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CAPÍTULO 3 ABORDAGEM DE MEDIÇÃO PARA PROCESSOS DE SOFTWARE

3.1.1. Planejar Medição

O planejamento da implementação de medição tem como atividade principal a seleção das métricas que serão coletadas, o que deve ser feito de acordo com as necessidades de informações da organização e de cada projeto. Para elaborar a etapa de planejamento, tomou-se como base os paradigmas GQM [1], GQ(I)M [34], e modelos de medição seguidos por organizações de desenvolvimento de software com certificação de qualidade CMMI, como por exemplo a empresa Motorola [10]. As seguintes atividades foram então definidas:

1. Identificar Metas de Negócio; 2. Identificar Metas de Medição; 3. Identificar Questões Quantitativas;

5. Identificar Métricas necessárias para a construção dos indicadores; e 6. Elaborar Relatórios Gerenciais dos resultados.

Conforme o requisito R1, a identificação de Metas de Negócio consiste em enumerar metas que direcionem as estratégias e esforços da organização como um todo, incluindo seus possíveis departamentos e unidades de trabalho. A Tabela 7 apresenta alguns exemplos de metas de negócio.

Tabela 7 – Exemplo de Metas de Negócio. Metas de Negócio

Produzir software de qualidade. Melhorar a produtividade. Satisfazer o cliente.

Cumprir os compromissos de prazo e custo assumidos.

Metas de Medição traduzem as Metas de Negócio em objetivos específicos para

medição [34]. Em atendimento aos requisitos R2 e R3, a definição de uma Meta de Medição deve auxiliar a compreensão uniforme dos propósitos da medição, e por conseqüência, facilitar a análise correta dos resultados. Para tanto, sua definição deve conter o objeto de interesse para a medição (como por exemplo, um artefato), indicar o propósito da medição (como caracterizar, avaliar, analisar algum atributo do objeto de interesse devido a objetivos como controlar, compreender, planejar, entre outros), sobre qual ponto-de-vista é adotado (ex.: gerência, desenvolvedores, clientes), além de fornecer eventuais fatores e dados contextuais necessários para análise e compreensão dos resultados. Alguns exemplos de metas de medição são listados na Tabela 8.

Tabela 8 – Exemplo de Metas de Medição. Metas de Medição

Analisar a taxa de defeitos detectados no produto como forma de aferir sua qualidade, sob o ponto-de-vista do cliente.

Conhecer o tamanho de cada artefato desenvolvido e o esforço necessário para produzi-lo, com o objetivo de manter uma base de dados históricos sobre produtividade e permitir a normalização dos demais dados coletados, sob a visão da gerência.

Analisar o erro das estimativas com o objetivo de conhecer sua acurácia e identificar oportunidades para melhorá-la, de acordo com o ponto-de-vista dos gerentes.

As Metas de Medição geram Questões quantitativas, que especificam diretamente as necessidades de informação, facilitam o entendimento da razão pela qual as medidas são coletadas e direcionam a interpretação dos resultados. A Tabela 9 mostra alguns exemplos de Questões.

Tabela 9 – Exemplo de Questões. Questões

Qual a produtividade observada em cada projeto de desenvolvimento? Qual o esforço gasto para o desenvolvimento de cada artefato? Qual o desvio das estimativas (esforço, prazo, tamanho) realizadas no planejamento dos projetos, comparando-se os valores estimados e obtidos?

Qual a evolução da taxa de erros em estimativas em cada projeto?

As Questões são respondidas com auxílio de Indicadores gráficos que fornecem informações consolidadas através dos valores de uma ou mais Métricas. Os Indicadores devem ser planejados para favorecer a compreensão dos resultados por quem os visualiza (requisitos R2 e R3), por isso a definição de um indicador deve incluir sua descrição e informações sobre procedimentos de análise, como mostra a definição de um indicador de exemplo na Tabela 10.

