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7.2 SEGUNDA ETAPA DA PESQUISA

7.2.1 Perfil dos Alunos Evadidos

7.2.1.1 Perfil socioeconômico

67% dos estudantes do curso são do sexo masculino e 33% feminino. Os brancos são 48%, os pardos 45% e os pretos 7 %. A maior parte desses alunos é solteiro (71%) sem filhos (81,3%) e a escolaridade das mães (32%) e dos pais (27,4%), em sua maioria, é de ensino médio completo, como se pode verificar nos gráficos abaixo.

Fonte: pesquisa de campo.

33%

67%

Gráfico 2 - Sexo dos respondentes

Feminino Masculino

Fonte: pesquisa de campo.

Fonte: pesquisa de campo.

Tinto (1975) traz a existência de motivos diferentes de abandono universitário a depender do sexo do aluno. No entanto, esse teórico chama a atenção para o fato de que geralmente quando ocorrem saídas por parte dos homens são em sua maioria por meio do que ele denominou de “demissões acadêmicas” (desligamentos por parte da instituição), enquanto que as mulheres são por meio de saídas voluntárias (desistência/desvínculo), o que pode ser um indicativo de maior compromisso com o objetivo de se graduar por parte das mulheres se comparado com os homens. Tinto (1975) chama atenção ainda para o fato de o abandono universitário estar relacionado mais ao desempenho acadêmico e ao desenvolvimento intelectual, por isso, afetando-os de formas distintas.

O curso de Agronomia, historicamente, por ser integrante das engenharias agrárias, existia uma predominância do sexo masculino e da etnia branca na composição de seus alunos. Os dados coletados nesses questionários mostram uma mudança nesse sentido havendo um

48% 45%

7%

Gráfico 3 - Cor/raça dos respondentes

Branca Parda Preta 21% 71% 8%

Gráfico 4 -Estado Civil dos respondentes

Casado(a) Solteiro(a) União estável

equilíbrio maior nessa composição, tendo em vista que a raça mais frequente se mostrou ser a de não brancos (pretos e pardos= 52%) superando um pouco a de brancos (48%). Isso reforça a teoria de Ristoff (2013) ao afirmar ter havido uma mudança no perfil dos alunos da IFES após o movimento de expansão universitária iniciado na década de 90 que somado às políticas raciais e de cotas possibilitou a democratização de acesso ao ensino superior público no país.

Dentre as outras características socioeconômicas, Spady (1970) destaca a formação

acadêmica dos pais dos estudantes evadidos. Ele relaciona a taxa de permanência dos alunos

a esse atributo, pois segundo ele, estariam mais propensos a concluir os estudos filhos de pais com nível superior de ensino por darem mais apoio/suporte aos filhos para a conquista da diplomação. No entanto, ele faz uma ressalva ao afirmar que isso poderia interferir mais na decisão de ingresso do que permanência do estudante.

Com relação à situação financeira, na época da saída, mais de 60% dos estudantes possuíam uma renda familiar baixa de até 3 salários mínimo; 59,5% moravam com os pais e não trabalhavam (59,5%), apesar de uma parcela significativa exercer algum vínculo empregatício (40,5%), como se pode verificar nas tabelas e gráficos abaixo.

Tabela 5- Renda Familiar

Frequência %

Menos de 1 salário mínimo 7 9,3

1 salário mínimo 12 16,0

2 a 3 salários mínimos 31 41,3

4 a 5 salários mínimos 13 17,3

6 a 7 salários mínimos 6 8,0

8 ou mais salários mínimos 5 6,7

NS/NR 1 1,3

Total 75 100,0

Fonte: pesquisa de campo.

59,5

4,1 28,4

2,7 5,4

Gráfico 5- Situação de moradia.

Fonte: pesquisa de campo.

Esses dados podem sugerir a existência de alunos de baixa renda com possíveis problemas de conciliação de demandas acadêmicas com profissionais ou pessoais (hipótese reforçada na análise das entrevistas) devido a necessidade de realizar atividades para oportunizar sua permanência na universidade (tida como maior dificuldade em sala de aula). Também podem explicar o pouco tempo dedicado aos estudos expresso pelos alunos mais à frente (expectativa de diplomação)

Ainda sobre a relação do trabalho no processo de desgaste dos alunos no ensino superior, Bean (1987) traz a reflexão de que estudantes não tradicionais, ou seja, aqueles que necessitam conciliar o emprego com a vida acadêmica apresentam uma maior taxa de abandono se comparado aos alunos tradicionais. O modelo teórico proposto por Bean e Metzner (1985) vem então para explicar os motivos de desgaste desses alunos não tradicionais. Para esses autores, eles estariam pautados basicamente em quatro variáveis: o reflexo da base escolar no desempenho acadêmico dos estudantes; fatores de cunho psicológico que interferem no desempenho acadêmico e consequentemente na sua intenção de saída; a base escolar afetando no desempenho e nos objetivos educacionais e, por último, fatores ambientais externos, como por exemplo responsabilidades familiares, finanças ou problemas pessoais (BEAN, 1987)

Com relação à formação escolar dos alunos, mais da metade deles fez o ensino médio totalmente em escola privada (51,4%), no entanto, um percentual também expressivo desses discentes (39,2%) estudou totalmente em escola pública, conforme o gráfico 6.

Fonte: pesquisa de campo

4,1 5,4

51,4 39,2

Gráfico 6- Tipo de escola

Maior parte em escola privada Maior parte em escola pública Totalmente em escola privada Totalmente em escola pública

Detalhando um pouco mais sobre o perfil do discente iniciante no curso, conforme a tabela 6 abaixo, a média de idade de ingresso, no período estudado, foi de 23,9 anos, ou seja, representado por jovens.

Tabela 6- idade no ano de ingresso

Média 23,93

Mediana 20,00

Moda 18

Desvio padrão 9,862

Fonte: pesquisa de campo

Quanto a esse tributo, Bean (1987) avalia que estudantes mais velhos desistem com uma menor frequência que alunos mais jovens. Para ele, uma das justificativas seria a maturidade do indivíduo de mais idade, que pauta sua decisão sem a pressão da escolha de uma primeira graduação e em informações mais completas e condizentes com a realidade do curso. No caso desse grupo de alunos investigados, isso pode ser uma justificativa, uma vez que se percebe uma idade jovem nos evadidos do curso.

Sobre a repercussão exercida pelos atributos presentes nos alunos como: sexo, idade, cor/ raça, renda familiar, estado civil, Tinto (1982) alerta e traz a necessidade de maiores estudos sobre isso, pois as pesquisas até então não haviam chegado a conclusões significativas. Segundo esse teórico, não só é necessário entender essas características pessoais dos indivíduos de forma estanque, mas também compreender as suas perspectivas e estímulos acadêmicos. Isso porque essas variáveis estariam diretamente ligadas ao nível de comprometimento do estudante com uma instituição de ensino bem como com sua disposição em concluir os estudos. E esse é o entendimento desse estudo.

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