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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 A força de trabalho agrícola nas empresas estudadas

4.2.2 Usina B

4.2.2.2 Perfil da força de trabalho agrícola da usina B

O gerente agrícola reforçou que há dificuldades para encontrar mão-de-obra, principalmente para o corte de cana manual. As pessoas que são naturais da região Piracicaba não possuem, em geral, a pretensão de trabalhar no corte de cana; querem trabalhar na indústria. A usina busca seus trabalhadores no estado de Minas Gerais e, principalmente, na região Nordeste, nos estados da Bahia, Paraíba, Ceará.

A própria usina vai até as regiões desses migrantes, faz o cadastramento, uma avaliação médica prévia, que será complementada posteriormente na usina. Esses trabalhadores são trazidos pela usina para alojamentos que possuem refeitório com cozinhas industriais; o cozinheiro em geral também é trazido da região de origem dos migrantes. A usina também disponibiliza uma nutricionista, para que realize o controle nutricional das refeições desses funcionários. Os funcionários, que utilizam o alojamento, pagam uma taxa, porém com valor simbólico, a maior parte das despesas é subsidiada pela usina.

Foram entrevistados 95 funcionários ligados ao setor agrícola, escolhidos aleatoriamente, com a preocupação de ouvir o maior número possível de funções diferentes, abrangendo os setores de preparo de solo, plantio, tratos culturais, colheita, carregamento e transporte. A Tabela 8 mostra o número de funcionários que foram ouvidos, segundo seu cargo e sua escolaridade.

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Tabela 8: Funcionários entrevistados na usina B, segundo a função e escolaridade

Função funcionários Escolaridade T ra to s C u lt u ra is Aplicação de Vinhaça

7 Ensino fundamental incompleto 1 Ensino fundamental completo Aplicação de Herbicidas (manual)

9 Ensino fundamental incompleto 1 Ensino fundamental completo 1 Ensino médio incompleto

P

la

n

ti

o

Motorista ônibus (transporte trabalhadores) 1 Ensino médio completo Tratorista (abertura de sulcos) 1 Ensino fundamental incompleto

Motorista 1 Ensino fundamental incompleto

Distribuição de mudas 2 Ensino fundamental incompleto Fiscal de plantio

1 Ensino fundamental incompleto 2 Ensino fundamental completo 2 Ensino médio completo Picação da cana no sulco

1 Sem estudo

1 Até um ano de estudo 5 Ensino fundamental incompleto

C o lh e it a M a n u a

l Fiscal de corte de cana

2 Ensino fundamental incompleto 1 Ensino fundamental completo

Corte de cana

1 Sem estudo

5 Até um ano de estudo 16 Ensino fundamental incompleto

4 Ensino fundamental completo 2 Ensino médio incompleto 2 Ensino médio completo

C o lh e it a M ec a n iz a d a

Encarregado de colheita mecânica 2 Ensino médio completo Operador de carregadora 2 Ensino fundamental incompleto

1 Ensino médio completo Operador de transbordo 1 Ensino fundamental incompleto

1 Ensino fundamental completo Operador de colhedora 1 Ensino médio incompleto

2 Ensino médio completo Motorista de comboio 2 Ensino fundamental incompleto

2 Ensino fundamental completo

Motorista Canavieiro

1 Ensino fundamental incompleto 1 Ensino fundamental completo 1 Ensino médio incompleto 1 Ensino médio completo Operador de máquina I (trator leve) 1 Ensino fundamental incompleto

1 Ensino fundamental completo Operador de máquina II (trator médio) 1 Ensino médio incompleto

1 Ensino médio completo Operador de máquina III (trator pesado) 1 Ensino fundamental incompleto Operador de máquina IV (moto niveladora) 1 Ensino fundamental incompleto Mecânico manutenção 1 Ensino fundamental completo

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Foram entrevistadas 7 (sete) mulheres (Figura 40), sendo 6 (seis) que trabalham no plantio, realizando o corte dos colmos distribuídos nos sulcos, e uma motorista canavieira, ainda em fase de treinamento. Na colheita manual o número de homens (93%) foi expressivamente maior que o número de mulheres (7%).

