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LOGÍSTICA

RURAIS DE BASE ECONÔMICA FAMILIAR

4.2 Planejamento Logístico

4.2.1 Planejamento logístico como ferramenta de gestão produtiva

Para Bowersox e Closs (1996), o objetivo central da logística é o de atingir um nível de serviço ao cliente pelo menor custo total possível buscando oferecer capacidades logísticas alternativas com ênfase na flexibilidade, na agilidade, no controle operacional e no compromisso de atingir um nível de desempenho que implique um serviço perfeito, promovendo, sobretudo desenvolvimento sustentável.

Assim, apresenta-se uma ferramenta de gestão definida como planejamento logístico, que tem por objetivo contribuir na determinação e elaboração de diretrizes fundamentais ao desenvolvimento das atividades, tais como: localização de centros de distribuição, estabelecimento de tecnologias adequadas, seleção de modais de transportes, tipos de veículos que devem ser utilizados, determinação do segmento de atuação e, também, do nível de serviço a ser oferecido aos clientes. Ademais, o planejamento logístico promove integração

sistemática desde a matéria prima até possíveis sugestões de aperfeiçoamento das práticas produtivas (Figura 2).

Figura 2 – Estrutura Sistêmica do Planejamento Logístico.

Fonte: Elaboração Própria, 2014.

Mediante a Figura 2 observa-se a preocupação de como movimentar produtos de maneira eficaz e eficiente através do canal logístico planejado, de modo que o planejamento estratégico é compreendido como sendo de longo alcance, no qual o horizonte de tempo é maior do que um ano. O planejamento tático envolve um horizonte de tempo intermediário, geralmente menos de um ano e planejamento operacional como tomada de decisão de curto prazo, frequentemente feita em base por hora ou diárias.

Ainda segundo Bastos (2012) as etapas através das quais se concretiza o planejamento podem ser sintetizadas em:

 Análise – desdobrando-se nas fases de conhecimento da realidade – atual e/ou futura,

no estabelecimento de metas, de objetivos, definição de valores;

 Projeto – fase em que se utilizam técnicas e métodos para a formulação de planos -

levantamento de dados, pesquisas de campo, etc.

 Políticas – fase que diz respeito às atividades de ação: implementação,

acompanhamento e controle.

Tais interferências baseadas no planejamento logístico atendem como perspectiva: o Diagnóstico como levantamento de dados, Análise como verificação do processo produtivo e identificação dos gargalos operacionais e por fim a Proposição como o conjunto de sugestões operacionais da micrologística que promoverão melhor fluxo e consequentemente maior rentabilidade devido ao valor qualitativo agregado ao produto (BASTOS, 2012).

Segundo Porter (1990), para melhor adequação da organização no ambiente, se deve conhecer e compreender os fatores ambientais predominantes no contexto. É importante salientar que o mercado não é algo fixo, mas sim, um ambiente onde as mudanças ocorrem de forma rápida, exigindo estratégias flexíveis para aumentar a possibilidade de alcançar o desempenho esperado.

Novaes et al., (1992) reforça essa ideia afirmando que a logística busca, de um lado, otimizar as atividades operacionais de forma a gerar retorno através de uma melhoria no nível de serviço a ser oferecido ao cliente e, de outro lado, prover a empresa de condições para manter-se no mercado, como por exemplo, através da redução dos custos, ou agregação de qualidade ao produto.

Portanto, para promover o aprimoramento necessário Harrington (1997) afirma que o desenvolvimento de estratégias que atendam as necessidades dos clientes se torna mais fácil no momento que se tenha um planejamento logístico estruturado onde o mesmo proporciona maior facilidade em mensurar o nível de serviço que será oferecido ao cliente, principalmente em relação ao máximo que poderá ser oferecido sem comprometer sua rentabilidade.

