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Identificadas as intervenções a operar na rede de transportes colectivos da área de intervenção, segue-se a fase de planeamento do serviço de transporte. Dada a natureza e objectivos que presidem à elaboração do presente documento, optou-se por focar e desenvolver, neste ponto, uma abordagem orientada para uma intervenção de natureza não estrutural, mais precisamente para o planeamento de um novo serviço. Neste sentido, descrevem-se, resumidamente, os principais

aspectos a considerar neste processo:

•  Definição das características do serviço

O planeamento do novo serviço de transporte a prestar deverá ser iniciado por uma descrição detalhada das suas características. Para tal, propõe-se que sejam considerados elementos como: o tipo de serviço (ex: serviços de transporte colectivo com percursos regulares, com percursos regulares embora variáveis em função do dia da semana, com percursos flexíveis em permanente adaptação às necessidades da procura), o período de funcionamento, os percursos e horários do serviço de transporte (no caso dos serviços com percursos regulares), os horários de marcação de reserva de serviço (no caso de adopção de um modelo com percursos flexíveis), a capacidade de transporte (número de lugares) e o sistema tarifário (definição das tarifas a praticar, considerando-se, por exemplo, as opções de isenção de tarifa na utilização do serviço ou o estabelecimento de tarifas reduzidas para grupos específicos).

•  Definição do modelo de exploração

O modelo de exploração a adoptar para a prestação do serviço passa, de um modo geral, por uma das seguintes opções: prestação do serviço directamente assegurada pelo Município; exploração (por concessão ou prestação de serviços) através de empresa de capitais públicos ou de capitais mistos; ou exploração (por concessão ou prestação de serviços) feita por Operador privado de transporte.

•  Definição da estrutura organizativa

O funcionamento e gestão do serviço de transporte requerem a existência de uma estrutura organizativa que garanta a sua operacionalidade, a qual dependerá, em grande medida, do modelo de exploração adoptado. Dada a natureza e tipo de serviço considerados, entende-se que, numa situação de prestação do serviço pelo Município ou por uma empresa de capitais públicos / mistos, a estrutura organizativa deverá ser leve e flexível, apoiando-se, no primeiro caso, e na medida do possível, nos quadros técnicos existentes na autarquia (o que poderá exigir a sua participação em acções de formação em domínios específicos). No caso de se optar por um modelo em que a exploração é feita por um Operador privado de transporte, esta estrutura já estará, a priori, assegurada, embora as exigências inerentes ao tipo de serviço a prestar (ex: serviços com percursos flexíveis) possam exigir alguma adaptação a um processo de gestão de uma oferta de transporte não regular.

Importa ainda assinalar que as características da oferta e da procura exigem uma permanente adequação do serviço às necessidades da população, o que pressupõe a capacitação da estrutura organizativa para assegurar a monitorização e avaliação regular do serviço de transporte, ajustando-o às dinâmicas da procura.

•  Identificação das necessidades de meios materiais

As necessidades em matéria de meios materiais colocam-se, genericamente, ao nível do material circulante e das tecnologias e sistemas de informação e comunicação (no caso de implementação de um serviço por reserva com percursos flexíveis).

para o transporte de pessoas com mobilidade reduzida). No que respeita às tecnologias e sistemas de informação e comunicação, e considerando o tipo de serviço acima enunciado, estas deverão garantir a operacionalização do seguinte esquema comunicacional:

Figura 4.2.2: Tecnologias e sistemas de informação e comunicação – esquema comunicacional

Utentes Operador

Telecomunicações Gestão de DadosSistema de

Programação Percurso e Horário Motorista Utentes Operador Telecomunicações Solicitação

de Reserva de ReservaMarcação

Transferência de Dados Horário e Percurso Informação Horário •  Identificação das necessidades de recursos humanos

As necessidades em matéria de recursos humanos variam de acordo com as características, o sistema de exploração ou o modelo de organização do serviço de transporte, entre outros aspectos. Desta forma, não sendo possível determinar, a priori, o volume (número de técnicos) e formação dos recursos humanos necessários à prestação do serviço, referem- se, a título indicativo, os seguintes grupos funcionais: motoristas, pessoal administrativo, técnicos com experiência no planeamento e gestão de serviços de transporte.

•  Programação financeira

A programação financeira do serviço de transporte deverá reflectir a natureza eminentemente social do serviço de transporte, dadas as características socioeconómicos do macro-contexto em que o mesmo é prestado. Importa, todavia, não descurar a questão do equilíbrio de exploração, pois apenas com a garantia de existência de sustentabilidade financeira no seu funcionamento será possível manter a prestação do serviço no longo prazo. Assim, na programação financeira deverão ser ponderados os custos de investimento e os custos de exploração do serviço, tendo presente que a opção pelo recurso a meios materiais e humanos já disponíveis (ex: no caso da prestação do serviço ser directamente assegurada por um Município ou por uma empresa concessionária) poderá reduzir significativamente os custos associados à prestação do serviço. Aferidos os custos, importa demonstrar a forma como será garantido o equilíbrio da exploração do serviço, sendo necessário ponderar e especificar aspectos como: opção pela cobrança de tarifas ou pela assunção plena dos custos de exploração por parte da autarquia; existência ou não de tarifas reduzidas para grupos específicos; quantificação da parte dos custos cobertos pelas receitas provenientes da cobrança de tarifas; possibilidade de pagamento de compensações financeiras quando as receitas de exploração não cobrirem os custos (isto no caso do serviço ser prestado por um Operador privado); ou determinação do critério de base para pagamento de compensações financeiras ao Operador privado.

•  Acções de divulgação

A divulgação do novo serviço de transporte junto da população-alvo poderá contemplar um conjunto diversificado de acções (ex: distribuição de panfletos informativos, spots em rádios locais, imprensa escrita local, divulgação através de equipas de contacto, divulgação através de associações locais e Juntas de Freguesia, afixação de cartazes de divulgação em estabelecimentos comerciais), sendo importante adaptar a estratégia de divulgação ao tipo de serviço e às características da população. Assim, numa área em que predomine uma população idosa com baixos níveis de instrução, a distribuição de panfletos informativos não será a melhor solução. Nestes casos, uma campanha alicerçada na divulgação através do contacto directo com a população e de spots publicitários em rádios locais garantirá, em princípio,

uma difusão mais ampla do novo serviço de transporte. Importa ainda ter em conta que a divulgação de um serviço com percursos regulares deverá incidir preferencialmente nos percursos e horários, enquanto que a comunicação de um novo serviço com percursos flexíveis deverá focar o número de contacto e o horário de funcionamento do serviço de marcação de reservas, assim como a antecedência com que a reserva deverá ser efectuada para garantir o serviço para o dia pretendido.