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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO PROJETO

No documento fernandoaugustocapuzzodelima (páginas 102-106)

Etapa 3: Para finalizar as especificações do projeto detalhado são definidos todos os perfis dos módulos que fazem parte do banco de acordo com as atividades a serem

3.3 ESTUDO EXPLORATÓRIO: MESA DINÂMICA – UMA EXPERIÊNCIA DE MOBILIÁRIO GENERATIVO

3.3.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO PROJETO

O inicio do exercício projetual foi marcado por muitas dúvidas, principalmente pela seguinte indagação: por onde começar o projeto? Durante os primeiros momentos surgiram diversas questões diretamente relacionadas à incerteza da real possibilidade de realização desta atividade experimental dentro do cronograma proposto para a dissertação. O desconhecimento da natureza do processo de projeto com os SGP e das estratégias utilizadas pelos designers para a construção do processo foi a primeira barreira, já que durante a revisão de literatura não foi encontrado um modelo de referência que permitisse a aplicação prática dos conceitos em PDP ou mesmo um diagrama de fluxo para processos de desenvolvimento genéricos. Essa dificuldade de se alcançar uma visão sistêmica logo nos primeiros instantes do exercício acarretou em um gasto considerável de energia para solucionar esse problema.

De posse da expertise necessária para o desenvolvimento do exercício, o próximo passo foi estabelecer projeções de metas projetuais simuladas, ou seja, sugestões para um determinado contexto real, algo que poderia ser aplicável na prática. Para satisfazer a um princípio gerador difinui-se que o produto deveria se enquadrar em três requisitos básicos:

1. Atender a um público-alvo com necessidades específicas;

2. Ser desenvolvido, exclusivamente, com o uso de tecnologia digital;

3. Ser produzido de forma viável por sistemas de produção automatizados como os centros de usinagem por comando numérico computadorizado (CNC), semelhante ao que foi realizado pelo objeto de estudo 1. A diferença agora estaria no tipo de material utilizado para a composição do mobiliário, onde substituiríamos o uso das chapas de aço por chapas de madeira (MDF).

O produto-alvo, consequência de uma especificação projetada para um determinado contexto simulado, é uma mesa de reunião para 10 pessoas, cuja área de trabalho, deve acomodar confortavelmente espaço suficiente para a inserção da mesma quantidade de cadeiras giratórias. Traçou-se para as especificações-meta características como inovação, diversidade dos aspectos formais que projetassem contemporaneidade no uso dos materiais, e aplicação de chapas de MDF na constituição dos elementos estruturantes (tampo e base). O produto teria ainda três critérios complementares: aplicação voltada para o seguimento de escritórios, ser facilmente executada por indústrias moveleiras com sistema de produção por CNC, e ter seu uso voltado para salas de reuniões executivas.

Para que fosse possível avançar no desenvolvimento do produto dois aspectos complementares, mas extremamente importantes, para o contexto do projeto e a direção estratégica a ser seguida foram delineados:

1. A mesa deveria ser desenvolvida por uma abordagem de projeto baseada nos SGP;

2. Todo conceito gerado deveria partir de um modelo paramétrico a ser elaborado.

As duas diretrizes, trabalhando de forma síncrona, facilitariam a geração de opções projetuais e ao mesmo tempo manteria certo controle sobre a produção de novas lógicas compositivas e formativas para as mesas criadas (Figura 58).

Figura 58 – Abordagem estratégica definida (Desenho Paramétrico)

Fonte: Próprio autor (2016) 3.3.2 ESTRATÉGIA PROCESSUAL

Analisando as informações coletadas durante os dois objetos de estudos anteriores foi possível concluir que os produtos resultantes (protótipo físico no primeiro caso, e virtuais no segundo) estavam relacionados a um mesmo conceito matemático, o da diretriz. A geometria resultante era consequência direta da estratégia processual adotada para o rastreio de soluções. Definia-se um perfil gerador, que controlado parametricamente, era capaz de produzir formas resultantes derivadas de curvas do tipo NURBS. O espaço de possibilidades formais era sintetizado por fragmentos de desenhos (linhas, arcos e círculos) que quando conectados entre si formavam um desenho básico denominado de caminho. A esse último era chamado de diretriz.

