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O perfil sociodemográfico dos trabalhadores da cultura da laranja e outros cítricos no

CAPÍTULO 2 – A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO MERCADO DE TRABALHO

2.3 O perfil sociodemográfico dos trabalhadores da cultura da laranja e outros cítricos no

Este tópico possui como objetivo central a apresentação do perfil sócio demográfico dos vínculos empregatícios formais dos colhedores de laranja, nas décadas de 2000 e 2010, do arranjo urbano-rural regional da citricultura paulista (DEMÉTRIO, 2017). As informações foram dispostas de acordo com as sub-regiões do arranjo.

A análise do perfil sociodemográfico dos trabalhadores rurais migrantes formais alocados na citricultura paulista, entre os anos de 2000 e 2015, foi realizada através do emprego de fontes de dados secundárias dos registros administrativos da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS, MTE).

Os registros administrativos se apresentam como alternativas viáveis na construção de análises sociodemográficas e econômicas estruturais em períodos inter- censitários, além de possuírem baixo custo no levantamento estatístico (ZACHARIAS, 2003; PENNECK, 2007). Zacharias (2003, p. 6, tradução livre) define por registro administrativo:

[...] todo registro resultante de necessidades fiscais, tributárias ou outras, criado com a finalidade de viabilizar a administração ou operacionalização de programas de governo ou, ainda, para fiscalizar e controlar o cumprimento de obrigações legais por parte de determinados segmentos da sociedade.

A RAIS se apresenta como um registro administrativo, regulamentado pelo Decreto n. 76.900 de 23 de dezembro de 1975, e tem como unidade de análise e enumeração o vínculo empregatício, o qual pode ser classificado como um evento renovável ou reversível se

configurando, desse modo, como estatística de fluxo (HAKKERT, 1996). Januzzi (2017, p. 64) destaca que “o sistema RAIS é, em tese, um censo administrativo sobre o mercado de trabalho [...]”.

O objetivo central dessa base de dados, segundo o Manual de Instruções de 2015 (BRASIL, 2016) é o controle e fornecimento de informações acerca da atividade trabalhista formal no país proporcionando, assim, a construção de uma análise estrutural do mercado de trabalho formal não retratando, contudo, “[...] a dinâmica conjuntural da totalidade do mercado de trabalho brasileiro” (JANUZZI, 2017, p. 37).

Além disso, ela possibilita o acompanhamento e a fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista, o controle dos registros do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), dos sistemas de arrecadação e concessão de benefícios previdenciários e dos trabalhadores com direito ao abono salarial, bem como, a formulação de estudos técnicos.

Ainda de acordo com o Manual (BRASIL, 2016), os declarantes se apresentam como os estabelecimentos (unidades) contratantes de uma empresa, representando, portanto, o local de trabalho. Os estabelecimentos declarantes, sejam pertencentes à esfera pública ou privada, são obrigatoriamente cadastrados no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), tendo seus contratos trabalhistas regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), podendo ser profissionais liberais, sociedades civis e condomínios, empregadores rurais, órgãos de administração pública direta ou indireta45, ou empresas individuais46.

Nossas análises foram pautadas pelo filtro dos Vínculos Empregatícios Ativos em 31/12 do ano-base47, com o intuito de evitarmos a tendência de superenumeração. Entretanto, estamos cientes das eventuais perdas de volume, por estarmos lidando com vínculos empregatícios temporários de alta rotatividade48. Trabalhamos com a classificação brasileira de ocupações (CBO 94 e CBO 2002) com o objetivo de sistematizarmos os vínculos empregatícios referentes aos trabalhadores rurais manuais da colheita da laranja.

Cada ocupação, na CBO 1994, pertence a um grande grupo de trabalhadores, a um subgrupo e a um grupo de base. Levamos em considerações as ocupações pertencentes ao

45 A administração direta se apresenta através dos serviços administrativos do governo federal e seus ministérios,

enquanto que a administração indireta é representada pelas autarquias, empresas públicas, fundações públicas e sociedades de economia mista. Para maiores informações, verificar o Decreto-Lei n. 200 de 25 de fevereiro de 1967.

