• Nenhum resultado encontrado

PIPCO Projeto de Intervenção Precoce do Cancro Oral

No documento Diagnóstico precoce de cancro oral (páginas 50-60)

De forma a aumentar a sobrevivência a 5 anos nos indíviduos diagnosticados com cancro oral e pertencentes ao grupo de maior risco, em 2014, a Direção-Geral da Saúde aliou-se á Ordem dos Médicos Dentistas e publicou uma norma onde passou a incluir o PIPCO – Projeto de Intervenção Precoce do Cancro Oral no Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (PNPSO). (23, 53)

Este projeto tem como objetivos utilizar de forma eficiente toda a capacidade instalada em serviços públicos e/ou privados para o diagnóstico

51

diferencial de lesões potencialmente malignas ou malignas da cavidade oral e intervir precocemente no seu tratamento, tentando alcançar o período de tempo o mais curto possível.

O processo é desencadeado a partir do médico de família, na sequência de 2 situações possíveis: ou é realizado um rastreio oportunista de utentes de elevado risco (deve ser realizado de 2 em 2 anos) ou é realizado um diagnóstico clínico de lesões malignas ou potencialmente malignas, detetadas por queixa ou observação do utente ou referidas pelo médico estomatologista ou médico dentista.

Em qualquer dos casos, sempre que se confirme a existência de uma lesão suspeita, que na opinião do médico de família deva ser submetida a procedimentos de diagnóstico diferencial e biópsia, é emitido um cheque diagnóstico de referenciação para um médico aderente credenciado para o efeito.

Quando a suspeita de lesão maligna é detetada por um médico dentista ou estomatologista, o utente deve ser referenciado ao médico de família, para que seja operacionalizado, com o máximo de urgência, o acesso do utente a um cheque-diagnóstico.

Na posse do cheque-diagnóstico, o utente do Serviço Nacional de Saúde marca consulta para o profissional da sua preferência, que conste da lista nacional de médicos aderentes específica para este efeito. Em cada distrito há um conjunto de profissionais habilitados para a realização de diagnóstico diferencial de lesões da cavidade oral.

O cheque-diagnóstico é utilizado pelo médico aderente com o registo do diagnóstico/suspeita de diagnóstico. Para a realização da biópsia, o médico aderente procede à recolha do produto biológico, emitindo para o efeito o cheque biópsia.

Na posse do produto biológico enviado pelo médico aderente, o Laboratório procede à realização da análise e ao carregamento do resultado no SISO ( plataforma de Sistema de Informação para a Saúde Oral), no prazo de 4 dias, e ao envio de relatório anatomopatológico detalhado, via e-mail, para o médico aderente.

52

família comunicam o resultado ao utente, devendo o médico de família proceder à sua referenciação hospitalar via “consulta a tempo e horas” (CTH);

• De cancro oral registado pelo laboratório, dá origem ao envio de uma mensagem no SISO ao médico-aderente, e aos pontos focais do Instituto Português de Oncologia de referência do utente, bem como, para estes últimos, ao envio via e-mail de relatório anatomopatológico detalhado. O médico aderente deve, de imediato, contactar o utente a fim de lhe transmitir o resultado do exame.

O IPO de referência contacta o utente, num prazo máximo de 24 horas, transmitindo a data da consulta e, caso necessário, providencia uma intervenção médico-cirúrgica prioritária.

54

A capacidade de controlo do cancro oral baseia-se em dois grandes fatores: prevenção e diagnóstico precoce.

É relevante implementar estratégias que eduquem a população acerca dos fatores de risco do cancro oral e dos seus sinais e sintomas.

O Intervalo do paciente é um fator de destaque quando falámos do diagnóstico precoce do cancro oral e é nele que devem residir os esforços para uma deteção atempada de lesões potencialmente malignas. Para que isto aconteça, deve ser incentivado o autoexame da cavidade oral e as visitas regulares ao Médico Dentista. Devem ser priorizados rastreios oportunísticos com o objetivo de detetar lesões em período assintomático.

