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Perspectiva de um especialista da equipe técnica do Fundo Clima Brasileiro

Capítulo 3. Fundo Nacional do Clima: Avaliação da Experiência Brasileira

3.5. Perspectiva de um especialista da equipe técnica do Fundo Clima Brasileiro

O Fundo Nacional sobre Mudanças do Clima Brasileiro, projecto-lei nº 3.820/2008 que altera a lei nº 9.478/1997, serve de fonte de recursos para o Plano e Política Nacional do clima. Esse fundo apropria-se de parte da receita da extração do petróleo para redirecionar os recursos para os trabalhos do fundo clima, com isso espera-se reduzir ou acabar com os danos ambientais da actividade petrolífera advindos da emissão de gases com efeito de estufa e ajudar no combate às consequências das alterações do clima.

O Fundo do Clima brasileiro mostrou-se um sucesso de implementação, com uma lei robusta e bem delineada, mas como está a dar seus primeiros passos na operacionalização, ainda há muito a ser feito e corrigido. O Planejamento mínimo gerou uma série de deficiências no funcionamento do fundo e que está a ser revisto e aperfeiçoado, para assim reforçar as bases estruturais do fundo.

Segundo Délio Noel Gomes de Carvalho, especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Fundo Clima, as necessidades de financiamento para uma transição para a economia verde são grandes e nenhum país está preparado financeiramente para isso. Indagado sobre o diferencial do fundo clima em comparação com outros instrumentos de combate a essa problemática, ele analisa o fundo como um fundo temático, voltado para a mitigação e adaptação e com foco específico na adaptação. Os outros fundos são mais “genéricos”, já o fundo clima seria mais específico e com uma maior exigência nos projectos de uma ligação precisa com os objectivos de mitigação e adaptação do fundo. No que diz respeito aos factores de risco para o Fundo são apontados como factores exógenos porque os trabalhos seguem

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intensos e só depende do nível de importância da temática no plano nacional e internacional. A eficácia do Fundo também foi posta em causa, de acordo com o relatório 2011, foi verificado no presente estudo que ocorreu preocupação em executar o orçamento anual e não devidamente ter o cuidado com a qualidade e repercussão dos projetos, mas mesmo assim segundo o especialista consultado, houve a apresentação de 130 projetos dos quais somente um grupo de 20 foi seleccionado devido a ligação mais apropriada aos objectivos declarados pelo Fundo do Clima. E segundo o especialista, o fundo não estaria voltado apenas para o uso de recursos, a distinção do fundo com os dos demais instrumentos é que “eles” (os que trabalham no fundo) querem fazer a diferença deles na ação. O trabalho conjunto com a sociedade civil e empresarial é importante para que as ações previstas no Plano Nacional sobre Mudanças do Clima sejam cumpridas. O Fundo seria um marco inicial para muitos outros projetos na área ambiental no Brasil.

Outro ponto que merece importância para análise da eficiência do fundo foi o peso da burocracia na sua operacionalização. Este é sempre um problema na gestão pública. Segundo o especialista consultado, a área jurídica sobretudo apresenta um dos maiores entraves para o exercício de algumas funções do fundo, mesmo este apresentando uma lei mais flexível. A burocracia no repasse dos recursos também é um empecilho assinalado pelo especialista consultado na pesquisa. Outro entrave é a equipe de trabalho ser pequena, com menos de dez pessoas, o que é pouco para a dimensão do fundo, mas as expectativas são boas pelo menos no que diz respeito à atuação da equipe técnica. A questão da busca pelos indicadores para acompanhamento dos projetos/estudos do fundo clima estão a ser desenvolvidos, para serem avaliados os ganhos que estão a ser feitos para o bem do meio ambiente e para a sociedade.

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CONCLUSÃO

A questão das alterações climáticas é um grande desafio aos países em vias de desenvolvimento. As metas de desenvolvimento e redução da pobreza são afectadas. Portanto, ações de adaptação e mitigação são necessárias. Países, como o Brasil incluíram ações dessa natureza no Plano Nacional e criou-se o Fundo Clima.

