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A etapa de definição dos pesos dos indicadores é tão importante quanto a sua definição, pois os pesos definem a importância de cada indicador.

O processo de tomada de decisão sobre a escolha de uma alternativa de intervenção em cursos de água possui vários atores, desde a população direta ou indiretamente afetada, os órgãos de licenciamento ambiental, órgãos da administração municipal responsáveis pela definição e execução dessas obras, outros órgãos e entidades que tenham interesse em ações ambientais, tais como ONGs, empresas de consultoria e projetos que definem as alternativas viáveis, assim como órgãos de pesquisa que possuem o conhecimento técnico e a capacidade de apresentar inovações tecnológicas.

Diante do exposto, verifica-se que os pesos dos indicadores desta análise devem ser ponderados por representantes dessas categorias para que todas as opiniões sejam ouvidas, de forma a representarem o mais fielmente possível, a real importância de cada indicador.

Como havia duas pesquisas sobre drenagem urbana, Moura (2004) e Cardoso (2008), com consulta a grupos de atores ou especialistas, que contemplavam estas diversas opiniões, decidiu-se utilizar estes resultados e fazer uma consulta com um grupo menor de técnicos da PBH (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Superintendência de Desenvolvimento da Capital – SUDECAP e outros técnicos envolvidos com Programas de saneamento e drenagem da Prefeitura) e estudantes e professores da UFMG para validação daquela ponderação.

Pesos dos indicadores de desempenho

Cardoso (2008) propôs indicadores para avaliar intervenções em cursos de água, e os pesos foram estabelecidos por meio de consulta a profissionais de órgãos ambientais, universidades e empresas de projeto e consultoria. A consulta foi realizada junto às prefeituras municipais de Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre, à Fundação Estadual de Meio Ambiente - FEAM, ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas - IGAM

e à Agência Nacional de Águas - ANA, às universidades UnB, UFSCar, USP, UFJF, UFMG, UNESP – Ilha Solteira e INSA (Lyon), à Escola Politécnica e FCTH da USP e junto a profissionais autônomos e empresas particulares. Dezessete profissionais responderam ao questionário

Devido à correspondência da maior parte dos aspectos avaliados pela pesquisa de Cardoso (2008) e pela presente pesquisa, foi realizada uma avaliação da possível adaptação e utilização dos pesos daquela pesquisa. Os pesos estabelecidos por Cardoso (2008) e apresentados na Tabela 3.3 foram trabalhados, redistribuindo-os segundo a nova proposição de indicadores. Foram atribuídos aos indicadores propostos os pesos dos indicadores estabelecidos por Cardoso (2008) que avaliam aspectos similares, realizando as seguintes adaptações:

 o peso da dimensão social, que foi eliminada desta análise, foi distribuído proporcionalmente aos pesos das três dimensões estabelecidas neste trabalho (Ambiental, Hidrológica/Hidráulica e Sanitária);

 os pesos da dimensão curso de água foram agregados à dimensão ambiental;  os pesos dos indicadores eliminados foram distribuídos nos demais indicadores

pertencentes à mesma dimensão.

Foi realizada uma pesquisa junto a técnicos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – PBH e de pesquisadores da UFMG. Durante um Workshop realizado em 07/07/2011, na Escola de Engenharia da UFMG, entre técnicos da PBH e alunos da pós-graduação e professores da UFMG. Foi feita uma apresentação sobre a presente pesquisa, com explicação de todos os indicadores, sendo entregue a cada participante uma cópia do questionário de avaliação dos indicadores propostos (Apêndice II), o qual foi enviado posteriormente também por e-mail. Este questionário compreendeu a avaliação dos pesos e das formulações dos indicadores. Os resultados dessa consulta foram apresentados em parte no item 4.2.4 e o restante é apresentado a seguir.

Como resultado desta consulta, obteve-se resposta de seis questionários, três técnicos da PBH, três alunos da pós-graduação, um deles tendo trabalhado na SUDECAP. Na análise dos pesos foi adicionada a resposta de uma professora do Instituto de Ciências

Biológicas da UFMG, que trabalha com restauração de rios. Com base nestas respostas foram definidos os pesos a serem aplicados nesta pesquisa. Para sua definição foi aplicada a média aritmética aos pesos obtidos, efetuando-se, para valores fracionados, o arredondamento com auxílio da mediana e da moda, de maneira a manter a soma total dos pesos igual a 100. Os resultados são apresentados na Tabela 4.4.1.

A adaptação feita nos pesos de Cardoso (2008) foi utilizada como referência no estabelecimento dos pesos dos novos indicadores, porém, como houve eliminação de uma dimensão e exclusão e inclusão de novos indicadores, com grande alteração das dimensões sanitárias e ambiental, houve maior discrepância entre estes valores e os obtidos na consulta realizada nesta pesquisa. Portanto, a ponderação mais adequada e que deve ser utilizada é a estabelecida pela nova consulta a especialista e apresentada na Tabela 4.4.1.

Tabela 4.4.1: Pesos dos indicadores após consulta a especialistas

Especialista Pesos CV

Dimensão Indicadores Dimensão Indicador (%)

Sanitária

Existência de coleta resíduos ICR

28 10 55 Proliferação de vetores IPV 7 38 Qualidade da água IQA 11 54 Ambiental Desenvolvimento longitudinal IDL 38 8 34 Equilíbrio geomorfológico IEG 7 31

Mata ciliar e áreas verdes IAV 13 41

Integração ambiental IIA 10 25

Hidrológica e Hidráulica

Inundação ou impacto sobre as vazões no local da intervenção IQI

34

13 42

Inundação ou impacto sobre as

vazões à jusante da intervenção IQJ 13 35

Adaptabilidade hidráulica IAH 8 26

Total 100 100

Verificou-se que os coeficientes de variação foram elevados, o que era esperado devido à diversidade de fatores avaliados e à possibilidade de variação da relevância de cada aspecto dependendo de cada cenário em avaliação. Desse modo, os resultados apresentados estabelecem uma faixa de variação dos pesos dos indicadores, que permite contemplar a variação natural da relevância. O analista definirá, de acordo com o caso

em análise, o peso do indicador, utilizando a faixa estabelecida pelo coeficiente de variação.

A avaliação feita pelos técnicos quanto às formulações para estimativa dos indicadores e mesmo aos aspectos abrangidos pelos indicadores foram avaliados e incorporados aos indicadores propostos, sendo os comentários e as sugestões por eles realizadas indicados no item 4.2.4, juntamente com as considerações feitas.

Pesos dos indicadores de custo

Para a ponderação do indicador de custos será utilizado o resultado da pesquisa de Moura (2004), a qual avaliou qual o sobrecusto aceitável para uma alternativa de melhor desempenho, quando comparada a outra de desempenho inferior, ser escolhida. Quanto se estaria disposto a pagar a mais em troca de um melhor desempenho social e ambiental.

Nessa pesquisa Moura (2004) realizou consulta à população e à profissionais da área de engenharia de órgãos gestores ambientais e municipais, e de empresas de consultoria e projetos. Na consulta à população foram aplicados questionários por meio de pesquisa porta a porta, em uma amostra representativa da população de Belo Horizonte, com 364 habitantes do município.

A pesquisa indicou um peso de 30% para este indicador, ou seja, um sobrepreço máximo de 30% para se implantar uma alternativa com melhor desempenho social e ambiental.

Nesta pesquisa será adotado este mesmo peso de 30% para o indicador de custos.