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1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FORMAL

1.2 A PESQUISA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Nenhum campo de conhecimento pode se consolidar à margem da pesquisa (GONZALEZ-GAUDIANO; LORENZETTI; 2009).

O ato de se fazer pesquisa é o alicerce para a construção da ciência. Ela é o germe da evolução do conhecimento, um aprofundamento rico que possibilita defrontar teoria e práxis, o momento de testar, negar ou validar hipóteses (SANTOS; ROSSO; FERREIRA, 2010, p. 108). [...] exige criatividade, disciplina, organização e modéstia, baseando-se no confronto permanente entre o possível e o impossível, entre o conhecimento e a ignorância (GOLDENBERG, 2011, p.13).

“[...] Deve-se divulgar ao máximo a publicação dos resultados das pesquisas, para que sejam debatidos, refutados ou replicados e possam, então, constituir uma dialética constante de discussões na busca por novos conhecimentos” (SANTOS; ROSSO; FERREIRA, 2010, p. 108). Muitas são as formas de divulgação de pesquisas, entre elas, grupos de pesquisadores, eventos ou encontros científicos, revistas ou jornais acadêmicos, livros, entre outros. Em relação às revistas científicas, instrumentos desta dissertação, constituem-se como uma publicação periódica, classificadas por meio de uma base indexadora conforme a qualidade das mesmas, e composta por artigos, sendo estes meios pelos quais a comunidade científica divulga e agrega conhecimento a uma determinada área. Os artigos são fontes ricas de conhecimento para a ciência e, por passarem por um processo de avaliação mais exigente, adquirirem uma maior confiabilidade.

“A entrada da Educação Ambiental no circuito da produção científica no Brasil é relativamente recente e tem sido precedida de um processo de progressiva avaliação e qualificação” (CARVALHO; FARIAS, 2011, p. 120). “A explosão de publicações de Educação Ambiental no Brasil ocorreu a partir da conferência Rio- Eco 92, a qual acabou por consolidar e expandir a Educação Ambiental no Brasil durante a década de 90” (SANTOS; ROSSO; FERREIRA; 2010; p. 118).

O envolvimento da comunidade acadêmica brasileira no processo de produção do conhecimento científico relacionado à Educação Ambiental encontra-se em diferentes campos do conhecimento e espaços institucionais. Os variados cursos de pós-graduação têm oferecido possibilidades para a realização de trabalhos tanto em linhas específicas de pesquisa em Educação Ambiental quanto em áreas correlatas. Há ainda pesquisas sendo desenvolvidas fora dos programas de pós- graduação, em instituições não universitárias, tanto em órgãos governamentais como em órgãos não governamentais (ONGs) (KAWASAKI et al., 2009). González- Gaudiano e Lorenzetti (2009) destacam que o Brasil tem construído oportunidades consistentes de pesquisa e de produção de conhecimento em Educação Ambiental quando comparadas às realidades de outros países da América Latina. No país, o

crescente número de pós-graduações stricto senso em Educação e Educação Ambiental, a realização de encontros nacionais com foco na EA, somados a legislação direcionada a área em questão contribuíram notavelmente para impulsionar a pesquisa nesse campo.

Quanto à produção por parte de professores/educadores ambientais, Costa (1998), em estudo realizado em cinco países, incluindo o Brasil, observou que os professores consideram a difusão científica importante, mas afirmaram não se envolverem em atividades desse tipo por falta de tempo ou por não terem treinamento adequado. Neiman (2007) menciona que,

Apesar da sua importância, poucos educadores ambientais brasileiros divulgam seus trabalhos, ou o fazem de maneira pouco eficiente, pela escassez de periódicos e mesmo pela falta de hábito de publicar experiências. Quando há divulgação, na maioria dos casos, o que se observa são modelos já estabelecidos, que apresentam as mesmas reflexões [...].

Mesmo com a ‘ausência’ de trabalhos publicados por educadores ambientais

como mencionou Costa e Neiman, há um número crescente de teses, dissertações e artigos em revistas especializadas analisando programas, projetos e atividades educativas e produzindo conhecimento relacionado a diferentes abordagens em Educação Ambiental (KAWASAKI et al., 2009).

Para Fracalanza et al. (2008), devido à abrangência da temática e ao fato da produção acadêmica ser realizada em distintos programas de pós-graduação, torna- se difícil a recuperação, tanto das variadas informações sobre Educação Ambiental assentadas pelas pesquisas, quanto das controvérsias existentes no campo, bem como das reais configurações dos recortes teóricos, dos objetos, objetivos e procedimentos de investigação que constituem o âmago dos trabalhos. Assim, “o emergente campo da pesquisa em Educação Ambiental no Brasil traz a necessidade de uma sistematização dessa produção a fim de identificar e configurar aspectos desse novo campo do conhecimento” (KAWASAKI et al., 2009, p. 147). Para Figueiredo, Costa e Mônico Jr (2004), “a academia ainda carece refletir e analisar mais sistematicamente sua produção [...]”.

Neste sentido muitos estudos, classificados como estado da arte ou estado do conhecimento, vêm sendo desenvolvidos e publicados (CARVALHO; FARIAS, 2011; CARVALHO; FEITOSA, 2011; SANTOS; ROSSO; FERREIRA, 2010; FRACALANZA

et.al., 2008; LORENZETTI; DELIZOICOV, 2006; SANTOS; MARTINS, 2007; REIGOTA, 2007; entre muitos outros). Estudos importantes para a sistematização da produção na área em questão apresentando como um dos objetivos principais a contribuição para o processo de compreensão da instauração desse campo de saber e as transformações ocorridas ao longo da história (GONZÁLEZ-GAUDIANO; LORENZETTI, 2009).

Por meio desses estudos também é possível identificar as tendências das pesquisas, reconhecendo as práticas cotidianas da Educação Ambiental desenvolvidas no contexto escolar. São variados os temas de pesquisa relevantes para a identificação dessa inserção: que tipo de profissional está envolvido com a Educação Ambiental nessas escolas, qual sua formação e atuação, quais os temas mais recorrentes, há quanto tempo as escolas desenvolvem essas práticas, como estruturam essa inserção, que propostas pedagógicas a caracterizam, entre outros. As formas de inserção da Educação Ambiental nas escolas são muito variadas, assim como o são os muitos fatores determinantes dessas propostas educativas. (REIS et al., 2012).

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O enquadre metodológico deste trabalho, bem como de cada uma das análises que o subsidia, pode ser descrito, quanto ao objetivo, como o de uma pesquisa descritiva-explicativa, e quanto ao procedimento, uma pesquisa bibliográfica, representando um levantamento de artigos científicos focados na Educação Ambiental, seguida de uma categorização dos mesmos, e direcionando a análise para os trabalhos baseados na prática da Educação Ambiental junto ao ensino formal.

A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida com base na análise dos artigos, publicados no período compreendido entre 2007 a 2012, de todas as edições de três revistas que apresentam um formato acadêmico e com temática essencialmente direcionada à Educação Ambiental.

Os dados obtidos foram tratados a partir de análises qualitativa e quantitativa. Utilizou-se o Método da Análise de Conteúdo pautado em categorias (BARDIN, 1977) para as análises qualitativas e a Estatística Descritiva para as análises quantitativas.

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