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3. Metodologia

4.2. Descrição dos Casos

4.2.2. São Gonçalo

4.2.2.2. Perfil Econômico do APL de Moda de São Gonçalo

O setor de confecções-vestuário em São Gonçalo é composto essencialmente por empresas de confecções, sendo muitas dessas informais. Parte significativa dessas empresas terceirizam os serviços de costura para empregados autônomos. A profissional que recebe as encomendas de uma dada empresa e costura até formar uma peça de vestuário semi-acabado possui papel determinante no processo produtivo desse setor. Essa profissional, a costureira, é remunerada por peça produzida e possui como local de trabalho sua própria residência.

Nessa cadeia produtiva, as empresas recebem encomenda dos seus clientes atacadistas ou demandas de suas próprias lojas, cortam as grandes peças de tecido, como, por exemplo, o índigo, e enviam esse material já cortado e modelado para que as costureiras prestadoras de serviço, “fechem as peças”, que significa arrematar e costurar as partes de tecido, transformando o conjunto em peças de vestuário. Essa estrutura de produção é tão significativa para as empresas de São Gonçalo. Tal característica pode ser confirmada na entrevista de uma representante de uma grande grife de São Gonçalo. Essa profissional afirmou ser externa toda a etapa de costura da sua grife. Essa atividade é feita por PMEs informais, as confecções. Na empresa estão presentes as etapas de criação, desenvolvimento, corte e acabamento.

Além desse depoimento, foi percebido por meio de observações empíricas, conversas informais e também em entrevistas com representantes do Pólo de Moda de Niterói e de São Gonçalo, que essa cadeia de produção atende tanto marcas com produtos com baixo valor agregado, como grifes niteroienses que participam do Rio Fashion Business.

Assim sendo, uma etapa da produção é informal, o que impacta significativamente na quantificação do peso econômico que o setor de confecções-vestuário possui na composição do PIB de São Gonçalo.

Conforme destacado no subitem “Perfil Econômico do Pólo de Moda de Niterói”, a Fundação CIDE, ao segmentar os setores econômicos, classificou como indústria do vestuário o setor que abrange as confecções e fábricas de roupas. Em função disso, será com base nessa classificação que será analisado o desempenho do setor de confecções-vestuário em São Gonçalo. Mas é primordial destacar que, devido ao fato de parte da cadeia produtiva desse setor estar na informalidade, os dados apresentados a seguir não expressam integralmente o comportamento e o peso econômico desse setor. A tabela 21 indica o percentual de participação do setor de confecções-vestuário, entendido aqui como indústria do vestuário, na composição do PIB gonçalense.

Tabela 21 – Participação da Indústria do Vestuário na Composição do PIB Gonçalense em Valores Absolutos e Relativos – 2000-200376

% Ano

Indústria do

vestuário (A) PIB TOTAL (B) (A) / (B) 2000 14.772.806,46 3.049.511.269,66 0,48% 2001 20.836.201,77 3.066.769.685,45 0,68% 2002 12.749.365,64 3.393.945.310,63 0,38% 2003 9.833.769,71 3.449.647.222,42 0,29% Acumulado 58.192.143,58 12.959.873.488,16 0,45% Fonte: Baseado em Fundação CIDE.

A percepção de que a indústria do vestuário apresenta uma contribuição maior do que a indústria têxtil para o PIB de São Gonçalo é verificada na tabela 22, na qual se identifica que, do total de riquezas gerados na economia desse município, o percentual gerado pelo setor de vestuário é maior do que o percentual do setor têxtil.

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Valores correntes em Reais. Baseado em Fundação CIDE. Em:

-30,00 -25,00 -20,00 -15,00 -10,00 -5,00 0,00 5,00 10,00 Var 2000- 2001 Var 2001- 2002 Var 2002- 2003 Períodos V a ri a ç ã o p o r P e o d o s

PIB Indústria do vestuário

Tabela 22 – Participação da Indústria Têxtil na Composição do PIB Gonçalense em Valores Absolutos e Relativos – 2000-200377

% Ano Indústria Têxtil (A) PIB TOTAL (B)

(A) / (B) 2000 6.445.241,78 3.049.511.269,66 0,17% 2001 5.933.703,66 3.066.769.685,45 0,14% 2002 2.257.529,88 3.393.945.310,63 0,07% 2003 4.870.042,21 3.449.647.222,42 0,14% Acumulado R$ 19.506.517,53 12.959.873.488,16 0,13% Fonte: Baseado em Fundação CIDE.

A variação do total de riquezas gerado pela indústria de vestuário entre os anos de 2000 e 2003 apresenta comportamento diferenciado em relação à variação do PIB de São Gonçalo. Enquanto a indústria de vestuário vem apresentando variação negativa nesse intervalo de tempo (2000-2001: 6,46%; 2001-2002: -15,32 %; 2002-2003: -23,60%) do total produzido nesse intervalo de tempo, o PIB gonçalense iniciou uma breve recuperação no período de 2000 a 2002 (2000-2001: -3,46%; 2001-2002: 0,61%) e voltou a cair entre 2002 e 2003 (-10,27%). Esses comportamentos distintos podem ser identificados no gráfico 10.

Gráfico 10 – Crescimento percentual do PIB e do Setor da Indústria de Vestuário na Cidade de São Gonçalo entre 2000 e 200378.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Valores correntes em Reais. Baseado em Fundação CIDE. Em:

http://200.156.34.123/cgi/deftohtm.exe?CIDE/PIB/PIBCOR.def. Acesso em 17/01/2006. 78

Calculado com base em valores de Reais correntes. Para o cálculo da variação do PIB, foi aplicado o deflator implícito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sistema de Contas Nacionais (IBGE/SCN Anual). No caso do setor da Indústria de Vestuário foi adotado como deflator o IPA-OG, da Fundação Getúlio Vargas, Conjuntura Econômica (FGV/Conj. Econômica). Baseado em Fundação CIDE, em:

http://200.156.34.123/cgi/deftohtm.exe?CIDE/PIB/PIBCOR.def e IPEADATA, em http://www.ipeadata.gov.br. Acesso em 17/01/2006.

Há possibilidade de existir uma possível relação entre a queda de desempenho da indústria de vestuário em São Gonçalo e a mobilização dos empresários locais na busca de apoio institucional para melhoria do setor. Caso o movimento de queda tenha persistido entre os anos 2003 e 2004, poderíamos afirmar que, conforme consta em depoimento do representante do Pólo de Moda de São Gonçalo, a queda no faturamento das empresas de vestuário locais motivaram a tomada de iniciativa de um grupo de empresários para que não ocorresse outra fase de falências e fechamento de empresas como o que se deu em 1990. Até o fechamento desse estudo, porém, os dados sobre o ano de 2004 não estavam disponíveis pela Fundação CIDE.

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