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4 O ESTUDO DE CASO

4.7 Logística de captação de Matéria-prima

4.7.1 Planejamento de Materiais

A Programação e Controle de Materiais é a área da Diretoria de Supply Chain que emite os pedidos de compra aos fornecedores da cadeia de suprimentos. Atualmente utilizam-se dois métodos de programação, o MRP e o Web Kanban, dependendo das características da demanda de cada material e aspectos do fornecedor.

O MRP da empresa é um módulo integrado ao seu ERP (Peoplesoft) onde, a partir das demandas geradas pelas ordens de produção, explodidas às estruturas de produto (listas de materiais) e descontando os estoques disponíveis, sugere aos programadores datas de colocação de novos pedidos através da escassez dos materiais. Para que o sistema funcione com segurança para a operação, existem parâmetros que caracterizam cada item (PNC), sendo o lead time do fornecimento, quantidade de segurança e lotes mínimos de fornecimento.

O Web Kanban usa um portal Web para troca de informações diretas entre a Electrolux e seus fornecedores. Este sistema utiliza um método de cálculo de necessidade de ressuprimento com base em mínimos e máximos, onde a partir das demandas abastecidas pelas ordens de produção extraídas do ERP e parâmetros de lead time, fator de segurança e múltiplos de embalagem, são calculados e recalculados os lotes mínimos e máximos para cada semana.

¾ Cálculo do Web Kanban:

E Min = (LT x D) / LM

E Max = E Min + ((F + FA) x D) / LM) , onde: LT = Lead time (Tempo de deslocamento)

D = Demanda (maior valor consumo diário da semana seguinte MRP)

LM = Lote múltiplo de Embalagem F = Freqüência de Entrega

FA = Fator de Antecedência (compensar diferenças de leitura x atualização dos estoques no sistema)

Assim os fornecedores acessam diariamente as informações, por meio da Web, de quando deverão reabastecer a empresa com seus itens, a partir da atualização diária dos estoques disponíveis. Neste método de programação de materiais os fornecedores se responsabilizam por manter a empresa abastecida, conforme as demandas e respeitando os

níveis mínimos e máximos, é uma aplicação do conceito VMI descrita na sessão 3.6.2. Cabe a empresa a disponibilização das informações confiáveis e um horizonte de longo prazo para que os fornecedores possam planejar suas capacidades produtivas, cabe também a empresa o acompanhamento do comportamento do processo.

Necessariamente todos os fornecedores começam a suprir a empresa a partir de pedidos de compra gerados pelo MRP. De acordo com a estabilização e confiabilidade do fornecimento, verificados a partir da qualidade e entrega, bem como o nivelamento da demanda, itens e fornecedores podem ser incorporados ao sistema Web Kanban. Segundo o entrevistado (C), o critério de decisão para direcionar a programação é o volume de material consumido e a freqüência de consumo. Alto volume e alta freqüência são direcionados para o

Web Kanban. Este método tem proporcionado reduções nos níveis de estoque da empresa e

estabilizado os ciclos de fornecimento, além de proporcionar informações mais constantes e estáveis aos fornecedores. O trade off com custos de transportes, provenientes da maior freqüência e menores quantidades, ocasionadas pelo Kanban, foi resolvido com a implantação de rotas de coleta periódica e otimizadas, em todas as regiões em que se concentram fornecedores, é o conceito Milk Run(*). Para materiais de ciclos longos, demandas mais sazonais, importados, ou para fornecedores geograficamente muito distantes da empresa, é mantido o MRP como método de programação.

Atualmente cerca de 50% do abastecimento de materiais da empresa está sendo gerido pelo sistema Web Kanban e, de acordo com o entrevistado (C), a redução de estoques proporcionada por este método é de aproximadamente 20% em relação ao início de sua aplicação em meados de 2003. As figuras 62 e 63 evidenciam o processo de transição na implantação do sistema Web Kanban como método de suprimento nas plantas de Curitiba e São Carlos respectivamente em 2005.