4.2.2 Logística na Agricultura Familiar (Diagnóstico)

No contexto rural, sabe-se que logística de distribuição e comercialização de produtos agropecuários, principalmente daqueles que provém da Agricultura Familiar, muitas vezes, deriva em sérios problemas por causa da inexperiência e do conhecimento empírico dos

membros da Agricultura Familiar, que, muitas vezes, por questões culturais consideram o planejamento estratégico dispensável (FONSECA, 2010). Esses fatores somados aos problemas de cooperativismo e inexperiências gerenciais integrantes da Agricultura Familiar influenciam em seus canais de comercialização e nas negociações com as principais redes de vendas de produtos agrícolas. Lembrando que assim, como afirma Bastos (2012), embora imperfeito, o planejamento fornece indicações seguras para nortear a formulação, análise e implantação de linhas de ação públicas e privadas em qualquer organização.

No processo de elaboração de um planejamento logístico deve-se ficar claro que nem tudo que foi planejado funcionará perfeitamente o tempo todo. Souza et al., (2006) afirmam que, quando implementada a estratégia, no desenvolver das atividades, serão necessárias modificações à medida que as condições ambientais ou organizacionais sofrerem alterações, sendo que estas alterações são, muitas vezes, difíceis de serem previstas, principalmente no âmbito rural, onde os fenômenos naturais interferem diretamente na produção e distribuição dos insumos.

A configuração da rede logística diz respeito à escolha de parceiros e às funções atribuídas a estes dentro de uma cadeia. A modelagem da rede logística na Agricultura Familiar pode ser definida como uma metodologia que busca aperfeiçoar um determinado objetivo e aumentar a eficiência e eficácia operacional das práticas produtivas, bem como, intensificar a participação econômica da mulher rural através da micrologística, facilitando o planejamento e a gestão da rede de instalações logísticas e seus respectivos fluxos.

É preciso reconhecer que muito pouco tem sido feito em termos de desenvolvimento de técnicas de gestão que contemplem as particularidades da Agricultura Familiar e as formas pelas quais ela pode inserir-se de forma competitiva e sustentada no mercado nacional. Embora inseridas em lógicas produtivas locais, circunscritas a territórios determinados, a Agricultura Familiar vê-se exposta a paradigmas competitivos que são globais e injustos. Assim, independente dos mercados aos quais destinam a sua produção ou dos canais de comercialização que utilizam pelo menos o segmento de membros da Agricultura Familiar muito integrados devem poder contar com ferramentas operacionais logísticas adequados à

sua cultura ‗organizacional‘ e limitações em termos de educação formal e condições gerais do

Daí entende-se que a partir das práticas produtivas específicas da mulher no setor rural, o planejamento logístico tende a promover articulação entre as UPAFs objetivando o aperfeiçoamento do produto ofertado, validação das práticas comerciais e o escoamento da produção com o mínimo de perda possível devido à adequação do modal de transporte além das características peculiares à qualidade agregada ao produto. Porém, para tal efetivação as mulheres no contexto da Agricultura Familiar vinculam-se à necessidade de articulação por meio do sistema de cooperativas a fim de adequá-las ao novo parâmetro de produção.

Como exemplo, Batalha (2007) apresenta um modelo de associação que realiza a comercialização conjunta dos produtos dos seus associados. AGRECO (Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral), localizada em Santa Rosa de Lima, no estado de Santa Catarina. Esta associação, que produz e industrializa produtos orgânicos, tem como característica o fato de que ela congrega não somente produtores orgânicos, mas também uma rede de cerca de 20 Unidades de Produção Agrárias Familiares.

Esta característica adiciona questões gerenciais importantes aos membros das UPAFs participantes da associação. Estas questões derivam do fato de que, nessa forma associativa, as agricultoras se veem responsáveis não somente pela gestão das suas propriedades, da rede na qual estão inseridos, mas também pela completude do processo.

Eficiência no uso dos recursos e planejamento logístico cada vez mais são condições necessárias para a sustentabilidade dos integrantes da Agricultura Familiar, requerendo um esforço no sentido de vincular pesquisa e capacitação dos mesmos quanto ao quesito: gestão e operacionalização logística, além de sua unidade de produção, de suas associações e de sua integração com a cadeia produtiva.