46 Regulamentada pela Lei n. 12.441 de 11 de julho de 2011. 47 Ano de referência.

48 A volatilidade dessa mão de obra está sujeita as influências da demanda de produção ocasionadas por

alterações climáticas, pelos ajustes nos preços das caixas e pelas oscilações do mercado internacional de citrus (ELIAS, 2003; NEVES et al., 2010) e de biocombustíveis (MUNDO NETO, 2009; SILVA; BUENO; MELLO, 2015).

grande grupo de Trabalhadores Agropecuários, Florestais, da Pesca e Trabalhadores Assemelhados e ao subgrupo ao qual pertence o grupo de base de nosso interesse, Trabalhadores na Fruticultura, cuja ocupação contém o trabalhador da cultura de laranja e outros cítricos.

Enquanto que a Classificação Brasileira de Ocupações de 2002 (CBO 2002) é dividida em grandes grupos, subgrupos principais, subgrupos, grupos de base ou famílias e ocupações. Assim foi empregada, no caso dos trabalhadores rurais manuais da citricultura, a ocupação de trabalhador no cultivo de árvores frutíferas, pertencente ao grande grupo dos Trabalhadores Agropecuários, Florestais, da Caça e da Pesca, ao subgrupo principal dos Trabalhadores na Exploração Agropecuária, ao subgrupo dos Trabalhadores Agrícolas, e ao grupo de base dos Trabalhadores Agrícolas na Fruticultura (vide Tabela 6).

TABELA 5 – Sistematização dos filtros utilizados para operacionalização dos trabalhadores rurais

manuais pela Classificação Brasileira de Ocupações de 1994 e 2002 (CBO 94 e CBO 2002)

CBO 1994 Código Nomenclatura

Grande Grupo 6 Trabalhadores Agropecuários, Florestais, da Pesca e Assemelhados

Subgrupo 6-3 Trabalhadores Agrícolas Especializados

Grupo de Base 6-35 Trabalhadores da Fruticultura

Ocupação 6-35.40 Trabalhador da Cultura de Laranja e outros cítricos

CBO 2002 Código Nomenclatura

Grande Grupo 6 Trabalhadores Agropecuários, Florestais, da Caça e da Pesca

Subgrupo principal 6-2 Trabalhadores na Exploração Agropecuária

Subgrupo 6-22 Trabalhadores Agrícolas

Grupo de Base 6-22.5 Trabalhadores Agrícolas na Fruticultura

Ocupação 6-225.05 Trabalhador no Cultivo de Árvores Frutíferas

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

O Quadro 2 nos apresenta o rol de atividades inseridas na ocupação selecionada. A qual funciona como proxy dos trabalhadores rurais migrantes, categoria esta que se apresenta como possível interpretação da realidade social e demográfica das migrações rurais no Estado de São Paulo (SILVA, 1999; MENEZES, 2009; PEREIRA, 2013; MACIEL, 2016; DEMÉTRIO, 2017). Nosso interesse foi particularmente das atividades descritas como colhedor de laranja, trabalhador da cultura de laranja e trabalhador da cultura de laranja e outros cítricos (assinalados em negrito no quadro).

QUADRO 2 – Definição da ocupação selecionada como proxy dos colhedores de laranja no Estado de

São Paulo, 2010

Ocupação: Trabalhador no cultivo de árvores frutíferas Código: 622505

Descrição

Colhedor de banana; Colhedor de caju; Colhedor de

laranja; Colhedor de manga; Colhedor de pêssego;

Trabalhador da cultura de abacate; Trabalhador da cultura de acerola; Trabalhador da cultura de ameixa; Trabalhador da cultura de amora; Trabalhador da cultura de atemoia; Trabalhador da cultura de banana; Trabalhador da cultura de cajá; Trabalhador da cultura de caju; Trabalhador da cultura de caqui; Trabalhador da cultura de carambola; Trabalhador da cultura de cítricos; Trabalhador da cultura de cupuaçu; Trabalhador da cultura de fruta-pão; Trabalhador da cultura de goiaba; Trabalhador da cultura de graviola; Trabalhador da cultura de jaca; Trabalhador da cultura de jenipapo;

Trabalhador da cultura de laranja e outros cítricos;

Trabalhador da cultura de maçã; Trabalhador da cultura de manga; Trabalhador da cultura de nectarina; Trabalhador da cultura de pêra; Trabalhador da cultura de pêssego; Trabalhador da cultura de pinha; Trabalhador da cultura de pitanga; Trabalhador da cultura de tamarindo; Trabalhador da cultura de umbu;

Trabalhador de fruticultura em geral; Trabalhador na

cultura de romã.