FIGURA 62. Evolução do Web Kanban no suprimento de Curitiba S h a re o f K a n b a n in T o ta l R a w M a te ria l C o n s u m p tio n (M R $ ) Sã o C arlos Dec Ja n F eb M ar A pr M ay J un Ju l A ug S ep O c t N ov D ec K an b an R $ 4 ,1 1 R $ 5 ,3 4 R $ 6 ,5 0 R $ 6 ,5 1 R$ 6 ,3 3 R$ 6,5 3 R $ 7,65 R $ 7,41 R $ 10,05 R $ 8,89 R $ 7,7 7 R $ 9,00 R $ 1 1,50 T o ta l R $ 22 ,9 9 R $ 26 ,1 0 R $ 25 ,1 3 R $ 27 ,9 5 R$ 28 ,1 7 R$ 33,6 1 R $ 33,07 R $ 32,58 R $ 40,54 R $ 24,62 R$ 23,1 1 R $ 2 1,36 R $ 2 3,68 % K a n b a n 18 % 20 % 26 % 23 % 22 % 19 % 23 % 23% 25% 36% 34% 42% 49% T arg e t 0 ,4 0 ,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0% 1 0% 2 0% 3 0% 4 0% 5 0% 6 0% D e c Ja n F eb M a r A pr M ay Ju n Ju l A u g S ep O c t N o v D ec % K a n b a n T a r ge t

FIGURA 63. Evolução do Web Kanban no suprimento de São Carlos

Conforme cita o entrevistado (C), com a intenção de aumentar a proximidade com os fornecedores; aumentar a velocidade e a qualidade na troca de informações; trabalhar com diferentes sistemas de abastecimento em uma única plataforma; e minimizar o distanciamento entre informações e estoques, a Diretoria de Supply Chain está engajada no desenvolvimento de um projeto batizado de “e-logistic”. Este portal de comunicação com a cadeia de fornecedores está sendo desenhado para puxar informações automaticamente do ERP da empresa, como saldos de estoque, necessidades, contratos, pedidos, lotes múltiplos e parâmetros de programação; e disponibilizar aos fornecedores informações de previsão de

compra, últimas notas fiscais recebidas, previsão de cargas e coletas, e diferentes regras de abastecimento em função das características do item, podendo ser: Kanban, seqüenciamento, planejamento e reposição.

Também devem ser disponibilizados informações de desempenho com indicadores. No sentido inverso, as informações devem retornar por esta plataforma de comunicação, com registros de coleta: horários, quantidades e número de notas fiscais; gerando a empresa relatórios de acompanhamento e o reabastecimento de informações ao ERP.

ERP

e-Logistice-e-LogisticLogistic

FORNECEDORES

MIGRAÇÃO AUTOMÁTICA

WEB

FIGURA 64. Funcionamento do Portal de Negócios Electrolux

As regras de abastecimento serão determinadas para cada fornecedor/item, conforme o seu comportamento de demanda. Para fornecedores/itens de ciclo de pedidos curtos (grande repetibilidade de demanda), poderão ser programados por Kanban (igual ao atual Web Kanban) ou seqüenciamento (JIT); já para fornecedores/itens de ciclo longo, planejamento (MRP) ou reposição (duas gavetas). Este último se diferencia do Kanban por ser direcionados a itens de menos valor, comportando períodos de ressuprimento mais longos, além disso, o fornecedor é passivo ao sistema, aguardando um pedido a ser enviado pela empresa.

Estas regras estarão criando maior aderência entre o comportamento da demanda dos produtos acabados e o planejamento de materiais, ou seja, as características da programação da produção e do atendimento aos clientes e respeitando as características dos fornecedores, conforme a figura 65.

PLANEJAMENTO E PEDIDO COM ESTOQUE DE SEGURANÇA MRP PONTO DE REPOSIÇÃO COM ESTOQUE DE SEGURANÇA WEB KANBAN SEQUENCIAMENTO ( WEB OU EDI )

VELOCIDADE DE ATENDIMENTO DO FORNECEDOR P R E V D A D E M A N D A E V O L U M E Make to Stock PILE Make to Stock MIN. / MAX. Make To Order DESENVOLVIMENTO DE FORNECEDORES

FIGURA 65. Novas regras de programação de matéria-prima