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em virtude da problemática do objeto – a produção de material didático da EaD. Na perspectiva da integração das mídias pelos professores à sua prática docente, consideramos relevante intervir no material didático do curso, uma vez que defendemos que a proposta de intervenção, nos moldes que elaboramos, favorece essa integração e, ao mesmo tempo, leva os professores a expressarem os motivos que dificultam essa integração, por exemplo.

Sendo assim, “a pesquisa não se limita a uma orma de ação (risco de ativismo): pretende-se aumentar o conhecimento dos pesquisadores e o conhecimento ou o ‘n vel de consciência’ das pessoas ou grupos considerados” (THIOLLENT, 2011, p. 23). Por im, defendemos que a pesquisa-ação pode contribuir para a melhoria da prática educativa, que se refletirá na aprendizagem dos alunos.

2.2 PERFIL DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

A proposta de intervenção foi desenvolvida em duas turmas da quinta edição do curso. No encontro presencial de abertura do curso, buscamos traçar o perfil dos professores/cursistas das duas turmas e, para isso, aplicamos um questionário com 65 deles, os quais compareceram ao encontro. A partir desse questionário, identificamos que a maioria deles trabalha em dois turnos (77%), no entanto, muitos estão em um turno atuando na função de professor e, em outro, preferencialmente em uma função pedagógica no laboratório de informática, na sala de TV Escola, na coordenação pedagógica, no setor pedagógico de uma Diretoria Regional de Educação – DIRED, entre outras. Há, também, gestores escolares e secretários de escola (é professor em uma escola e secretário em outra).

Quanto à atuação docente nos dois turnos, é aproximado o número dos que trabalham somente na rede estadual (30,7%) com o número daqueles que trabalham na rede municipal (27,6) e aqueles que trabalham nas duas redes (26%). De todos os professores participantes da pesquisa, 40% são pedagogos e os demais cursaram outra licenciatura (Letras, Ciências Biológicas, História, Geografia, Matemática, Computação, Educação Física e Química). Somente 20% deles já participaram de um curso de especialização.

Quando procuramos saber a respeito da experiência que tinham com a educação a distância, 46% deles responderam que já participaram de um curso nessa modalidade de ensino, porém desses, a maioria não chegou a concluir (70%) devido a problemas com a

internet, ou poucos conhecimentos em informática ou, ainda, problema de deslocamento para o polo de apoio presencial. Esses aspectos são fatores que podem contribuir para a evasão dos cursos a distância.

Como o curso Mídias na Educação é totalmente on-line, buscamos informações sobre o acesso à informática/internet pelos professores e identificamos que somente 4% deles ainda não dispõem de computadores conectados à internet em sua residência, mesmo assim nenhum acessa o curso em lan house.

O Quadro 01, a seguir, permite visualizarmos os dados referentes ao acesso e ao uso do computador/internet pelos participantes do curso. Esses dados possibilitam termos uma ideia geral das condições dos professores ao frequentar um curso on-line.

Quadro 01: Acesso à informática/internet Conhecimentos em informática

Básicos Intermediários Avançados Não respondeu

40 23 02 -

Acesso a computador conectado à internet na escola

Sim Não Às vezes Não respondeu

50 08 06 01

Uso de e-mail

Diariamente Semanalmente Mensalmente Não respondeu

44 18 02 01

Uso que faz da internet

Pesquisas Entretenimento As duas opções Não respondeu

31 – 32 02

Uso das redes sociais

Orkut Facebook MSN Não respondeu

S-38 N-27 S-44 N-21 S-38 N-27 2 Fonte: Questionário respondido pelos professores cursistas

Percebemos que 61% dos professores possuem apenas conhecimentos básicos em informática. Esses conhecimentos básicos referem-se ao uso de e-mail, a saber digitar um texto em um editor de textos e salvá-lo, anexar um arquivo, ações de “copiar” e “colar” textos. Ao considerarmos que o sistema operacional dos computadores dos laboratórios de informáticas das escolas públicas é o Linux, muitos podem não ter os conhecimentos básicos acima, pois normalmente nas residências, os professores utilizam o Windows. Assim, como os conhecimentos em informática básica são elementares, eles não refletem sobre as TIC e suas potencialidades para a prática pedagógica.

Em 77% das escolas, os professores têm acesso a computador com internet. No entanto, normalmente, a maioria dos laboratórios de informática dispõe de poucos computadores em funcionamento, porque enfrentam dificuldades quanto à sua manutenção.

Além disso, o número de computadores que as escolas recebem para organizar os laboratórios é insuficiente para atender satisfatoriamente os alunos por turma.

Quanto ao uso do e-mail, a maioria deles afirma que o acessa diariamente (67,6%), porém, 31% não tem esse costume. Mesmo com esses dados, durante o curso, os tutores têm reclamado de que a maioria dos professores participantes do curso demora para responder os e-mails e, outras vezes, nem responde.

