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4. Prática letiva

4.2. Planeamento das Unidades Didáticas

“Conjunto de aulas cuja unidade se constrói em torno de uma função didática. Essas unidades podem ter extensões variáveis. Na realidade, uma lição pode cumprir uma só função didática (ex.; aula de revisões) ou diversas funções didáticas (situação muito frequente sendo, muitas vezes, também, uma delas, dominante). Diversas aulas com a mesma função didática (ex.: aulas de avaliação sumativa) correspondem a uma unidade didática. Repare-se que uma unidade didática não deixa de ser uma unidade de ensino; é uma unidade de ensino que agrupa

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aulas de acordo com o critério de semelhança relativamente às funções didáticas”.

Uma unidade didática é um instrumento criado pelo professor para otimizar a sua ação enquanto professor, assim como para delinear o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Para elaborar uma UD o professor deve ter em atenção, segundo Januário (1984) cinco etapas, tais como: formulação de objetivos comportamentais terminais, estruturação de conteúdos, mobilização e disposição dos recursos, avaliação e estratégia geral.

Bento (2003, p.75) considera as UD’s “partes essenciais do programa de uma

disciplina. Constituem unidades fundamentais e integrais do processo pedagógico e apresentam aos professores e alunos etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem”.

Planear por intermédio de uma UD é encarado como meio facilitador do processo de aprendizagem, pois a UD permite apresentar uma lógica coerente na estruturação dos conteúdos a abordar (Januário, 1984).

Desta forma, as UD’s são instrumentos compostos por um conjunto de aulas nas quais existem objetivos delineados e uma estrutura organizativa, sendo que estes são operacionalizados de forma progressiva. As UD’s devem ter em consideração não só o nível de aprendizagem dos alunos assim como a própria personalidade dos alunos, que foi identificada através da AI.

De acordo com Bento (1998) o planeamento das UD’s deve antecipar os objetivos a atingir, preparar e estruturar as didáticas da matéria, assim como as funções e tarefas didáticas das diferentes aulas e matérias de ensino. O planeamento das UD’s deve centrar-se nas necessidades e caraterísticas dos alunos em paralelo com os objetivos definidos pelo programa, não sendo apenas uma distribuição de matérias ao longo do tempo (Bento, 2003).

Desta forma, consideramos que as UD’s devem ser encaradas como um instrumento pedagógico com intuito de orientar o processo de ensino-aprendizagem. Os conteúdos a abordar devem ser definidos após a AI dos alunos. Sendo assim, os objetivos a atingir em cada matéria devem ir ao encontro das necessidades e potencialidades do aluno, garantindo uma lógica progressiva, do menos complexo para o mais complexo.

Ao longo de todo o curso fomos aprendendo como construir diversas UD’s, verificamos que na prática, isto é, no EP deveríamos construir UD’s menos extensas e

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mais práticas de maneira a rentabilizar o nosso tempo e a construir UD’s funcionais. Inicialmente construímos UD muito extensas, que posteriormente, apercebemo-nos que continham informação “desnecessária”, sobrecarregando a UD.

Pestana (2013) refere a elaboração das UD’s deve ser funcional, simples e de fácil interpretação, contribuindo assim para alcançar as competências pré-estabelecidas para o desenvolvimento do aluno, assim como para a rentabilização do processo pedagógico. Ao longo do estágio fomos reformulando/ alterando as UD’s seguintes de maneira a construir UD’s simples, práticas e funcionais. Para evoluirmos na construção dessas UD’s foi imprescindível a troca de ideias com o colega de estágio assim como as opiniões dos nossos orientadores e coorientadores.

Foram realizadas cinco UD’s ao longo do ano letivo, três UD’s na segunda etapa e duas UD’s para a terceira etapa. Na segunda etapa, desenvolvimento de aprendizagem, os objetivos das três UD’s eram atingir os quatro princípios que fazem parte do Programa Nacional de Educação Física. São eles: garantir a AF, promover e potenciar autonomia, valorizar e estimular a criatividade e orientar os alunos para a sociabilização. Nestas UD’s no que se refere à aptidão física dos alunos, pretendemos trabalhar a coordenação motora, óculo-manual e pedal, pois condicionam todo o processo de engramas motores, para que estes se realizem de forma correta.

