindo de uma única célula automatizada para sistemas totalmente automatizados e integrados que se comunicam com outros, contribuindo para maior flexibilidade, velocidade, produtividade e qualidade dos sistemas produtivos. A feira de Hannover de 2017 teve como tema principal a Indústria 4.0 e a aplicação de suas tecnologias. Ela mostrou que a implementação destas tecnologias já é realidade e está acontecendo “passo a passo”, transformando significativamente a forma de projetar, produzir, entregar e remunerar a produção Hofmann et al (2017).

Algumas companhias já são capazes de produzir seus produtos em fábricas escuras, sem luzes ou calefação, onde robôs automatizados são responsáveis pela produção, como na fábrica da Philips, na Holanda, que produz barbeadores elétricos com 128 robôs e apenas nove trabalhadores, considerada como um local cuja organização da produção é centrada basicamente nos robôs (BELLUZZO; GALÍPOLO, 2016).

Na organização da produção das fábricas inteligentes, o uso da TI para disposição dos dados não somente pode acelerar a produtividade global na fábrica por meio do aumento da comunicação e eficiência, mas também pode manter a qualidade ao controlar o processo (HOFMANN 2017).

Isso pode ser observado na planta piloto industrial inserida no maior centro de pesquisa independente do mundo sobre Indústria 4.0, o projeto SmartFactory KL. A fábrica está localizada na cidade alemã de Kaiserslautern e possui o apoio técnico e financeiro de várias empresas e universidades do país. A fábrica é capaz de fornecer um sabão líquido de cor

personalizada e em qualquer tamanho. Os clientes fazem a requisição e a planta inicia a produção sem a participação de trabalhadores. Se desejar, o cliente pode alterar os requisitos da ordem de produção em qualquer momento durante a operação sem acréscimo de custo. Qiao et al (2017) apontam que essa capacidade de mudança é promovida por avanços na TI e pela modelagem e simulação de eventos, os quais ajudam os sistemas de manufatura a atingirem os objetivos como a customização em larga escala.

Por fim, a eficiência energética na produção não só durante a manufatura, mas também quando as linhas de produção não estiverem em operação. A chave principal para atingi-la é a habilidade em sistematicamente desativar partes da linha durante paradas de produção (KAGERMANN et al, 2013). Segundo Kagermann et al (2013), em média 12% da energia total consumida para montagem de um veículo é usufruída por paradas da linha.

A organização da produção para ganho de produtividade advindo da utilização das ferramentas da indústria 4.0 dependerá da estratégia de cada empresa. Um facilitador seria a integração horizontal e vertical, pois, à medida que ordens de produção são solicitadas, será possível determinar qual a sua capacidade de produção e quais plantas das unidades de negócios da empresa poderá manufaturá-las. Isso trará mais agilidade e rentabilidade, mas para isso a empresa precisa conhecer e analisar os seus dados disponíveis.

Haverá mudanças decisivas, tanto nas ordens de produção e inspeção da qualidade, quanto no sequenciamento, planejamento e controle. Nesse caso, a fábrica terá a sua disposição informações relevantes como, por exemplo, previsão de falhas. Por isso, o planejamento poderá ser alterado antes da ocorrência das não conformidades e, por meio da construção de algoritmos, poderá se obter o melhor sequenciamento das ordens de produção, pode-se desenvolver um sistema que comunica em tempo real qualquer parada da produção, discriminando o dia e o tempo de suspensão. O gerente da fábrica pode acessar no computador esse relatório da produção em tempo real e mediante qualquer anormalidade, ele é capaz de entrar em contato com os operadores ou engenheiros para identificar os motivos.

Também podemos reconhecer que o aumento da produtividade dependerá de como ela irá adotar essas tecnologias. Indo além, ele reitera que processo de recrutamento e seleção sofrerá significativas mudanças, devido a presença cada vez menor de operadores no “chão de fábrica”. Outro fator que pode ser destacado é que as mudanças organizacionais, como a redução dos níveis hierárquicos, podem interferir na autonomia das pessoas e no formato de treinamentos aplicados para capacitação, tornando mais ágil o processo.

Em uma fábrica da Indústria 4.0, a troca de informações entre os membros da linha de produção e entre unidades de produção (ou mesmo entre diferentes empresas) levará a uma otimização atualmente inimaginável na logística e nos sistemas produtivos. Também estabelecerá uma maior conexão entre os links da cadeia de produção, que, em troca, aumentará a produtividade e a eficiência no uso de recursos. Isso significa um crescimento de flexibilidade nas linhas de produção, o que permitirá uma eficiente customização em massa de produtos de acordo com as preferências e necessidades de diferentes clientes (CNI, 2016).

