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A pesquisa qualitativa preocupa-se com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. Possibilita a análise de casos concretos nas suas particularidades, partindo das expressões das pessoas e das atividades em seus contextos locais (FLICK, 2004). Para Minayo (2003), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Como características básicas da pesquisa qualitativa estão o foco na interpretação, ênfase na subjetividade, flexibilidade no processo de conduzir a pesquisa, sendo que o pesquisador trabalha com situações complexas, não sendo possível determinar a priori o caminho a ser seguido. Junto a estas características estão a preocupação com o contexto, no sentido em que o comportamento das pessoas e a situação estão ligados na formação de experiência, e o reconhecimento do impacto do processo da pesquisa sobre a situação de pesquisa, fazendo que o pesquisador exerça influência sobre a situação de pesquisa e seja por ela influenciado (MOREIRA, 2002).

Dentre os tipos de pesquisa qualitativa, o estudo de caso mostra-se adequado às investigações empíricas, justamente por se caracterizar como um estudo profundo e exaustivo de um objeto, permitindo seu amplo e detalhado conhecimento (MALHOTA, 2005). O estudo de caso é útil nas pesquisas que têm como objetivo contextualizar e aprofundar o estudo em determinado tema (LAZZARINI, 1995).

O uso do estudo de caso em administração é defendido por Patton e Appelbaum (2003) por oferecer uma oportunidade para a obtenção de uma visão abrangente de um processo, ao invés de uma visão reduzida e fragmentada. Nesse sentido, o estudo de caso é

ideal para compreender as organizações, visto o difícil controle e mensuração das observações presentes nas ciências naturais e dada a visão sistêmica que pode ser utilizada para entender estes fenômenos de forma plena.

O estudo de caso também é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo dos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 2011). Nesse sentido, Gil (2011) apresenta três razões principais que justificam o estudo de caso como uma estratégia apropriada:

a) a possibilidade de estudar sistemas no ambiente natural, e aprender sobre o estado da arte e de gerar teorias a partir da prática;

b) a possibilidade de responder a perguntas do tipo como? e por que?, a fim de compreender a natureza e a complexidade do processo em jogo;

c) a possibilidade de pesquisar uma área na qual poucos estudos prévios tenham sido realizados.

Yin (2010) cita que para elaborar um estudo de caso é necessário desenvolver uma estrutura de pesquisa onde se defina quais questões estudar, quais dados coletar e como analisar esses resultados. Para isso, apresenta alguns componentes fundamentais: questão e posicionamento do estudo; unidade de análise; lógica de ligação dos dados às proposições; critério de interpretação dos fatos.

Quanto à classificação dos estudos dos casos, Yin (2010) propõe uma disposição de acordo com os objetos do escopo: exploratório, descritivo e explicativo. A finalidade da pesquisa exploratória é compreender, desenvolver, elucidar e modificar ideias e conceitos que possam servir em estudos futuros para formulação de um problema ou desenvolvimento de hipóteses. Enfatiza que pesquisas exploratórias possuem o objetivo de proporcionar uma visão geral e maior familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito e construindo hipóteses, objetivando o aprimoramento de ideias e descobertas.

A pesquisa exploratória é um processo de pesquisa que realiza descrições concisas das situações, procurando descobrir relações existentes entre seus elementos, exigindo um planejamento flexível, viabilizando a consideração de diversos aspectos de uma situação ou problema (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). A pesquisa exploratória configura-se como uma investigação empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, visando conhecer melhor um ambiente, fato ou fenômeno, para posterior análise e melhoramento (MARCONI; LAKATOS, 2011).

Brandão e Streck (2006) apresentam argumentos que justificam a utilização de estudos exploratórios:

a) aumentar o grau de familiaridade com fenômenos relativamente desconhecidos; b) obter informações sobre a possibilidade de realizar uma investigação mais

completa sobre um contexto particular da vida real;

c) investigar problemas de comportamento humano que os profissionais de determinada área consideram cruciais;

d) identificar conceitos e variáveis promissoras;

e) estabelecer prioridades para investigações posteriores ou sugerir afirmações (postulados) verificáveis com um denominador comum.

As pesquisas descritivas, por sua vez, são marcadas pela necessidade detalhada de informações, pois requerem uma especificação clara de que, o que, quando, onde, por que e como (MALHOTRA, 2005). Para Haguete (1995), em uma pesquisa descritiva levantam-se informações sobre situações específicas e relacionadas, com o objetivo de oferecer a visualização da totalidade a partir de suas distinções. O propósito desse tipo de pesquisa é descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los.

Para Gil (2011), as pesquisas descritivas têm como objetivo principal delinear as características de determinado fenômeno ou população e, ainda, estabelecer relação entre as variáveis. Mattar (2005) atribui às pesquisas descritivas a característica de possuírem objetivos bem definidos, procedimentos formais, serem bem estruturadas e dirigidas para a solução de problemas ou avaliações de alternativas de cursos de ação.

Neste sentido, classifica-se esta pesquisa como qualitativa, pois possibilita a análise deste estudo nas suas particularidades, partindo da expressão das pessoas e das atividades em seus contextos locais. É um estudo exploratório e descritivo, com estratégia de estudo de caso, o que permite uma visão abrangente, sendo ideal para compreender as organizações e buscar descrever a relação existente entre a inovação e a vantagem competitiva sob a luz da visão baseada em recurso, objetivando buscar na realidade, aspectos relacionados aos conceitos apresentados.

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