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Tomando como base a proposta aplicada por Vergara (1998) para a classificação das pesquisas, as mesmas podem ser qualificadas em relação a dois critérios: quanto aos fins, podendo ser: exploratórias, descritivas, explicativas, metodológicas, aplicadas e intervencionistas; e quanto aos meios de investigação, podendo ser: pesquisa de campo, pesquisa de laboratório, telematizada, documental, bibliográfica, experimental, ex post facto, participante, pesquisa-ação e estudo de caso.

Correlacionando estas classificações à presente pesquisa, quanto aos fins, pode-se considerá-la: descritiva e explicativa e, quanto aos meios: bibliográfica, documental e estudo de caso, conforme definições e justificativas subsequentes.

Segundo Vergara (1998, p.45), a pesquisa descritiva “expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno”, podendo estabelecer também, segundo a autora, “correlações entre variáveis e definir sua natureza”. Já Rudio (1985), considera a pesquisa descritiva uma análise aprofundada da realidade pesquisada. Para Gil (2008), esse tipo de pesquisa procura conhecer a realidade estudada, suas características e seus problemas, pretendendo, segundo Triviños (1987, p.100) “descrever com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade”.

Logo, diante das considerações supracitadas a respeito da classificação descritiva, esta, se aplica a este estudo porque o mesmo visou correlacionar algumas variáveis, como as medidas preconizadas pelas autoridades sanitárias em relação à

doença com a postura adotada pela empresa, descrevendo as ações e adaptações realizadas, bem como seus reflexos no comportamento dos colaboradores diante das mudanças impostas, objetivando descrever, analisar e interpretar esses fatos. Outra variável correlacionada foi a investigação do apoio concedido pelo governo federal às empresas, através de aporte financeiro e manutenção de emprego, com a adoção dessas medidas pela empresa.

A investigação explicativa, de acordo com Vergara (1998, p. 45), “tem como principal objetivo tornar algo inteligível, justificar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno”. Para Gil (2008, p.43), “uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de outra descritiva, posto que a identificação de fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado”, sendo esta, ainda centrada na preocupação de identificar fatores determinantes ou de contribuição no desencadeamento dos fenômenos, explicando a razão pela qual se dá uma ocorrência social ou natural.

Diante disso, a finalidade desta pesquisa cabe também como explicativa, porque pretendeu compreender as causas e efeitos de uma nova doença, expondo as implicações, imposições e recomendações consequentes a um fenômeno, até então desconhecido no mundo. O que tornou esta pesquisa relevante, visto que permitiu uma melhor percepção e entendimento, através da apresentação do posicionamento de profissionais de saúde, autoridades sanitárias e governamentais e da abordagem sobre as orientações, explicações e expectativas a respeito da doença, bem como permitiu analisar o posicionamento empresarial na prática de sua responsabilidade social, seja assegurando proteção aos colaboradores e ou se solidarizando perante um momento cercado por dúvidas e desafios.

Ainda considerando o posicionamento de Vergara (1998), quanto aos meios, esta pesquisa caracteriza-se como: bibliográfica, documental e estudo de caso.

Vergara (1998, p.46) define a pesquisa bibliográfica como “o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, ou seja, material acessível ao público em geral”, permitindo, segundo Severino (2007, p.122), que “o pesquisador trabalhe a partir de contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos”, tornando-os fontes dos temas a serem pesquisados.

Nesse mesmo raciocínio, Boccato (2006,p.266), esclarece que:

A pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica. Nesse contexto, a classificação bibliográfica se aplica à pesquisa em questão porque foi necessária uma revisão da teoria sobre processo produtivo e arranjo físico (considerando a necessidade de readaptações das instalações da empresa), bem como um levantamento de informações, com o objetivo de reunir os dados organizacionais, conhecer a doença e seus impactos (principalmente nos âmbitos de responsabilidade social e econômico); e entender a produção de determinados produtos (pneus, por ser o produto principal fabricado pela empresa estudada, máscaras e álcool 70%, uma vez que a empresa optou pela fabricação temporária destes dois produtos como forma de contribuir no combate à doença).