Podemos sintetizar que a conectividade interna da organização e externa entre as organizações levam a um aumento de produtividade para as empresa e o uso dessas ferramentas de maneira integrada tornam as empresas mais enxutas e dinâmicas, com poder decisão mais ágil.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados bibliográficos, das mais diversas indústrias, obtidos e apresentados no presente trabalho, torna-se possível concluir que a Indústria 4.0, não apenas inova os setores produtivos industriais, como também se apresenta como uma saída para a busca de maiores lucros através da conectividade, dado o seu paradigma de condensação das atividades executadas manualmente e intensificação das atividades automatizadas através da flexibilização e autonomia de controle das organizações operacionais. O efetivo aumento da produtividade, como foi constatado na análise realizada sobre a pesquisa realizada por Schröder, Nunes e Viero (2015), demonstra o potencial de melhoria produtiva com a implantação das ferramentas da Indústria 4.0, e tais melhorias levam as indústrias a buscar o uso cada vez maior dessas tecnologias para otimização de seus processos produtivos.

Como contraponto, este trabalho se preocupou em relatar os desdobramentos referentes à diminuição de vínculos empregatícios diretos, com tendências à diminuição de cargos com baixos salários e o maior número de cargos com salários maiores e a atenção que esse assunto suscita.

As indústrias brasileiras ainda estão em fase de conhecimento quanto ao uso de ferramentas tecnológicas de produção, e esperam superar essa puerilidade a partir de políticas públicas, promovidas pelo governo nacional, de incentivo às atividades tecnológicas do país, e de planejamento para o desenvolvimento científico no futuro, assim como ocorre em ações políticas da Alemanha, por exemplo, que almeja a excelência em inovações tecnológicas voltadas ao desenvolvimento industrial e por isso as incentiva ostensivamente.

Nas últimas duas décadas, os desenvolvimentos tecnológicos ajudaram as organizações industriais a lidar com a necessidade de se tornarem mais competitivas. Para fornecer produtos com custos reduzidos e com maior qualidade, a maneira como os bens são produzidos e os serviços oferecidos estão sofrendo drásticas alterações. Essas mudanças nos processos de fabricação, impulsionada pelos avanços tecnológicos e pelas pressões exercidas por mercados emergentes altamente competitivos, está sendo conduzido um fenômeno que está sendo promovido sobre o nome de Indústria 4.0. Termo também usado para descrever a 4ª Revolução Industrial, refere-se a um novo paradigma de produção com potencial para modificar o papel das tradicionais linhas de montagem.

Neste novo ambiente industrial, CPS compostos por máquinas, produtos e dispositivos inteligentes, unem o mundo físico e virtual e através da IoT comunicam-se e cooperam entre si e com os seres humanos em tempo real. Desta forma, são capazes de tomar decisões autônomas, o que torna os sistemas produtivos mais flexíveis e adaptáveis para responder às exigências de alta personalização do mercado.

O IoS oferece serviços em vez de produtos, que são utilizados por todos os intervenientes da cadeia de valor. Essa elevada interconectividade gera a recolha de uma grande quantidade e variedade de dados que vão requerer novas metodologias para análise e armazenamento.

Big Data são tecnologias que viabilizarão o aumento da partilha de dados dentro e para além das fronteiras das empresas. A criação de valor ocorrerá através da integração vertical (integração entre diferentes níveis de hierarquias de tecnologias e informação dentro da Smart Factory), horizontal (através de redes de valor integrando todos os intervenientes da cadeia de valor) e integração de ponta a ponta (possibilitada através da integração vertical e horizontal). A breve revisão da literatura também revelou que um conjunto de tecnologias será responsável por acelerar a transição do ambiente de produção tradicional para o ambiente descentralizado exigido pela Indústria 4.0. Apesar de já identificadas, algumas delas ainda são pouco discutidas em trabalhos acadêmicos relacionados ao tema Indústria 4.0.

Destaca-se o papel facilitador das tecnologias de Fabricação de aditivos (impressão 3D), realidade aumentada (RA) e RFID. Os exemplos de aplicação citados mostraram que estas tecnologias já estão sendo implementadas por grandes organizações, não só na Alemanha, onde esse movimento se originou, mas também em outras partes do mundo.

Essas empresas estão investindo alto em I&D de forma a mitigar os riscos e obter o máximo benefício dessa revolução. No entanto, o atual debate sobre a Indústria 4.0 ainda está por dar algumas respostas definitivas. Apesar da quantidade considerável de material que descreve o potencial das soluções tecnológicas possibilitadas pela Indústria 4.0, muitas empresas ainda não tem uma compreensão clara sobre a sua implementação e diante dos desafios que ainda precisam ser ultrapassados não se sentem preparadas para embarcar nessa nova estratégias e questões como a padronização, as novas formas de trabalho, segurança e proteção digital, capacidade cognitiva e a inserção das PME’s, ainda precisam ser respondidas e analisadas de forma sistemática para criação de um ecossistema que favoreça a transição para esse novo ambiente.

Concluindo, a Indústria 4.0 vai envolver sobretudo uma mudança de mentalidade. Como nas Revoluções Industriais anteriores, surgirão novos processos, produtos e modelos de negócios e que consequentemente terão grandes impactos sociais, econômicos e tecnológicos. O fato é que independente da hesitação e desconfiança em relação a esse novo fenômeno, a Indústria 4.0 já está acontecendo, portanto, governos, profissionais da indústria, acadêmicos e outras partes interessadas devem unir-se para apoiar e contribuir para o sucesso desse novo paradigma que promete redesenhar o mapa dos sistemas de produção industriais.

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