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Perfil dos entrevistados do grupo dos não discentes

5.1 Curso de Administração a distância da Universidade Federal do Rio Grande do

5.1.2 Perfil dos entrevistados do grupo dos não discentes

Como apresentado, o grupo dos não discentes dessa pesquisa é composto por coordenadores, professores, tutores e monitores que atuaram ou atuam no Curso de Administração a distância da UFRN, cuja distribuição encontra-se na Tabela 10.

Tabela 10 - Distribuição geral do grupo dos não discentes.

Função Nº de Indivíduos % Coordenador 4 8,7% Professor 19 41,3% Tutor 14 30,4% Monitor 9 19,6% Total 46 100%

Fonte: Dados da pesquisa, 2009.

Uma função que merece que sejam feitas algumas considerações é a de monitores. A dinâmica do Curso prevê que sejam dois indivíduos por disciplina o que resultaria num percentual maior ao apresentado por esta pesquisa. Contudo, um importante contexto relacional foi criado entre estes e os professores que auxiliam, diminuindo o turnover, ampliando sua participação no Curso. Essa ação demonstra que foram criadas parcerias e vínculos afetivos, fato que contribui para a sedimentação dos valores, hábitos e rotinas necessárias à institucionalização.

Ao contrário do perfil apresentado pelos alunos, por meio dos dados pesquisados, é possível detectar a predominância do sexo feminino no grupo dos não discentes, que corresponde a 58,7%, em relação ao sexo masculino, que aponta para 41,3%. O levantamento abaliza que a distribuição, no total, ocorre de maneira equacionada, contudo, a Tabela 11 detalha a distribuição por função, onde se pode visualizar que tanto na função de tutoria quanto na de coordenação a maioria é constituída por mulheres.

Tabela 11 - Distribuição do grupo dos não discentes por função e sexo.

Sexo Função exercida no curso

Monitor Tutor Professor Coordenador Total

Masculino 55,6% 21,4% 52,6% 25% 41,3%

Feminino 44,4% 78,6% 47,4% 75% 58,7%

Total 100% 100% 100% 100% 100%

Ao nível da distribuição do grupo dos não discentes por idade, quando se tem uma visão geral do conjunto, é de se notar que duas faixas etárias se sobressaem às demais, sem, contudo representar uma incoerência, pois nenhuma das duas se situa nos limites determinados. Como na amostra dos alunos, novamente, na mesma posição, as que se destacam são as 4ª e 2ª faixas etárias, em ordem crescente de percentual (Tabela 12). A diferença de proporcionalidade entre a faixa etária abaixo de 20 anos e as demais se explica pela composição: os indivíduos lotados na função monitor, como elucidado antes, são alunos oriundos, em sua maior parte, da graduação presencial.

Tabela 12 - Distribuição do grupo dos não discentes por função e idade.

Faixa Etária Função exercida no curso

Monitor Tutor Professor Coordenador Total

Abaixo de 20 anos 28,6% 0% 0% 0% 4,5% De 21 a 30 anos 57,1% 78,6% 0% 0% 34,1% De 31 a 40 anos 14,3% 7,1% 15,8% 0% 11,4% De 41 a 50 anos 0% 14,3% 63,2% 75,0% 38,6% Acima de 51 anos 0% 0% 21,1% 25% 11,4% Total 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: Dados da pesquisa, 2009.

Inversamente ao que acontece no grupo dos discentes, a dinâmica de contratação no grupo dos não discentes toca questões fundamentais quanto à articulação dos atores e interação entre seus pares. A coordenação, geral ou por pólo, juntamente com as funções professor e monitor repousa nessa premissa. Inversamente, a de tutor (única entre as quatro) se apóia nos princípios essenciais à definição de uma estrutura formal organizacional, seja ela uma instituição acadêmica ou não, onde o cargo deve ser ocupado por seleção e mérito.