Uma observação que deve ser explicitada quanto aos dois objetos de estudos analisados é que os produtos resultantes das técnicas aplicadas são factíveis para a produção em escala real. Verifica-se que em ambos os experimentos os produtos não representavam em si simples abstrações formais ou mesmo produtos que pudessem ser confundidos com obras de arte, mas produtos executáveis do ponto de vista fabril.

O “aparente” problema vinculado a estratégia processual adotada pelos respectivos autores (método de produção) gerou uma segunda indagação ao exercício: qual seria o ponto de partida ideal para o desenvolvimento do produto? A articulação da solução dependia da resposta a essa questão. Se o processo era pensado a partir do planejamento paramétrico do projeto ou se seria necessário a criação de um esboço conceitual que antecedesse a esse planejamento.

Essa dúvida tornou-se mais evidente no segundo objeto de estudo, onde a autora utilizou somente uma base de dados para produzir opções de projeto, sem nenhuma vinculação com esboços conceituais (não foram encontradas evidências documentais ao longo

da dissertação quanto à ocorrência prévia da produção de tais esboços). Vale destacar que todos os parâmetros utilizados para a geração dos bancos foram fundamentalmente justificados e coerentes com a linha de raciocínio da autora. Uma conclusão preliminar que podemos extrair desse último estudo é que a realização do esboço conceitual não é determinante como uma etapa do processo de desenvolvimento de produtos quando associada diretamente a processos generativos digitais.

Embasado pelo conhecimento que foi sendo construído ao longo deste trabalho, foi necessário definir alguns pressupostos adicionais com caráter direcional: se o exercício partisse do planejamento paramétrico, a primeira coisa a ser feita seria definir a arquitetura preliminar da mesa, ou seja, realizar a decomposição funcional de cada uma das partes que a compunha. Essa segmentação dos componentes seria para formatar o projeto algorítmico, cuja construção lógica segue um fluxo sequencial, desde o lançamento da primeira geometria até a produção final das opções de projeto.

Como o projeto algorítmico opera a partir de parâmetros e regras era necessário definir as especificações técnicas da mesa, como por exemplo, metragem quadrada do tampo, espessura dos materiais, quantidade de matéria prima a ser utilizada, solução geométrica das interferências, forma estrutural da base, entre outros. Caso fosse desenvolvido um esboço, haveria uma capacidade efetiva de visualização do espaço do problema e a definição de qual seria o nível de profundidade que permitiria estabelecer os critérios necessários para desenvolver o produto.

A partir dos dados disponíveis em mãos optou-se por inserir no processo a etapa do esboço conceitual, que seria antecedente ao planejamento paramétrico, fundamentando no fato de que seria interessante visualizar a intenção projetual, e ao mesmo tempo, alcançar consistência no caminho a ser seguido durante o detalhamento das atividades a serem executadas. Porém, ao adotar o caminho do esboço, percebeu-se que uma simples representação da ideia básica do produto não seria suficiente, era necessário realizar um detalhamento dos desenhos. O esboço tinha que representar, além da disposição geométrica do produto, prévias das especificações funcionais com todas as métricas pré-definidas e a serem alcançadas.

Uma segunda conclusão que chegou-se com relação ao esboço conceitual durante os estágios preliminares de desenvolvimento de um produto, considerando aqui a abordagem do desenho paramétrico, é que o mesmo não necessita ser concebido como algo rígido ou mesmo imutável logo no início do processo. Ele representa um meio de expressão vinculado a partida, ao insight inicial.

No contexto do desenho paramétrico a questão relativa à alteração do esboço conceitual ocorre basicamente por dois motivos: 1) readequações funcionais visualizadas durante o planejamento paramétrico como, por exemplo, impossibilidades restritivas relacionadas à execução sequencial traçada para o produto; 2) em função dos critérios utilizados pelo projetista na seleção de um conceito promissor, quando referenciado na leitura dos resultados alcançados pelo planejamento paramétrico após a geração da geometria em Grasshopper (Figura 59).

Figura 59 – Estratégias processuais que podem ser adotadas para os SGP (com ou sem a etapa do esboço conceitual)

Fonte: Próprio autor (2016)

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