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O presente estudo teve como objetivo geral analisar a atuação dos profissionais de Psicologia nas Políticas Públicas de Proteção Social no âmbito da Assistência Social na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes. E como objetivos específicos: identificar o perfil dos gestores das políticas de Assistência Social do Cariri cearense; conhecer concepção dos gestores, das políticas de Assistência Social, acerca do papel do profissional de Psicologia, nas Políticas Públicas de Proteção Social no âmbito da Assistência Social, em torno da infância e adolescência; identificar o perfil dos profissionais de Psicologia que atuam nas Políticas de Assistência Social do Cariri cearense; identificar o referencial teórico-metodológico utilizado pelos profissionais de Psicologia, do Cariri cearense, para nortear sua prática; conhecer como os profissionais percebem a contribuição dos referenciais teórico-metodológicos utilizados em sua atuação junto à infância e à adolescência; mapear as dificuldades institucionais enfrentadas para atuar na Política de Assistência Social; conhecer as concepções sobre a infância e a adolescência por parte dos profissionais de Psicologia; Identificar o tipo de prática desenvolvida pelos profissionais de Psicologia junto às crianças e aos adolescentes, por meio da Política de Assistência Social. Demanda uma apreciação que leve em consideração a complexidade que circunscreve tal fenômeno. O que justifica uso de instrumental proveniente tanto da metodologia qualitativa quanto da metodologia quantitativa em diferentes momentos do presente estudo.

Frente a tais objetivos, complexidade do objeto de estudo em questão e do pressuposto de que a atuação da Psicologia na efetivação dos direitos das crianças e dos adolescentes se dá distante das reais necessidades desses sujeitos, o presente estudo foi dividido em dois momentos: Entrevistas individuais realizadas com os gestores das políticas de Assistência Social e Entrevistas individuais realizadas com os profissionais

de Psicologia que atuam como profissional de Psicologia na Política de Assistência Social, tanto na Proteção Social Básica, quanto na Proteção Social Especial do Cariri cearense.

Com o propósito de realizar o primeiro momento do estudo, foram realizadas visitas às Secretarias municipais objetivando-se entrevistar os gestores ou gestoras das Políticas de Assistência Social dos seguintes municípios: Abaiara, Barbalha, Brejo Santo, Crato, Jardim, Juazeiro do Norte, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Porteiras e Santana do Cariri. No entanto, cinco secretárias(os) de Assistência Social dos municípios referidos acima, se negaram a participar da entrevista, colocando uma assessora ou técnica para participar em seu lugar.

Essa visita às secretarias possibilitou conhecer os equipamentos da Política de Assistência Social, respectivos endereço, nomes e contatos dos profissionais responsáveis por tais equipamentos, bem como permitiu identificar o número de profissionais de Psicologia que estavam atuando na Política de Assistência Social. Outra contribuição foi o fato de ter viabilizado agendamento de entrevistas com os gestores das Políticas Públicas que participaram do primeiro momento do estudo.

Esse primeiro momento do estudo, entrevistas com os gestores, contribuiu para o estudo em questão por ter possibilitado tanto obter informações sobre as políticas postas em prática por tais secretarias, que contemplem crianças e adolescentes, quanto por ter possibilitado acesso aos nomes e contatos dos profissionais de Psicologia que estavam atuando nessas políticas e onde estavam atuando. Também possibilitou conhecer o perfil dos gestores das Políticas de Assistência Social e suas concepções acerca do papel do profissional de Psicologia nas Políticas Públicas de Proteção Social no âmbito da Assistência Social, em torno da infância e adolescência.

No segundo momento do estudo, entrevistas individuais realizadas com os profissionais de Psicologia, foram realizadas por meio de contato direto com os profissionais que atuam nas Políticas de Assistência Social no Cariri cearense. Tais entrevistas possibilitaram identificar o referencial teórico-metodológico utilizado pelos profissionais de Psicologia e conhecer as concepções sobre a infância e adolescência. Bem como identificar o tipo de prática desenvolvida pelos profissionais de Psicologia junto às crianças e aos adolescentes, e mapear as dificuldades enfrentadas por esses profissionais para atuar na Política de Assistência Social.

