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6 APLICABILIDADE DA PROVA TESTEMUNHAL NOS TRIBUNAIS CÍVEIS EM

6.2 Perspectivas do Novo Mapa Judiciário Angolano

O mundo moderno é unânime em afirmar que a justiça é um dos pilares do desenvolvimento das nações. Com a internacionalização dos meios financeiros, a recessão económica a que se vai assistindo exigem-se cada vez mais garantias nas relações jurídicas.

Estas garantias, uma vez obtidas nos contratos firmados e em caso de incumprimento, as partes fazem questão em contar com um sistema de justiça forte, capaz de garantir e repor os direitos violados, obrigando mesmo a que a parte cumpra, coercivamente, a obrigação, se tal porém se impuser.

Angola, “país negro” vai conhecendo hoje uma “invasão massiva de estrangeiros”, que com o seu saber procuram “ganhar algum” e de alguma forma ajudar aquele país a sair dos escombros da guerra de modo a dar uma vida condigna aos seus cidadãos e habitantes e, à semelhança das palavras do Presidente angolano, o Engenheiro José Eduardo dos Santos; «se torne uma boa terra para se viver».

Obviamente que, quando assim pensou aquela ilustre figura, incluiu os cidadãos estrangeiros que, por uma questão profissional e não só, se deslocaram ou se têm deslocado a Angola firmando contratos vários entre si e os angolanos. Seguramente, também pensou sua Excia. O senhor Presidente da República, nos angolanos que do exterior, ou mesmo dentro de Angola,

Provincial do Namibe, com sede na cidade Capital- Namibe; Tribunal Provincial do Zaire, com sede na cidade capital Mbanza Congo;

48Na Província de Benguela: os Tribunais municipais da Baía- Farta e do Cubal; na Província do Bié: o Tribunal municipal de Andulo; na Província de Cabinda: o Tribunal Municipal de Buco Zau; na Província do Cunene: o Tribunal Municipal da Cahama; na Província do Huambo: os Tribunais Municipais do Bailundo e da Caala; na Província da Huila: os Tribunais Municipais da Caconda e da Matala; na Província do Kuanza Norte: os Tribunais Municipais Golungo Alto e do Kambambe; na Província do Kuanza Sul: os Tribunais Municipais de Amboim, do Libolo e da Cela; na Província de Luanda: os Tribunais Municipais de Cacuaco, da Imgombota e de Viana; na Província de Malange:

OTribunal Municipal de Cacuso; na Província do Namibe: os Tribunais Municipais de Bibala e do Tombwa; na Província do Uíge: o Tribunal Municipal do Negage; e, na Província do Zaire: o Tribunal Municipal do Soyo.

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estabelecem contratos com estrangeiros e/ou nacionais, criando-se assim deveres e obrigações jurídicas recíprocas.

De outra forma não pode ser interpretada a intervenção do Chefe de Estado, como prova, o Regimento do Conselho de Ministros, aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 216/12, de 15 de Outubro, em que estabelece na alínea b) do n.º 2 do art. 15.º «que no programa de governo, deve constar expressa e rigorosamente a inserção do projecto da reformulação dos serviços de justiça, no âmbito da necessidade de a actual estrutura ser repensada».

Foi nesta base que o governo de Angola, através do Observatório da Justiça de Angola – Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto e o Observatório Permanente da Justiça Portuguesa – Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em coordenação do Prof. Doutor Raul Araújo e da Dra. Conceição Gomes; (OPJ) do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e ao abrigo de um protocolo celebrado entre o Ministério da Justiça de Angola e a FDUAN, tem em forja uma nova lei de organização e funcionamento dos Tribunais Judiciais da jurisdição comum adiante (LOFTJ); que entre outras.

O projecto visa:

1- Promover o acesso dos sujeitos jurídicos aos tribunais;

2- Racionalização e flexibilização da organização judiciária em função dos recursos existentes e de modo a responder às diferenças regionais;

3- Reforço da autonomia administrativa e financeira dos tribunais e da sua capacidade de gestão;

4- Aprofundar a articulação do sistema judiciário com outras instituições

5- Avaliação e acompanhamento sistemáticos do desempenho funcional do sistema de justiça. Com base nesta nova lei, os serviços de justiça ficam mais próximos da população, evitando assim longas deslocações das populações em busca destes serviços.

Com tal actuação, o serviço de justiça fica mais presente e concomitantemente, mais credível (o que muito se espera quer a nível nacional quer a nível internacional).

Basta ver que ao contrário dos anteriores 19 Tribunais Municipais, a nova LOFTJ contará com a:

a) Criação de uma única jurisdição comum;

b) Coincidência entre a divisão administrativa e a divisão judicial. Esta coincidência facilita a articulação do sistema de justiça com outros organismos do Estado.

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c) Nova geografia da justiça estruturada em quatro níveis: território nacional (jurisdição do Tribunal Supremo), região judicial, província judicial e comarca, cujo fim é o alargamento da rede dos Tribunais.50

São, em suma abolidos os Tribunais Municipais e os Tribunais Provinciais. E em substituição surgem os Tribunais de Comarca, como únicos Tribunais de primeira instância (Tribunais de competência genérica ou especializada.)

A regra é a de criação de um Tribunal de Comarca de competência genérica em cada Comarca. Contudo, o volume e a complexidade jurídica dos processos em algumas Comarcas podem justificar a criação de Salas Especializadas e de Pequenas Causas.

A província judicial é a circunscrição territorial do nível imediatamente inferior, correspondendo aos limites territoriais das províncias da divisão administrativa. Define, sobretudo, os limites territoriais da competência do órgão gestionário provincial.

A comarca é a circunscrição territorial de base, podendo corresponder à área de um Município ou agregar vários Municípios, prevendo-se a criação de 60 comarcas.

Recursos - O Tribunal da Relação é o órgão de recurso em matéria de direito e de facto. O Tribunal Supremo julga, em regra, apenas em matéria de direito, mantendo-se a possibilidade de em casos residuais haver recurso em matéria de facto.