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4 ANÁLISE TÉCNICA DAS GRANJAS REPRESENTATIVAS A análise técnica das granjas representativas compreende:

4.2 DESCRIÇÃO DAS PGEB

4.2.1 PGEB isolada da rede e sem aquecimento (PGEB1)

A Figura 37 ilustra uma granja com PGEB isolada da rede e sem aquecimento do biodigestor.

Essa planta apresenta a configuração mais simples e de menor custo, pois não necessita do painel de conexão e proteção da rede e não possui aquecimento do biodigestor.

Os dejetos vão, diariamente, por gravidade até o tanque de homogeneização que serve para homogeneizar e regular o fluxo de alimentação do biodigestor.

Após ter sua vazão diminuída, os dejetos seguem também por gravidade ao biodigestor, onde permanecem em média o tempo definido pelo TRH e são convertidos em biogás e biofertilizante.

Figura 37 - PGEB1: Isolada da rede e sem aquecimento

Aproximadamente a mesma quantidade de dejetos que entra no biodigestor sai para o tanque de biofertilizante, de onde é aplicado ao solo com uma carga orgânica muito menor.

O biogás sai do biodigestor quente e saturado de umidade. Para a remoção da umidade e seu resfriamento, ele segue por uma tubulação enterrada até o motogerador. Para remover o condensado existem purgas ao longo da canalização.

A remoção de H2S é feita através da biodesulfurização com injeção de ar no biodigestor na quantidade de 5% do volume de biogás produzido.

No motogerador o biogás é convertido em EE que alimenta as cargas da propriedade sem ter contato com a rede da distribuidora.

A energia gerada segue através de uma rede de distribuição interna exclusiva da propriedade.

Nas PGEBs isoladas da rede, como é o caso, a potência elétrica gerada é variável e igual a soma das cargas da granja e auxiliares da PGEB em cada instante.

Como a rede interna da granja é isolada da rede da concessionária, nas PGEBs isoladas a ligação do gerador é trifásica, aumentando assim a potência máxima do gerador e seu rendimento.

É importante salientar também, que as PGEBs sem aquecimento apesar de não possuírem as cargas auxiliares do sistema de cogeração, elas ainda apresentam a carga auxiliar referende a bomba de agitação do substrato no biodigestor. Essa carga, ao contrário das cargas auxiliares do sistema de cogeração, é fixa e funciona permanentemente, mesmo com o motogerador desligado.

Caso exista excesso de biogás no gasômetro, este é direcionado para um queimador para evitar sobre pressão e diminuir o potencial de efeito estufa do metano.

A seguir são apresentados os componentes principais da planta: Biodigestor

O biodigestor utilizado na planta é do modelo canadense, com configuração tronco trapezoidal regular, confeccionado em geomembrana de PEAD e PEBDL com TRH de 20 dias, conforme ilustra a Figura 38. O biodigestor classifica-se por digestão úmida em uma fase e três estágios com alimentação contínua e mesofílico. O mesmo modelo de biodigestor é utilizado nas quatro diferentes configurações de PGEB, porém aquelas com aquecimento, o biodigestor possui uma camada de 5 cm de isolante térmico (0,035 W/m°C) entre as paredes, piso e o solo (1 W/m°C). A geomembrana de PEAD inferior possui 1,00 mm de espessura e a de PEBDL superior possui 1,25 mm de espessura, ambas com condutividade térmica de 0,35 W/m°C.

Figura 38 - Modelo do biodigestor utilizado

Na granja UCT possui volume de 53 m3 e na granja UPL de 118 m3.

A Tabela 15 apresenta as dimensões dos biodigestores. Tabela 15 - Dimensões dos biodigestores utilizados

Granja (𝑚) 𝐻 (𝑚) 𝐶𝑠 (𝑚) 𝐶𝑖 (𝑚) 𝐿𝑠 (𝑚) 𝐿𝑖 𝐴𝑠𝑢𝑝 (𝑚2) 𝐴𝑝 (𝑚2) 𝐴𝑓 (𝑚2) (𝑚𝐴𝑐𝑜𝑏2) (𝑚𝑉𝑠𝑢𝑏3) 𝑚𝑉𝑔á𝑠3 UCT 2,00 12,00 9,20 4,00 1,20 48,00 64,50 14,43 75,00 53,00 75,00 UPL 2,70 15,65 11,87 5,22 1,44 81,00 112,62 22,46 147,00 118,00 165,00

Sistema de agitação

O sistema de agitação é formado por agitadores hidráulicos e uma bomba que retira o substrato de certo ponto e o injeta em diversos pontos do biodigestor. A bomba, conforme ilustra a Figura 39, foi dimensionada para aumentar o contato do substrato fresco com as bactérias, evitar gradientes pronunciados de temperatura e promover a dispersão dos metabólicos.

Figura 39 - Modelo da bomba de agitação utilizada

Assume-se que a agitação proporciona uma velocidade mínima do substrato de 0,05 m/s. A agitação é utilizada em todas as PGEBs com as mesmas configurações. O sistema de agitação funciona de forma contínua em todas as PGEBs, constituindo-se assim em uma carga auxiliar fixa. Caso o motogerador estiver desligado a bomba consumirá energia da rede. A bomba de agitação funciona em potência máxima durante todo tempo.

