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2 CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA EM GESTÃO EMPRESARIAL: UMA

2.2 Perspectivas do ensino superior privado no Brasil

Inserida no âmbito empresarial, as Instituições de Ensino Superior privadas caracterizam-se pela sua diversidade, oferecendo espaços educacionais diferentes entre si, principalmente, em relação ao número de alunos, quantidade de curso oferecidos, modelo gerencial, estratégia de inserção no mercado, e nichos competitivos (CALDERÓN; LOURENÇO, 2009).

A principal característica do setor privado de ensino superior é sua heterogeneidade. Esta instituição apresenta aspectos díspares em relação a outra organização de ensino superior pública, destacando os seguintes aspectos: sua natureza institucional (universidade, centro universitário, federação de escolas ou escolas integradas, ou faculdade isolada); a personalidade jurídica de sua mantenedora (fundação, associação civil, sociedade civil de

direito privado), se tem ou não fim lucrativo, sua definição como instituição laica ou confessional e, se confessional, a religião à qual está vinculada (NUNES, 2007).

A primeira IES privada no Brasil foi a Escola Mackenzie College, de orientação protestante presbiteriana, a qual iniciou a funcionar em 1896, em São Paulo. O desenvolvimento expressivo das IES privadas ocorreu a partir de 1970, época em que as faculdades foram constituídas em todas as capitais e nas cidades de maior porte por todo o país. Em 1996, havia 922 IES no Brasil, sendo que 711 eram privadas (SANTOS; SILVEIRA, 2000).

Destaca-se que o número de IES privadas continuou crescendo, totalizando 2.016 instituições, em 2008, conforme o Gráfico 3.

Gráfico 3 - Evolução do número de instituições, segundo a categoria administrativa - Brasil, 2002 a 2008. Fonte: MEC/INEP/DEED(2009).

Convém salientar que do total de 2.252 instituições de educação superior em 2008, destaca-se que 89,52% são privadas. A comparação dos dados de 2006, com os de 2005, revelam que a educação superior no Brasil passou por intensa expansão, com o acréscimo de 103 novas instituições. Esse crescimento ocorreu de forma prevalente no setor privado, com 88 novas instituições; enquanto que, no setor público surgiram 15 novas instituições em 2003 (BRASIL, 2008). Esses dados corroboram a análise do World Education Indicators, o qual assinala que o sistema de educação superior brasileiro é o mais privatizado do mundo (UNESCO, 2007). 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 Ano N úm er o de I E S Total 1.637 1.859 2.013 2.165 2.270 2.281 2.252 Federal 73 83 87 97 105 106 93 Estadual 65 65 75 75 83 82 82 Municipal 57 59 62 59 60 61 61 Privada 1.442 1.652 1.789 1.934 2.022 2.032 2.016 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Consoante exprime a Tabela 1, predominam instituições no setor privado, destacando que 93,1% refere-se as faculdades e 96% aos centros universitários. Ressalta-se que as universidades demonstram convergência na distribuição entre setor público e o privado, equivalente a 53% e 47%, respectivamente.

Tabela 1 - Instituições de educação superior, pública e privadas, segundo a organização acadêmica, Brasil, 2003-2008 Organização acadêmica 2003 N % 2004 N % 2005 N % 2006 N % 2007 N % 2008 N % Universidade Pública Privada 79 48,5 83 49,1 90 51,1 92 51,7 96 52,5 97 53,0 84 51,5 86 50,9 86 48,9 86 48,3 87 47,5 86 47,0 Centro Universitário Pública Privada 3 3,7 3 2,8 3 2,6 4 3,4 4 3,3 5 4,0 78 96,3 104 97,2 111 97,4 115 96,6 116 96,7 119 96,0 Faculdade Pública Privada 125 7,7 138 8,0 138 7,4 152 7,7 149 7,5 134 6,9 1.490 92,3 1.599 92,0 1.737 92,6 1.821 92,3 1829 92,5 1.811 93,1 Fonte: MEC/INEP/DEEP(2009).

Denotam-se as diferenças na conformação das redes públicas e privadas, no que concerne à organização acadêmica de IES. Enquanto 90% das IES do setor privado são faculdades, 6% são centros universitários e 4% são universidades.

Cobra e Braga (2004) assinalam as vantagens que a expansão e a abertura do mercado produziram para o setor educacional, destacando o atendimento a demanda reprimida de alunos; acesso ao ensino superior a um maior número de pessoas de classes sociais menos favorecidas; aumento da concorrência entre as IES, requerendo profissionalização, com conseqüente aumento da qualidade do ensino.

As IES estão inseridas em um ambiente sócio-político e econômico norteado por mudanças de cenário externo, destacando que o fator globalização da economia tem contribuído para a inserção de inovações tecnológicas, novas demandas sociais, e diminuição da oferta de emprego. Borenstein (1997) preconiza que, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, os perfis das carreiras profissionais que pretendem inserção no mercado foram modificados. Nesse prisma, pode-se assinalar que a manutenção e o futuro das IES serão influenciados pela forma de cada organização se posicionar no novo ambiente. A definição e a implementação de objetivos e estratégias competitivos são essenciais para delinear o futuro destas IES.

Pesquisas realizadas por Schwartzman e Schwartzman (2002), focando o ensino superior privado, revelam os seguintes aspectos: a) forte concentração das matrículas em poucas instituições - um número relativamente pequeno de instituições (5%) concentra quase a metade das matrículas, enquanto que, no outro extremo, 50% das instituições absorvem 5% das matrículas; b) especialização em determinadas áreas de formação - mais da metade dos alunos inserem-se nas profissões sociais; c) concentração dos cursos nas especialidades técnicas, relacionadas com o mercado de trabalho; d) a grande maioria dos estudantes estuda à noite e a proporção de mulheres e de alunos mais velhos é maior, quando comparado com o setor público; e) as instituições de grande porte possuem economias de escala expressas pelo maior número de estudantes por função docente e por funcionário; f) as instituições de grande porte concentram suas matrículas nas regiões Sul e Sudeste, e as de pequeno porte nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; g) um terço das instituições privadas são filantrópicas e/ou sem fins lucrativos, sendo que as instituições de grande porte têm maior probabilidade de se classificarem como tal do que as de pequeno porte.

O aumento da quantidade de Instituições de Ensino Superior (IES) no país traz mudanças no cenário nacional de ensino universitário e produz mecanismo que permitem à sociedade realizar comparações de desempenho entre as instituições. Sob esse prisma, as IES devem primar pela qualidade, competência e produtividade. Estas instituições se deparam com uma necessidade crescente de conhecer o seu público alvo, para que possam oferecer serviços que atendem as exigências do mercado e dos alunos. Nesse contexto, a qualidade dos serviços são essências para as Instituições de Ensino Superior que buscam sobreviver no mercado educacional (MILACH, HUPPES, VIERA, 2007).

Pode-se depreender que, em virtude do contexto de competitividade e de crescimento das instituições de ensino superior privado no Brasil, urge que os gestores empenhem-se para oferecer um serviço de qualidade, intencionando, primordialmente, a satisfação e retenção dos alunos.