• Nenhum resultado encontrado

O presente trabalho inscreve-se numa abordagem de pesquisa qualitativa, a qual consiste na obtenção de dados através do contato direto com os sujeitos pesquisados, em que os dados recolhidos o são em forma de palavras ou imagens, sendo analisados em toda a sua riqueza. Dando ênfase mais ao processo do que o produto, o método não é estático e permite um diálogo entre os investigadores e os sujeitos (BOGDAN e BIKLEN, 1994). A respeito, Richardson (1999, p. 79) pondera que: ―A abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social‖.

As pesquisas que utilizam essa metodologia descrevem a complexidade de um problema, analisam a interação das variáveis, além de:

Compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos‖ (RICHARDSON 1999, p. 80).

Essas características dialogam com as ideias de Bicudo (1999, p. 104), haja vista que, para ela, ―o qualitativo engloba a ideia do subjetivo, passível de expor sensações e opiniões. O significado atribuído a essa concepção de pesquisa também engloba noções a respeito de percepções de diferenças e semelhanças de aspectos comparáveis de experiência‖.

Dentro das abordagens qualitativas, optamos por adotar, para a análise dos dados, a Análise de Conteúdo, segundo proposta de Franco (2008) e Bardin (2008).

O ponto de partida da Análise de Conteúdo é a mensagem, oral ou escrita, expressando um significado e um sentido. Esta mensagem pode ser emitida por uma palavra, um texto, um enunciado até mesmo um discurso. (FRANCO 2008, p.19 grifo do autor)

Segundo a autora, a análise de conteúdo necessita de descobertas com relevância teórica, em que um dado sobre o conteúdo tem que estar relacionado, pelo menos, a outro dado, implicando comparações contextuais, tipos de comparações que devem ser obrigatoriamente direcionados por meio da sensibilidade, intencionalidade e competência teórica do pesquisador. Adotada tal perspectiva, esse procedimento permite realizar inferências sobre qualquer um dos elementos de comunicação. Para Bardin (2008, p.40)

A análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de análise

das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de

descrição do conteúdo das mensagens [...] A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos ás condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), referencia essa que recorre a indicadores (quantitativos ou não)(grifo da autora).

Em nossa pesquisa, a análise dos dados coletados durante a realização dos encontros delimita-se em modelos de comunicações dos conhecimentos explicitados pelos professores participantes. Pautados por essas recomendações, tecemos, a seguir, informações relativas ao desenvolvimento da investigação.

3.1 - DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Para contemplar nossos objetivos, fez-se necessária a formação de um grupo de professores que atuavam nos sextos anos do Ensino Fundamental. Primeiramente, elaboramos uma carta convite (Apêndice A), na qual explicamos a sistemática de nossos encontros.

Esse convite foi estendido aos professores da rede pública do município de Campo Grande/MS, por meio de visitas a algumas escolas. De início, recebemos catorze inscrições, além de alguns professores que manifestaram interesse, fazendo-o via e-mail e por telefone, porém, somente oito professores compareceram aos encontros e apenas seis permaneceram.

O principal motivo das desistências é que, apesar de serem informados que os encontros seriam realizados aos sábados, muitos professores tiveram dificuldade em participar. A formação do grupo respeitou o interesse voluntário de cada participante e nenhuma outra condição foi aceita para a seleção dos participantes da investigação.

A opção por realizar esse estudo com professores da rede pública justifica-se pelas ―condições de trabalho dos profissionais que lecionam nessas escolas. Esses profissionais, obrigados muitas vezes a cumprir jornadas duplas ou triplas, são os que, geralmente, possuem menos possibilidades de estudos‖ (FERREIRA, 2003, p.115).

A pesquisa foi realizada no Laboratório de Ensino de Matemática (LEMA) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Escolhemos este espaço por apresentar um ambiente propício para a formação continuada de professores. OLaboratório de Ensino de Matemática (LEMA) contribuiu como espaço de reflexão, discussão sobre ensino e aprendizagem do tema, proporcionando aos professores a oportunidade de trocar ideias e

elaborar, de forma criativa e prática, uma sequência de atividades, contribuindo, por sua vez, para o enriquecimento das aulas dos referidos professores e cumprindo com o papel social da Universidade, através da sua integração com a comunidade.

Cabe ressaltar que o presente estudo está vinculado ao projeto de extensão intitulado ―Laboratório de Ensino de Matemática (LEMA) na Formação e na Prática do Professor”. Trata-se de um projeto de extensão que teve duração de sete meses e tinha como objetivo principal incentivar o conhecimento matemático, proporcionando aos professores do ensino fundamental e médio da rede municipal e estadual a ampliação desses conhecimentos.

Os professores sujeitos da pesquisa sempre foram considerados o centro de estudo, em que procuramos conhecer e respeitar as suas expectativas, os seus conhecimentos e, principalmente, aprender com eles.

3.1.1 – Coleta de Dados

Os dados foram coletados durante seis encontros, realizados entre junho e novembro de 2010 e em maio de 2011. Passamos a apresentação de cada um dos diferentes tipos de instrumentos utilizados.

I - Transcrição dos Encontros.

Todos os encontros foram gravados (gravadores de áudios) e transcritos, sendo esse recurso a principal fonte de dados da pesquisa. Os professores tinham conhecimento das gravações e sempre os conscientizamos da utilização dessa fonte. Eles também assinaram um termo de consentimento (Apêndice B).

No último encontro, apresentamos as transcrições ao grupo, as quais, por terem uma quantidade muito grande de páginas, foram enviadas por e-mail aos sujeitos e, em nenhum momento, eles manifestaram-se contra alguma fala, pedindo para que não fosse publicada.

II - Relato por Escrito

Inicialmente, não tínhamos a intenção de pedir-lhes para escrever, apenas que falassem sobre suas práticas, mas sentimos a necessidade de um texto escrito por conta da timidez

discussão.

III - Questionário

Aplicamos um único questionário, que foi respondido no primeiro encontro e tinha o objetivo de caracterizar os sujeitos.

3.1.2 – Sujeitos Participantes

Nossa investigação envolveu seis professores que estavam atuando nas escolas públicas de Campo Grande/MS, sendo eles: Cristiane, Solange, Veriani, Alexandre, João e Junior7.

O fato dos professores trabalharem em instituições diferentes fez com que tivéssemos uma representação da realidade, em sentido amplo. Outro fato que nos chamou a atenção foi a heterogeneidade do grupo, constituído por seis professores, três em início de carreira e três mais experientes como aponta a Quadro 2.

Quadro 3 - Caracterização dos sujeitos

PROFESSORES FORMAÇÃO – NÍVEL

SUPERIOR E ANO DE

Documentos relacionados