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5. RESULTADOS

5.2 O PERFIL DAS EMPREENDEDORAS

Queiroz e Aragón (2015) salientam que desde a década de 70 a mulher aumentou sua inserção no mercado de trabalho e essa tendência crescente da participação feminina na força de trabalho continua até os dias atuais. Assim, os autores relatam as várias mudanças no perfil das trabalhadoras acompanharam o aumento desta participaçãocujos dados estão relacionados ao perfil etário, ao estado

civil e à escolaridade.

Foi analisado o perfil das empreendedoras participantes desta pesquisa e suas características encontram-se sumarizadas nos gráficos 3 a 9, representados abaixo:

Gráfico 3 – Idade das empreendedoras

Fonte: Elaborado pela autora

Das empreendedoras participantes desta pesquisa, 37% têm entre 30 e 39 anos de idade, 27% tem de 40 a 49 anos de idade e 18% tem entre 20 e 29. Por fim, mais 18% têm entre 50 e 59 anos de idade, caracterizando uma amostra bem heterogênica em relação à idade. Destaca-se que todas são casadas eadmitem enfrentar o fenômeno da Dupla Jornada de Trabalho. É interessante verificar que a grande maioria está na faixa entre 30 e 49 anos, sendo possível que este resultado tenha a ver com o estado civil das empreendedoras. Infelizmente este fator não foi coletado nesta pesquisa. A incidência de separações ou divórcios que tende a ocorrer nesta ocasião (ver dados do IBGE) pode ser uma resposta para os resultados encontrados.

Gráfico 4 – Número de filhos das empreendedoras 20 - 29 18% 30 - 39 37% 40 - 49 27% 50 - 59 18%

Idade das empreendedoras

20 ou menos 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 60 ou mais

Fonte: Elaborado pela autora

Apenas uma empreendedora declarou não ter filhos, mas enfatizou que pelo fato de trabalhar fora e em casa e de ser casada, considerando que o marido requer muito dos afazeres doméstico, os problemas da dupla jornada são frequentes em sua vida. Assim, a grande maioria das empreendedorastem entre um e três filhos. Foi justificado que a busca pela qualificação assim como crescimento no mercado de trabalho e na carreira tem relação com 46% das empreendedoras ter apenas um filho. Também foiobservado que 36% das empreendedoras tem 2 filhos.

Gráfico 5 – Idade dos filhos das empreendedoras 9%

46% 36%

9%

Número de filhos das empreendedoras

Nenhum Um Dois Três

Fonte: Elaborado pela autora

Da amostra, 58% das empreendedoras entrevistadas tem filhos menores de 4 anos o que acentua os efeitos negativos da Dupla Jornada de Trabalho na vida delas. Os 23% de empreendedoras com filhos de 5 a 9 anos também declararam ter grandes problemas entre a administração dos conflitos advindos da dupla Jornada. As empreendedoras que têm filhos entre 15 a 19 anos (9%) responderam que contam com o apoio dos filhos na arrumação da casa e na elaboração das refeições.

58% 23%

10%

9% 0%

Idade dos filhos das empreendedoras

0 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 ou mais

Gráfico 6 – Formação acadêmica das empreendedoras

Fonte: Elaborado pela autora

Senicato et al (2016) relatam que mulheres com alto grau de escolaridade apresentam melhores índices de qualidade de vida relacionada à saúde. No contexto investigado, os dados indicaram que o perfil das participantes deste estudo foi de mulheres com bom nível de escolaridade –pós-graduação, MBA ou mestrado – representando 55%das empreendedoras. Também foi percebido que os cursos profissionalizantes têm ajudado as empreendedoras com nível de escolaridade mais baixo. Assim dos 27% que declararam ter nível médio/técnico, todas elas já fizeram algum curso profissionalizante. As empreendedoras que declaram ter mestrado (18%) são as que lidam melhor com o fenômeno da dupla jornada, pois contam com apoio de terceiros para a administração da casa, e se preocupam com a qualidade do tempo em que se dedicam aos seus filhos não considerando esse tempo como trabalho doméstico. 0% 27% 18% 37% 18% 0%

Formação acadêmica das empreendedoras

Ensino fundamental Ensino médio/técnico Ensino superior Pós graduação/ MBA Mestrado Doutorado

Gráfico 7 – Tempo de operação do negócio

Fonte: Elaborado pela autora

Arroyo et al (2016) defendem a importância do empreendedorismo de alto impacto para o crescimento econômico e o notável potencial que as mulheres empreendedoras têm para contribuir para a atividade econômica. Neste sentido os negócios geridos pela maioria das empreendedoras estão há mais de 5anos no mercado (55%) e 9% estão há mais de três anosoperando, significando que suas empresas já estão estabelecidas. Observou-se que 27% das empreendedoras declararam estar com 2 anos de funcionamento e o mesmo se verifica para os empreendimentos com menos de 1 ano de existência.Verificou-se ainda que 100% das respondentes classificaram o empreendimento como não familiar. Foi possível ver que as empresas administradas pelas mulheres participantes da pesquisa são de pequeno porte, com poucos funcionários. Das empreendedoras participantes desta pesquisa 3 delas declararam dividir os espaços físicos de suas empresas com a sua própria casa dificultando ainda mais o desvencilhamento entre empreendimento/família.Os empreendimentos gerenciados pelas mulheres revelaram que elas estão à frente do negócio contando com pouco ou nenhum apoio. Por outro lado, buscando suas próprias fontes de renda as mulheres empreendedoras estão se tornando mais independentes.

Foi verificado que os maiores apoiadores das empreendedoras são esposo, filhos ou seus próprios pais. Partedas respondentes disse ser apoiada por parentes e

9%

27%

9% 55%

Tempo de operação do negócio

Menos de 1 ano 1 a 2 anos 3 a 5 anos Mais de 5 anos

amigos. Podemos concluir que a família é um ponto importante de incentivo às mulheres, seguido dos amigos. Um ponto relativamente importante de se observar é que nenhuma empreendedora relatou ter apoio do governo na criação e administração dos recursos de suas empresas.

Gráfico 8– Renda das empreendedoras

Fonte: Elaborado pela autora

A renda familiar das empreendedoras varia de menos que 1 a 10 salários mínimos (82%). Apenas 9% das respondentes declararam sua renda familiar com mais de 11 salários mínimos. Todas declararam não possuir sócios na administração do negócio e os ramos de negócio são bem variados como alimentício, lingerie, saúde e beleza, educacional e financeira. Neste contexto Senicato et al (2016) relatam que ao estratificar a renda Per Capita das mulheres em sua pesquisa, concluíram que aquelas que tinham trabalho remunerado se beneficiavam com maior autonomia e maiores perspectivas de desenvolvimento e satisfação pessoal.

Em síntese, de acordo com os questionários respondidos na pesquisa aqui apresentada, de uma forma geral as mulheres empreendedoras são maduras, casadas e com boa escolaridade. Elas estão à frente do gerenciamento de seus negócios e seus empreendimentos têm superado a média de sobrevivência no mercado atual, que segundo a TEE (Taxa de Empreendimentos Estabelecidos) é de

9%

55% 27%

9%

Renda das empreendedoras

Menos de 1 salário mínimo 1 a 3 salários mínimos 4 a 10 salários mínimos 11 a 20 salários mínimos Acima de 20 salários mínimos

42 meses de funcionamento (GEM, 2018). A maior parte do apoio que elas recebem vem da própria família, parentes e amigos. Ganham em média de 1 a 10 salários mínimos e estão empreendidas nas mais diversas áreas de negócios (Saúde e beleza, Lingerie, educação, financeira, cosmetologia, moda).