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

De acordo com o Livro 2 dos Códigos, Títulos e Descrições da Classificação Brasileira das Ocupações (CBO 2002) do Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010) esta ocupação costuma ser exercida por:

[...] trabalhadores com carteira assinada, empregados na agricultura ou porcenteiros. O trabalho é realizado em equipe, com supervisão. O local de trabalho é a céu aberto, durante o dia. Em suas atividades, os profissionais permanecem em posições desconfortáveis durante longos períodos e podem ficar expostos a material tóxico e a variações climáticas (BRASIL, 2010, p. 61).

A construção do perfil dos trabalhadores rurais migrantes, particularmente do caso dos colhedores de laranja, alocados pelo mercado de trabalho formal do agronegócio citrícola paulista foi baseada na escolha de variáveis que privilegiassem o acompanhamento das mudanças ocorridas nos últimos três quinquênios (2000-2015). Neste sentido, analisaremos o comportamento e as mudanças ocorridas em relação à distribuição etária e por sexo, os níveis de escolaridade, raça/cor, bem como, a evolução do volume de vínculos ativos dos trabalhadores no cultivo de árvores frutíferas.

A Tabela 7 contêm a evolução temporal do volume dos vínculos ativos de trabalhadores no cultivo de árvores frutíferas, ao que trataremos como proxy dos colhedores de laranja. O volume dos vínculos ativos em 31/12 do ano de referência pode ser entendido como o estoque de trabalhadores alocados no mercado de trabalho formal brasileiro.

Notamos que o arranjo urbano-rural regional da laranja concentrou, em média, 60% do estoque de colhedores de laranja no Estado de São Paulo. Em relação ao estoque de colhedores de laranja no território paulista, observa-se que o ano de 2004 destacou-se com o maior número de vínculos ativos (56.520) sendo seguido pelos anos de 2011 (54.038) e de 2009 (52.701).

Enquanto que os anos com menores expressividades são os anos de 2010 e 2001 com respectivamente, 29.315 e 25.050 vínculos. Como verificamos pela Tabela 5, os anos iniciais de 2010 apresentaram tendência de queda na produção de laranjas e tangerinas destinadas à exportação, representando menos de 40% da produção total.

Destacamos que o caráter sazonal e das variações da duração do ano-safra ao longo do tempo influenciam nas diferenças entre os anos analisados, tal como demonstra Neves et al. (2010) há uma relação inversamente proporcional entre a produção citrícola e os valores de cotação da Bolsa de Valor de Nova York, sendo a demanda por produção outra variável chave no processo de entendimento da demanda por mão de obra, assim como, sua permanência no período final da safra.

TABELA 6 – Volume dos vínculos ativos em 31/12 do ano de referência de trabalhadores no cultivo

de árvores frutíferas, 2000 a 2015, no arranjo urbano-rural regional da laranja e no restante do Estado de São Paulo Ano Arranjo da Laranja Restante do Estado Total 2000 26.821 12.129 38.950 2001 21.157 8.158 29.315 2002 32.599 12.384 44.983 2003 29.355 15.745 45.100 2004 35.994 20.526 56.520 2005 23.413 15.568 38.981 2006 30.469 16.580 46.198 2007 30.469 16.580 47.049 2008 32.670 19.749 52.419 2009 32.611 20.090 52.701 2010 13.709 11.341 25.050 2011 31.668 22.370 54.038 2012 32.937 16.796 49.733 2013 18.506 13.580 32.086 2014 21.328 14.030 35.358 2015 27.598 16.112 43.710

Fonte: Microdados da Relação Anual de Informações Sociais. Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

Assim em 2001, o baixo estoque de colhedores de laranja pode ser justificado dada a “super-safra” ocorrida entre de 2000/01, ocasionando uma diminuição da tendência de manutenção do volume vínculos no ano safra de 2001/02. Já as safras de 2008/09 e 2009/10, de acordo com Neves et al. (2010) foram pequenas no Estado de São Paulo (BR) e na Flórida (EUA), o que pode ter ressoado no declínio do volume do estoque de colhedores de laranja no ano de 2010.

