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BANCO DE ALISTAMENTO

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA E

5.1.1. Perfil socioeconômico

A situação socioeconômica e hábitos de vida foram investigados pro meio de um questionário semi-estruturado.

Em relação ao estado civil, foram encontrados 73% de indivíduos solteiros. A renda familiar variou de R$ 390,00 a R$12.000,00 sendo a mediana de R$ 1950,00. A renda per capita variou entre R$ 97,50 e R$ 3000,00 com mediana de R$ 500,00, sendo que 16% dos indivíduos adultos não participavam ativamente da renda familiar. A renda familiar pode ser pouco representativa, quando não se considera o tamanho da família, pois pode ocorrer que a receita familiar não seja suficiente, quando se considera o valor que é destinado individualmente. Portanto a renda per capita média é mais indicada.

Quando os indivíduos foram divididos em quartis de acordo com a renda per capita, observou-se que a amostra do estudo é bem distribuída e não houve diferença significante entre a prevalência dos estratos socioeconômicos (Tabela 1).

Segundo MONTEIRO (1995), a renda per capita está diretamente relacionada aos cuidados com a saúde, sendo que muitos diferenciais na saúde de uma população são reflexos das desigualdades sociais existentes.

Os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1989) indicaram relação direta entre a prevalência de excesso de peso e o poder aquisitivo (COITINHO et al., 1991; GIGANTE et al., 1997). Outros estudos, realizados no Brasil,

mostram associação inversa entre escolaridade e obesidade, principalmente, nas mulheres, tendência esta que acompanha a dos países desenvolvidos. Entre os homens, estes estudos confirmam as resultados da PNSN, tendo encontrada associação direta entre renda e prevalência de excesso de peso corporal (GIGANTE et al., 1997; FONSECA et al., 2006).

Tabela 1 - Variáveis socioeconômicas investigadas na vida adulta

Freqüência Aspectos socioeconômicos

N %

Renda familiar média

1º quartil 22 22

2º quartil 28 28

3º quartil 19 19

4º quartil 31 31

Renda per capita Média

1º quartil 22 22

2º quartil 21 21

3º quartil 29 29

4º quartil 28 28

No de cômodos por domicílio

3 2 2 4 6 6 5 11 11 6 18 18 7 12 12 8 15 15 9 15 15 > 10 21 21

Conforme se obsersve na tabela 1, 57% dos indivíduos se encontram no 3º e 4º quartis de renda per capita, o que pode explicar o nível de escolaridade encontrado, com prevalência de indivíduos com no mínimo, 2º grau completo (Gráfico 1).

Na região sudeste, a média de anos de estudo para homens com idade entre 25- 29 anos é de aproximadamente 9 anos, o que corresponde aproximadamente ao ensino médio completo (IBGE, 2005). No presente estudo, 82% dos indivíduos investigados tinham escolaridade igual ou superior a 9 anos, ou seja, encontravam-se na média ou acima do esperado para esta região.

O nível de instrução está relacionado também ao acesso destes indivíduos a melhores condições de saúde, oportunidades de trabalho e níveis salariais (SAITO,

1990). Segundo MONTEIRO (2001), no Brasil, a baixa escolaridade é um fator explicativo da obesidade, principalmente entre as mulheres.

FONSECA et al (2006), em estudo da escolaridade, renda e IMC em funcionários de uma universidade no Rio de Janeiro, observaram que a prevalência de obesidade variou de acordo com o nível de escolaridade, sendo mais alta nos de menor nível educacional. Entretanto, essa diferença foi mais expressiva entre as mulheres. Entre os homens, a prevalência variou de 19% para os que tinham até o primeiro grau completo, mas 15,8% para aqueles com 3º grau ou pós-graduação.

O estudo de MONTEIRO et al (2003), realizado sobre escolaridade e estado nutricional nas regiões Nordestes e Sudeste do país, apresentou tendência secular da obesidade segundo escolaridade. No primeiro período do estudo (1975-1989), o risco de obesidade foi ascendente em todos os níveis de escolaridade; no segundo (1989-1997), o aumento de obesidade foi máximo naqueles sem escolaridade, registrando-se estabilidade, ou mesmo diminuição nos estratos femininos de média ou alta escolaridade. Como resultado da tendência recente, também nos homens acentua-se a relação inversa, que já vinha sendo observada na população feminina.

A distribuição da escolaridade dos pais dos voluntários é apresentada na Tabela 2.

1 grau completo 1 grau incompleto 2 grau completo 2 grau incompleto 3 grau completo 3 grau incompleto

7 5 6 19 18 45 %

ESCOLARIDADE MÃE %

PAI %

Primeiro grau incompleto 51 55

Primeiro grau completo 13 12

Segundo grau incompleto - 2

Segundo grau completo 21 13

Terceiro grau completo 14 12

Terceiro grau incompleto 1 3

Não soube informar - 3

n = 100

Observou-se distribuição percentual semelhante para pais e mães em relação ao primeiro e terceiro grau completo e incompleto. Houve pequena variação em relação ao ensino médio, em que se encontrou maior percentual de mães com 2º grau completo. Embora não tenha sido observado nenhum caso de analfabetismo, a prevalência de indivíduos mais velhos, no caso os pais, que não possuem o ensino fundamental completo é relevante.

O nível de escolaridade parental tem sido descrita na literatura como possível determinante da sáude, relacionando principalmente o nível de escolaridade do chefe da família com o bem-estar dos demais membros e a escolaridade das mães com os cuidados com a saúde e higiene dos demais membros da família.

Em relação às condições de moradia, os indivíduos foram questionados primeiramente sobre o tipo de moradia, sendo observado que 17% moravam em apartamentos e os demais em casas. Entre os investigados, 82% tinham residência própria, 11 % pagavam aluguel e 7% moravam em local cedido, normalmente, pelos pais ou sogros.

O número de cômodos mediano, encontrado por residências foi, 8 sendo que a menor residência possuía apenas 3 e a maior 18 cômodos. Sua distribuição pode ser observada na Tabela 1. Todos os voluntários relataram ter, em sua residência, energia elétrica, água encanada e coleta de lixo e tratamento de esgoto.

Condições adequadas de moradia e saneamento são fundamentais para saúde e qualidade de vida dos indivíduos (IBGE, 2006). Os dados refletem a cobertura sanitária na região Sudeste do Brasil que, segundo o IBGE (2006), a partir dos dados da Pesquisa Tabela 2: Escolaridade da mãe e do pai dos voluntários estudados

respectivamente, para abastecimento de água potável, sistema de esgoto e fornecimento de energia elétrica.

Com relação à estrutura familiar, investigando o número de pessoas residentes por domicílio, encontrou-se valor mediano de 4 indivíduos por domicílio (mínimo:1; máximo:8). Este valor é muito próximo (3,4) ao da média de moradores, por domicílio, na região Sudeste, segundo Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (2005). A determinação do tamanho da família é importante, uma vez que se subentende maior divisão da renda em famílias numerosas e, conforme discutido anteriormente, a renda está fortemente relacionada ao estado nutricional dos indivíduos.

5.1.2. Antropometria e estado nutricional