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A escola inclusiva tal como refere Correia (2008, p.7) pressupõe uma escola centrada na comunidade, livre de barreiras, promotora de colaboração e

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equidade, “onde toda a criança é respeitada e encorajada a aprender até ao limite das suas capacidades”

O seu processo educativo deve ser um processo social, que permita a todos os alunos com NEE, o direito a uma escolarização o mais “normal” possível (Silveira & Almeida, 2005).

Sendo uma realidade emergente, esta “escola inclusiva”, tem vindo a criar e a fortalecer as suas estruturas. Contudo, tem ainda um longo caminho a percorrer.

A realidade atual exige uma rápida adoção de propostas educativas inclusivas, as quais tardam em desenvolver-se porque, como refere Mantoan (2004), existem ainda muitas barreiras humanas e materiais, designadamente as condições inapropriadas de acessibilidade, o número excessivo de alunos, a pouca motivação dos docentes, evocando entre outros fatores, falta de preparação específica e escassez de recursos humanos especializados

E há ainda um longo caminho a percorrer porque o princípio implícito no ideal de inclusão implica alterações de fundo nas escolas e nos seus currículos. Só assim, como defende Correia (2001) será possível permitir aos alunos aprendizagens e percursos escolares consistentes, assentes num ensino de qualidade.Na mesma linha de raciocínio, Cumellas & Estrany (2006) defendem a ideia de que todos os estudantes deverão frequentar as escolas e as aulas regulares. Para isso sublinham a importância de serem tidas em linha de conta as suas necessidades devendo-se, como tal, proceder a uma adaptação curricular que permita a sua efetiva aprendizagem. Ainda de acordo com estes autores, deve ser veiculada a autonomia e a independência, eliminando as barreiras sociais, nomeadamente, as atitudes negativas quanto à aceitação do seu próprio ritmo de estudo e aprendizagem, as barreiras arquitetónicas não apenas no âmbito escolar como fora dele, nomeadamente as rampas, elevadores, casas de banho, pisos adequados, entre muitos outros equipamentos de uso constante na vida diária.

Num sentido mais alargado, uma educação inclusiva, deve significar a existência de um nível de educação adequado e de alta qualidade naquela que

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é a escola normal, a escola de todos e para todos os alunos, mesmo para aqueles que apresentam um determinado grau de deficiência ou de limitação. Neste sentido, Costa (1996) defende que é fundamental que se garanta uma escolaridade básica e com qualidade para todos os alunos na escola regular pois só dessa forma pode ser fomentada a interajuda, a qual permitirá que aqueles alunos mais capazes numa determinada área possam ajudar os colegas que evidenciam mais dificuldades, habituando-os a ver nos outros, alguém que também possui capacidades, e ajudando-os a respeitar a diferença.

Com efeito de uma forma geral, a literatura aponta para a importância da transformação da escola, enquanto instituição. Defende-se o incremento de uma gestão flexível dos currículos, mais plural e aberta à diversidade, construída em função de todos os alunos, independentemente das suas particularidades, através da introdução de adaptações centradas no aluno e/ou nos ambientes de aprendizagem. Isto pressupõe também modificações no modo como são geridos e articulados os diferentes recursos humanos e materiais, ao nível do plano de formação dos seus profissionais, sejam eles professores ou outros agentes externos de apoio tais como os terapeutas, médicos, psicólogos ou outros intervenientes neste processo.

Em suma, a escola para que realmente se torne inclusiva, e se possa constituir como um lugar onde todos possam ser aceites, necessita pois de desenvolver mecanismos que possibilitem dar resposta às diferentes necessidades educativas de uma população cada vez mais heterogénea, mais diversa.

A questão do currículo é sem dúvida uma das principais questões que preocupam a escola que se pretende inclusiva. Como sustenta Rodrigues (2003), se por um lado a escola deve zelar pelo cumprimento de objetivos mínimos que todos devem atingir, por outro deve funcionar como entidade estimuladora e impulsionadora do conhecimento, sendo um agente de desenvolvimento, que permita a cada estudante alcançar o máximo possível de rendimento, dentro daquilo que forem as suas capacidades.

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Na opinião de Costa (2006), o sucesso da escola inclusiva assenta na capacidade que ela tem de identificar o mais precocemente possível as características dos seus alunos com NEE, procedendo á sua avaliação e estimulação, tão cedo quanto possível, adaptando currículos em função das necessidades de cada um, permitindo o sucesso de todos através da oferta de acesso a ajudas técnicas adequadas.