Vemos que a principal atividade dos professores ao acessarem a internet está relacionada com a pesquisa, pois todos os participantes que responderam o questionário foram unânimes na resposta. A diferença é que um pouco mais da metade também a utiliza para, além da pesquisa, o entretenimento. O uso de pesquisa é um tipo de atividade que tem sido recorrente por muitos professores, pois ela se configura como uma alternativa para justificar o uso da informática/internet em suas aulas, embora, na maioria das vezes, essa atividade não seja planejada e chegue ao aluno sem orientação. Além disso, muitos dos alunos desses professores podem ter mais domínio das ferramentas tecnológicas, levando os professores a se sentirem “pressionados” a azer uso delas.

Em relação às redes sociais, identificamos que há um uso equilibrado entre o facebook (67,6%) o orkut (56%) e o MSN (56%). Há um participante do curso que até o dia do levantamento desses dados – junho de 2012 – já havia cadastrado mais de 1.000 pessoas em sua página pessoal. Porém, ao comparamos esses dados com o número dos que dispõem de conhecimentos básicos em informática, compreendemos que eles só utilizam as TIC para reproduzir e não para criar. Nesse sentido, as possibilidades de recursos que a internet dispõe e que podem ser utilizados como potencializadores das atividades pedagógicas não são levados em conta pelos professores.

Procuramos, também, saber quais equipamentos tecnológicos os professores poderiam dispor, na escola, para utilizar em suas aulas. Esses dados são relevantes, pois para integrarem as mídias a sua prática docente, os professores precisam ter à disposição equipamentos tecnológicos. Para ilustrar a realidade das escolas dos participantes da pesquisa quanto a essa questão, apresentamos o Quadro 02:

Quadro 02: Equipamentos tecnológicos existentes na escola

Descrição Sim Não Não respondeu

TV 61 02 02

Antena parabólica 36 27 02

DVD 57 06 02

Computador (laboratório) 61 02 02

Projetor multimídia 56 07 02

Câmera fotográfica 46 17 02

Filmadora 20 43 02

Fonte: Questionário respondido pelos professores cursistas

Conforme demonstração acima, a maioria das escolas onde os participantes do curso trabalham, em torno de quase 94%, dispõe de televisor, porém somente 55% possui antena parabólica, o que inviabiliza o acesso a canais de televisão por grande parte dessas escolas. Considerando que 87,6% dessas escolas dispõem de aparelho de DVD, significa que em uma parte delas a tevê é utilizada apenas para a veiculação de vídeos. Quanto aos laboratórios de informática, quase todas as escolas dispõem (94%) desse ambiente, porém nem todos estão conectados à internet, conforme posto no Quadro 01 (77%). Quando se trata do rádio, a realidade muda, já que somente 34% das escolas dispõem desse veículo. Em muitas escolas, há outros equipamentos que auxiliam no uso das mídias na prática pedagógica, como projetor multimídia (86%), câmera fotográfica (70,7%) e filmadora, sendo em menor número (30,7%).

Apesar disso, nem sempre esses equipamentos tecnológicos estão todos em funcionamento como, por exemplo, os que estão nos laboratórios de informática que muitas vezes recebem um número muito pequeno de computadores (10 no total) e, mesmo assim, em pouco tempo de uso, precisam de manutenção – na maioria das escolas, não há um técnico responsável por essa manutenção.

Ao serem questionados a respeito do uso que fazem das mídias em sua prática docente, os professores informaram-nos a seguinte realidade:

Quadro 03: Uso que o professor/cursista faz das mídias na prática pedagógica

Mídia Sim Não Às vezes Não

respondeu TV comercial 11 24 19 11 TV Escola 10 29 16 10 Rádio 03 48 04 10 Internet 34 10 11 10 Jornais e revistas 32 06 18 10 Cordéis e quadrinhos 19 15 21 10

Fonte: Questionário respondido pelos professores cursistas

Embora reconheçamos que os alunos dos professores participantes da pesquisa assistem à tevê diariamente e essa mídia é de fácil acesso, são poucos os professores que a utilizam nas atividades pedagógicas (17%). O mesmo acontece com o uso que é feito de tevê educativa, como é a TV Escola, sendo apenas 15% dos professores. Quanto ao uso do rádio,

apesar de o Quadro 02 mostrar que 34% das escolas dispõem do equipamento, apenas 4,6 dos professores utiliza-o nas atividades pedagógicas. Essa realidade muda com relação à internet, pois mesmo que algumas escolas ainda não disponham de laboratórios de informática conectados à internet e parte dos alunos desses professores também não disponha de um computador em sua residência, 52% utilizam a internet nas atividades. Quanto à mídia impressa, há alguns recursos dela que se aproximam desse número, como os jornais e revistas usados em sala de aula por 49% dos professores. No entanto, esse percentual cai para 29%, quando se referem ao uso de cordéis e histórias em quadrinho.