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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.4 Especiarias: definição e propriedades

3.4.1 Classificação agronômica e características químicas de especiarias

3.4.1.7 Pimenta preta (pimenta do reino)

A pimenta preta, cientificamente denominada Piper nigrun L., pertence à família Piperaceae e é conhecida popularmente como pimenta do reino. No Brasil ela é cultivada em mais de 100 municípios nos Estados do Pará, Espírito Santo, Bahia, Maranhão, Ceará, Paraíba e Amapá, entre outras regiões do país, que anualmente produzem juntas mais de 30.000 toneladas de grãos de pimenta (CARNEVALLI; ARAUJO, 2013).

As pimentas sempre foram usadas pelos índios e civilizações antigas para tornar os alimentos mais agradáveis ao paladar e para conservação. Os compostos químicos que conferem o sabor pungente ou picante são os capsaicinoides, classificados como compostos fenólicos (COSTA et al., 2009).

A avaliação da composição química dessa especiaria demonstra se tratar de uma planta rica em fibras, antioxidantes a exemplo da vitamina A, C,

tocoferol, compostos fenólicos (capsaicinoides) e ainda minerais como cálcio e ferro (COSTA et al., 2009, PINTO; PINTO; DONZELES, 2013, CARNEVALLI; ARAUJO, 2013). O conteúdo de vitamina C em pimentas brasileiras varia de 52 a 104 mg/100g no fruto (PINTO; PINTO; DONZELES, 2013). Nutricionalmente, cada 100 g de pimenta preta possui, aproximadamente, 38 calorias, 5g de glicídios, 10g de proteínas e 0,3g de lipídios (CARNEVALLI; ARAUJO, 2013).

3.4.1.8 Cúrcuma

A cúrcuma (Curcuma tonga L.) é um tempero indiano derivado de rizomas, pertence à família Zingiberaceae e é amplamente cultivada na Ásia. Este rizoma é bastante utilizado na culinária para a transmissão de cor e sabor aos alimentos, mas também é utilizado para fins medicinais como antiflamatório (JURENKA, 2009; RAMSEWAK; DEWITT; NAIR, 2000).

O principal componente ativo da cúrcuma é a curcumina, responsável por sua cor amarela e atividade antioxidante. Ela é composta por um grupo de três curcuminóides, a curcumina (diferuloylmethane), a desmetoxicurcumina e a bisdemetoxicurcumina, bem como por óleos voláteis (tumerone, atlantone e zingiberone), açúcares e proteínas. A curcumina é um polifenol lipofílico que é quase insolúvel em água (JURENKA, 2009).

No trabalho de Kumar et al. (2006) foi observado que a maior parte dos compostos fenólicos da cúrcuma (28,3 mg AGE/g de peso seco) se encontravam na forma livre. Este fato foi justificado pelo fato da curcumina, principal composto fenólico da cúrcuma, estar presente exclusivamente na forma livre nesta especiaria. Os principais compostos fenólicos ligados encontrados foram acido cumárico (1,31 mg/g) e ácido ferúlico (0,29mg/g), que também contribuem para a atividade antioxidante desta especiaria. Neste mesmo estudo

foi observado que frações fenólicas da cúrcuma apresentam atividade semelhante aos antioxidantes artificiais butil hidroxianisol (BHA) e hidroxitolueno butilado (BHT).

3.4.1.9 Manjerona

A manjerona (Origanum majorana L.) pertence a família Lamiacea e é uma planta perene com ramos frágeis e quadrangulares, formando uma touceira. Ela é um dos temperos mais utilizados na culinária. O seu óleo essencial vem despertando interesse por possuir atividade biológica antibacteriana, antifúngica e antioxidante. A atividade antioxidante de algumas plantas aromáticas da família das Lamiaceae é muito estudada pelo fato dessas exibirem elevada atividade em baixas concentrações. No óleo essencial de manjerona são encontrados substâncias antioxidantes a exemplo dos compostos fenólicos e flavonóides, timol, ácido oleanólico e rosmarínico, e taninos, sendo que o principal ácido fenólico antioxidante é o ácido rosmarínico e o principal flavonoide é a rutina (HOSSAIN et al., 2008).

O ácido rosmarínico apresenta elevado potencial antioxidante devido à presença de quatro grupos hidroxila em sua molécula. Além de ácido rosmarínico, outros ácidos fenólicos (caféico, clorogênico e ferúlico) presentes na manjerona também participam na neutralização de radicais livres (BAATOUR et al., 2012).

Os autores Kim et al. (2002) realizaram um estudo com 13 especiarias e observaram que os extratos que apresentaram maior capacidade de eliminação de radical livre foram a de manjerona, alecrim e orégano, respectivamente. O teor de compostos fenólicos encontrados no extrato de manjerona foi igual a 20,44 mg AGE/100-1.

3.4.1.10 Limão

O limão pertence à família Rutacea, gênero Cítrus, sua espécie é classificada como Citrus limon (L.) e possui diversas variedades. As espécies cítricas, a exemplo do limão, laranja, tangerina, são os mais importantes frutos de colheita de árvore no mundo, com produção anual de aproximadamente 102 milhões de toneladas. A fruta limão é usada em várias preparações alimentícias, como refrigerantes, bebidas alcoólicas, compotas e molhos de saladas (MIYAKE; YAMAMOTO; OSAWA, 1997).

O limão tem sido valorizado como uma parte fundamental para uma dieta saudável por ser fonte de compostos como ácido ascórbico (vitamina C), folato, fibra dietética e outros componentes bioativos, tais como os carotenoides e compostos fenólicos (principalmente flavonoides), que são essenciais para o crescimento e funcionamento do organismo e ainda atuam na prevenção de

cânceres, aterosclerose, doenças crônicas como um todo. Estudos

epidemiológicos têm mostrado uma relação inversa entre o consumo de flavonoides na dieta e doenças cardiovasculares (TRIPOLI et al., 2007). Além disto o limão contém traços de cobre, ferro, manganês, selênio, sódio e zinco (MIYAKE; YAMAMOTO; OSAWA, 1997).

Os efeitos e propriedades de promoção da saúde do limão têm sido associados principalmente com o conteúdo de vitamina C e flavonoides, devido à característica antioxidante destes (TRIPOLI et al., 2007). Ele fornece concentrações de vitamina C que variam entre 23-83 mg/100g do peso fresco. Mais de sessenta flavonoides individuais foram identificados em espécies de citrus e a maioria deles pode ser classificados em três grupos: flavanonas, flavonas e flavonóis, além de outra classe dos compostos fenólicos, os ácidos fenólicos (LIU; HEYING; TANUMIHARDJO, 2012).

Dentre os flavonoides, a classe mais comumente encontrada nas frutas cítricas são as flavanonas, em particular, a naringina e a naringenina, que conferem sabor amargo (LIU; HEYING; TANUMIHARDJO, 2012). As flavonas estão presentes no limão tanto na forma aglicona como na forma glicosilada. Entre as formas aglicona têm-se como as principais a naringenina e

hesperetina, entre as formas glicosiladas têm-se o

neohesperidoside e rutinosídeo. As flavanonas estão geralmente presentes na forma diglicosídica, conferindo o cítrico característico (TRIPOLI et al., 2007). Outro flavonoide glicosídeo identificado em limão foi eriocitrin (eriodictiol 7- rutinosídeo) (MIYAKE; YAMAMOTO; OSAWA, 1997).