Segundo Correia (1997) e Rodrigues (2006), uma escola onde não são diferenciados os seus currículos não pode ser considerada como modelo inclusivo e, naturalmente, não pode ser um local onde é promovida a igualdade de oportunidades entre os seus estudantes. O modelo inclusivo preconizado por Correia (1995), refere que para que a escola se torne, efetivamente, inclusiva existe um conjunto de responsabilidades que devem ser assumidas e partilhadas pelos diferentes agentes que formam o sistema inclusivo, ou seja, o Estado, a Escola, a Família e a Comunidade.

No que se refere às responsabilidades do Estado, Correia (1997) e Ainscow (2003) parecem estar de acordo ao afirmarem que este deve ter em consideração os seguintes aspetos: i) sensibilizar o público em geral para as vantagens de um sistemainclusivo; ii) criar reformas e tomar medidas legislativas adequadas; iii) possibilitar um financiamento que assegure os recursos humanos e materiais necessários; iv) atribuir verdadeira autonomia às escolas para que estas implementem um sistema inclusivo de acordo com as características da sua população; v) apoiar as instituições de Ensino Superior, nas alternativas de formação que tenham em conta a filosofia da inclusão.

Em relação à Escola, os mesmos autores referem como sendo suas responsabilidades: i) a sensibilização e apoio aos pais e encarregados de educação e à comunidade, envolvendo-os no processo de desenvolvimento do aluno; ii) na flexibilização curricular, adequando o currículo às características individuais do aluno; iii) na planificação adequada ao aluno com NEE; iv) na formação de professores, gestores ou outros agentes.

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Relativamente á Família, e como sustenta Ainscow (2003), esta parece assumirum papel importante na educação do aluno com NEE, não apenas através da relação que estabelece com a escola e a comunidade, no apoio à própria criança, adolescente ou jovem, como também na sua formação, permitindo o seu desenvolvimento de acordo com a planificação e programação educativa do seu educando.

Por seu lado a comunidade, não se constitui como elemento menos importante, no processo inclusivo, desempenhando um papel determinante, quer na educação do estudante com NEE, quer na transição para a sua vida ativa. Nesse sentido a Comunidade deve ter em atenção os seguintes aspetos: i) criar um conjunto de programas e incentivos que promovam o desenvolvimento socioemocional e pessoal dos estudantes com NEE; ii) estabelecer uma ligação eficaz entre os serviços comunitários e a escola, com vista às necessidades específicas do aluno; iii) sensibilizar para a problemática da inclusão.

Segundo Ainscow (2003), da verdadeira escola inclusiva devem fazer parte: uma boa liderança, um bom sentido de cooperação e responsabilidade entre todos os intervenientes no processo educativo destes alunos e ainda a possibilidade de garantir flexibilidade nos conteúdos e estratégias de aprendizagem.

De acordo com Rodrigues (2003), não obstante, as dificuldades, os avanços e recuos na implementação de uma escola inclusiva, existe ainda um conjunto de situações que merecem uma observação e análise atentas. E, nesse sentido, Rodrigues (2003, p.91) pergunta: “se a sociedade está longe de ser inclusiva, poderá ser a escola uma ilha de inclusão num mar de exclusão?”

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1.7. A realidade portuguesa

Para um melhor entendimento da evolução da escola inclusiva no contexto português será importante perceber as decisões políticas, bem como as orientações normativas que foram acompanhando todo este processo no seio da nossa escola pública.

Neste sentido, de uma forma cronológica, decidimos incluir aqui, ainda que sucintamente os principais momentos ocorridos em todo o processo que tem procurado levar e elevar o nosso país a um patamar cada vez mais atual e eficaz, no que concerne á inclusão escolar.

Sabemos que a legislação portuguesa por si só não é suficiente para assegurar esustentaras mudanças que se impõe na Educação em geral. Segundo Costa (2006) e no seguimento também de alguns aspetos já referidos anteriormente, alguns fatores decisivos como o empenho, a motivação e a competência dos profissionais envolvidos, nomeadamente os pais e encarregados de educação, profissionais e membros da comunidade, constituem-se como elementos base da evolução e do aperfeiçoamento dos serviços e dos programas implementados ou em vias disso.Devem ainda ser tidos em conta, de acordo com o mesmo autor, fatores como a congregação de esforços, o estabelecimento de redes de cooperação e de apoio e incentivos de organizações nacionais e internacionais.

