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COGNIÇÃO ESPACIAL COGNIÇÃO NÃO ESPACIAL ARTIGOS TEÓRICOS E METODÓLOGICOS RELACIONADOS A AMBOS OS CONCEITOS TOTAL Environment and Behavior N= 36 N= 4 N= 4 44 Journal of Environmental Psychology N= 55 N=4 N= 0 59 TOTAL 91 8 4 103

Conforme pode ser observado na Tabela 4, a grande maioria dos artigos presentes nestes periódicos se refere à cognição ambiental do tipo espacial, nos quais diversos temas e variáveis são relacionados a tarefas de localização e/ou representação por meio de mapas mentais. A tabela apresenta artigos que buscam identificar diferenças entre variáveis pessoais como sexo, (Webley,

1981) idade (Cornell & Hay, 1984), familiaridade com o ambiente (Moeser, 1988), habilidades cognitivas (Kovach, Surrette & Aamodt, 1988) e variáveis ambientais como o tipo de sinalização (O‟Neil, 1991) e tipo de ambiente (Evans & Mccoy, 1998). As formas como estas variáveis são combinadas são as mais diversas, porém o desenho experimental e o uso de mapas cognitivos é muito freqüente. A cognição ambiental do tipo não espacial, ainda que menos freqüente, aparece relacionada a temas bem diversos como, por exemplo, preferência por ambientes (Cohen & Trostle, 1990), representação mental de ambientes (Cagri, 2007) e representações acerca das características do ambiente, como aspectos ambientais que causam insegurança (Blobaum & Hunecke, 2005).

Este levantamento foi realizado para ilustrar empiricamente que este é um campo de pesquisa muito amplo e diversificado, com estudos que formam um bom arcabouço teórico para

compreender, principalmente, como as pessoas se localizam nos ambientes. Pesquisas relacionadas às representações construídas acerca de problemas ambientais são menos freqüentemente ligadas a este conceito. Neste sentido, serão feitas algumas considerações acerca dos motivos do emprego da cognição ambiental no presente estudo.

Uma característica das pesquisas em psicologia ambiental é o foco da atenção tanto na pessoa que utiliza e transforma o ambiente quanto no próprio ambiente (Moser, 2005). Partindo deste ponto é coerente pressupor que estudar cognição ambiental implica em reunir os processos perceptivos-cognitivos acerca do mundo físico natural bem como os processos perceptivos- cognitivos no que se refere ao meio social.

Aí se instala o desafio. É possível fazer esta reunião? Que implicações metodológicas e teóricas estão envolvidas? Talvez um consenso acerca destas questões não seja viável nem válido, porém é preciso saber e mostrar de onde se está partindo. Neste trabalho compartilha-se o seguinte

“A interlocução inter áreas do conhecimento, e intra-área da própria psicologia, tem se mostrado como a única saída possível para fazer avançar a ciência e, como conseqüência, seu significado social” (Günther, Pinheiro e Guzzo 2004, p.7):

Nesta revisão de literatura, áreas diferenciadas na psicologia tais como psicologia do

desenvolvimento, psicologia social e psicologia ambiental, foram visitadas a fim de buscar bases de discussão sobre como se dá o entendimento da conservação e/ou transformação de áreas verdes. A psicologia ambiental, desde seus primórdios, estabeleceu uma estreita relação com a psicologia social e com a psicologia do desenvolvimento.

A relação entre a psicologia social e a psicologia ambiental é freqüentemente observada no estudo de comportamentos pró-ambientais, de forma que a psicologia ambiental utiliza técnicas e pressupostos da psicologia social a fim de investigar quais são as bases destes. Os comportamentos e construtos típicos da psicologia social como crenças, atitudes e normas sociais são amplamente utilizados como preditores do comportamento pró-ambiental (Corral-Verdugo, Tapia, Frías, Fraijo & González, 2009).

A relação da psicologia do desenvolvimento com a psicologia ambiental pode ser observada em três perspectivas de estudo, na influência do ambiente no desenvolvimento; em como o ambiente é percebido e organizado por crianças e adolescentes; em como a construção do conhecimento sobre os fenômenos ambientais influencia o comportamento pró-ambiental ao longo do desenvolvimento (Correa e Ruiz, 2008; Evans, 2006).

Feitas tais considerações, cabe pontuar que, na perspectiva da psicologia ambiental, existe uma relação de mão dupla entre pessoa e ambiente, que é possível estudar os componentes desta relação de maneira separada, mas seu entendimento integral só se dá na reunião destes componentes. Estes paradigmas são condizentes com o entendimento de Piaget acerca da relação entre sujeito e objeto e dos fatores necessários ao desenvolvimento. Os processos cognitivos se desenvolvem na interação

entre sujeito e objeto de forma que olhar apenas um destes aspectos promove uma visão distorcida dos mesmos. Da mesma forma ao estudar os comportamentos ou intenções comportamentais perante as questões ambientais deve ser considerada a interação das pessoas com tais questões sem privilegiar os aspectos endógenos ou exógenos das pessoas, mas sim a relação entre eles.

Neste trabalho, almeja-se identificar como se dão os processos cognitivos acerca do meio ambiente natural que guiam as ações sociais de transformações dos ambientes naturais em

ambientes construídos. As contribuições da psicologia do desenvolvimento, associadas à psicologia social e somadas a perspectiva da psicologia ambiental nos permite a definição de um conceito de cognição ambiental que será admitido neste trabalho como a base teórica que investiga o

entendimento e as justificativas acerca da conservação e/ou transformação de áreas florestais.

A cognição ambiental, neste estudo, será entendida como um processo por meio do qual são formadas categorias de pensamento que apreendem em uma fusão as dimensões físicas e sociais dos espaços. Tais categorias se estruturam em representações e embasam ações e atitudes. As

representações podem ser ampliadas e modificadas a partir das experiências e as categorias de pensamento formadas no processo de cognição ambiental vão do nível operatório ao nível formal, ou seja, do simples ao complexo.

Vale ressaltar que a definição de cognição ambiental sugerida acima considera a dimensão gradual do desenvolvimento proposta por Piaget (1937/1975), de forma que o desenvolvimento da cognição ambiental se dá mais no nível qualitativo de compreensão das relações do que no nível quantitativo de soma de informações.

A cognição ambiental reúne processos cognitivos tais como:

a) Reversibilidade b) Causalidade.

d) Categorização. e) Crenças.

Cada um desses processos está diretamente relacionado com os mecanismos perceptivo- sensoriais individuais e com os estímulos externos, bem como com a capacidade do indivíduo em equilibrar as assimilações e acomodações e coordenar suas ações na interação com os objetos. De forma que a experiência nos espaços tem dimensões individuais, culturais e ontogênicas. (Aragonés, 2002; Cole & Scribner, 1974).

Admite-se que o processo de cognição ambiental é uma faceta importante da relação da pessoa e seu contexto. A fim de complementar o entendimento acerca das relações das pessoas com as questões ambientais, nas sessões seguintes serão apresentadas e discutidas abordagens a respeito das problemáticas ambientais e como têm se desenvolvido os estudos acerca dos comportamentos pró-ambientais ou ecológicos na perspectiva da psicologia ambiental.