Os profissionais de saúde, sejam Médicos Dentistas ou clínicos gerais, têm a obrigação de conhecer as possivéis apresentações clínicas de lesões potencialmente malignas e os seus locais mais comuns, educar os seus pacientes relativamente aos fatores de risco associados ao cancro oral e estabelecer o rastreio do cancro oral com prática de rotina nas suas consultas, especialmente em pacientes de risco.

Se os pacientes estiverem sensibilizados acerca do carcinoma da cavidade oral mais facilmente procurarão ajuda de um profissional, facilitando assim, o diagnóstico precoce.

É, portanto, necessário, criar medidas educativas para promover a aprendizagem desta temática junto das populações, reforçando a ideia de que as visitas regulares ao Médico Dentista são importantes para um acompanhamento eficiente dos pacientes no que diz respeito á deteção de lesões potencialmente malignas e diagnóstico precoce do cancro oral.

A utilização de ferramentas como o RORENO e o PIPCO contribui para um melhor acompanhamento dos doentes oncológicos em Portugal.

É necessário que no futuro sejam desenvolvidos mais estudos, nomeadamente em Portugal, que suportem a eficácia das ações de diagnóstico precoce.

56

1. Rivera C. Essentials of oral cancer. Int J Clin Exp Pathol. 2015;8(9):11884-94. 2. Neville BW, Day TA. Oral cancer and precancerous lesions. CA: a cancer journal for clinicians. 2002;52(4):195-215.

3. Seoane-Romero J-M, Vázquez-Mahía I, Seoane J, Varela-Centelles P, Tomás I, López- Cedrún J-L. Factors related to late stage diagnosis of oral squamous cell carcinoma. Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal. 2012;17(1):e35.

4. Genden EM, Ferlito A, Silver CE, Takes RP, Suarez C, Owen RP, et al. Contemporary management of cancer of the oral cavity. European archives of oto-rhino-laryngology : official journal of the European Federation of Oto-Rhino-Laryngological Societies (EUFOS) : affiliated with the German Society for Oto-Rhino-Laryngology - Head and Neck Surgery.

2010;267(7):1001-17.

5. Montero PH, Patel SG. Cancer of the oral cavity. Surgical oncology clinics of North America. 2015;24(3):491-508.

6. Torre LA, Bray F, Siegel RL, Ferlay J, Lortet-Tieulent J, Jemal A. Global cancer statistics, 2012. CA: a cancer journal for clinicians. 2015;65(2):87-108.

7. Kumar M, Nanavati R, Modi TG, Dobariya C. Oral cancer: Etiology and risk factors: A review. J Cancer Res Ther. 2016;12(2):458-63.

8. Baykul T, Yilmaz HH, Aydin U, Aydin MA, Aksoy M, Yildirim D. Early diagnosis of oral cancer. J Int Med Res. 2010;38(3):737-49.

9. Langevin SM, Michaud DS, Eliot M, Peters ES, McClean MD, Kelsey KT. Regular dental visits are associated with earlier stage at diagnosis for oral and pharyngeal cancer. Cancer Causes Control. 2012;23(11):1821-9.

10. Chi AC, Day TA, Neville BW. Oral cavity and oropharyngeal squamous cell carcinoma-- an update. CA: a cancer journal for clinicians. 2015;65(5):401-21.

11. Van der Waal I. Are we able to reduce the mortality and morbidity of oral cancer; some considerations. Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal. 2013;18(1):e33.

12. Zygogianni AG, Kyrgias G, Karakitsos P, Psyrri A, Kouvaris J, Kelekis N, et al. Oral squamous cell cancer: early detection and the role of alcohol and smoking. Head Neck Oncol. 2011;3:2.

13. Hashim D, Genden E, Posner M, Hashibe M, Boffetta P. Head and neck cancer prevention: from primary prevention to impact of clinicians on reducing burden. Ann Oncol. 2019;30(5):744-56.