Um aspeto importante, que foi trabalhado em qualquer uma das UD’s foi a flexibilidade, pretendíamos dotar os alunos de maior mobilidade articular, assim como prevenir e evitar o aparecimento de lesões, potenciando a performance dos alunos. Pretendemos também potenciar as relações inter e intrapessoais, desenvolvendo relações sociais entre os alunos, sentido de cooperação, respeito, inclusão, evitando a exclusão daqueles que apresentam níveis de proficiência menores, personalidades diferentes, ou qualquer tipo de atitude que provoque exclusão na turma.

Recorrer aos jogos lúdicos e condicionados tem como objetivos incutir níveis motivacionais e competitivos elevados, potenciando o processo de ensino aprendizagem. Trabalhar com níveis de proficiência diferentes, implica realizar trabalho diferenciado para cada grupo de proficiência, com exercícios diferentes e objetivos diferentes. Ou por outro lado, recorrer a exercícios iguais, mas com níveis ou condicionamentos diferentes.

Na terceira etapa, consolidação de aprendizagens, pretendeu-se que os alunos fossem capazes de consolidar as suas capacidades motoras condicionais e coordenativas, a sociabilidade, a responsabilidade, a autonomia e a criatividade, de

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acordo com o PNEF. Pois, consideramos que o trabalho ao nível das capacidades condicionais e coordenativas é de extrema importância, pois são componentes fulcrais para desenvolver outras componentes. O nível de aptidão física foi consolidado, principalmente, no início de cada aula, através dos jogos lúdicos, do trabalho de força, velocidade, resistência e/ou flexibilidade.

Nas UD’s desta terceira etapa demos maior ênfase os comportamentos relacionados com a montagem de estratégias, tomada de decisão e cooperação.

Na construção do modelo de UD surgiram diversas dúvidas, que nos obrigavam a pensar a rever a estrutura, havendo diversas alterações na mesma. No que diz respeito às UD’s, foina sua elaboração que sentimos mais dificuldades, havendo muitas questões, que eram debatidas junto dos orientadores. No final, as nossas UD’s foram constituídas por:

• Enquadramento no contexto escolar – princípios a desenvolver de acordo com o PNEF;

• Objetivos gerais – Objetivos comuns a todas as matérias;

• Objetivos das áreas de Educação Física – objetivos específicos de cada matéria;

• Calendarização da UD – horário de cada matéria, recursos espaciais, cronograma, recursos materiais;

• Objetivos inerentes às etapas II e III;

• Exemplos de exercícios para trabalhar força; • Cronograma de conteúdos;

• Justificação dos conteúdos;

• Estratégias de ensino - estratégias utilizadas junto dos alunos para atingir os • objetivos propostos;

• Avaliação - modo como pretendíamos avaliar os alunos em cada matéria;

• Cinco exercícios sugeridos - exemplo de cinco tarefas propostas que surtiram efeitos positivos nos alunos de acordo com os objetivos pretendidos e os comportamentos solicitados;

• Considerações finais - balanço e análise crítica sobre o trabalho realizado. Apesar destas UD’s terem apresentado inúmeras dificuldades, devido à quantidade de informação a tratar, foram desafiadoras e ricas para todo o nosso processo de aprendizagem enquanto professores. Através da estrutura construída conseguimos organizar melhor o processo de ensino – aprendizagem, porque a estruturação dos

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conteúdos do PA foi organizada de forma mais específica. Desta forma consideramos ter sido uma mais valia a construção das UD’s pois possibilitou-nos ter um instrumento que nos orientasse para assegurar a ligação e continuidade lógica entre as aulas que eram lecionadas, havendo uma progressão intencional, estruturada e lógica relativamente aos objetivos constituintes (Siedentop, 1976).

Podem consultar um exemplo de UD no apêndice B.

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