Tabela 10 – Exemplo de definição de um Indicador. Indicador

Identificação: Desvio de Tamanho do Projeto.

Métrica: Tamanho do Projeto Formato: Tabela

Descrição: Mostra lado a lado a primeira estimativa de tamanho, a última estimava e o tamanho final, apresentando os desvios entre os valores.

Procedimento

de Análise: Idealmente o desvio deve ser zero, indicando que provavelmente o escopo do projeto foi bem definido e a técnica de estimativa aplicada foi precisa, mas pequenos desvios são aceitáveis e não devem ser considerados problemas.

O desvio negativo significa que o tamanho estimado foi maior que o tamanho real final, fazendo com que esforço e custo fossem estimados além do que deveriam, ou seja, recursos foram alocados e/ou adquiridos desnecessariamente.

O desvio positivo significa que o tamanho estimado foi menor que o tamanho real final, o que pode causar prejuízos já que todas as demais estimativas provavelmente serão calculadas com valor menor.

Se não houve alterações no escopo do projeto, grandes desvios podem indicar ineficiência da técnica de estimativa escolhida, pouca experiência do estimador ou alto índice de reuso no projeto.

Identificar o motivo do desvio é importante para que a causa seja evitada nos próximos projetos.

Ao se identificar as métricas necessárias para construir os indicadores, conseqüentemente identifica-se o que vai ser medido, visto que uma métrica é relacionada a um atributo de um determinado elemento. A especificação da métrica deve conter sua descrição, unidade de medida e também informações sobre procedimentos de coleta.

A última etapa do planejamento é a elaboração de Relatórios Gerenciais para prover informações úteis à gerência em tempo hábil, como forma de auxílio ao acompanhamento e avaliação dos projetos além de possíveis tomadas de decisão (requisito R4). Os relatórios devem ser elaborados a partir das necessidades de informações identificadas nas etapas anteriores e podem ou não conter os resultados da etapa de avaliação da medição.

A Figura 10 apresenta as atividades definidas para o planejamento de medição modeladas no ambiente WebAPSEE. As conexões do tipo end-end entre as atividades permitem que elas ocorram em paralelo, porém só podem finalizar após o término da atividade origem da conexão. Esse tipo de conexão foi escolhido porque, a partir da atividade Identificar Metas de Medição, cada atividade deriva seus resultados a partir do que foi identificado na atividade anterior.

Figura 10 - Modelagem das atividades da etapa Planejar Medição.

Segundo o modelo da Figura 10 as atividades são realizadas por um Grupo de Medição da organização juntamente com o Gerente do Projeto, exceto na atividade Identificar Métricas. Para iniciar a primeira atividade (Identificar Metas de Negócio) o artefato Plano de Medição e Análise foi modelado como artefato de entrada devido à possibilidade de disponibilizar templates dos artefatos a serem produzidos. Assim, todas as atividades atualizam o artefato Plano de Medição e Análise que, após o término da etapa de planejamento, irá guiar a etapa Executar Medição.

O relacionamento entre metas de negócio, metas de medição, questões, indicadores e métricas é exemplificado na Figura 11. Uma meta de medição pode estar relacionada a mais de uma meta de negócio e o mesmo ocorre entre questões e metas de medição, indicadores e questões, e métricas e indicadores. A meta de medição G1 do exemplo está relacionada com as metas de negócio B1 e B2, que também compartilha a meta G2 com B3. Dessa forma, alterações em qualquer um dos elementos do modelo afetarão a meta de negócio B2. A implementação do modelo deve garantir a rastreabilidade e propagação de alterações entre os elementos.

Indicadores Metas de Medição G1 G2 Q1 Q2 Q3 Q4 M1 M2 M3 M4 M5 M6 Questões Métricas Metas de Negócio I1 I2 I3 I4 I5 B1 B2 B3

Figura 11 - Exemplo de relacionamento entre Metas de Negócio, de Medição, Questões, Indicadores e Métricas.

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