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Perspetivas sobre a idade relativa em contexto de futebol de elite nos

2.6 Fatores associados e condicionadores sobre a idade relativa

2.6.3 Perspetivas sobre a idade relativa em contexto de futebol de elite nos

Para efeitos organizativos e de escalonamento competitivo, a maioria dos Países adotou a regra da Fédération Internationale de Football Association (FIFA) que utiliza o ano de nascimento como critério de seleção e tem definido 01 de Janeiro como a data de corte Hirose (2009); Helsen et al. (2005).

O principal objetivo da instância máxima que rege o futebol mundial ao impor este critério, foi garantir que o desenvolvimento das crianças ocorria sob efeitos de uma concorrência mais justa e baseada numa divisão de escalões por idade cronológica que permitisse as mesmas oportunidades aos concorrentes Helsen et al. (2005).

Um campeonato do mundo é um evento altamente competitivo e onde, geralmente se encontram os melhores jogadores de cada país representado e que, são selecionados fruto da sua capacidade de resposta às exigências específicas da competição Wong (2008).

Carling (2010) corrobora da mesma ideia quando sugere que um campeonato do mundo é uma celebração do futebol, adorado pelas massas e jogado por craques de todas as esferas.

Um campeonato do mundo é organizado pela (FIFA) de quatro em quatro anos e esta entidade, faz deste evento o seu torneio de maior prestígio e apresenta ao mundo as trinta e duas melhores equipas nacionais, Vincent e Hill (2011).

Numa competição desta natureza, estão presentes nações de todo o mundo e nelas, estão representadas as raízes de cada povo, que assentam em décadas de vivências que os fazem pessoais e intransmissíveis.

Estudos anteriores sugerem que as variáveis sociais e culturais não podem, nem devem, ser esquecidas no momento de analisar os padrões e prevalência dos efeitos da idade relativa em contexto desportivo Schorer et al. (2009).

Num trabalho de Wong (2008) o autor apresenta diferenças significativas entre os jogadores representantes das confederações presentes no evento em termos de idade, peso, estatura e média de idades.

Geralmente, somos levados a aceitar que, as equipas de confederações diferentes têm cada uma delas, diferentes estilos de jogo. Portanto, a comparação entre jogadores que representam as várias confederações e as respetivas posições táticas por eles ocupadas no terreno de jogo, podem fornecer informações valiosas sobre as características que incorporam esses mesmos jogadores Wong (2008).

Parece assim ganhar consistência a opinião de Stolen et al. (2005, p. 508) quando afirmam que “há diferenças notáveis entre as ligas e mesmo as divisões nos diferentes países”.

Nesta perspetiva, Werz & Heitz (cit. por Wong, 2008) sugerem que as seleções da Alemanha e Suécia são conhecidas pelo seu estilo de jogo tático e disciplinado; O Japão e Coreia do Sul pela sua capacidade de trabalho e jogo coletivo; Brasil e Argentina pela capacidade individual de alguns jogadores em prol do coletivo; e a Nigéria e Camarões pela capacidade de reproduzir ações em alta velocidade. Carling (2010) apresenta ainda a Itália como uma seleção que encara o jogo de futebol de forma séria e mortífera.

O conhecimento sobre as características dos jogadores parece assumir extrema importância, pois temos verificado, em desportos similares (como por exemplo, rugby e futebol americano) uma tendência para as características antropométricas dos atletas, tais como a massa corporal e altura, fornecerem indicadores de uma participação de sucesso ao mais alto nível, Norton & Olds (cit. por Wong, 2008).

Posto isto, somos tentados a opinar que, provavelmente, a seleção dos jogadores é muitas vezes baseada em critérios antropométricos e acabam por ser escolhidos aqueles jogadores que teoricamente mais facilmente colocam em prática um determinado estilo de jogo.

Isto vem de encontro com alguns resultados apurados numa revisão levada a efeito por Shephard (cit. por Wong, 2008) em que nos é relatada uma tendência para se recrutar jogadores mais altos e mais pesados para as seleções nacionais de futebol do continente europeu.

Segundo Wong (2008) isto provavelmente acontece, porque o jogo na Europa parece basear-se muito no poder atlético dos jogadores que representam as respetivas seleções.

Ainda na Europa, e acerca de um estudo levado a cabo por Meylan e tal. (2010) sobre o qual foi analisado o efeito da idade relativa ao longo de quatro campeonatos do mundo na equipa nacional Inglesa (período entre 1982-1998) concluiu-se que, esse efeito foi mais pronunciado em posições táticas onde a estatura, força, peso e velocidade eram mais importantes. As percentagens

apuradas foram respetivamente de, 69% guarda-redes; 51% defesa; 48% atacante; 44% meio campo.

Isto parece evidenciar que, as características antropometrias não só assumem preponderância no momento de selecionar jogadores com características adequadas para um determinado estilo de jogo, como também, em função da posição tática a ocupar pelos respetivos jogadores.