De acordo com as pesquisas e análises efetuadas, concluímos que o Fundo Nacional do Clima é um instrumento valioso para o meio ambiente brasileiro. No caso, a mitigação também deve ser levada em consideração para os esforços de adaptação não serem tão onerosos. Um maior financiamento dos países ricos, a provisão internacional em atividades específicas com elementos de conhecimento, técnica, logística, de transferência de capacidades, além de respostas integradas com organização e apoio financeiro para uma resposta mais imediata e eficaz, são pontos de recomendação para a política climática no Brasil e no mundo.

Com essas medidas o “apartheid da adaptação” poderá ser evitado. Esse apartheid, segundo Stern, separa os países ricos com capacidade financeira para adaptar- se às alterações do clima, dos países pobres incapazes de protegerem-se das adversidades das alterações do clima e que não possuem recursos financeiros e tecnológicos para o fazerem.

Face a pesquisa desenvolvida, avalio os resultados do Fundo como positivos e é a base para projectos maiores. É um Fundo com operacionalização recente e que apresenta as fragilidades do início de actividade, mas que estão a ser solucionadas. Esse estudo possibilita uma investigação futura acerca dos planos setorias de adaptação e mitigação que avaliei como interessante no âmbito do Fundo Clima.

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Instituto Camões: http://www.institutocamoes.pt/lextec/por/domain_1/text/20689.html

Jornal o Globo: http://br.noticias.yahoo.com/vamos-precisar-cinco-planetas-terra-diz-sha- zukang-013933190.html

Ministério do Meio Ambiente: http://www.mma.gov.br/

Protocolo de Quioto:

http://europa.eu/legislation_summaries/environment/tackling_climate_change/l28060_pt.htm

Relatório Brundtland: http://conspect.nl/pdf/Our_Common_Future- Brundtland_Report_1987.pdf

UNDP: http://www.undp.org/content/undp/en/home.html

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ANEXOS

Anexo 1. Tabela de projetos aprovados 2011

Total orçamentário de projectos: R$ 30.922.747,70

Fonte: MMA, enviado pelo especialista Délio Carvalho, 2011

PROJETO UF REPASSE

1 - Prefeitura Municipal de Petrolina

(SICONV - 760308/2011) Implantação de unidade produtiva de biomassa PE R$ 1.116.624,00 2 - Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico – PI (SICONV – 766282/2011)

Transferência de tecnologia: Implantação de UDT – Unidades Demonstrativas Tecnológicas de Secador Solar Móvel nos municípios de Campo Maior e Coivaras

PI R$ 564.300,00 3 - REDEH – Rede de Desenvolvimento Humano

(SICONV – 764215/2011)

Expansão da REDE Adapta Sertão para os quatorze municípios do território da Bacia do Jacuipe, região semi-árida da Bahia, como estratégia de adaptação a mudança do clima e segurança alimentar para o/a agricultor/a familiar

RJ R$ 2.204.680,00 4 - Fundação de Desenvolvimento Sustentável do

Araripe (SICONV – 762009/2011)

Difusão de tecnologias e Utilização Múltipla Integrada e Sustentável dos Recursos Naturais, para melhoria da segurança hídrica, alimentar, energética e melhor convívio com o semiárido, contribuindo com tecnologias para adaptação e mitigação das mudanças climáticas

CE R$ 775.872,00 5 -

Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade – PE (SICONV – 760850/2011)

Implantação de Módulos de Manejo Sustentável da Agrobiodiversidade para o

Combate à Desertificação no Semiárido Pernambucano PE R$ 2.443.860,00 6 -

Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Sergipe – SE (SICONV – 760728/2011)

Sergipe combatendo a desertificação em assentamentos e comunidades com

mecanismos e tecnologias sociais SE R$ 2.071.170,00 7 -

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Ceará – EMATERCE (SICONV – 761804/2011 )

Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Assentamento Mandacaru com a Integração de Tecnologias de Convivência com o Semiárido e preservação dos Recursos Naturais.