3.1- Lócus da Pesquisa

O estudo foi realizado no Cariri cearense. O Cariri cearense, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE (2007), ocupa uma área de 6.342,3 km², envolvendo um total de 629.196 habitantes, correspondente aos municípios de Abaiara, Barbalha, Brejo Santo, Crato, Jardim, Juazeiro do Norte, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Porteiras e Santana do Cariri.

3.2- Participantes

Participaram do estudo em questão seis gestores da política de Assistência Social do Cariri cearense e onze profissionais de Psicologia que atuam na Política de

Assistência Social do Cariri, sendo um profissional representando cada uma das cidades que compõem Cariri cearense.

Dessa forma, o critério de inclusão dos participantes na pesquisa foi: para os gestores, ser secretário(a) ou subsecretário(a) da Política da Assistência Social dos municípios que compõem o Cariri cearense e que aceite participar da pesquisa; para os profissionais de Psicologia, ser graduado em Psicologia, atuar como profissional de Psicologia na política de Assistência Social, lidando diretamente com crianças ou adolescentes,e que aceitem participar da pesquisa.

3.3- Instrumentos

No primeiro e segundo momento do estudo foram utilizadas entrevistas individuais de caráter semiestruturadas, cujos roteiros foram elaborados pelo pesquisador. As entrevistas realizadas com os gestores contemplaram aspectos biosociodemográficos e tiveram como norte questões que giraram em torno dos serviços tanto da Proteção Social Básica quanto da Proteção Social Especial da Política de Assistência Social, que estão sendo disponibilizados pelos municípios e que contam com atuação do profissional de Psicologia e papel dos profissionais de Psicologia nesses serviços (Apêndice 1).

As entrevistas realizadas com os profissionais de Psicologia contemplaram aspectos biosociodemográficos e tiveram questões norteadoras que contemplaram os

seguintes temas: formação acadêmica que tiveram acesso, ao longo da graduação; capacitação/formação que tiveram acesso para atuar na Política de Assistência Social; o que fazem, como profissional de Psicologia, na Política de Assistência Social; como fazem; referencial teórico-metodológico que utilizam; como este referencial norteia a prática; concepção acerca de infância e adolescência; concepção acerca dos direitos das crianças e dos adolescentes; dificuldades institucionais e pessoais que enfrentam na atuação profissional; avaliação acerca da contribuição de sua atuação profissional para efetivar os direitos das crianças e dos adolescentes (Apêndice 2).

3.4- Procedimentos de coleta de dados

Foram realizadas visitas às secretarias (primeiro momento do estudo) dos 11 municípios do Cariri cearense. Nesse momento, foram expostos, por parte do pesquisador, aos gestores da Política de Assistência Social, os objetivos do estudo e foi solicitada autorização para, em um momento posterior, haver um contato direto com os gestores da Política de Assistência Social e com os profissionais de Psicologia, com o intuito de entrevistá-los.

Identificado o número de profissionais de Psicologia que atuam em tais espaços, partiu-se para o primeiro momento do estudo. Esperava-se entrevistar os 11 gestores das Políticas de Assistência Social do Cariri cearense, no entanto, apesar de agendamento prévio e confirmação, cinco gestores indicaram um assessor ou técnico da Política de Assistência Social para participar da entrevista em seu lugar. Sendo essas entrevistas

descartadas do presente estudo. Sendo, portando, levados em consideração para efeito de análise, o conteúdo das entrevistas dos seis gestores que aceitaram participar do estudo, mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1).

No segundo momento do estudo, após autorização prévia da secretaria competente e do coordenador da instituição e agendamento, que levou em consideração disponibilidade do profissional de Psicologia e aceite do mesmo em participar, foram realizadas as entrevistas com os profissionais de Psicologia, mediante assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 1). Das onze entrevistas, cinco foram realizadas no próprio ambiente de trabalho do profissional, quatro em outra instituição que o profissional trabalhava e duas na casa da mãe do profissional entrevistado.

4.5- Procedimentos éticos

Previamente ao início da coleta de dados, o presente projeto foi registrado no Sistema Nacional de Informações sobre Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (SISNEP) e encaminhados ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal da Paraíba. Sendo toda a pesquisa conduzida em acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde (BRASIL, 1996).

