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CAPÍTULO VI. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS TRIAXIAIS AMOSTRAS CIMENTADAS ARTIFICIALMENTE

LISTA DE SÍMBOLOS

3.1. Área de Estudo

3.2.5. Perfis Tipo

Ao longo da área estudada foram observados três perfis tipo (Figuras 3.10 a 3.12). O primeiro é um talude vertical ao longo de toda a altura da falésia (Figura 3.10). O segundo apresenta a parte inferior vertical e a parte superior com inclinação em torno de 45° a 60° (Figura 3.11). O terceiro apresenta-se inclinado a partir da base da encosta, formando um ângulo em torno de 40° a 50° com a horizontal (Figura 3.12).

Além dos perfis tipo, característicos, principalmente dos trechos Norte e central, verifica-se a presença de perfis inclinados formando ângulos menores do que 30° com a horizontal, presentes no trecho Sul e que, eventualmente, estão cobertos de dunas eólicas que se prolongam até a praia e são bastante sujeitos a erosão pluvial, quando não vegetados.

68 Figura 3.10. Perfil tipo I (Santos Jr. et al., 2008)

O perfil tipo I mostrado na Figura 3.10 apresenta elevada susceptibilidade à ocorrência de quedas e tombamentos de materiais. Os taludes verticais também estão susceptíveis a escorregamentos na parte superior da encosta. Nesse tipo de perfil, é comum a ocorrência de fendas verticais que, durante a época das chuvas, são preenchidas com água. Essa água, além de provocar a diminuição da resistência ao cisalhamento, exerce empuxo em parte do maciço que poderá sofrer movimentos de massa.

Figura 3.11. Perfil tipo II (Santos Jr. et al., 2008)

O perfil tipo II, representado na Figura 3.11 é susceptível a ocorrência de quedas e tombamentos do material da parte inferior pelo fato de possuir talude vertical nesse setor. A parte superior pode sofrer escorregamentos pela falta de confinamento na base do talude e erosão na face inclinada superior.

69 Figura 3.12. Perfil tipo III (Santos Jr. et al., 2008)

O perfil tipo III (Figura 3.12) apresenta-se mais estável, no entanto podem sofrer escorregamentos e erosão na face do talude. Nesse perfil, o processo de instabilização está associado à infiltração de água de chuva no solo, provocando a redução da sucção matricial e, por conseguinte, a redução da resistência ao cisalhamento do material da encosta.

Qualquer um dos perfis tipo pode sofrer a ação do mar na sua base, isto é mais evidente, naquelas falésias que não contam com a proteção dos arenitos de praia, situados entre a linha de maré baixa e alta, que absorvem grande parte da energia cinética das ondas e servem de barreira natural ao impacto direto das mesmas sobre a base das falésias. O processo erosivo, que dá origem aos diferentes perfis parece ser contínuo, sendo o perfil tipo II a etapa seguinte ao perfil tipo I e o perfil III a etapa seguinte ao perfil II, que eventualmente, por ação do mar em sua base, retornará a situação do perfil I, só que mais recuado em direção ao continente.

As descontinuidades no maciço provenientes de planos de estratificação, falhas, fraturas e contatos geológicos mergulhando em direção ao talude também se constituem em fatores importantes, uma vez que as rupturas de maciços são condicionadas por tais descontinuidades. Juntas de alívio de tensões subverticais paralelas à crista da encosta tornam-na susceptível a sofrer quedas, tombamentos e escorregamentos. Isso ocorre principalmente associado à pressão exercida pela água que preenche a junta e atua no sentido de expulsar o bloco do talude (Santos Jr. et al., 2008).

70 3.2.6. Considerações Gerais Sobre a Dinâmica das Falésias em Tibau do Sul

Os escorregamentos podem ser induzidos pela perda de resistência do solo devido ao aumento do teor de umidade, conforme evidenciado pelos resultados dos ensaios de cisalhamento direto (Severo, 2005). À medida que a frente de umedecimento avança no solo, ocorre a diminuição da sucção e, por conseguinte, o decréscimo da coesão. Assim, taludes que permaneciam estáveis com baixo teor de umidade podem romper após um longo período de chuva. Embora a redução da coesão seja comum na maioria dos solos, durante o umedecimento, observou-se que para algumas amostras estudadas, o decréscimo da coesão foi da ordem de 80% (Severo, 2005), quando inundadas, diminuindo significativamente a estabilidade das falésias.

Esses escorregamentos estão de acordo com o mecanismo observado nas encostas de solos não saturadas da cidade de Salvador por Menezes e Campos (1992), por Anjos e Carvalho (1997) na cidade de Maceió; Bandeira (2003), Coutinho et al. (2006) e Silva (2007), nas encostas da Formação Barreiras na região metropolitana do Recife. Esse mecanismo permite explicar o fato de ocorrerem com maior freqüência rupturas em taludes com inclinações menores que outros mais íngremes. O fato é que os taludes mais íngremes favorecem o escoamento superficial, enquanto que nos outros ocorre infiltração. Assim, nos taludes mais íngremes são mantidos os efeitos estabilizantes da sucção (Santos Jr., 2005).

Santos Jr et al. (2009) relataram que a estabilidade das encostas é muito aumentada pela presença de camadas com cimentação ferruginosa no corpo da falésia (Severo, 2007d). Quando ocorre uma ruptura, o material proveniente da instabilização passa a fornecer proteção à base da falésia. Esse material de proteção pode ser removido pelas ondas e incorporado à deriva litorânea. Em algumas situações, o material proveniente das rupturas é formado por blocos de arenito ferruginoso de forma que a força das ondas e das correntes não é suficiente para removê-los. Dessa forma, o depósito de tálus formado passa a constituir uma importante forma de proteção contra a erosão costeira.

A condição da estabilidade das falésias é agravada quando a água do mar atinge a sua base. Nesses casos, pode ocorrer a formação de incisões no sopé da encosta

71 e levar ao solapamento das camadas superiores. A ação do mar favorece de forma expressiva a ocorrência de movimentos dos tipos quedas, tombamentos e escorregamentos de maiores proporções. Isto ocorre, principalmente, quando as falésias não contam com a proteção dos arenitos de praia. Esta ação da água no sopé da falésia é facilitada pelo fato de que o solo da base no sub-WUHFKR³1´pGLVSHUVLYRFRQIRUPH observou Severo (2007c) ao estudar o comportamento dos solos do topo, do meio e da base das falésias na região de Tibau do Sul - RN.

Nascimento (2009) estudou o comportamento de um trecho de falésia no litoral oriental sul do RN ao longo de cinco anos. Realizando levantamentos periódicos da base GDV IDOpVLDV SRU PHLR GH '*36 ³'LJLWDO *OREDO 3RVLWLRQ 6\VWHP´. Os resultados mostraram a ausência de deslocamentos na linha de costa naqueles trechos onde havia blocos de arenitos ferruginosos.

Portanto, falésias verticais apresentam queda de blocos, tombamentos e escorregamentos do material existente na parte superior da encosta. Taludes com LQFOLQDomR YDULDQGR GH Û D ƒ DSUHVHQWDP HURVmR VXSHUILFLDO H SRGHP VRIUHU escorregamentos. Taludes com inclinações menores do que 30° sofrem a ação da erosão pluvial mais intensa, quando não protegidos pela vegetação e a presença de arenitos ferruginosos na praia fornece uma proteção à falésia contra a ação do mar na sua base.