Contudo, destacamos que o setor apresentou recuperação no percentual destinado à exportação (vide Tabela 5) a partir de 2012, retomando os valores acima de 50%. O ápice do estoque de trabalhadores em 2004 pode ser entendido como desdobramento das altas demandas por suco de laranja no mercado internacional e pelo consequente aumento da produção de laranja e tangerinas (NEVES et al., 2010).

A Tabela 8 apresenta o estoque de colhedores de laranja de acordo com as sub- regiões do arranjo urbano-rural regional da laranja (DEMÉTRIO, 2017). Percebemos em sintonia a contextualização anterior sobre o mercado internacional e a produção paulista (MAZZALI, 1999; NEVES et al., 2010) que as sub-regiões de Bebedouro e de Matão/Araraquara, inseridas em posições de destaque na divisão internacional do trabalho agrícola (ELIAS, 2003; GRAS; HERNÁNDEZ, 2013a), tem maior destaque na composição do arranjo em contraponto à sub-região de Limeira, cujo maior estoque de colhedores foi de 10.160 em 2009 e o menor de 2.972 no ano de 2002.

A sub-região de Matão/Araraquara apresentou, neste contexto, o maior estoque de colhedores em 2003 com 14.080 vínculos, já o ano de 2010 foi o que apresentou o menor volume com apenas 6.046. A sub-região de Bebedouro apresentou em 2004 o valor máximo do estoque de colhedores com 15.855 vínculos, e o mínimo em 2010 com 3.910. Os anos de 2004 e 2010 também se destacaram como máximo e mínimo dos valores do arranjo urbano- rural regional da laranja, apresentando, respectivamente os estoques de 35.994 e 13.709 vínculos.

TABELA 7 – Volume dos vínculos ativos em 31/12 do ano de referência de trabalhadores no cultivo de árvores frutíferas, 2000-2015, nas sub-regiões do arranjo urbano-rural regional da laranja

Ano Bebedouro Araraquara/Matão Limeira Total

2000 11.915 10.609 4.297 26.821 2001 8.624 9.561 2.972 21.157 2002 13.822 12.390 6.387 32.599 2003 10.936 14.080 4.339 29.355 2004 15.885 14.074 6.035 35.994 2005 10.108 9.370 3.935 23.413 2006 11.982 10.088 8.399 30.469 2007 11.982 10.088 8.399 30.469 2008 14.295 8.453 9.922 32.670 2009 12.868 9.583 10.160 32.611 2010 3.910 6.046 3.753 13.709 2011 12.447 10.479 8.742 31.668 2012 14.673 12.151 6.113 32.937 2013 6.480 9.001 3.025 18.506 2014 8.813 7.872 4.643 21.328 2015 10.344 11.349 5.905 27.598

Fonte: Microdados da Relação Anual de Informações Sociais. Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

A distribuição dos vínculos femininos e masculinos no estoque dos colhedores de laranja no mercado de trabalho formal da citricultura paulista é observável através da análise da razão de sexo49 dos vínculos ativos nas Figuras 5 e 6 e na Tabela 9.

Nos primeiros anos da década 2000 ocorreu uma tendência de diminuição da razão de sexo, para todas as sub-regiões do arranjo urbano-rural regional da laranja, para os demais municípios paulistas e para no total do Estado de São Paulo. Isso sinaliza uma maior abertura a entrada da mão de obra feminina no mercado de trabalho formal no caso dos colhedores de laranja.

Com efeito, as equipes de colhedores da safra de 2009/10 foram formadas por 65% de homens e 35% mulheres (NEVES et al., 2010), ou seja, cerca de 2 vínculos masculinos para cada um feminino. Este cenário se diferencia do caso da cana de açúcar, no qual apenas 10% dos vínculos empregatícios são femininos (NEVES et al., 2010). Todavia, percebemos que no ano de 2015 ocorreu um aumento da razão de sexo para todas as áreas analisadas.