CE R$ 577.574,92 8 - Prefeitura Municipal de Irauçuba – CE (SICONV – 760482/2011) A vida a favor da preservação e do reflorestamento - implantação de 11 (onze) viveiros de mudas CE R$ 120.263,00 9 -

Fundação Cearense de Metereologia e Recursos Hídricos – CE

(SICONV – 761788/2011)

Recuperação de área degradada em processo de desertificação na sub-bacia

hidrográfica do riacho do Brum no município de Jaguaribe-CE CE R$ 198.873,00 10 -

Associação de Desenvolvimento de Produtos da Socio-Biodiversidade – Fitovida (SICONV – 760404/2011)

Conservação e Uso Econômico Sustentável da Biodiversidade para Produção

de Matéria prima e Bioprodutos em Municípios da Caatinga Potiguar RN R$ 522.592,80 12 - Secretaria de Comunicação – PR

(02000.001683/2011-17 Campanha Educacional para melhor disposição do lixo urbano DF R$ 5.000.000,00 13 - Ministério Ciência e Tecnologia

(02000.001915/2011-29)

Apoioà Implantação do Sistema Nacional de Monitoramento e Alertas de

Desastres Naturais DF R$ 2.226.450,00 14 - Universidade Federal de Goiás (02000.002293/2011-56)

Recuperação de áreas degradadas pela mineração de bauxita em Barro Alto, Goias - adaptação a mudanças climática no cerrado com a educação ambiental e valorização da biodiversidade

GO R$ 299.654,20 15 - ONG– Instituto Cultural Inhotim (SICONV – 761968/2011) Criação de Protótipo para Sequestro de Carbono por meio de Recuperação deÁrea Degradada e Desenvolvimento Comunitário MG R$ 1.865.240,00 16 - Universidade Federal de Pernambuco (02000.001981/2011-07)

Identificação e mapeamento das áreas vulneráveis da Zona Costeira de Pernambuco e os riscos potenciais decorrentes dasalterações às mudanças climáticas.

PE R$ 486.000,00 17 - Universidade Federal do Rio Grande – RS

(02000.001978/2011-85)

Ação integrada de determinação da vulnerabilidade das ocupações urbanas do

litoral norte do Rio Grande do Sul à elevação do nível do mar RS R$ 239.000,00 18 - Universidade Federal de Santa Catarina – SC

(02000.002480/2011-30)

Metodologia paraquantificação de riscos costeiros e projeção de linhas de costa futuras comosubsídio para estudos de adaptação das zonas costeiras do litoral norte a Ilha de Santa Catarina e regiões de entorno

SC R$ 1.033.800,00 19 - Universidade de São Paulo (SICONV –

761923/2011)

Variações nas taxas de recrutamento e potencial reprodutivo de invertebrados do inter‐maré de costões rochosos em resposta a alterações bruscas do nível do mar guiados por tempestades e por impacto das ondas

SP R$ 228.899,98

R$ 983.596,80

20 - Ministério da Agricultura (02000.001745/2011- 82)

Elaboração de Material de Divulgação e de Apoio à Capacitação do Plano

ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono DF R$ 484.700,00 21 - Ministério da Pesca e da Aquicultura

(02000.002061/2011-06)

Elaboração do Plano Estratégico de Pesca e Aquicultura para Mudanças

Climáticas DF R$ 498.896,80

22 - Universidade Federal do Rio Grande – RS

(02000.002497/2011-97) Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira – INCT Rede Clima RS R$ 1.964.297,00 23 - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais –

INPE (02000.002445/2011-11)

Apoio aadaptação da Estação de Cuiabá de Recepção de Dados de Satélite do INPE pararecepção direta de dados do Satélite UK-DMC e aquisição de dados por um ano.

