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2.2 Eutrofização e Qualidade da água

2.2.1 Pesquisas sobre qualidade de água no Brasil

No Brasil, as primeiras pesquisas sobre a qualidade da água foram realizadas por Katzer, em 1897, observando os aspectos físicos e químicos da água do Rio Amazonas. O estudo foi considerado irrelevante, devido à predominância das pesquisas da época estar voltada para a taxonomia da fauna e flora, as quais eram realizadas por botânicos e zoologistas, sem levar em consideração os aspectos ambientais (OLIVEIRA, 2001).

Esteves (1998) cita que as primeiras investigações limnológicas abordando os fatores abióticos dos ecossistemas aquáticos foram realizadas na década de 1930, em açudes do Nordeste brasileiro.

Feitosa, Nascimento e Costa (1999), ao analisarem a distribuição espacial e temporal da biomassa fitoplanctônica na Bacia do Pina/PE, verificaram um gradiente

crescente da biomassa da porção mais costeira para a mais interna do estuário, durante os períodos de maré. Na baixa-mar as concentrações de clorofila a estiveram bem mais elevadas, coincidindo com o maior aporte de nitrito, nitrato, fosfato e silicato, menor transparência e salinidade da água, nesta região do estuário.

Gurgel e Fernando (1999) avaliaram as características limnológicas da grande Bacia Hidrográfica do Nordeste e concluíram que suas águas são de ótima qualidade quanto aos aspectos físicos, químicos e biológicos, embora o potencial aquícola seja subaproveitado.

Nogueira (2000) verificou que a comunidade fitoplanctônica do reservatório do Jurumirim/SP é caracterizada por algas cianofíceas e diatomáceas, com padrões alternados de dominância no verão, outono, inverno e primavera, em que as principais espécies são:

Microcystis aeruginosa, Anabaena circinalis, A. spiroides (Cyanophyceae) e Aulacoseira granulata e A. cf. italica (Bacillariophyceae).

Figueredo e Giani (2001), analisando a variação sazonal da densidade fitoplanctônica, riqueza e diversidade de espécies na lagoa da Pampulha, Minas Gerais, observaram a grande influência climática nos estágios de sucessão das espécies, até o momento em que a estabilidade da coluna de água permitisse o domínio de Microcystis, uma espécie que periodicamente causa florescimento naquele reservatório. O índice de diversidade (H) apresentou valores altos e foi importante para demonstrar a instabilidade do sistema que a maior parte do ano não permite o domínio de uma única espécie.

Dellamano-Oliveira, Senna e Taniguchi (2003) observaram a influência sazonal sobre a dinâmica e a estrutura da comunidade fitoplanctônica da lagoa do Caçó, Maranhão, Brasil, verificando que as clorofíceas e as cianofíceas tiveram a maior contribuição nas estações chuvosa e seca, respectivamente. As variáveis limnológicas abióticas mostraram uma distribuição espacial homogênea em relação às duas estações analisadas

Fernandes e Lagos (2003) verificaram a dominância das cianofíceas na comunidade fitoplanctônica no reservatório do Iraí, Paraná. Os autores registraram florações frequentes de Microcystis aeruginosa, Cylindrospermopsis raciborskii e Anabaena solitaria, com sucessão bem distinta, ou seja, o crescimento máximo ocorreu em períodos não coincidentes.

Koening et al. (2003) constataram que a após a construção do Porto de Suape/PE, a densidade fitoplanctônica diminuiu no estuário do Rio Ipojuca, devido a grande quantidade de material em suspensão, sendo a luz o fator limitante, já que havia elevadas concentrações de nutrientes.

Marques, Oliveira e Machado (2003) realizaram um estudo limnológico do Rio Piraquara, Paraná, verificando que os parâmetros físicos e químicos da água (O2 dissolvido,

pH, ortofosfato, amônia, profundidade, silicato) demonstraram correlações entre a composição da água e as características fisiográficas da bacia, porém apresentando trechos de comportamento homogêneo, o que permitiu a divisão da bacia em três ambientes distintos.

Nogueira (2003), ao analisar a estrutura da comunidade fitoplanctônica em lagos marginas do Rio Turiaçu, Maranhão, verificou a grande influência dos pulsos de inundação sobre a comunidade. A classe Cyanophyceae foi a mais abundante seguida da Bacillariophyceae, embora a maior riqueza de espécies tenha sido de Chlorophyceae. Os lagos apresentaram estado eutrófico na estação seca e mesotrófico nos períodos de vazante, enchente e cheia.

Lacerda et al. (2004), analisando a variação nictemeral do fitoplâncton no Estuário do Rio Botafogo, Pernambuco, verificaram que as diatomáceas foram as mais frequentes, principalmente Coscinodiscus centralis e Odontella regia, nas estações chuvosa e seca, respectivamente. Este ecossistema é poluído, porém os efeitos são minimizados pela influência marinha.

Matsumura-Tundisi e Tundisi (2005) citam a grande influência dos gradientes ambientais como fatores seletivos em ecossistemas eutrofizados, ao analisar a riqueza planctônica do reservatório da Barra Bonita/SP. Ambos, fito e zooplâncton, apresentaram alta riqueza de espécies, com destaque para a abundância de clorofíceas e cianofíceas.

Salomoni et al. (2006) ao analisarem as concentrações de ortofosfato, amônia, nitrogênio orgânico total, coliformes fecais e a DBO5 (demanda bioquímica de oxigênio

durante cinco dias de incubação), caracterizaram um gradiente de poluição ao longo do Rio Gravataí, Rio Grande do Sul, o que provocou mudanças significativas na abundância ou composição das espécies de diatomáceas. Elas foram definidas como bioindicadores e podem ser usadas para monitorar a qualidade de ambientes aquáticos em outros locais.

Fragoso-Júnior et al. (2007) apresentaram um modelo de precisão numérica para estimativa da dinâmica de biomassa do fitoplâncton, considerando os mecanismos de transporte no meio aquático, crescimento e perdas de sua biomassa. O modelo possui três módulos: (a) hidrodinâmico que trata dos fluxos quantitativos do meio, associado a um algoritmo de secagem/inundação; (b) de transporte que aborda os mecanismos de transporte das substâncias no meio e (c) biológico que engloba os mecanismos biológicos relacionados ao fitoplâncton.

Fonseca e Bicudo (2008) analisaram a dinâmica e estrutura do fitoplâncton na lagoa das Garças, um reservatório eutrofizado, localizada no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, verificando que a variação sazonal e vertical esteve relacionada a trocas nas características químicas da água, devido a uma estação chuvosa e morna e coluna d’água estratificada, alternando com uma estação seca e fria e coluna de água misturada. Houve dominância das cianofíceas durante o ano inteiro, com alternância entre espécies.

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