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2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Micro e Pequena Empresa

3.5 O Perfil e os Desafios do Empreendedor

Para MOREIRA ( 1999.p.29), o tipo de empreendedor é aquele trabalhador que objetiva uma atividade autônoma e que pretende colocar “um sonho” em prática. Mas só isto não basta. Para caracterizar-se o empreendedor é necessário muito mais. O sonho presente é o inicio, mas é o sonho futuro que caracteriza o negócio. É a expectativa de realização, muitas vezes insensata, mas confiante, que possibilita colocar-se em prática uma atividade que encontra obstáculos fantásticos em todas as suas características. Normalmente, as idéias de negócio embutem um componente de “sonho” e, aparentemente inviável e repleto de características sonhadoras, quando analisado sob um prisma racional.

Mas empreender para sobreviver é uma alternativa, não é empreendimento. Eventualmente, o desemprego, a demissão, as dificuldades na administração de conflitos organizacionais, ou até mesmo a expectativa de trabalho sem pressão de horário, de chefia e de responsabilidades estressantes podem ser motivo de uma atuação autônoma, mas, não configuram o perfil do empreendedor.

Sobretudo, o perfil do empreendedor coexiste com a visão de oportunidade. A oportunidade do negócio, do crescimento, do atendimento à determinada necessidade, nova ou aperfeiçoada, de uma atividade profissional. O fazer diferente, o fazer melhor, a utilização de tecnologia diferenciada, seja técnica ou pessoal. Em suma, uma contribuição que faça diferença é o princípio do negócio. O raciocínio de valor agregado é inerente ao empreendedor. É conceito que ele não aprende, já existe em sua expectativa de realização. Assim, começa um negócio; assim uma empresa deve posicionar sua missão. Conseqüentemente, o negócio passa a ter uma identidade. Outros iguais podem ou devem existir no mercado, mas este é único, tem características próprias. Contudo, pode-se observar grandes empresários que apresentam, ocasionalmente, comportamento mais conservador e, algumas vezes, até reativos são inovações no seu negócio, mas, sem qualquer dúvida, não foi esse comportamento que os levou ao estágio de desenvolvimento em que se encontram.

DRUKER (1998.p.156) identifica essa situação de maneira bastante interessante, com uma frase que diz o seguinte: “nossos maiores problemas de hoje são conseqüência dos nossos sucessos de ontem”, a consignar que os sucessos tendem a levar a um comportamento de repetição e de acomodação.

Por volta dos anos 94 - 95, foram ouvidos diversos empresários em um depoimento que sinteticamente, exprime a seguinte questão: “minhas respostas de ontem não resolvem mais os problemas de hoje”. Freqüentemente, esse depoimento está acompanhado de um sentimento de impotência e perplexidade.

E se falarmos de um retorno à vocação dos negócios para as empresas, podemos extrapolar o raciocínio para a ação do empresário como “um retorno ao perfil do empreendedor”. E é da superação das dificuldades, fundada na perseverança, por vezes obsessiva do alvo definido, da confiança na idéia, no sonho ou na contribuição diferencial do seu negócio, que se identifica o caráter empreendedor.

Há duas décadas, a especialização, o conhecimento e mais um grupo coeso poderiam ser considerados condições adequadas para o desenvolvimento de um ideal. Hoje, porém, novas considerações se fazem necessárias. Por exemplo, a alta demanda de informações, a pressão tecnológica, o ritmo das mudanças e a necessária diversidade de características pessoais, condicionam uma nova composição de grupo de apoio ao desenvolvimento de uma idéia. Refere-se às necessidades de parcerias, de trocas de informações e de pessoas que contribuam de maneira diferente ao negócio. Hoje se torna inviável desenvolver um negócio com o esforço de apenas uma pessoa. Isso foi possível no passado.

DRUKER (1998.p.211), alerta que as novas exigências reclamam perfis diferenciados que só seriam reunidos em um super-homem. A única alternativa, então, são várias pessoas para compor esse perfil diferenciado e exigente. Portanto, o novo empreendedor, além das características inerentes ao perfil tradicional, precisa ser um aglutinador de interesses múltiplos, de pessoas que não deverão pensar como ele. É a contribuição adicional ou, se quiserem, o valor agregado para o desenvolvimento dos negócios

Assim, vale considerar, por exemplo, em síntese, o que alguns dos principais teóricos dos negócios afirmam ser necessário para uma empresa competir com sucesso:

Peter Drucker. A inovação é a principal força motriz da empresa competitiva. Ela deve ser estabelecida no coração da empresa desde o principio, continuamente

alimentada pelo investimento e pelo apoio do alto escalão administrativo, devendo ser sistematicamente transformada em valor para a empresa.

Dee Hock. Vivemos atualmente em uma era de fracasso institucional, na qual o antigo sistema de valores e as formas tradicionais de organização não produzem mais efeito. O que se precisa agora são organizações caoticamente estruturadas que valorizem a rapidez, flexibilidade e a adaptabilidade.

Andrew Grove. As empresas devem permanecer em constante vigilância, a ponto de exagero, para as transformações categóricas repentinas e inspiradas na tecnologia que ameaçam não somente seus produtos (serviços), mas a própria maneira de conduzir seus negócios.

Tom Peters. Em um mundo de mudanças rápidas, mesmo explosivas, as empresas devem estruturar uma organização dinamicamente comparável que congregue clientes, empregados e parceiros estratégicos na busca de relacionamentos produtos (serviços) e ambiente de trabalho que criem um alto nível de excitação, criatividade e satisfação.

Jerry Porras e James Collins. Empresas mais antigas, tradicionais, podem não somente encontrar um lugar na nova economia, mas até liderá-la, caso tenham estabelecido uma filosofia corporativa sólida baseada nas histórias e tradições da empresa e cuja utilização incuta em cada empregado um modelo de comportamento alinhado àquela filosofia.

Michael Porter. A saúde competitiva de uma empresa é função da combinação de solidez, energia e competência de seus fornecedores, clientes, atuais concorrentes e concorrentes em potencial – os últimos incluindo, de maneira extremamente perigosa, concorrentes não separados de uma área totalmente diversa e que oferecem uma nova categoria de produto (serviços) em substituição à atualmente existente.

Assim, esses constituem apenas alguns dos mais conhecidos teóricos empresariais. Poder-se-ia, acrescentar o dobro deste número de estudiosos, mas o importante a respeito dos teóricos aqui elencados é que refletem as idéias que estão sendo aplicadas atualmente em milhares de empresas em todo o mundo.