SP R$ 6.000.000,00 Convênio

Termo de Cooperação

FUNDO CLIMA – CONVÊNIO E TERMOS DE COOPERAÇÃO – 2011 INTERESSADO

LINHA 1 – Adaptação – Desenvolvimento Tecnológico

LINHA 2 – Adaptação – Combate à Desertificação

LINHA 3 – Adaptação – Campanha do Lixo Urbano

LINHA 5 – Adaptação – Sistema de Alerta contra Desastres Naturais

LINHA 7 – Adaptação – Recuperação de Áreas de Mineração

LINHA 8 – Adaptação – Estudos para Adaptação em Erosão Costeira

LINHA 9 – Adaptação – Planos Setoriais de Mudanças do Clima

LINHA 10– Emergencial

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ANEXO 2. Figura de agentes, fontes e canais

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ANEXO 3. Lei nº 12.114/2009

Presidência da República Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 12.114, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2009.

Regulamento

Cria o Fundo Nacional sobre Mudança do

Clima, altera os arts. 6o e 50 da Lei no 9.478,

de 6 de agosto de 1997, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei cria o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima - FNMC, dispondo sobre sua natureza, finalidade, fonte e aplicação de recursos e altera os arts. 6o e 50 da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, que dispõe sobre a Política Energética Nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá outras providências.

Art. 2o Fica criado o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima - FNMC, de natureza contábil, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de assegurar recursos para apoio a projetos ou estudos e financiamento de empreendimentos que visem à mitigação da mudança do clima e à adaptação à mudança do clima e aos seus efeitos.

Art. 3o Constituem recursos do FNMC:

I - até 60% (sessenta por cento) dos recursos de que trata o inciso II do § 2o do art. 50 da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997;

II - dotações consignadas na lei orçamentária anual da União e em seus créditos adicionais;

III - recursos decorrentes de acordos, ajustes, contratos e convênios celebrados com órgãos e entidades da administração pública federal, estadual, distrital ou municipal;

IV - doações realizadas por entidades nacionais e internacionais, públicas ou privadas;

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V - empréstimos de instituições financeiras nacionais e internacionais; VI - reversão dos saldos anuais não aplicados;

VII - recursos oriundos de juros e amortizações de financiamentos. Art. 4o O FNMC será administrado por um Comitê Gestor vinculado ao

Ministério do Meio Ambiente, que o coordenará, cuja competência e composição serão estabelecidos em regulamento, assegurada a participação de 6 (seis) representantes do Poder Executivo federal e 5 (cinco) representantes do setor não governamental.

Art. 5o Os recursos do FNMC serão aplicados:

I - em apoio financeiro reembolsável mediante concessão de empréstimo, por intermédio do agente operador;

II - em apoio financeiro, não reembolsável, a projetos relativos à mitigação da mudança do clima ou à adaptação à mudança do clima e aos seus efeitos, aprovados pelo Comitê Gestor do FNMC, conforme diretrizes previamente estabelecidas pelo Comitê.

§ 1o Cabe ao Comitê Gestor do FNMC definir, anualmente, a proporção de recursos a serem aplicados em cada uma das modalidades previstas no caput.

§ 2o Os recursos de que trata o inciso II do caput podem ser aplicados

diretamente pelo Ministério do Meio Ambiente ou transferidos mediante convênios, termos de parceria, acordos, ajustes ou outros instrumentos previstos em lei.

§ 3o Até 2% (dois por cento) dos recursos do FNMC podem ser aplicados anualmente:

I - no pagamento ao agente financeiro;

II - em despesas relativas à administração do Fundo e à gestão e utilização dos recursos.

§ 4o A aplicação dos recursos poderá ser destinada às seguintes atividades: I - educação, capacitação, treinamento e mobilização na área de mudanças climáticas;

II - Ciência do Clima, Análise de Impactos e Vulnerabilidade;

III - adaptação da sociedade e dos ecossistemas aos impactos das mudanças climáticas;

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V - projetos de redução de emissões de carbono pelo desmatamento e degradação florestal, com prioridade a áreas naturais ameaçadas de destruição e relevantes para estratégias de conservação da biodiversidade;

VI - desenvolvimento e difusão de tecnologia para a mitigação de emissões de gases do efeito estufa;

VII - formulação de políticas públicas para solução dos problemas relacionados à emissão e mitigação de emissões de GEE;

