• Nenhum resultado encontrado

No decorrer da primeira prática de ensino supervisionada, no contexto de creche, verifiquei que as crianças desta instituição tinham uma oportunidade que a maioria das crianças não possui por poderem interagir, com frequência, com a natureza. A localização da instituição e as práticas da educadora assim o possibilitavam, pois a instituição encontrava-se situada numa área com vários animais dando-lhes a possibilidade de os observar e de lhes dar comida. Para além disso, tinham também acesso a muitos espaços verdes com diferentes árvores e a uma horta onde participavam ativamente, nomeadamente a plantar, a semear e a cuidar das suas culturas. Foi possível observar a satisfação e a curiosidade das crianças com

24 estas experiências de exploração e contacto com o meio envolvente. Dado o interesse e envolvimento das crianças pela natureza, considerei que seria relevante centrar a minha pesquisa na área da Educação Ambiental. Comecei então por orientar as minhas pesquisas nesta área e selecionei duas temáticas - a reciclagem e a água, cuja abordagem me permitia relacionar com práticas do quotidiano, despertando para a necessidade de poupança da água, pois é uma necessidade básica para todos os seres vivos. Com estas atividades pretendia dar a conhecer as problemáticas existentes e trabalhar algumas práticas e valores para proteger o meio ambiente. No entanto, como tive que me ajustar ao contexto e às atividades já planificadas, senti a necessidade de realizar algumas adaptações tendo, por isso, optado por partir da estação do ano em que nos encontrávamos (Primavera) e trabalhar o processo de germinação e frutificação. Estas temáticas acabavam por estar também relacionadas com o ambiente, por ser o meio que possibilita o desenvolvimento das plantas.

Atendendo à temática do projeto implementado “Aprender: da leitura à Natureza”, selecionei diversas histórias infantis como ponto de partida para introduzir ou aprofundar alguns conteúdos relativos à área do Conhecimento do Mundo proporcionando, através do contacto com as mesmas, a capacidade de interpretar a informação apresentada e de compreender as ideias relevantes, bem como promover o prazer pela leitura (Ministério da Educação, 1997). O recurso às histórias infantis pelos educadores permite o despertar das crianças para o prazer a leitura levando a que se sintam mais motivadas para manipular e analisar diversos livros, e possibilita a ampliação da sua perceção acerca do mundo (Rigolet, 2009). O recurso a atividades que possam ter por base a contagem de uma história poderá contribuir para se trabalhar a Educação Ambiental. Desta forma, esta abordagem pretendeu educar e sensibilizar as crianças para os problemas ambientais existentes no Mundo. Almeida (2002, p.144) defende que a “utilização de textos para outras finalidades educativas revela-se também uma forma consistente, e inteligente, de os alunos aprenderem de uma forma mais integrada (…), deixando de se associar a análise de textos exclusivamente à aprendizagem da Língua Portuguesa”. Assim, de acordo com esta ideia, é bastante viável a utilização e exploração de histórias que trabalhem a Educação Ambiental, pois estas contribuem não só para o esclarecimento de problemas deste cariz, bem como para a construção de algumas noções relacionadas com a forma de atuação perante essas situações. O trabalho desenvolvido em torno das histórias deve ser realizado de forma adequada para que as crianças sejam capazes de compreender, sem se perder o rigor científico.

25 Por conseguinte, considerou-se pertinente analisar as histórias infantis que utilizei, procurando conhecer as suas características e os diferentes aspetos passíveis de serem explorados, bem como os critérios a ter em conta na seleção de histórias para trabalhar a Educação Ambiental. Esta análise poderá permitir-me uma seleção mais criteriosa de histórias e identificar as suas potencialidades e limitações quando pretender trabalhar esta área, contribuindo para a minha formação e crescimento profissional através de escolhas mais conscientes.

Além disso, nesta investigação procurei conhecer algumas conceções que as educadoras têm acerca da educação ambiental e o trabalho que desenvolvem em torno desta temática. A conceção que se tem de ambiente e da Educação Ambiental poderá influenciar o tipo de abordagem realizada pelo educador com as crianças, a sua frequência e as aprendizagens proporcionadas às crianças. Reigota (1998, citado por Oliveira, Obara & Rodrigues, 2007) defende que é necessário conhecer as representações dos indivíduos envolvidos no processo educativo, a fim de identificar o que pretendem trabalhar e como atuam perante as mesmas. Para responder a este meu interesse, foi elaborado um inquérito por questionário para as educadoras com quem tive a oportunidade de contactar. Assim, esta técnica de recolha de dados pretendeu saber como é que estas questões são tratadas por estas profissionais e compreender se as suas perceções têm efetivamente reflexos nas práticas adotadas.

Atendendo à minha ideia inicial, pretendo também verificar se as características do local onde se encontram implantadas as instituições poderão influenciar as práticas de Educação Ambiental das educadoras.

Tendo por base o princípio geral, enunciado pela Lei-Quadro da Educação Pré- Escolar (Lei nº 5/97 de 10 de fevereiro de 1997) que define a Educação Pré-escolar como sendo a primeira etapa da educação básica no processo de educação de um indivíduo, procurei proporcionar às crianças o contacto com o mundo que as rodeia através de diversas atividades multissensoriais. Dias (2003, citado por Scardua, 2009) define a Educação Ambiental como um processo que permite desenvolver o conhecimento, as habilidades e a compreensão do Homem, possibilitando adquirir valores e atitudes para lidar com os problemas ambientais e encontrar soluções sustentáveis para os mesmos. Deste modo, sendo as crianças “os adultos do mundo de amanhã”, é fundamental integrar práticas de Educação Ambiental na educação infantil. Portanto, como futura educadora, considerei pertinente abordar esta temática no presente trabalho como forma de me elucidar mais sobre a mesma, refletindo de forma mais profunda sobre o papel das histórias infantis e a influência que as

26 conceções das educadoras de infância podem ter na integração de práticas promotoras de valores ambientais nas salas do jardim de infância.

Documentos relacionados