4.6- Análise dos dados

Os dados oriundos das entrevistas realizadas individualmente com os gestores, com o propósito de compreender a percepção dos gestores acerca da atuação do profissional nas Políticas Públicas de Proteção Social no âmbito da Assistência Social, foram submetidos a Análise de Conteúdo, mais especificamente da técnica de análise temática proposta por Bardin (2009). Dessa forma, depois de realizadas todas as entrevistas, elas foramtranscritas, sendo esta primeira versão fiel a fala do entrevistado. Em seguida foi realizada uma leitura flutuante de todo o material e uma tabulação, posteriormente uma codificação, esclarecendo ao analista acerca das características do texto (Bardin, 2009). Desta codificação emergiram as categorias representativas de cada temática.

Para análise das entrevistas realizadas com os profissionais de Psicologia, por se tratar de um conteúdo mais extenso e envolvendo diferentes temáticas, diferentemente do conteúdo das entrevistas com os gestores das Políticas de Assistência Social, que girava em torno basicamente da percepção de tais profissionais acerca do papel que os mesmos atribiam aos profissionais de Psiclogia, foi utilizada a análise de conteúdos lexicais, por meio do o software ALCESTE. O programa foi utilizado com o intuito de distinguir classes de palavras que representam diferentes formas de relatos acerca dos objetivos da pesquisa.

Dessa forma, as entrevistas foram transcritas, mantendo-se as expressões verbais da forma como foram colocadas pelos participantes. Paralelamente à transcrição, os roteiros de entrevista utilizados com os profissionais de Psicologia foram subdivididos em três blocos, a partir dos objetivos propostos inicialmente nesta Tese. Sendo estes:

Atuação dos profissionais de Psicologia, Formação dos profissionais de Psicologia e Infância, Adolescência e Direitos.

Após a transcrição, as falas de todos os participantes foram copiadas em outros arquivos, de acordo com os blocos acima descritos, a fim de constituir os corpus para análise no ALCESTE. Deste modo, no arquivo denominado Bloco 1-Atuação dos profissionais de Psicologia, foram colocados todos os trechos das entrevistas de todos os participantes referentes às questões que haviam sido selecionadas para esse bloco; e assim sucessivamente. As falas de cada participante, naquele bloco, foram copiadas de forma contínua, sem os questionamentos do pesquisador.

As falas dos participantes foram separadas entre si por uma linha de comando, iniciada com quatro asteriscos, seguidos pela codificação das variáveis sociodemográficas selecionadas a partir da pertinência ao objeto de estudo. Segue exemplo de uma linha de comando completa de um profissional de Psicologia:

**** *suj_1 *Sex_2 *idad_3 *tform_1 *instform_8 *polit_1 *ttrab_2 *outt_1 *outexpt_2 *posgrad_2

Esta linha especificamente quer dizer que: foi o participante número um, do sexo feminino, com idade no intervalo de 31 a 35 anos, formado há menos de cinco anos, formado em uma instituição privada, trabalha em um CRAS, trabalha no intervalo de um a dois anos, no momento da entrevista não tinha outro vínculo empregatício, já trabalhou com Educação Especial, e estava realizando uma pós-graduação em Políticas Públicas.

Foi realizada uma revisão geral dos arquivos, buscando-se atender às condições especificadas para a análise dos dados no ALCESTE, atentando para palavras ou siglas em letras maiúsculas, que foram reescritas em letras minúsculas, formatação do texto para a fonte ‘courier new’, tamanho 10. Substituição do hífen ( - ) por underline (_).

Junção por underline de palavras compostas, importantes para o objeto de estudo, e portanto, para as análises, tais como bolsa_família, política_pública. Exclusão ao longo do texto de aspas (“”), apóstrofo (‘’), cifrão ($), hífen (-), percentagem (%) e asterisco (exceto os presentes nas linhas de comando) (Camargo, 2005; Saraiva, 2010).

Após a constituição dos arquivos de cada bloco em arquivo no word, os documentos referentes aos blocos foram salvos no formato ‘texto sem formatação’, para só então estarem prontos à análise no ALCESTE. A definição dos corpus ou unidades de análise depende do pesquisador e dos objetivos da pesquisa. Para fins da análise realizada no ALCESTE, é necessário que se constitua esses corpus a partir das Unidades de Contexto Iniciais (UCIs), que, no caso desta Tese, consistiu em trechos das entrevistas agrupados a partir dos blocos, que constituíram os três corpus para análise.