Na suíça, foi realizado um estudo com base numa amostra em jogadores de futebol júnior e sobre o qual, foi demonstrado que os defesas apresentaram indícios sobre o efeito da idade relativa significativamente superiores quando comparados com os guarda-redes, médios e atacantes Romann e Fuchslocher (2011).

Por fim, direcionar a nossa análise sobre um aspeto não menos pertinente e que segundo os autores que abaixo apresentamos, parecem existir diferenças entre os jogadores de elite e aqueles que, por motivos vários, simplesmente não atingem esse estatuto.

A distribuição desigual que se verifica no mês de nascimento em atletas de alto nível, deriva essencialmente da ação conjunta de dois mecanismos: por um lado, o atleta mais jovem participa menos e/ou é mais propenso a parar com a sua atividade em desportos que exigem fortes atributos físicos e por outro lado, os atletas mais velhos entram mais facilmente em programas de treino qualificado e direcionado para a elite do desporto Delorme e Raspaud (2009).

Segundo opinião resultante de um estudo realizado por Malina, Ribeiro, et al. (2007) os jogadores classificados como de nível superior foram, em média, cerca de meio ano mais velhos, mais altos e mais pesados.

Ora, isto parece refletir uma constante presença de jogadores fisicamente mais fortes nas grandes competições oficiais e realizadas em contexto desportivo de elite.

Os jogadores de elite foram mais velhos, mais altos e mais pesados quando comparados com os de não elite Malina, Ribeiro, et al. (2007).

Quisemos assim, analisar diferentes opiniões e que de alguma forma fossem ao encontro dos objetivos propostos e tentamos com isso, decifrar códigos inerentes a cada temática.

3 – Objetivos

3.1 Objetivos gerais

Com este estudo pretendemos investigar a prevalência da idade relativa num contexto de futebol de elite, considerando para o efeito, os jogadores presentes na fase final dos últimos três campeonatos do mundo de seleções em representação dos escalões de Sub-17, Sub-20 e Seniores.

Temos ainda como pretensão, concretizar uma análise sobre o posicionamento tático dos jogadores e averiguar a prevalência do efeito da idade relativa em função da posição ocupada no terreno de jogo.

Por fim, pretendemos comparar a medida somática “estatura” dos jogadores nos diferentes continentes, assim como, averiguar em que parte do globo o efeito da idade relativa regista uma maior prevalência.

3.2 Objetivos Específicos

a) Analisar a distribuição das datas de nascimento dos jogadores de elite presentes nos últimos três campeonatos do mundo de seleções em cada um dos respetivos escalões competitivos;

b) Evidenciar a possibilidade de existir alguma tendência para o efeito idade relativa apresentar significado em função do posicionamento tático dos jogadores de elite;

c) Descrever e comparar a distribuição das datas de nascimento dos jogadores de elite por continente;

d) Analisar e comparar as possíves diferenças na distribuição das datas de nascimento entre os jogadores que atingem as semifinais e os jogadores classificados nas posições abaixo.

e) Descrever e comparar a medida somática “estatura” entre os diferentes continentes.

f) Detetar novas possibilidades de ação com o propósito de reduzir o efeito da idade relativa no momento da seleção em atletas jovens;

4 - Material e Métodos

4.1 Amostra

Como podemos verificar pelo quadro 1 a nossa amostra é constituída por 5230 jogadores de elite que estiveram em representação das suas seleções nos três últimos campeonatos do mundo nos escalões de Sub-17 e Sub-20 nos anos de 2007; 2009; e 2011e no escalão Sénior nos anos de 2002; 2006; e 2010.

Os jogadores que constituem a nossa amostra, para além de representarem o seu país, também representam uma determinada região do globo que segundo a entidade organizadora (FIFA) apresenta a divisão do mundo nas seguintes zonas geográficas:

i) África; ii) Ásia; iii) Europa; iv) América central e do norte; v) Oceanía; vi) América do sul.

As seleções presentes em competição entre 2002 e 2011 equivaleram a um total de 240 Equipas Nacionais em representação de 76 países sendo que, África esteve representada por 18 países, Ásia por 12, a Europa foi representada por 25, América central e do norte por 10, a Oceanía apenas 2 e América do sul por 9 países.

Quadro 1 Distribuição de jogadores amostrados por continente e escalão competitivo

Confederação Continente Sub-17 Sub-20 Sénior Total

Asian Football Confederation (AFC) Ásia 273 251 300 824

Confédération Africaine de Football (CAF) África 271 273 368 912

Confederation of North, Central American and Caribbean

Association Football (CONCACAF) Norte Americano 294 273 230 797

Confederación Sudamericana de Fútbol (CONMEBOL) Sul Americano 252 273 322 847

Oceania Football Confederation (OFC) Oceanía 63 63 23 149

Union dês Associations Européennes de Football (UEFA) Europa 357 378 966 1701

Total 1510 1511 2209 5230