FIGURA 5 – Razão de sexo dos vínculos ativos em 31/12 do ano de referência de trabalhadores no cultivo de árvores frutíferas, nas sub-regiões do arranjo urbano-rural regional da laranja, 2000 a 2015

Fonte: Microdados da Relação Anual de Informações Sociais. Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

FIGURA 6 – Razão de sexo dos vínculos ativos em 31/12 do ano de referência de trabalhadores no cultivo de árvores frutíferas, no arranjo urbano-rural regional da laranja e no Estado de São Paulo,

2000 a 2015

Fonte: Microdados da Relação Anual de Informações Sociais. Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

0 1 2 3 Raz ã o de Se x o Ano

Bebedouro Araraquara Limeira

0 1 2 3 Raz ã o de Se x o Ano

TABELA 8 – Razão de sexo dos vínculos ativos em 31/12 do ano de referência de trabalhadores no

cultivo de árvores frutíferas, nas sub-regiões do arranjo urbano-rural regional da laranja, no arranjo urbano-rural regional da laranja, no Estado de São Paulo, 2000 a 2015

Área Bebedouro Araraquara Limeira Arranjo Estado de

São Paulo 2000 3,20 2,78 3,28 3,03 2,78 2001 2,63 2,27 3,28 2,53 2,45 2002 2,52 2,12 2,35 2,32 2,33 2003 2,47 1,98 2,54 2,23 2,41 2004 2,34 1,87 2,06 2,09 2,16 2005 2,08 1,66 1,92 1,87 2,12 2006 1,91 1,71 1,81 1,83 2,04 2007 1,90 1,52 1,70 1,71 1,93 2008 1,78 1,39 1,65 1,63 1,77 2009 1,96 1,58 1,77 1,78 1,85 2010 1,83 1,37 1,88 1,62 1,90 2011 1,64 1,38 1,68 1,56 1,73 2012 1,66 1,52 1,86 1,64 1,86 2013 1,82 1,69 1,94 1,77 2,01 2014 1,61 1,75 1,82 1,71 1,97 2015 1,87 2,28 2,01 2,06 2,20

Fonte: Microdados da Relação Anual de Informações Sociais. Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

Em relação à distribuição etária e composição por sexo do estoque de vínculos ativos dos colhedores de laranja, observamos pela Figura 7 que o cenário paulista apresentou nos anos de 2000, 2005, 2010 e 201550 vínculos masculinos mais expressivos e mais jovens do que os femininos.

No entanto, visualizamos que no caso dos homens há uma tendência de envelhecimento do estoque de colhedores dado que o grupo etário de 20 a 24 anos, em 2000, era majoritário e a pirâmide apresentava uma estrutura mais jovem, já em 2010 observamos a consolidação de uma pirâmide mais envelhecida aumentando a participação dos grupos de 25 a 29 anos, 30 a 34 anos e 35 a 39 anos. Destacamos ainda a diminuição gradativa do grupo etário de 15 a 19 anos de idade ao longo do período, particularmente entre 2000 e 2005.

50 A escolha pelo início dos quinquênios para a presente análise se justifica em decorrência de poucas variações

FIGURA 7 – Distribuição etária e por sexo dos vínculos ativos em 31/12 no ano de referência dos trabalhadores no cultivo de árvores frutíferas, Estado de São Paulo, 2000, 2005, 2010, 2015

Fonte: Microdados da Relação Anual de Informações Sociais. Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

No que se refere às mulheres notamos a manutenção da estrutura etária ao longo do tempo analisado, ao mesmo tempo em que se consolida a tendência de envelhecimento da mão de obra feminina, inclusive de forma mais acentuada que o caso masculino. Os grupos etários mais evidentes nas pirâmides são os de 25 a 29 anos, 30 a 34 anos e 35 a 39 anos, notamos ainda que a participação destes grupos aumentou em 2005 e 2010, já em 2015 os grupos etários de 40 a 44 anos, 45 a 49 anos e 50 a 54 anos aumentaram sua participação.

O arranjo urbano-rural regional da laranja apresenta estruturas etárias semelhantes ao cenário paulista, principalmente no caso dos vínculos masculinos. Conquanto, os vínculos femininos do arranjo apresentaram uma tendência mais marcada de envelhecimento do que no caso paulista. Assim se em 2000 observávamos a maior representatividade das faixas etárias de 25 a 29 anos, 30 a 34 anos e 35 a 39 anos, em 2015 é perceptível o crescimento da expressividade das faixas etárias de 50 a 54 anos e de 55 a 59 anos.