Masc. 93% Fem.

7%

Figura 40: Funcionários entrevistados na Usina B, de acordo com o sexo

A Figura 41 indica a faixa etária dos funcionários entrevistados e é possível verificar que aproximadamente 48% deles possuíam 35 anos ou mais de idade.

4% 17% 18% 13% 11% 12% 7% 19% de 18 a 20 de 20 a 25 de 25 a 30 de 30 a 35 de 35 a 40 de 40 a 45 de 45 a 50 acima de 50

Figura 41: Funcionários entrevistados na Usina B, de acordo com a faixa etária

De acordo com os funcionários entrevistados, foi possível verificar que a média de idade do pessoal que trabalha no corte de cana ficava abaixo dos 30 anos de idade, sendo mais elevada nos demais setores. O plantio foi a atividade que apresentou funcionários com idades maiores, em torno de 45 anos, com mostra a Figura 42.

64 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Corte manual Colheita mecanizada

Tratos culturais Plantio

M é d ia d e i d a d e ( e m a n o s)

Figura 42: Média de idade dos entrevistados na usina B, de acordo com a atividade

As pessoas que trabalhavam no plantio, nos tratos culturais e na colheita mecanizada eram originárias da região de Piracicaba, onde a usina B está instalada, e eram funcionários efetivos. Os migrantes que trabalhavam nessas atividades já fixaram residência na região da usina. Já os funcionários da colheita manual, quase que na totalidade, eram migrantes e safristas, possuíam carteira assinada, mas na entressafra retornavam para suas regiões de origem.

Própria cidade da Usina Região da Usina Outras regiões de SP MG CE PI AL BA PB PR SE PE 14% 11% 19% 6% 2% 1% 5% 26% 4% 8% 1% 2%

Figura 43: Funcionários entrevistados na usina B, segundo a origem

Dos 30 funcionários entrevistados que estavam envolvidos no corte manual de cana- de-açúcar, 27 eram cortadores, todos da região Nordeste do país, e 3 eram fiscais de mão-de-

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obra do corte, sendo dois do estado de São Paulo e um originário do estado da Bahia, que já havia sido cortador de cana durante 3 safras e há cinco safras tornou-se fiscal de mão-de-obra, contando com a atual. Em relação aos 95 funcionários entrevistados, verifica-se que mais de 40% eram da região Nordeste brasileira, como mostra a Figura 44.

58%

42%

SE e S NE

Figura 44: Funcionários entrevistados da usina B, segundo sua região de origem

Verifica-se que 66%, aproximadamente, dos entrevistados trabalhavam há até 3 safras, este índice sobe para aproximadamente 81% quando considerados os que trabalhavam há até 5 safras na usina. Os que trabalham de 6 a 10 safras na usina representavam 6% dos entrevistados e os que estavam há mais de 10 safras representavam 13%, como é possível verificar na Figura 45. 27% 26% 13% 9% 5% 6% 13% 1 2 3 4 5 de 6 até 10 acima de 10 Safras trabalhadas

Figura 45: Percentual de funcionários entrevistados, segundo o número de safras trabalhadas na Usina B

Em relação à escolaridade do pessoal entrevistado, verificou-se que mais de 64% possuíam pouca ou nenhuma escolaridade, sendo que aproximadamente 2% eram analfabetos,

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jamais tendo frequentado a escola, 6% frequentaram a escola por apenas um ano e 56% possuíam o ensino fundamental incompleto, tendo frequentado até a quarta, quinta, sexta ou sétima série (correspondentes, respectivamente, ao quinto, sexto, sétimo e oitavo ano do ensino fundamental de nove anos).