Os dados técnicos das bombas de agitação são apresentados na Tabela 16.

Tabela 16 - Dados técnicos das bombas de agitação utilizadas

Granja Potência (kW) Vazão máx. (m3/h) Pressão máx. (kPa) Rendimento (%) UCT 2,205 12,00 208,00 32,50 UPL 2,94 16,00 255,00 39,00

Fonte: elaborado pelo autor Tanque de Biofertilizante

Após ser digerido no biodigestor, o agora biofertilizante flui para o tanque de armazenamento. Os tanques de biofertilizante foram

projetados com 100 dias de TRH, possuem geometria tronco trapezoidal regular e são confeccionados em geomembrana de PEAD de 1,00 mm de espessura. Os mesmos tanques de biofertilizante são utilizados nas quatro plantas. A Figura 40 ilustra um tanque de biofertilizante.

Figura 40 - Modelo de tanque de biofertilizante

A Tabela 17 apresenta as dimensões dos tanques de biofertilizante.

Tabela 17 - Dimensões dos tanques de biofertilizante utilizados

Granja 𝐻𝑡(𝑚) 𝐶𝑠,𝑡(𝑚) 𝐶𝑖,𝑡(𝑚) 𝐿𝑠,𝑡(𝑚) 𝐿𝑖,𝑡(𝑚) 𝑉𝑡(𝑚3)

UCT 2,00 13,40 9,40 13,40 9,40 262

UPL 2,00 19,15 15,15 19,15 14,15 590

Fonte: elaborado pelo autor Motogerador

O motogerador utilizado nas plantas é o de menor potência encontrado no mercado capaz de alimentar uma granja isolada da rede e também o menor capaz de ser conectado a rede.

É composto por um motor de combustão interna de 2,94L, três cilindros e aspiração natural, modificado do ciclo Diesel para o ciclo Otto acoplado a um gerador elétrico originalmente trifásico, conforme mostra a Figura 41.

Em razão da rede elétrica das granjas ser monofásica, no caso das granjas conectadas a rede, a ligação do gerador também deve ser monofásica. Como o gerador é originalmente trifásico, a ligação monofásica faz com que a potência máxima do gerador seja reduzida em aproximadamente 40% e o rendimento reduzido em aproximadamente 8%. Isso faz com que mesmo quando o gerador estiver com carga

máxima, o motor trabalhe com apenas 65,8% de carga, reduzindo o rendimento do grupo gerador para uma mesma carga.

Figura 41 - Motogerador utilizado nas PGEBs

Em razão da rede elétrica das granjas ser monofásica, no caso das granjas conectadas a rede, a ligação do gerador também deve ser monofásica. Como o gerador é originalmente trifásico, a ligação monofásica faz com que a potência máxima do gerador seja reduzida em aproximadamente 40% e o rendimento reduzido em aproximadamente 8%. Isso faz com que mesmo quando o gerador estiver com carga máxima, o motor trabalhe com apenas 65,8% de carga, reduzindo o rendimento do grupo gerador para uma mesma carga.

A ligação trifásica é utilizada nas plantas isoladas da rede. Nas PGEBs sem aquecimento do biodigestor (1 e 3) o calor dos gases de exaustão e do arrefecimento do motor são perdidos para a atmosfera na tubulação de descarga e no radiador respectivamente.

Devido à inexistência de potências menores, o mesmo motogerador é usado nos oito BSI, porém nas plantas com aquecimento do biodigestor, o radiador é substituído por um trocador água–água responsável por recuperar o calor de arrefecimento do motor. Nestas plantas o radiador é utilizado somente em momentos de excesso de temperatura no motor ou no biodigestor causado por elevada temperatura do ar ambiente.

A temperatura da água de arrefecimento na entrada do motor é mantida a 76°C e a água de saída a 84°C, de forma a manter uma diferença de temperatura de 8°C para evitar estresse térmico no motor e elevada vazão do líquido de arrefecimento. A Tabela 18 resume as características técnicas do motogerador.

Tabela 18 - Dados técnicos do motogerador utilizado

Granja UCT/UPL

Ligação Monofásico Trifásico

Potência máxima contínuo

𝑃𝑜𝑡𝑚á𝑥 (kW) 12 20

Tensão (V) 220 220

Consumo de biogás

𝑉 𝑏𝑖𝑜𝑔 á𝑠 (Nm3/h) 0,3953 ∗ 𝑊 𝐺𝐸𝑅+ 3,6929 0,3695 ∗ 𝑊 𝐺𝐸𝑅 + 3,6079

Temperatura dos gases de

exaustão 𝑇3 (°C) 525 525

Potência dissipada pelo sistema de arrefecimento 𝑄 𝑔𝑒𝑥 (kW)

0,3 ∗ 6,445 ∗ 𝑉 𝑏𝑖𝑜𝑔 á𝑠 0,3 ∗ 6,445 ∗ 𝑉 𝑏𝑖𝑜𝑔 á𝑠

Rendimento do gerador

𝜂𝐺𝐸𝑅 0,82 0,90

Fonte: elaborado pelo autor