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4 MARCAS GRÁFICAS TURÍSTICAS DE CIDADE

4.2 PERFIL TURÍSTICO DA MARCA RIO DE JANEIRO

Dentro do mercado turístico, a cidade Rio de Janeiro vende atrações, produtos, serviços e eventos; belezas naturais, futebol, samba, carnaval, música, praias, arquitetura, cultura e geografia privilegiada. A região central da cidade guarda características históricas, especialmente demarcadas pela arquitetura de prédios antigos e famosos, como as instalações da secular confeitaria Colombo e o recém-reformado estádio de futebol Maracanã, que foi fundado no ano de 1950.

A cidade Rio de Janeiro dispõe ainda de condições naturais e urbanas para atender nichos específicos de mercado, oferecendo, por exemplo, condições para a realização de shows e eventos de diferentes modalidades culturais, artísticas e esportivas. Trata-se de um dos centros turísticos latino-americanos de maior referência mundial. Contudo, a cidade Rio de Janeiro não apresenta uma marca gráfica, que seja especificamente turística.

Pelo que foi estudado e aqui apresentado, a cidade Rio de Janeiro dispõe de um nome forte que, historicamente, é associado ao turismo mundial. Trata-se de um território geográfico e cultural peculiar, muito admirado e frequentado. Portanto, a cidade conta com uma imagem de marca já reconhecida, que está em constante evolução nas mentes do público mundial.

Ao estudar as marcas gráficas institucionais e comerciais associadas à cidade Rio de Janeiro, Perrotta (2013) classifica os elementos visuais desses símbolos em cinco categorias figurativas: (1) Pão de Açúcar, (2) Corcovado e Cristo Redentor, (3) Calçadão de Copacabana, (4) ícones diversos, e (5) Sol e Mar. Assim, como ocorre nos conjuntos de marcas gráficas em geral, também, é observada a presença de elementos e da estilística Heráldica, especialmente quando as marcas são alusivas a brasões ou bandeiras.

Por sua vez, Lima (2013) classifica as marcas relacionadas à cidade Rio de Janeiro de acordo com o que é diretamente representado pela marca, indicando onze categorias: (1) concursos, congressos, encontros, eventos, feiras, premiações e seminários; (2) agremiações, albergues, associações, certificações, clubes, federações, grupos, igrejas, programas, selos e sindicatos; (3) cooperativas, obras sociais, ONGs e órgãos públicos; (4) acessórios, bares e restaurantes, galerias de arte, lanchonetes, shopping centers, supermercados e vestuário; (5) academias, arquitetura, artesanato, comunicação e publicidade, design, escolas e serviços; (6) centros culturais, espaços públicos, museus e parques; (7) guias, jornais, publicações e revistas; (8) albergues, centros

comerciais, centros médicos e edifícios; (9) hot sites, portais e websites; (10) carnaval, entretenimento, peças, programas, produção cultural e teatro; (11) artigos esportivos, esportes, maratonas e olimpíadas.

Na iconografia das marcas gráficas, percebe-se a interação entre negócios e eventos que ocorrem na cidade Rio de Janeiro e os ícones culturais que expressam sua identidade. Perrotta (2013) assinala que as imagens representativas do conjunto dos elementos geográficos composto pelo morro Pão de Açúcar e Morro da Urca são as mais recorrentes na composição das marcas gráficas relacionadas à cidade Rio de Janeiro.

As obras arquitetônicas e urbanísticas relacionadas à geografia também são as mais recorrentes nas marcas gráficas associadas à cidade Rio de Janeiro, destacando-se as imagens das obras Corcovado e Cristo Redentor. Imagens dos desenhos que caracterizam o Calçadão de Copacabana também aparecem, com menor frequência. Para Perrotta (2013) esses desenhos da calçada confirmam “no imaginário de cariocas e turistas, as ondas do mar”, sendo igualmente usados em “estamparias, bordados e fundos, em todo tipo de material ou superfície, e especialmente em suvenires para turistas”.

Além dos elementos naturais e arquitetônicos já citados como os mais recorrentes nas marcas gráficas relacionadas à cidade Rio de Janeiro, Perrotta (2013) indica também as representações do sol e do mar, como ícones que ocupam a quinta posição entre os observados nas marcas gráficas relacionadas à cidade. Apesar de sua exuberante vida noturna e de sua cultura cosmopolita, Rio de Janeiro deve ser considerada entre as cidades solares e praianas, porque ainda cumpre sua perene vocação de cidade balneária. A característica solar influencia diretamente o estado de humor e a dinâmica da população pela proximidade do mar, a vivência nas praias, o calor, e a cultura festiva com “carnaval, futebol, alegria e simpatia; botequins, chopp, caipirinha e feijoada; chinelos de borracha, bermuda e biquíni”.

Perrotta (2013) indaga se o imaginário sobre a cidade estaria mais associado às características da cidade ou de seu povo. Porém, essas duas realidades são diretamente interativas, sendo a cidade um espelho do povo e vice e versa. Trata-se de uma “metrópole internacionalizada” reconhecida “por seus monumentos naturais” e pelas características próprias de seu povo.

A constante recorrência das imagens dos ícones naturais e urbanos vulgarizam sua existência. Porém, para Perrotta (2013) essa recorrência promove a associação imediata entre o público em geral, moradores e visitantes, e a cidade, mesmo que a representação gráfica

desses elementos nem sempre sejam claras o suficiente para serem reconhecidas pelo público estrangeiro, pois as representações gráficas mais recorrentes, o conjunto dos morros Pão de Açúcar e Morro da Urca, costumam ser tratadas para também representar corações ou gravatas-borboletas, entre outras possibilidades.

Além do excesso de ícones naturais e culturais diretamente relacionados com a cidade, a necessidade de representar negócios ou eventos particulares, também, impõe a inserção de outra série diversificada de ícones, como corações ou gravatas, nas composição das marcas gráficas associadas à cidade Rio de Janeiro.

A diversidade simbólica e a expressão dessa diversidade nas marcas gráficas indicam a multiplicidade que caracteriza a cidade Rio de Janeiro como campo de cultura multifacetada. Isso também caracteriza outras cidades de destaque no panorama mundial, como uma miscelânea de apelos sócio-políticos, culturais e geográficos. Assim como nas marcas gráficas relacionadas com a cidade Rio de Janeiro, o fenômeno também é expresso na variedade de símbolos que são materializados para serem comercializados como lembranças ou souvenires.

Além dos ícones naturais e arquitetônicos mais recorrentes, os souvenires representam temas menos comuns como: capoeira, favela, pandeiro, caipirinha, e imagens das obras do artista Debret, que esteve na cidade como integrante da Missão Francesa de 1816. Visando os jogos Pan Americanos de 2007, na mesma linha dos produtos temáticos, foi produzido um colar com miniaturas representando o fruto coco, chinelos de praia, raquetes de frescobol, calção de banho e chinelo de praia, entre outros ícones (PERROTTA, 2013).