14. Jemal A, Bray F, Center MM, Ferlay J, Ward E, Forman D. Global cancer statistics. CA: a cancer journal for clinicians. 2011;61(2):69-90.

15. Screening PDQ, Prevention Editorial B. Oral Cavity, Pharyngeal, and Laryngeal Cancer Prevention (PDQ®): Patient Version. PDQ Cancer Information Summaries. Bethesda (MD): National Cancer Institute (US); 2002.

16. Epstein JB. Screening for oral potentially malignant epithelial lesions and squamous cell carcinoma: a discussion of benefit and risk. J Can Dent Assoc. 2014;80:e47.

17. Taghavi N, Yazdi I. Prognostic factors of survival rate in oral squamous cell carcinoma: clinical, histologic, genetic and molecular concepts. Arch Iran Med. 2015;18(5):314-9.

18. Sujir N, Ahmed J, Pai K, Denny C, Shenoy N. Challenges in Early Diagnosis of Oral Cancer: Cases Series. Acta stomatologica Croatica. 2019;53(2):174-80.

19. Neville B. Patologia oral e maxilofacial: Elsevier Brasil; 2011.

20. Carrard VC, van der Waal I. A clinical diagnosis of oral leukoplakia; A guide for dentists. Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal. 2018;23(1):e59-e64.

57

21. Seoane J, Corral-Lizana C, González-Mosquera A, Cerero R, Esparza G, Sanz-Cuesta T, et al. The use of clinical guidelines for referral of patients with lesions suspicious for oral cancer may ease early diagnosis and improve education of healthcare professionals. Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal. 2011;16(7):e864-9.

22. Woo SB. Oral Epithelial Dysplasia and Premalignancy. Head Neck Pathol. 2019;13(3):423-39.

23. Azul A, Bulhosa J, Melo Pd, Trancoso P. Intervenção Precoce No Cancro Oral-Guia Para Profissionais De Saúde. Ordem Dos Médicos Dentistas. 2014;1:1-5.

24. van der Waal I. Oral potentially malignant disorders: is malignant transformation predictable and preventable? Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal. 2014;19(4):e386-90. 25. van der Waal I. Oral leukoplakia, the ongoing discussion on definition and terminology. Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal. 2015;20(6):e685-92.

26. Messadi DV. Diagnostic aids for detection of oral precancerous conditions. Int J Oral Sci. 2013;5(2):59-65.

27. Waldron CA, Shafer WG. Leukoplakia revisited. A clinicopathologic study 3256 oral leukoplakias. Cancer. 1975;36(4):1386-92.

28. Villa A, Villa C, Abati S. Oral cancer and oral erythroplakia: an update and implication for clinicians. Aust Dent J. 2011;56(3):253-6.

29. Nosratzehi T. Oral Lichen Planus: an Overview of Potential Risk Factors, Biomarkers and Treatments. Asian Pac J Cancer Prev. 2018;19(5):1161-7.

30. Shih YH, Wang TH, Shieh TM, Tseng YH. Oral Submucous Fibrosis: A Review on Etiopathogenesis, Diagnosis, and Therapy. Int J Mol Sci. 2019;20(12).

31. Muse ME, Crane JS. Actinic Cheilitis. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing

Copyright © 2020, StatPearls Publishing LLC.; 2020.

32. Mello FW, Melo G, Modolo F, Rivero ER. Actinic cheilitis and lip squamous cell carcinoma: Literature review and new data from Brazil. J Clin Exp Dent. 2019;11(1):e62-e9. 33. Rodríguez-Blanco I, Flórez Á, Paredes-Suárez C, Rodríguez-Lojo R, González-Vilas D, Ramírez-Santos A, et al. Actinic Cheilitis: Analysis of Clinical Subtypes, Risk Factors and Associated Signs of Actinic Damage. Acta Derm Venereol. 2019;99(10):931-2.

34. Lugović-Mihić L, Pilipović K, Crnarić I, Šitum M, Duvančić T. Differential Diagnosis of Cheilitis - How to Classify Cheilitis? Acta Clin Croat. 2018;57(2):342-51.