Não obstante isto, a legislação desempenha, naturalmente, um papel fundamentalno desenvolvimento do processo inclusivo no nosso sistema educativo.

Assim, e recuandoao século passado, concretamente a partir de 1973, com a Reforma do Ensino em Portugal levada a cabo pelo ministro da Educação Veiga Simão surge um movimento orientado no sentido da integração dos alunos com deficiência na escola de ensino regular, nomeadamente, de crianças com deficiência visual, em classes especiais.

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No ano seguinte e atendendo à conjuntura política que o país atravessava, surgem as primeiras associações e movimentos impulsionadores de princípios de solidariedade para com estes cidadãos.

A Constituição da República Portuguesa de 1976 consagra o direito à educação e cultura para todos, surgindo as primeiras Equipas de Educação Especial, cuja legislação só é publicada alguns anos mais tarde, no Despacho Conjunto n.º36/SEAM/SERE/88, de 17 de Agosto, o qual estabelecia as normas para a Educação Especial.

Destas equipas faziam parte educadores de infância e professores dos diferentes graus de ensino não superior, preferencialmente com curso de especialização e/ou experiência em educação especial. Em casos especiais, integrariam também essas equipas alguns psicólogos e outros terapeutas.

A esta tendência de integração dos alunos de Ensino Especial (EE) nas escolas de ensino regular, surgem e associam-se em simultâneo, um conjunto deinstituições de EE, nas quais se integram as Cooperativas de Educação eReabilitação de Crianças Inadaptadas (CERCI’s), as quais, para além do apoio sócioeducativoprestado às crianças e famílias, proporcionavam formação profissional nas áreas de intervençãoprecoce, valências ocupacionais, lares residenciais entre outros apoios parapessoascom deficiência intelectual profunda.

Deste modo, como alternativa aos estabelecimentosde ensino oficial, os quais não eram capazes de responder às necessidades depopulações específicas, surgem estas instituições.

Após a publicação de alguns decretos-lei, é publicada a Lei de Educação Especial (Lei n.º 66/79, de 4 deOutubro de 1979), a qual definia Educação Especial como o conjunto de serviçoseducativos e atividades dirigidas a crianças e jovens que necessitavam de umatendimento específico.

Porém, só a partir de 1986, e após várias tentativas de ajuste á realidade, com a publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE), Lei n.º46/86, de 14 de Outubro, é estabelecido o quadro geral do Sistema Educativo. Surge pois, um novo enquadramento legislativo, o qual reconhece a

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Educação Especial como uma das modalidades especiais de educação escolar, passando-se a utilizar o conceito de Necessidade Educativa Especial. Esta lei, apesar do seu âmbito genérico, permitiu a criação de condições deenquadramento das políticas inclusivas (Ribeiro, 2008).

Às escolasdo ensino regular e aosseus profissionais passam a ser atribuídas responsabilidades nodesenvolvimento de estratégias de integração e ensino de todos os alunos, incluindo os que apresentam algum ou alguns tipos de NEE, nomeadamente a deficiência intelectual e a motora (Artigo 17º).

Como sustenta Bairrão (1998), a LBSE contribuiu de forma determinante para conferir á Educação Especial um quadro de referência que há muito era esperado. Portugal ao aderir à Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986, passa a dispor de mais apoios técnicos e financeiros, surgindoo Decreto- Lei n.º 243/87, de 15 de Junho, que vem estabelecer medidas que permitiam, designadamente, tal como sublinha Ribeiro (2008), o cumprimento da escolaridade obrigatória dos alunos com deficiência, a possibilidade de cessarem o dever de escolaridade por “incapacidade comprovada”, mediante, um pedido formulado pelos pais, um parecer da avaliação médica e despacho ministerial.

Mais tarde são publicados o Despacho conjunto n.º 19/SERE/88, de 27 de Maio,o qual regulamentava o apoio pedagógico acrescido (APA) a prestar aos alunos comdeficiênciasfísicas ou sensoriais, e o Despacho n.º 119/ME/88, de 15 deJulho, que vem regulamentar a intervenção das escolas de intervenção prioritária nosapoios a prestar a estes alunos.