15 25 35 45 55 65 15 10 5 0 5 10 15 Idade Percentual Homens 2000 Mulheres 2000 Homens 2005 Mulheres 2005 Homens 2010 Mulheres 2010 Homens 2015 Mulheres 2015

FIGURA 8 – Distribuição etária e por sexo dos vínculos ativos em 31/12 no ano de referência dos

trabalhadores no cultivo de árvores frutíferas, Arranjo urbano-rural regional da laranja, 2000, 2005, 2010, 2015

Fonte: Microdados da Relação Anual de Informações Sociais. Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

As tendências de envelhecimento evidenciadas pelas Figuras 7 e 8 são possivelmente explicadas tanto pela manutenção pelos postos de trabalho da população alocada na colheita da laranja, ainda que existam os movimentos de admissão e demissão no período entressafra, quanto pelo processo de transição demográfica vivenciada por essa mão de obra.

As Figuras 9, 10, 11 e 12 apresentam as pirâmides etárias das sub-regiões do arranjo urbano-rural regional (DEMÉTRIO, 2017) nos anos de 2000, 2005, 2010 e 2015.

Em 2000 (Figura 9) os vínculos masculinos mais jovens se concentravam na sub- região de Limeira, particularmente destacam-se os grupos etários de 15 a 19 anos e 20 a 24 anos. Essa característica também foi encontrada nas pirâmides das sub-regiões de Araraquara/Matão e de Limeira. Além disso, as principais diferenças das sub-regiões no período analisado são referentes aos grupos etários mais jovens (15 a 19 anos) até os adultos (40 a 44 anos). 15 25 35 45 55 65 15 10 5 0 5 10 15 Id a de Percentual Homens 2000 Mulheres 2000 Homens 2005 Mulheres 2005 Homens 2010 Mulheres 2010 Homens 2015 Mulheres 2015

FIGURA 9 – Distribuição etária e por sexo dos vínculos ativos em 31/12 no ano de referência dos

trabalhadores no cultivo de árvores frutíferas, Sub-regiões do Arranjo urbano-rural regional da laranja, 2000

Fonte: Microdados da Relação Anual de Informações Sociais. Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

Em relação aos grupos mais velhos masculinos (45 anos ou mais) verificamos que no caso de Araraquara/Matão e Limeira há uma sobreposição da participação dos grupos etários, enquanto que Bebedouro apresenta uma população masculina um pouco mais envelhecida que as outras sub-regiões.

A sub-região de Limeira também é a que possuía vínculos femininos mais jovens (15 a 19 anos e 20 a 24 anos). As sub-regiões de Araraquara/Matão e Bebedouro apresentavam, em 2000, uma população feminina mais envelhecida que a de Limeira.

No ano de 2005 (Figura 10) notamos que em comparação a 2000 (Figura 9) ocorreu uma redução dos grupos etários masculinos mais jovens (15 a 24 anos) para todas as sub-regiões do arranjo, ao mesmo tempo em que a sub-região de Limeira permaneceu com a maior proporção de vínculos masculinos mais jovens, com destaque para o grupo etário de 20 a 24 anos. Já a sub-região de Bebedouro continuou com a maior representatividade de grupos etários mais velhos de 40 a 44 anos e 45 a 49 anos.

15 25 35 45 55 65 15 10 5 0 5 10 15 Id a de Percentual Homens (Bebedouro) Mulheres (Bebedouro) Homens (Araraquara-Matão) Mulheres (Araraquara- Matão) Homens (Limeira) Mulheres (Limeira)

FIGURA 10 – Distribuição etária e por sexo dos vínculos ativos em 31/12 no ano de referência dos

trabalhadores no cultivo de árvores frutíferas, sub-regiões do Arranjo urbano-rural regional da laranja, 2005

Fonte: Microdados da Relação Anual de Informações Sociais. Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010). Tabulações Especiais. Observatório das Migrações em São Paulo.

No caso dos vínculos femininos, percebemos que para os grupos etários acima dos 35 a 39 anos de idade todas as sub-regiões do arranjo apresentaram cenários semelhantes.

A sub-região de Araraquara/Matão, por sua vez, apresentou neste período maior proporção de vínculos femininos que as outras sub-regiões, o que indica uma maior entrada da