35. Jafari A, Najafi S, Moradi F, Kharazifard M, Khami M. Delay in the diagnosis and treatment of oral cancer. J Dent (Shiraz). 2013;14(3):146-50.

36. Zohoori FV, Shah K, Mason J, Shucksmith J. Identifying factors to improve oral cancer screening uptake: a qualitative study. PLoS One. 2012;7(10):e47410.

37. Foy JP, Bertolus C, William WN, Jr., Saintigny P. Oral premalignancy: the roles of early detection and chemoprevention. Otolaryngol Clin North Am. 2013;46(4):579-97.

38. Carreras-Torras C, Gay-Escoda C. Techniques for early diagnosis of oral squamous cell carcinoma: Systematic review. Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal. 2015;20(3):e305- 15.

39. van der Waal I, de Bree R, Brakenhoff R, Coebergh JW. Early diagnosis in primary oral cancer: is it possible? Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal. 2011;16(3):e300-5. 40. Saleh A, Kong YH, Vengu N, Badrudeen H, Zain RB, Cheong SC. Dentists' perception of the role they play in early detection of oral cancer. Asian Pacific Journal of Cancer Prevention. 2014;15(1):229-37.

41. Kao SY, Mao L, Jian XC, Rajan G, Yu GY. Expert Consensus on the Detection and Screening of Oral Cancer and Precancer. Chin J Dent Res. 2015;18(2):79-83.

42. Wang KH, Song BH, Gilde JE, Darbinian JA, Weintraub MLR, Wu TJ, et al. Diagnostic Pathway of Oral Cavity Cancer in an Integrated Health Care System. Perm J. 2018;22:17-152.

58 patologia oral y cirugia bucal. 2017;22(4):e478-e83.

45. Lins LS, Bezerra NV, Freire AR, Almeida LD, Lucena EH, Cavalcanti YW. Socio-

demographic characteristics are related to the advanced clinical stage of oral cancer. Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal. 2019;24(6):e759-e63.

46. dos Santos LCO, de Medeiros Batista O, Cangussu MCT. Characterization of oral cancer diagnostic delay in the state of Alagoas. Brazilian journal of otorhinolaryngology.

2010;76(4):416-22.

47. Lombardo EM, da Cunha AR, Carrard VC, Bavaresco CS. [Delayed referrals of oral cancer patients: the perception of dental surgeons]. Cien Saude Colet. 2014;19(4):1223-32. 48. Lopez-Cedrun JL, Otero-Rico A, Vazquez-Mahia I, Seoane J, Garcia-Caballero L, Seoane- Romero JM, et al. Association between hospital interval and survival in patients with oral cancer: A waiting time paradox. PLoS One. 2019;14(10):e0224067.

49. Schliemann D, Su TT, Paramasivam D, Treanor C, Dahlui M, Loh SY, et al. Effectiveness of Mass and Small Media Campaigns to Improve Cancer Awareness and Screening Rates in Asia: A Systematic Review. J Glob Oncol. 2019;5:1-20.

50. Wolff KD, Follmann M, Nast A. The diagnosis and treatment of oral cavity cancer. Dtsch Arztebl Int. 2012;109(48):829-35.

51. Monteiro LS, Warnakulasuriya S, Cadilhe S, Sousa D, Trancoso PF, Antunes L, et al. Oral cancer awareness and knowledge among residents in the Oporto city, Portugal. Journal of investigative and clinical dentistry. 2016;7(3):294-303.

52. RORENO RORdN, Nacionais P. Registo Oncológico Nacional. Inst Port Oncol do Porto Fr Gentil-EPE; 2016.

53. Saúde Md, dDGS. Portugal: doenças oncológicas em números 2015: Programa Nacional para as Doenças Oncológicas. Direção-Geral da Saúde Lisboa; 2015.

59

Anexos

No documento Diagnóstico precoce de cancro oral (páginas 50-60)

Documentos relacionados