Se por um lado contribui à institucionalização a integração entre os subgrupos, por outro, o que aqui se apresenta é a confrontação das regras institucionalizadas pela IES e pelo ambiente externo do qual o Curso faz parte, demonstrando um alheamento (ao descartar o recrutamento feito por seleção) e uma gestão paternalista, que poderá se traduzir na construção negativa da doutrina, fundamental para a consolidação dos valores e da coesão entre os indivíduos do grupo dos não discentes. A Tabela 13 mostra o conjeturado:

Tabela 13 - Distribuição do grupo dos não discentes por função e forma de ingresso no curso. Forma de ingresso no curso Função exercida no curso

Monitor Tutor Professor Coordenador Total

Convite 88,9% 21,4% 84,2% 75,0% 65,2%

Análise de currículo 0% 21,4% 0% 0% 6,5%

Seleção 11,1% 57,1% 15,8% 25% 28,3%

Total 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: Dados da pesquisa, 2009.

Como resultado da dinâmica do Curso e de sua política de contratação, a escolaridade registrada no grupo dos não discentes na Tabela 14 condiz com o esperado. 66,7% dos monitores não têm curso superior completo (parte deles é selecionada entre os alunos de graduação dos cursos presenciais). Os professores e coordenadores, por fazerem parte do quadro funcional da UFRN - excetuando-se por dois coordenadores de pólo, apresentam a titulação necessária para ocupar essa cátedra. Quanto à tutoria, em conseqüência de ser a função em que há, efetivamente, uma seleção disposta no site do Curso, não contém nenhum indivíduo com curso superior incompleto.

Tabela 14 - Distribuição do grupo dos não discentes por função e escolaridade.

Escolaridade Função exercida no curso

Monitor Tutor Professor Coordenador Total

Superior incompleto 66,7% 0% 0% 0% 13%

Superior completo 0% 14,3% 0% 0% 4,3%

Pós-graduação incompleta 11,1% 42,9% 0% 0% 15,2%

Pós-graduação completa 22,2% 42,9% 100% 100% 67,4%

Total 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: Dados da pesquisa, 2009.

Analisando o tempo de vínculo empregatício apresentado pelo grupo dos não discentes na UFRN, e comparando com o perfil profissional apresentado, pode-se observar na Tabela 15 que os dados condizem com o contexto discutido anteriormente, ou seja, os monitores situam-se em uma faixa de tempo que vai de menos de 1 ano até o tempo total do Curso, o vínculo dos tutores está concentrado no tempo de duração do Curso, os professores que participam, ou participaram, apresentam tempo de vínculo consoante a sua contratação na instituição e, particularmente os coordenadores, por possuírem a função de reproduzir e conduzir rotinas e padrões, perpetuando os valores da organização, são os indivíduos com o maior tempo.

Tabela 15 - Distribuição do grupo dos não discentes por função e tempo de vínculo empregatício. Tempo de vínculo empregatício Função exercida no curso

Monitor Tutor Professor Coordenador Total

Abaixo de 1 ano 66,7% 0% 0% 0% 13%

Acima de 1 até 5 anos 22,2% 100% 10,5% 0% 39,1%

Acima de 5 até 10 anos 11,1% 0% 21,1% 0% 10,9%

Acima de 10 até 15 anos 0% 0% 10,5% 0% 4,3%

Acima de 15 anos 0% 0% 57,9% 100% 32,6%

Total 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: Dados da pesquisa, 2009.

As características dos atores que compõem o grupo dos não discentes condizem com o pecúlio declarado por eles na pesquisa, como mostra a Tabela 16. Não é preciso observar com atenção para constatar que 100% dos professores e coordenadores situam-se na classe A - IBGE, permitindo inferir que suas participações nesse Curso não são apenas decorrentes do aumento do pecúlio salarial. Não se podendo afirmar o mesmo quanto aos monitores, em que o rendimento médio mensal de 77,8% dos indivíduos situa-se na classe C, sendo, contudo, adequado a sua condição de estudante.

Tabela 16 - Distribuição do grupo dos não discentes por função e renda individual mensal. Renda individual mensal Função exercida no curso

Monitor Tutor Professor Coordenador Total

Abaixo de R$ 1.000,00 77,8% 42,9% 0% 0% 28,3% Acima de R$ 1.000,00 até R$ 1.500,00 0% 14,3% 0% 0% 4,3% Acima de R$ 1.500,00 até R$ 2.000,00 0% 21,4% 0% 0% 6,5% Acima de R$ 2.000,00 até R$ 2.500,00 0% 7,1% 0% 0% 2,2% Acima de R$ 2.500,00 22,2% 14,3% 100% 100% 58,7% Total 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: Dados da pesquisa, 2009.

