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Planear e Instruir Diferentes Níveis de Ensino

4. Realização da Prática Profissional

4.2. Realização do ensino

4.2.2. Planear e Instruir Diferentes Níveis de Ensino

A disciplina de EF proporciona aos alunos diversas experiências em modalidades variadas e contextos distintos. É, então, a partir dessas mesmas vivências ligadas ao Desporto e da forma como aprenderam os conteúdos lecionados, entre outras características, que podemos verificar que os alunos são indivíduos que se distinguem pelas suas particularidades. No caso específico da minha turma, em que tenho 24 alunos de níveis, vontades, disponibilidades e vivências de prática desportivas diferenciadas, é necessário saber identificar as necessidades e capacidades de cada um, ajustando o

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processo de ensino-aprendizagem às suas características. Compete ao professor saber aceitar as diferenças, procurando conhecê-las e transforma-las em mais-valias na gestão da aula e no dia-a-dia da turma (Rolim & Garcia, 2013). Relativamente a este tema, Mesquita e Graça (2009) referem que o professor deve analisar cada aluno individualmente, tendo em conta as suas experiências, as suas motivações específicas e as suas dificuldades próprias. Na minha turma estas diferenças foram mais evidentes ao nível motor, tendo em conta as diferentes modalidades lecionadas. Estas diferenças foram mais evidentes na UD de natação.

De acordo com Rosado e Mesquita (2009, p. 29) “Do ponto de vista das atitudes, importa desenvolver a ideia da necessidade imperiosa de criar um ambiente de aprendizagem, na aula de educação física, efetivo e aberto a todos os estudantes e praticantes cujas habilidades caem fora do nível geral ou cujas referências culturais diferem das do grupo maioritário, procurando criar um ambiente onde todos possam alcançar o seu máximo potencial”.

Assim, frente à heterogeneidade da turma, em parte resultante da falta de contacto com a modalidade de natação, decidi criar dois níveis de aprendizagem, um grupo com os alunos que tinham mais dificuldades (Adaptação ao Meio Aquático) e outro constituído pelos restantes alunos, que já estavam familiarizados com a natação (Nível Avançado). Por esta razão, nesta modalidade tive que planear, estruturar e construir dois módulos 4 e atender à diferenciação pedagógica nos planos de aula, de forma a corresponder aos níveis de aprendizagem apresentados pelos alunos:

“Na aula da avaliação diagnóstica de natação verifiquei que a turma apresentava diferentes níveis, desde alunos que mostravam enormes dificuldades, até nadadores de competição. Esta situação fez com que existisse necessidade de preparar a aula para dois níveis distintos (dois planos de aula), de modo a promover um ensino adaptado a todos os alunos.”

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Com vista a colmatar esta dificuldade, gerir dois níveis de ensino tão distintos, ficou decidido, logo desde o início do ano com a PC que, para a lecionação desta modalidade, teríamos a colaboração de uma das colegas de NE. Esta decisão alargou-se também às turmas das outras estagiárias, na medida em que existiam vários níveis de ensino dentro da mesma turma e tornava-se difícil ensinar nessas condições.

No caso das minhas aulas, contei com a colaboração da minha colega e amiga Joana, ficando a mesma responsável pela lecionação do grupo de alunos no nível que apresentava mais dificuldades (Adaptação ao Meio Aquático). Mesmo assim, tinha de fazer um acompanhamento regular ao longo da aula, mesmo que mais distante, até porque era eu a responsável por planear o ensino e precisava de controlar as respostas e a evolução dos alunos. Durante a aula eram várias as vezes que me dirigia ao espaço destes alunos, de forma a verificar se conseguiam corresponder ao que tinha planeado, e no final da mesma, reunia com a Joana para perceber as dificuldades e melhorias que apresentavam, a fim de conseguir planear a aula seguinte.

Ao trabalhar por níveis permiti que os alunos pudessem trabalhar dentro da sua zona de conforto, mas com tarefas congruentes às suas necessidades, de forma a aumentar, concomitantemente, os níveis de motivação e proporcionar objetivos exequíveis para a aprendizagem dos alunos.

No entanto, trabalhar por níveis trouxe-me algumas dificuldades acrescidas também na gestão do espaço que era partilhado com o professor de DE (como já referi anteriormente) e, para agravar a situação, o local onde lecionava um grupo de alunos era muito distante do local onde a Joana lecionava o grupo de AMA. Esta limitação do espaço gerou, muitas vezes, um elevado número de alunos a trabalhar por pista (cerca de 10), o que diminuiu significativamente o tempo de exercitação dos alunos. De forma a minimizar estes tempos de espera foi crucial a colaboração da turma no cumprimento das regras. Os alunos mantinham-se ordenados pela pista e partiam só quando o colega da frente se encontrava a ultrapassar as primeiras bandeirinhas. Pontualmente, quando algum aluno não percebia o exercício, ficava para último para eu tornar a explicar, enquanto os restantes colegas da pista exercitavam.

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Futuramente, numa situação destas terei que gerir este constrangimento de forma a conseguir soluciona-lo sozinha. Se for o caso, terei que dividir novamente os alunos por níveis de ensino e talvez, por vezes entrar dentro de água para conseguir dar uma especial atenção ao alunos com mais dificuldades, mantendo os restantes alunos no meu campo de visão. Desta forma, deixaria os alunos mais avançados a trabalhar de forma mais autónoma, embora reconheça que não seria fácil acompanhar pormenorizadamente as dificuldades de todos os alunos.

Perante o exposto, concluo que o ensino por níveis é muito rigoroso e exige muito trabalho por parte do professor, mas é fundamental para que todos tenham oportunidade de aprender.

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