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O presente estudo é uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo que faz parte de um desdobramento de um projeto do Procad – que consiste em um convênio de cooperação acadêmico-científica, desenvolvido em nível nacional, entre os Programas de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade de Brasília (UnB), sob a coordenação do primeiro. Essa parceria foi aprovada e financiada pela CAPES, e buscou estabelecer uma rede de pesquisa com foco na formação, inserção e atuação da/do psicóloga/o no campo das políticas sociais, especificamente em contextos vulneráveis das políticas públicas de Saúde, Assistência Social e Sistema Socioeducativo. Dentre as pesquisas realizadas pelo Procad, este trabalho fez um recorte do eixo da Assistência Social, mais especificamente da PSB do município de Natal-RN, uma das cidades estudadas no projeto.

Para o delineamento da pesquisa e consecução dos objetivos propostos, o percurso metodológico ocorreu nas seguintes etapas: na primeira etapa, um mapeamento das/dos psicólogas/os profissionalmente vinculadas/os aos CRAS do município de Natal-RN. Este levantamento consistiu em contato direto com a Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social de Natal (SEMTAS), a qual solicitaram-se as informações de contato com as profissionais dos CRAS e autorização para a coleta de informações.

A segunda etapa contou com a realização de uma entrevista semiestruturada com gravação em áudio (com exceção de duas psicólogas que não permitiram a gravação e

tiveram suas falas transcritas no momento da entrevista). A entrevista era composta de blocos alusivos ao: perfil, formação, inserção e trajetória profissional; informações do serviço/equipamento; atividades desempenhadas nos CRAS; desafios para o trabalho e avaliação da política; limites e possibilidades encontrados na prática profissional. Esse roteiro contemplou questões amplas sobre o serviço e questões específicas sobre a prática profissional das psicólogas.

As participantes são psicólogas que atuam nos 12 CRAS do município de Natal. Entrevistas individuais foram realizadas com 10 psicólogas que atuam cada uma em um CRAS dos 12 existentes na cidade. Não foi possível entrevistar psicólogas/os dos outros dois CRAS da cidade, pois um desses era recém-inaugurado e o outro não continha psicóloga/o contratada/o na equipe.

É importante salientar que, durante o período da pesquisa, de junho a dezembro de 2016, os CRAS de Natal/RN estavam em processo de recomposição das equipes técnicas, em decorrência do concurso municipal que havia acontecido no início do ano de 2016; assim, a Prefeitura de Natal estava convocando as/os profissionais aprovadas/os. Portanto, as equipes estavam em transição com a saída das/dos profissionais contratadas/os e a chegada de novas/os profissionais. As entrevistas foram realizadas apenas com as profissionais que já atuavam nos CRAS. Para inclusão no escopo da pesquisa, foi utilizado o critério mínimo de seis meses de atuação no equipamento onde ocorreu a entrevista. Todas as participantes da pesquisa já estavam atuando nos CRAS antes do concurso.

Com vistas a preservar a identidade das psicólogas, as dez participantes do estudo foram identificadas como: P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P10. A numeração foi atribuída de modo aleatório, sem relação com os CRAS em que trabalham. Nos trechos transcritos que contêm relatos das equipes, foram suprimidas informações que pudessem

identificar as participantes e os equipamentos/territórios de atuação. Todas as participantes são mulheres, motivo pelo qual se optou pela redação sobre as profissionais no gênero feminino.

A terceira etapa da pesquisa diz respeito à transcrição das entrevistas audiogravadas e à análise dos resultados. Após o primeiro contato com o material, as entrevistas foram analisadas em sua totalidade, considerando a repetição dos temas e a relevância dos conteúdos apresentados. Por último, as palavras que se destacaram na fala das participantes foram organizadas de forma a constituir uma discussão em torno da temática principal: trajetória e atuação das psicólogas nos CRAS. Essas informações foram contrastadas com as de uma pesquisa realizada em 2007-2008 pelo GPM&E, no qual se realizou um mapeamento das atividades das/dos psicólogas/os nos CRAS de Natal/RN àquela época, e que se trata de um dos trabalhos pioneiros sobre a atuação da/do psicóloga/o nos CRAS no RN e no Brasil (Oliveira et al., 2011).

Considerando a pesquisa realizada em 2007-2008 como o início do percurso da Psicologia no CRAS e essa pesquisa recente, feita após uma década, buscou-se fazer uma análise da prática da Psicologia no campo da Assistência Social considerando esse interregno. Os resultados foram analisados em um esforço de se aproximar dos fundamentos do materialismo histórico-dialético, que se propõe a conhecer o concreto, considerando que ele não equivale ao empírico, mas a superação do mesmo pela mediação da teoria (Tonet, 2013).

No que diz respeito aos cuidados éticos, esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética da UFSM, sob parecer CAEE n. 45151815.4.1001.5346 (Anexo 1) e recebeu autorização da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social do município investigado (Anexo 2). Todas as participantes do estudo foram contatadas via ligação telefônica e convidadas a participar das entrevistas, que foram agendadas conforme sua

disponibilidade e local de preferência. As participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE, Apêndice 1), como previsto pelo Conselho Nacional de Saúde por meio da Resolução n. 510/2016, e tiveram acesso aos objetivos do estudo, à voluntariedade da participação, e à garantia de sigilo das informações pessoais e possibilidade de desistência a qualquer momento da pesquisa. Posteriormente, as participantes responderam individualmente a uma entrevista semiestruturada, cujo roteiro está disponível no Apêndice 2. Todas as entrevistas foram realizadas nos próprios CRAS da cidade, com duração média de 50 minutos.

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