Os resultados da pesquisa, não apenas no que se refere ao grupo dos discentes, mas também no não discente, reproduz a realidade brasileira (IBGE, 2006). Observa-se, na Tabela 17, que mesmo as mulheres sendo maioria nesse grupo, em média elas recebem menos do que os homens quando o pecúlio é mais elevado, ainda que aqui a diferença seja menor (apenas 7,6% a mais para os homens), e ultrapassem-nos quando se trata de receber a menor renda (12,2%). Essa divergência de percentual na renda individual mensal de homens e mulheres no

grupo dos não discentes só não é tão acentuada quanto no conjunto dos alunos, porque nesse grupo 58,7% das mulheres, em oposição a 41,3% dos homens, têm qualificação superior.

Tabela 17 - Distribuição da renda mensal individual do grupo dos não discentes por sexo.

Renda mensal individual Sexo

Masculino Feminino Total

Abaixo de R$ 1.000,00 21,1% 33,3% 28,3% Acima de R$ 1.000,00 até R$ 1.500,00 10,5% 0% 4,3% Acima de R$ 1.500,00 até R$ 2.000,00 5,3% 7,4% 6,5% Acima de R$ 2.000,00 até R$ 2.500,00 0% 3,7% 2,2% Acima de R$ 2.500,00 63,2% 55,6% 58,7% Total 100% 100% 100%

Fonte: Dados da pesquisa, 2009.

Assim, as informações obtidas analisando a escolaridade e a renda do grupo dos não discentes, tanto quanto no grupo dos discentes desse Curso, excetuando-se os indivíduos que têm pós-graduação completa, vão de encontro a Pesquisa de Emprego e Desemprego, apresentada pelo DIEESE, em 2004, de que a remuneração está associada ao tempo de permanência do indivíduo na escola, como pode ser visto na Tabela 18. Esta revela que quem declarou ter ensino superior completo, 100%, recebe menos de R$ 1.000,00.

Tabela 18 - Distribuição da renda mensal individual do grupo dos não discentes por escolaridade. Renda mensal individual Escolaridade Superior incompleto Superior completo Pós-graduação incompleta Pós-graduação completa Total Abaixo de R$ 1.000,00 83,3% 100% 57,1% 6,5% 28,3% Acima de R$ 1.000,00 até R$ 1.500,00 0% 0% 0% 6,5% 4,3% Acima de R$ 1.500,00 até R$ 2.000,00 0% 0% 28,6% 3,2% 6,5% Acima de R$ 2.000,00 até R$ 2.500,00 0% 0% 0% 3,2% 2,2% Acima de R$ 2.500,00 16,7% 0% 14,3% 80,6% 58,7% Total 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: Dados da pesquisa, 2009.

Portanto, dos resultados até aqui apresentados, verifica-se nas informações iniciais as variações complexas do ambiente interno do Curso. A situação que se apresenta em dois pontos específicos na análise do perfil dos discentes não é favorável a institucionalização do Curso, devendo-se ressaltar dois pontos:

O primeiro se refere à localização dos alunos: o perfil identificado contraria a recomendação do artigo 80 da Lei 9.394/96, que prevê veiculação de “programas de ensino a distância”. Programas, no que se alude ao jargão da Administração Pública e ao Poder Público, são iniciativas para atender uma demanda específica o que, no caso do EaD, corresponde a pessoas que estão em regiões com deficiência de ensino. Portanto, esse ponto influencia negativamente a variável vínculos.

O segundo ponto corresponde ao tempo de entrada dos alunos no Curso. Para que haja apropriação e incorporação dos valores e símbolos, importantes elementos presentes na composição da variável doutrina, faz-se necessário que os atores se apropriem desses componentes. O que só se dará por meio da participação de rotinas, hábitos e padrões do cotidiano compartilhado, cuja articulação de um curso a distância (devido ao próprio sistema de interação) não favorece a formação de uma identidade, configurando esse ponto como um fator desfavorável, segundo as premissas adotadas, à institucionalização.

Quanto ao grupo dos não discentes, o ponto que deve ser considerado com mais atenção é a composição do quadro de funções. A distribuição dos cargos em organizações públicas deve ser equivalente em oportunidades para quem queira se manifestar a ocupá-lo. A continuidade dessa ação, além de conduzir ao enfraquecimento da variável doutrina, reflete negativamente na variável liderança e ainda, nas interações do Curso e seu ambiente.