Já a análise documental, segundo Vergara (1998, p. 46) “é a realizada em documentos [...] de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registros, anais, regulamentos, circulares, ofícios [...]”. É considerada importante, seja por complementar informações obtidas por outras técnicas, seja por desvelar aspectos novos de um tema ou problema (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). Uma análise documental, inclui as publicações gerais, as governamentais e as institucionais (MATTAR, 1999), ou seja, envolve a investigação em documentos internos (da organização) ou externos (governamentais: documentos oficiais como portarias, relatórios em âmbito municipal, estadual ou federal).

Em paralelo às considerações acima, pode-se categorizar o presente estudo como documental, pois se utilizou de fontes documentais de órgãos governamentais, como Decretos, Leis e Medidas Provisórias, expostas ao longo do trabalho, numa triangulação com a entrevista e o questionário, para contextualização e maior compreensão da legislação referente à COVID-19 e sua aderência e aplicabilidade pela empresa.

No que diz respeito ao estudo de caso, Vergara (1998) afirma ser profundo e detalhado, podendo ou não ser realizado no campo, e aplicado à “uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país” (VERGARA, 1998 p. 47). Na visão de Yin (2015), o estudo de caso investiga um fenômeno considerando

seu contexto, ou seja, realiza uma análise sob a conjuntura real, caracterizado por Creswell (2007) pela profundidade da investigação. Já Gil (2008), o descreve como um estudo exaustivo que permite o aprofundamento do seu conhecimento, proporcionando grande profundidade e pequena amplitude. Na perspectiva de Yin (2010), a escolha por essa modalidade de pesquisa depende em grande parte da questão a ser pesquisada, sendo importante quando essas questões exigirem uma descrição ampla e profunda de algum fenômeno social: “Quanto mais suas questões procuram explicar alguma circunstância presente (por exemplo, “como” ou “por que” algum fenômeno social funciona), mais o método do estudo de caso será relevante” (YIN, 2010, p. 24).

A opção pelo estudo de caso, se deu porque, considerando a perspectiva de estudo sobre os impactos da COVID-19, achou-se interessante analisar na prática o contexto das mudanças impostas pela pandemia, com consequências nas esferas social e organizacional em dimensão mundial, que exigiu uma nova dinâmica e adoção de processos adequados às contingências, escolhendo particularmente analisar a Michelin, em meio a várias outras empresas que também se solidarizaram e produziram EPIs. Considerou-se interessante essa modalidade de pesquisa, pelo fato de permitir a relação das questões teóricas, representadas nesse caso pelas informações e recomendações referentes à doença, com a prática, representada pelas ações e estratégias adotadas pela Michelin e seus colaboradores.

Considerando ainda outros critérios de classificação propostos por outros autores, pode-se atribuir às pesquisas uma classificação quanto à sua abordagem, podendo ser: qualitativa, quantitativa ou mista.

Tratando-se da abordagem e considerando o posicionamento dos autores citados na sequência, esta pesquisa consiste em qualitativa, pois o enfoque foi entender, descrever e explicar um fenômeno social enfrentado pelo mundo, através da análise de informações, documentos e de novas experiências individuais e coletivas que as pessoas e empresas passaram a vivenciar.

De acordo com Richardson (1999), os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, assim como compreender e classificar processos dinâmicos vivenciados por grupos sociais. As técnicas qualitativas focam a experiência das pessoas e seu respectivo significado em relação a eventos, processos e estruturas inseridos em cenários sociais (SKINNER; TAGG; HOLLOWAY, 2000). O

resultado de uma pesquisa qualitativa compreende o entendimento mais profundo de uma realidade (MALHOTRA; ROCHA; LAUDISIO, 2005), com o objetivo de desenvolver teorias empiricamente fundamentadas (FLICK, 2009). Deste modo, o pesquisador qualitativo procura assegurar ao leitor que o propósito da investigação não é alcançar a generalização, e sim, fornecer exemplos situacionais à experiência do leitor (STAKE, 2011). Esta metodologia “atravessa disciplinas, campos e temas” e envolve o uso e coleta de uma variedade de materiais empíricos (DENSYN; LINCOLN, 2006, p. 16). Assim, a pesquisa qualitativa caracteriza-se por ser “interpretativa, baseada em experiências, situacional e humanística”, sendo consistente com suas prioridades de singularidade e contexto (STAKE, 2011, p. 41).

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