VIII - pesquisa e criação de sistemas e metodologias de projeto e inventários que contribuam para a redução das emissões líquidas de gases de efeito estufa e para a redução das emissões de desmatamento e alteração de uso do solo;

IX - desenvolvimento de produtos e serviços que contribuam para a dinâmica de conservação ambiental e estabilização da concentração de gases de efeito estufa;

X - apoio às cadeias produtivas sustentáveis;

XI - pagamentos por serviços ambientais às comunidades e aos indivíduos cujas atividades comprovadamente contribuam para a estocagem de carbono, atrelada a outros serviços ambientais;

XII - sistemas agroflorestais que contribuam para redução de desmatamento e absorção de carbono por sumidouros e para geração de renda;

XIII - recuperação de áreas degradadas e restauração florestal, priorizando áreas de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente e as áreas prioritárias para a geração e garantia da qualidade dos serviços ambientais.

Art. 6o O financiamento concedido com recursos do FNMC terá como garantia os bens definidos a critério do agente financeiro.

Art. 7o O FNMC terá como agente financeiro o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.

Parágrafo único. O BNDES poderá habilitar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e outros agentes financeiros públicos para atuar nas operações de financiamento com recursos do FNMC, continuando a suportar os riscos perante o Fundo.

Art. 8o A aprovação de financiamento com recursos do FNMC será comunicada imediatamente ao Comitê Gestor do FNMC.

Parágrafo único. Os agentes financeiros manterão o Comitê Gestor do FNMC atualizado sobre os dados de todas as operações realizadas com recursos do Fundo.

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Art. 9 O Conselho Monetário Nacional, sem prejuízo de suas demais

atribuições, estabelecerá normas reguladoras dos empréstimos a serem concedidos pelo FNMC no que concerne:

I - aos encargos financeiros e prazos;

II - às comissões devidas pelo tomador de financiamento com recursos do FNMC, a título de administração e risco das operações.

Art. 10. O art. 6o da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XXVII:

“Art. 6o

...

XXVII - cadeia produtiva do petróleo: sistema de produção de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos e seus derivados, incluindo a distribuição, a revenda e a estocagem, bem como o seu consumo.” (NR)

Art. 11. O inciso II do § 2o do art. 50 da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 50. ... § 2o ...

II - 10% (dez por cento) ao Ministério do Meio Ambiente, destinados,

preferencialmente, ao desenvolvimento das seguintes atividades de gestão ambiental relacionadas à cadeia produtiva do petróleo, incluindo as consequências de sua utilização:

a) modelos e instrumentos de gestão, controle (fiscalização, monitoramento, licenciamento e instrumentos voluntários), planejamento e ordenamento do uso sustentável dos espaços e dos recursos naturais;

b) estudos e estratégias de conservação ambiental, uso sustentável dos recursos naturais e recuperação de danos ambientais;

c) novas práticas e tecnologias menos poluentes e otimização de sistemas de controle de poluição, incluindo eficiência energética e ações consorciadas para o tratamento de resíduos e rejeitos oleosos e outras substâncias nocivas e perigosas;

d) definição de estratégias e estudos de monitoramento ambiental sistemático, agregando o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental específicos, na escala das bacias sedimentares;

e) sistemas de contingência que incluam prevenção, controle e combate e resposta à poluição por óleo;

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f) mapeamento de áreas sensíveis a derramamentos de óleo nas águas jurisdicionais brasileiras;

g) estudos e projetos de prevenção de emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera, assim como para mitigação da mudança do clima e adaptação à mudança do clima e seus efeitos, considerando-se como mitigação a redução de emissão de gases de efeito estufa e o aumento da capacidade de remoção de carbono pelos sumidouros e, como adaptação as iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima;

h) estudos e projetos de prevenção, controle e remediação relacionados ao desmatamento e à poluição atmosférica;

i) iniciativas de fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA;

§ 3o (Revogado).” (NR)

Art. 12. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei. Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 14. Fica revogado o § 3o do art. 50 da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997.

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