Entretanto, as equipas de Educação Especial, com a publicação do Despacho conjunto n.º 36/SEAM/SERE/88, de 17 de Agosto, veem o seu funcionamento ser reorganizado, passando a sua ação a orientar-se essencialmente para as salas de aula das escolas regulares e para a criação de salas de apoio permanente.

Entretanto, como refere Fernandes (2004), a rede destas salas de apoio foi alargada e os alunos com deficiência intelectual profunda emultideficiência passaram a ter um currículo alternativo.

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Em 1990, é promulgado um documento que constituiu um dos passos mais importantes na educação no nosso país - o Decreto-Lei n.º 35/90, de 25 de Janeiro - que estabelece o regime de gratuitidade da escolaridade obrigatória. É a partir desta publicação que é definida pela primeira vez a frequência do ensino básico obrigatório para todas as crianças emidade escolar, mencionando, que no caso dos alunos com necessidades educativas específicas, resultantes de deficiências físicas ou mentais, estão sujeitos aocumprimento da escolaridade obrigatória, não podendo ser isentos da suafrequência.

Na sequência de experiências e práticas pedagógicas levadas a cabo com sucesso, e também no seguimento de algumas linhas orientadoras de diplomas já publicados, nomeadamente a LBSE, o Decreto-Lei n.º 35/90 e de várias resoluções de organismos internacionais como a UNESCO, e a Organização Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) à qual Portugal também estava vinculado, urge regulamentar o regime educativo especial para todos os alunos com NEE.

Resultante dessa necessidade surge finalmente a publicação do principal documento, até á data, respeitante á integração escolar - o Decreto- Lei n.º 319/91, de 23 deAgosto - que vem estabelecer o regime educativo especial para todos aqueles alunos que frequentavam o Ensino Básico e Secundário nas escolas públicas o qual, como refere Ribeiro (2008), vem defender e privilegiar a máxima integração destes alunos na escola regular, com a máxima adequação às suas necessidades educativas e coma utilização de recursos o menos restritivos possíveis. Ademais, salvaguardam-se exclusivamente, os casos em que as medidas previstas demonstras sem ser comprovadamente insuficientes, consoante o tipo e grau de deficiência doaluno, nomeadamente, naqueles em que a gravidade fosse mais acentuada (Rodrigues, 2008).

Esta nova legislação, traz consigo, como sustenta Niza (1996) vários avanços significativos, decorrentes da evolução dos conceitos de integração, tais como: i) aintrodução do conceito NEE, baseado em critérios pedagógicos; ii) a responsabilização crescente da escola regular (nomeadamente dos órgãos de

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gestão e administração), pelo atendimento aos alunos com NEE e a procura de respostas, privilegiando a sua máxima integração numa perspetiva da “escolapara todos”; iii) o reconhecimento mais explícito do papel dos pais, na orientaçãoeducativa dos seus filhos e ainda; iv) a possibilidade de diversificação de medidas educativas mais integradoras e menos restritivas, para os alunos com NEE, aproximando as condições de frequência das do regime educativo comum.

Porém, e apesar dos progressos significativos, a escola continuou a debater-se com inúmeras dificuldades que se prendiam essencialmente com a sustentabilidade e desenvolvimento de todo o processo de integração e integração dos alunos.

Costa (1996), a este propósito sublinha que a escassez de recursos materiais e humanos disponibilizados, contribuíram para que uma parte significativa dos programas de integração não fossem verdadeiramente implementados, originando falhas, que em muitos casos foram graves no que ao atendimento às crianças com NEE dizia respeito.

A necessidade de clarificação do conceito de apoio pedagógico, conduziu á publicação em 1993 do Despacho 178-A/ME/93, de 19 de Agosto, o qual propunha um conjunto de dozemodalidades e estratégias de apoio pedagógico para o sucesso escolar dosalunos com dificuldades, indicando claramente os poderes e responsabilidades das Escolas. Das modalidades propostas no Despacho referido, sete centravam-se no desenvolvimento curricular e cinconas formas de organização do trabalho escolar e da atividade pedagógica genericamente.

Em 1996, é promulgado o Despacho 22/SEEI/96, de 19 de Junho, o qualveio permitir a criação de turmas com currículos alternativos nos Ensinos Básico regular e no recorrente, surgindo no ano seguinte a Portaria n.º 213/97, de 29 de Março, que aplicarão princípio da gratuitidade aos estabelecimentos sem fins lucrativos de Educação Especial (EE).

