• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA

2.5 PERFIL E TIPOLOGIA AGROPECUÁRIA

Os documentos perfil e tipologia agropecuária são requisitos chaves na viabilização de um fluxo de informações para o apoio do processo de desenvolvimento, do contrário, seria difícil administrar toda a informação necessária para revelar potencialidades, perceber oportunidades e avaliar a sustentabilidade.

O perfil agropecuário é um documento que utiliza os dados socioeconômicos que compõe a caracterização regional apresentada por Soares Júnior et al. (1997). São basicamente as informações sobre demografia, evolução da população por região de domicílio (rural e urbana), da população economicamente ativa, da natureza da força de trabalho (familiar ou contratada), extratos de área (estabelecimentos e áreas), a condição legal do acesso a terra e o uso da terra, origem da força de tração (humana, animal e mecânica), produção agropecuária, evolução da área, quantidade produzida, rendimento e valor da produção dos produtos de lavouras temporárias e permanentes, do efetivo e da produção do rebanho animal.

A tipologia agropecuária é o documento que apresenta os grupos de unidades de produção presentes em um determinado local, a representatividade de cada um dos grupos e a relação de unidades de produção pertencentes a cada grupo. A tipologia é o resultado da tipificação, que é o processo de agrupamento de unidades de produção por semelhanças.

Os critérios de agrupamento são um conjunto de características das unidades de produção, que segundo Rodrigues et al. (1997), estão relacionados à natureza da mão-de-obra

empregada no estabelecimento, à intensidade no uso do capital e às atividades agropecuárias predominantes quanto ao valor bruto da produção.

Segundo Guerreiro e Milléo (1994 apud RODRIGUES et al., 1997) a tipificação de unidades de produção agropecuária tem alguns objetivos:

- identificar os sistemas de produção predominantes, ou grupos de unidades semelhantes;

- verificar a participação de diferentes categorias de produtores na produção; - traçar o perfil técnico e socioeconômico de cada tipo de produtor;

- detectar demandas diferenciadas de tecnologias por tipo, reduzindo risco da recomendação técnica desrespeitar as características peculiares dos grupos de unidades de produção semelhantes;

- selecionar públicos-meta e balizar ações de pesquisa e extensão socialmente prioritárias; e

- fazer frente a necessidade de informação para o desenho de políticas agrícolas, e;

- otimizar a aplicação de recursos.

O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), através de estudos de Rodrigues et al. (1997) aplicados a produtores da Região de Irati-PR, propôs uma metodologia de tipificação de unidades de produção agropecuárias. Esta metodologia utilizava uma base de dados obtida através de informações censitárias ou através de levantamentos de campo com instrumentos de coleta criados para este fim. As unidades de pesquisa da metodologia do IAPAR poderiam ser uma comunidade rural, uma microbacia, uma região ou um estado, até mesmo um país.

A base de dados foi utilizada para delinear um perfil socioeconômico de produtores rurais gerando quatro categorias: produtores semi-assalariados, produtores simples de mercadorias, empresários familiares e empresários rurais. Estas categorias expressam uma escala crescente de orientação da produção agropecuária ao mercado consumidor e decrescente em relação à produção de subsistência.

Além da categoria social do produtor, a metodologia do IAPAR de tipificação utiliza as explorações expressas por seus respectivos valores bruto da produção para caracterizar o tipos ou sistemas de produção nas unidades de análise.

Em 1996, o Governo do Estado do Paraná lançou um projeto de desenvolvimento econômico-social da população rural com o apoio do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). O Projeto denominado Paraná 12 Meses promovia linhas de apoio para combate à pobreza no meio rural, para difusão de práticas de manejo e conservação dos recursos naturais renováveis e para implementação de estratégias visando a competitividade da produção agropecuária.

O Projeto Paraná 12 Meses adotou a metodologia de tipificação do IAPAR no que toca as categorias socioeconômicas de produtores, para classificar o público beneficiário dos apoios com algumas modificações que vieram facilitar o seu uso. O resultado foi ampla difusão da classificação de produtores por categorias no meio técnico do Estado do Paraná e dentro dos conselhos municipais de desenvolvimento rural.

Passini (1997) apresenta uma metodologia de pesquisa adaptativa e de difusão tecnologia denominada “Redes de Propriedades de Referência”. Uma rede de referência consiste num conjunto de propriedades representativas dos sistemas de produção encontrados numa região edafo-climática e socioeconômica homogênea. A metodologia utiliza informações de unidades produtivas agropecuárias para tipificação e diagnóstico. Com estas informações são selecionadas propriedades que implementam um processo de intervenção técnica com participação ativa dos produtores. Após alguns anos de acompanhamento, um conjunto de unidades de produção, pertencentes a um sistema de produção predominante em uma determinada região geram um documento denominado “Caso Típico”. Este documento apresenta indicadores técnicos e econômicos do sistema de produção, bem como o seu itinerário técnico.

O trabalho com Redes de Propriedades de Referência utiliza a metodologia do IAPAR para a tipificação das unidades de produção e obtenção dos sistemas predominantes com as mesmas modificações do Projeto Paraná 12 Meses (PERIN, 2001).

A tabela 1 apresenta as categorias socioeconômicas dos produtores rurais e seus critérios de classificação utilizados no Projeto Paraná 12 Meses.

Tabela 1 – Categorias socioeconômicas dos produtores rurais e critérios de classificação do Projeto Paraná 12 Meses

Categoria Área (HA) Valor das benfeitorias (R$)

Valor das máquinas (R$) Participação da família na M.O. (%) PS/PSM1 < 15,00 < 5.000,00 < 4.000,00 > 80 PSM2 15,00 a 30,00 5.000,00 a 12.000,00 4.000,00 a 12.000,00 > 50 PSM3 30,00 a 50,00 12.000,00 a 40.000,00 12.000,00 a 36.000,00 > 50 EF > 50,00 > 40.000,00 > 36.000,00 > 50 ER > 50,00 > 40.000,00 > 36.000,00 < 50 Fonte: Paraná (1999)

Conforme a tabela 1, os produtores rurais são classificados em: produtores de subsistência ou de mercadoria simples 1 (PS/PSM1); produtores de simples mercadorias 2 (PSM2); produtores de simples mercadorias 3 (PSM2); empresários familiares (EF), e; empresários rurais (ER). Os critérios utilizados são a área total vinculada ao produtor, o patrimônio em bens utilizados na produção agropecuária, benfeitorias e máquinas e equipamentos e a participação da família na mão-de-obra empregada na propriedade. Os valores limites das benfeitorias e máquinas e equipamentos são atualizados periodicamente.