2% 6% 36% 20% 16% 7% 12% 1% Sem estudo Até um ano de 2 a 4 anos de estudo de 5 a 7 anos de estudo Ens. Fund. Completo Ens. Méd. Incompleto Ensino Médio Completo Ens. Sup. Incompleto

Figura 46: Percentual de funcionários entrevistados na usina B, segundo a escolaridade

Verificou-se, durante as entrevistas, que os funcionários participavam da distribuição dos colmos nos sulcos, os que picavam esses colmos distribuídos nos sulcos e os cortadores de cana possuíam escolarização menor do que os que estavam envolvidos diretamente com a mecanização. Se considerado somente os entrevistados envolvidos no corte manual de cana- de-açúcar, aproximadamente 70% não possuem o ensino fundamental completo (Tabela 8).

A Figura 47 mostra, em números absolutos, a escolaridade de 33 entrevistados no corte manual de cana-de-açúcar na Usina B, sendo 3 fiscais e 30 cortadores de cana.

Sem estudo Até um ano de 2 a 4 anos de estudo de 5 a 7 anos de estudo Ens. Fund. Completo Ens. Méd. Incompleto Ensino Médio Completo

1 5 6 11 5 3 2

Figura 47: Escolaridade dos entrevistados envolvidos no corte manual, fiscais e cortadores, Usina B

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A usina B possui salas de aula de alfabetização e também com o sistema do Telecurso 2000 (ensino fundamental e médio), entretanto notou-se, entre os entrevistados, que era pequena a porcentagem de pessoas que frequentavam algum curso de capacitação.

Sim 7%

Não 93%

Figura 48: Entrevistados da usina B, segundo a participação em cursos de capacitação

Dos 95 entrevistados, apenas 7 frequentaram algum curso de capacitação, sendo que apenas um estava cursando o ensino médio, os outros 6 frequentavam cursos e treinamentos específicos para a função que exerciam. Quando perguntado o motivo de não participarem dos cursos de capacitação, dada a baixa escolaridade apresentada, o resultado foi que 74% afirmaram já terem realizados os treinamentos necessários, 17% acreditavam que o cargo não exige capacitação, enquanto que 6% julgavam não ser necessário e 3% alegavam falta de tempo para participar de cursos de capacitação, Figura 49.

3%

17%

74% 6%

Falta Tempo Cargo não exige Já f ez os treinamentos

necessários Não acha necessário

Figura 49: Funcionários entrevistados na usina B, segundo o motivo para não frequentar cursos de capacitação

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Quando analisados os entrevistados envolvidos na colheita manual (33 funcionários), verificou-se que 26 funcionários alegam já ter realizado os treinamentos necessários para o cargo, 4 afirmam que o cargo não exige qualificação, 2 alegaram falta de tempo para estudar e um alegou falta de tempo e também que não acha necessário capacitar-se.

Aproximadamente 5% dos entrevistados, não acreditavam que a capacitação

profissional pudesse trazer algum benefício, seja diretamente para o trabalho ou para sua vida. Dentre os funcionários que apontaram que a capacitação era importante, aproximadamente 41% indicaram a manutenção do emprego como principal benefício, e 13% apontaram satisfação pessoal (Figura 50).

41% 29% 29% 21% 13% 9% 8% 3% Manter emprego Atualização Cargo melhor Aumento de salário Satisf ação pessoal

Evita acidentes Favorece desempenho no

trabalho

Melhora relacionamento com as pessoas

Figura 50: Funcionários entrevistados na usina B, segundo os benefícios que a capacitação pode proporcionar

Apesar da baixa escolaridade e do baixo índice de pessoas que frequentavam algum curso de capacitação, aproximadamente metade dos entrevistados pretendiam mudar de atividade e menos de 20% dos entrevistados manifestaram a vontade de mudar de atividade pretendiam continuar no setor agrícola sucroalcooleiro (Figura 51).

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48% 52%

20%

Sim Não Manter-se no setor

Figura 51: Funcionários entrevistados na usina B, segundo pretensão de mudar de atividade e manter-se no setor