Logo em seguida, com a publicação do Decreto-Lei 95/97, de 23 de Abril, é aprovado oregime jurídico da formação especializada dos educadores

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de infância e de 6 Modalidades centradas no desenvolvimento curricular, designadamente: i) ensino diferenciado na sala de aula; ii) os grupos de níveis temporários;iii) os programas específicos do professor (por área ou disciplina) e os programas interdisciplinares; iv) os programas alternativos; v) os currículos alternativos e ainda; vi) os programas de compensação e atualização.

Atendendo á necessidade crescente de respostas consistentes, capazes de articular apoios educativos diversificados necessários á integração das crianças com NEE, surgeo Despacho Conjunto n.º105/97, de 1 de Julho, que veiocriar um novo enquadramento legal dos Apoios Educativos, dando origem às Equipas de Coordenação dos Apoios Educativos (ECAE).

Estas equipas passariam a colaborar com as escolas, nomeadamente com os professores deapoio educativo, não apenas na gestão de recursos como também na garantia de exequibilidade das respostas.

Esta legislação, no entender de Bairrão (1998), constituiu um salto qualitativo em termos de política educativa, nomeadamente, no que dizia respeito ao papel e responsabilidades atribuídas à escola. A forma como a educação dos alunos com NEE, relativamente aos restantes alunos, era entendida, o reconhecimento das medidas deapoio no processo de interação entre as necessidades da escola e a diversidade dos alunos e ainda a necessidade de uma organização integrada e interativa dosdiferentes apoios na escola passavam então a ter argumentos mais sustentados para o sucesso. Em 1998, através da publicaçãodo Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de Maio, é aprovado o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos de ensinopré-escolar e dos ensinos básico e secundário, estabelecendo uma nova organização da educação, advogando a igualdade de oportunidades e a qualidade do serviço público de educação.

Como resultado de várias aferições e auscultações, publicam-se em 2001, os Decretos-Lei n.º 6/2001 e n.º 7/2001, que estabeleceram os princípios orientadores da organização e da gestão curricular do Ensino Básico, no primeiro e segundo ciclos do Ensino Secundário, no segundo. Pela primeira vez, surge na legislação o conceito de NEE de carácter permanente, que refere

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e forma genérica que são considerados alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente todos os que apresentem incapacidade ou incapacidades que se reflitam numa ou mais áreas de realização de aprendizagens, resultantes de deficiências de ordem sensorial, motora ou mental, de perturbações da fala e da linguagem, de perturbações graves da personalidade, do comportamento ou ainda de graves problemas de saúde

A legislação vai aferindo e acompanhando todo este processo, sendo publicado em 2005 o Despacho Normativo n.º 1/2005, de 5 de Janeiro que estabeleciaos princípios e os procedimentos a observar na avaliação das aprendizagens e competências dos alunos do ensino básico regular. De acordo com a nova lei, os alunos abrangidos pela modalidade de Ensino Especial passariam a ser avaliados de acordo com o seu Plano Educativo Individual, enquanto os alunos que frequentavam um currículo alternativo, não realizavam os Exames Nacionais de 9.º Ano, (Língua Portuguesa e Matemática), obtendo no final do anoum certificado de frequência do ensino básico e não um diploma de estudos.

Ainda no mesmo ano,a publicação do Despacho Normativo n.º 10 856/2005, de 26 de Abril, retirou algumas das medidas previstas no Despacho Conjunto n.º 105/97, uma vez que as Equipas de Coordenação dos Apoios Educativos a nível concelhio, deixavam de existir.

O Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro, vem revogar o anterior Decreto-Lei n.º 319/91, que regulamentava os procedimentos, direitos e deveres, relativamente aos alunos com NEE, definindo os apoios especializados a prestar na educação pré-escolar e nos Ensinos Básico e Secundário, dos setores público, particular e cooperativo, tendo como objetivo a criação de condições para adequar o processo educativo às NEE dos alunos, com “limitações significativas ao nível da atividade e da participação num ou vários domínios da vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente, resultando em dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social” (Decreto-Lei n.º 3/2008, ponto 1, artigo 1º, p. 155).

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Este novo enquadramento legislativo trouxe algumas novidades, nomeadamente: i) oalargamento de aplicação ao Ensino Pré-escolar e ao ensino particular e cooperativo; ii) a redução de nove para seis, no que diz respeito às medidas educativas para alunos com NEE; ii) a clarificação da