A análise utilizada para as entrevistas, realizada pelo próprio programa, foi constituída de quatro etapas que vão da etapa A à etapa D, sendo que cada uma das três primeiras contém três operações e a quarta etapa possui cinco operações (Araújo, Coutinho & Santos, 2006; Camargo, 2005; Saraiva, 2010).

- Etapa A: Consiste na fase de leitura do texto e cálculo dos dicionários. Nela, o programa prepara o corpus, reconhece as UCIs e faz a primeira segmentação do texto, procedendo a um agrupamento das palavras a partir de suas co-ocorrências.

- A1: O programa faz a reformatação e divisão do texto em segmentos de tamanho similar, denominadas UCEs, como fora conceituado anteriormente. - A2: Há a pesquisa do vocabulário e a redução das palavras a partir de suas raízes lexicais, como por exemplo, as palavras adolescência, adolescente e adolescentes que são consideradas em conjunto a partir de sua raiz e identificadas no programa como adolescen+.

- A3: Há a criação dos dicionários de formas reduzidas, descrevendo-se todas as raízes e suas variantes de palavras.

- Etapa B: É a etapa de cálculo.

- B1: As UCEs são classificadas a partir de seus vocabulários e divididas em função da frequência das formas reduzidas.

- B2: Essa organização das UCEs tem como objetivo a realização dos cálculos para a Classificação Hierárquica Descendente (CHD).

- B3: Obtenção da classificação definitiva para as palavras.

- Etapa C: Descrição das classes de UCEs. - C1: Definição das classes escolhidas.

- C2: Descrição das classes, e a Análise Fatorial de Correspondência (AFC), que consiste na representação das relações entre as classes num plano fatorial.

- Etapa D: Etapa dos cálculos complementares. Nela o ALCESTE complementa a Etapa C, por meio do cálculo e apresentação das UCEs mais representativas de cada classe, de modo a possibilitar a contextualização do vocabulário. Fornece também os resultados do tratamento de segmentos repetidos nas UCE e a exportação dessas UCE para outros programas informáticos.

- D1: O programa realiza a seleção das UCEs mais características de cada classe. - D2: Pesquisa dos segmentos de texto repetidos por classe.

- D3: Classificação Hierárquica Ascendente, e construção de uma matriz que articula as formas associadas a uma classe e as UCEs daquela classe.

- D5: Prepara-se a exportação, para outros programas, de “sub-corpus” de UCEs por classe.

No que tange às análises e à construção dos Dendogramas1, foram consideradas as palavras com χ2 ≥ 4 e com grau de liberdade (g.l.) igual a 1. Foram excluídas do Dendograma, e consequentemente, das análises, as palavras de apoio, tais como artigos e preposições que não contribuíram diretamente para o entendimento da classe. A análise de cada corpus pelo ALCESTE gerou um conjunto de dados, com suas respectivas classes. Esses conjuntos foram então nomeados a partir das classes e palavras que emergiram e do referencial teórico proposto para esta Tese.

Os Dendogramas obtidos a partir das análises do ALCESTE apresentam palavras e radicais de palavras agrupados por frequência e a partir do X². Paralelamente, apresentam um dicionário no qual demonstram as derivações de cada palavra para aquele Dendograma específico. Isso significa que um radical pode ter diferentes derivações para cada análise realizada pelo software. Por exemplo, se no Dendograma consta o radical ‘cumpr’. No dicionário, o Programa relaciona os derivados do radical que apareceram no corpus. Por exemplo, cumpr+ refere-se às palavras cumpre, cumpria, cumprir.

Utilizou-se, no presente estudo, a análise clássica do ALCESTE a partir do Dendograma de Classificação Hierárquica Descendente, o que possibilitou compreender as expressões e cada uma das palavras pronunciadas pelos profissionais de Psicologia, analisando-as a partir de seus lugares e inserções sociais, não as tomando de forma isolada. Para tanto, a teoria Histórico-Cultural funcionará de guia no processo de

1Para efeito desta Tese, optou-se por utilizar a denominação Dendograma, tendo em vista o fato de ser a

desvelamento a atuação dos profissionais de Psicologia nos Serviços de Proteção Social da política de Assistência Social na garantia dos direitos de crianças e adolescentes.

Capítulo 4

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